Então o pessoal me pediu para escrever sobre o Carnaval. Desconheço o motivo. Não gosto de axé music, pagode, funk carioca e sertanejo.
Reconheço a legitimidade do pagode baiano – reflexo fiel das aspirações socioeconômicas e sexuais do baiano médio.
Mas não me entendam mal: sou um soteropolitano de 42 anos, vivi a vida inteira neste chão à beira do Atlântico.
Minha infância foi entre os anos 1970 e 80, então eu vi exatamente o que era o Carnaval – e o que se tornou.
E ainda há quem se admire quando descobre que não gosto mais dele. Por quê? Aí recorro à máxima de Louis Armstrong quando lhe perguntaram “o que é jazz”: “Man, if you gotta ask, you’ll never know”. Cara, se você ainda precisa perguntar, é por que nunca vai entender.
Mas vamos lá.
Porém, aviso que não vou aqui chorar pitangas dos antigos carnavais, quando a rua era do povo e não de camarotes monstruosos e bregas, cheios de gente que parece feita de plástico.
Tampouco lamentarei a música do Carnaval atual, igualmente plastificada em uma fórmula que já nasceu velha – há uns 30 anos.
Engana-se também quem acha que vou tapar o nariz para o fedor onipresente e sufocante de mijo.
Não direi uma palavra sobre a pobre pipoca, perigosamente imprensada entre as cordas (vergonha inominável) e os tapumes dos camarotes.
Juro que vou ignorar a poluição visual da propaganda invasora de todos os espaços possíveis.
E depois, quem sou eu para falar mal de alguma coisa?
Se até um homem poderoso como Nizan Guanaes foi quase linchado ao ousar dizer o que pensa, imagina o que pode acontecer com um jornalista pé-rapado que nem eu?
Enfim: é muita areia pro meu caminhãozinho.
Mas como um rápido exemplo, deixo uma reflexãozinha rápida e caceteira sobre Raiz de Todo Bem, hit de Saulo Fernandes.
Nada contra o rapaz. Até aprecio sua vibração caymmiana-hipster-telúrica.
Mas é que é estranho tanta gente bem informada deslumbrada com a música, como se fosse um prodígio de criatividade.
Gente, olha só: em coisa de um minuto, o rapaz consegue rimar “África-iô-iô” (hein?) com “Salvador” e “meu amor”.
“Fé” com “candomblé”.
E “Nordeste” com “caba da peste”.
Precisa mesmo dizer mais?
*Artigo publicado hoje no jornal A TARDE, após solicitação da redação.
Por falar em Carnaval, já viram Dilma cantando o Lepo Lepo?
ResponderExcluirhttp://br.celebridades.yahoo.com/blogs/celebridades-com-lim%C3%A3o/dilma-rousseff-canta-lepo-lepo-o-hit-carnaval-150552456.html
Mais um grande motivo para desprezar o Carnaval de Salvador:
ResponderExcluirhttp://www.nemo.com.br/elcabong/2014/02/moraes-esta-fora-do-carnaval-de-salvador-e-nao-se-apresenta-hoje/
Que hostorinha podre!
Historinha, eu quis dizer...
ResponderExcluirOlha que bacana:
ResponderExcluirhttps://www.facebook.com/90underbahia
Ih, olha só os nerds do Big Bang Theory na revista do Homem-Aranha Superior:
ResponderExcluirhttp://www.bleedingcool.com/2014/03/02/the-big-bang-theory-in-superior-spider-man/
Só faltou Stewart da Comic Shop e Kripke, da Caltech.....
ResponderExcluirRIP Alan Resnais.
ResponderExcluirhttp://omelete.uol.com.br/cinema/morre-o-cineasta-alain-resnais/
http://dangerousminds.net/comments/that_mythical_mc5_documentary_youve_all_been_waiting_to_see
ResponderExcluirlove Chicão!!!! rsssss
ResponderExcluirEu concordo com tuudoo. Mas, sou uma descarada e saí dois dias esse ano (nem me lembro qual foi o último ano de carnaval que tive em Ssa). Não me arrependi (Quem me conhece sabe que viro a porra qdo não faço o que quero!!! rsss).
Não sei se ano que vem saio novamente.
Agora, se eu lhe visse na Av (Centro ou, principalemente na Barra) ia achar que era fantasia!!!
Novamente <3 Chicão!!!!! bjs
Querida Drica, que prazer ve-la por aqui!
ResponderExcluirEspero que tenha se divertido!
Por que eu não piso em avenida nenhuma em carnaval nem amarrado!
Bj!