Atol de Bikini, 1946: detonação teste na Operação Encruzilhadas, do US Army |
Felizmente, a possibilidade de extinção da humanidade por bombardeio atômico entre países tornou-se algo mais remoto desde o fim da Guerra Fria, entre o fim dos anos 1980 e o início da década seguinte.
Mas, nem por isso, o único romance escrito e publicado em vida por Miller Jr. perdeu sua atualidade.
Pelo contrário, pois o foco de sua narrativa não se concentra no fetiche do cogumelo atômico, e sim, no que poderia vir depois, entre os destroços do que foi a civilização.
Mas que tampouco se espere por uma aventura pós-apocalíptica convencional (leia-se “estilo Mad Max”).
Ainda assim, Um Cântico para Leibowitz entrou na lista de dez melhores livros pós-apocalípticos eleitos pela revista Time em 2010.
Mas não se trata de uma redescoberta recente. Já na época de sua publicação, o livro ganhou o prêmio Hugo como melhor romance em 1961.
Certamente, o que vem motivando tamanha aclamação ao longo das décadas é a originalidade de sua trama.
Dividido em três partes – Fiat Homo, Fiat Lux e Fiat Voluntas Tua – Um Cântico para Leibowitz tem início seiscentos anos depois do chamado Dilúvio de Fogo, que dizimou a maior parte da população mundial.
Quem restou vivo se revoltou contra a ciência e o conhecimento que levou à criação das armas de destruição em massa.
Entre fogueiras de livros e o massacre de qualquer pessoa alfabetizada que não aceitasse abdicar do seu conhecimento, se convertendo à chamada Simplificação, o mundo mergulha, novamente, em uma era de trevas.
Queimem os sábios
Walter M. Miller. Uma de suas únicas fotos |
É lá que o jovem noviço Gerard de Utah, em meio a um retiro espiritual no deserto, tem um breve encontro com um estranho peregrino, o qual o leva a descobrir um abrigo anti-nuclear remanescente do século vinte.
A descoberta é repleta de relíquias do próprio Isaac Leibowitz, um engenheiro elétrico judeu, massacrado em praça pública por ter se dedicado a preservar a memória da civilização, guardando e copiando livros.
A perseguição ao conhecimento e à livre expressão é recorrente na história. Agora mesmo vemos acontecer no Oriente Médio e na Europa, onde fundamentalistas islâmicos massacram aqueles que não compartilham de seus dogmas.
Na verdade, o conhecimento parece ter cada vez menos valor na própria sociedade ocidental, obcecada pelo consumismo.
Voltando ao livro, as relíquias encontradas pelo Irmão Gerard são preservadas e copiadas manualmente pelos monges da Abadia nos séculos seguintes, enquanto se espera por um novo Renascimento, que tire o mundo das trevas.
A cada capítulo, o autor dá um salto de seiscentos anos, construindo um painel desencantado da humanidade e deixando o leitor no suspense: será que estamos condenados a nos destruir, sem jamais aprender com os erros passados?
Segundo alguns estudiosos, Um cântico para Leibowitz reflete muito do que se passava na alma do seu autor, veterano da 2ª Guerra Mundial que participou do bombardeio que destruiu a abadia de Monte Casino, na Itália. Este monastério era considerado o mais antigo da Europa.
Traumatizado com tudo que viveu no conflito, Walter M. Miller se converteu ao catolicismo após a Guerra.
Um Cântico... foi seu único romance. Ele chegou a escrever boa parte de uma continuação, mas, enfrentando uma forte crise de depressão, passou a conclusão da tarefa para seu amigo, o também escritor de FC, Terry Bisson.
No dia 9 de janeiro de 1996, Miller cometeu suicídio. Ele havia perdido a esposa poucos dias antes.
A continuação de Um Cântico.., intitulada Saint Leibowitz and the Wild Horse Woman, foi publicada um ano depois.
O romance, que estava fora de catálogo no Brasil desde o fim dos anos 1980, voltou em nova tradução de Maria Silvia Mourão Netto e edição cuidadosa da Editora Aleph, que inclui um glossário dos muitos termos e textos em latim que surgem ao longo da obra.
Um cântico para Leibowitz / Walter M. Miller Jr. / Aleph/ 400 p. / R$ 49,90 / www.editoraaleph.com.br
Boa crítica para a primeira temporada de Constantine:
ResponderExcluirhttp://omelete.uol.com.br/series-tv/critica/constantine-1a-temporada-critica/
Concorde em gênero, número e degrau, como se diz.
Inclusive, HOJE, o Space exibe o 13º episódio, último da temporada.
Como os números da audiência nos EUA não foram lá essas coisas, a segunda temporada ainda não foi confirmada.
Segundo o showrunner, a NBC jogou a decisão sobre o destino de Constantine lá pra maio.
http://www.bleedingcool.com/2015/02/19/daniel-cerone-tweets-status-constantine/
O negócio é fazer um ebó pra ver se a série tem uma segunda chance / temporada....
Já Agente Carter, quanto mais assisto, mais gosto.
ResponderExcluirO episódio de ontem, o sexto, foi sensacional.
Só faltam dois. Sentirei sua falta, Peggy.
E não só eu:
http://www.rottentomatoes.com/tv/marvel-s-agent-carter/s01/
E olha só o Aquaman!
ResponderExcluirhttp://www.bleedingcool.com/2015/02/20/zack-snyder-teases-jason-momoa-aquaman/
Sempre achei essa HQ uma bosta. Nunca entendi seu apelo. Nada acontecia. Vamos ver se na série algo acontece.
ResponderExcluirhttp://omelete.uol.com.br/series-tv/noticia/lucifer-adaptacao-da-hq-para-a-tv-e-oficializada-pela-fox/
Tem muito tempo que não leio Savage Dragon - poucos números saíram no Brasil. Agora saiu o número 200 nos EUA e Rich Johnston faz uma pequena resenha:
ResponderExcluirhttp://www.bleedingcool.com/2015/02/19/could-savage-dragon-be-the-next-sex-criminals/
Cara, estamos perdendo uma puta HQ legal - com sacanagem!
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ResponderExcluirHoje - Sábado 21
SHOW - CAMISA DE VENUS
23 horas
Dubliners Irish Pub
Rio Vermelho
rua da Paciência
20 reais
RIP Renato Rocha
ResponderExcluirhttp://omelete.uol.com.br/musica/noticia/renato-rocha-ex-baixista-do-legiao-urbana-morre-aos-53-anos/
Vim aqui para te agradecer pela indicação deste MARAVILHOSO livro, que eu absolutamente não conhecia, nunca tinha ouvido falar. Valeu demais por este post, Franchico! Sou seu fã.
ResponderExcluirGrato, Adelvan! Achei seu blog do caralho tb! Volte sempre!
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