Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
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segunda-feira, julho 01, 2013
ELE SÓ SABE QUE NADA SABE - E CONTINUA MANDANDO BEM ASSIM MESMO
Sete anos após Habeas Corpus, seu primeiro e cultuado álbum solo de estúdio, Maurício Baia (fotos Georgeana Godinho) chega ao segundo, Com a Certeza de Quem Não Sabe Nada.
Engana-se, porém, quem acha que o rapaz não fez mais nada esse tempo todo.
De 2006 para cá, o ex-líder dos Rockboys descolou contrato com a Som Livre – pela qual lançou o DVD ao vivo Baia no Circo –, integrou o grupo 4Cabeça (Melhor Grupo MPB do Prêmio da Música Brasileira 2010) e se apresentou por todo o Brasil e alguns países da Europa.
“É, esse é meu segundo disco pela Som Livre. E o sétimo de carreira, contando os que lancei com os Rockboys e 4Cabeça”, contabiliza Baia, por telefone.
“Eu vejo uma continuidade bem clara nesses trabalhos todos. Todos eles moram dentro de mim, são parte de mim. Então conto este como o sétimo, mesmo”, afirma.
Músico popular, mas não popularesco, letrista afiado e de pendor poético evidente, é de se admirar o fato de Baia se manter em uma gravadora major nesses tempos de achatamento intelectual óbvio, dado o que se ouve nas rádios e TVs.
“Fiquei bem feliz por continuar na Som Livre”, admite. “Eles ficaram satisfeitos com o resultado do DVD”, conta.
“Acho que isso mostra que meu trabalho tem essa continuidade, né?”, conjectura.
Coesão ao violão
Lançado para um Circo Voador lotado no último dia 17, Com a Certeza de Quem Não Sabe Nada soa como um álbum mais coeso do que seu antecessor, com arranjos mais enxutos.
“No Habeas eu mudava muito de ritmo no meio das músicas. Nesse, por ter vindo direto do meu violão, sem interrupções, ele soou mais coeso e dançante também, com mais groove. É um CD mais fluido mesmo”, compara Baia.
“Tudo nele eu comecei no violão. Reuni as canções, gravei tudo em pré-produção no violão. Aí depois botei as levadas, a ambientação, começo, meio e fim”, conta o músico.
Só com as composições muito bem delineadas, Baia foi para o estúdio com sua banda e alguns convidados, como Dé (ex-baixista do Barão Vemelho), Nicolas Krassik (violino) e o Pandeiro Repique Duo”, detalha.
“Aí veio o colorido do coprodutor, Duda Melo. Foi ele quem convidou algumas dessas pessoas e fez toda a parte de gravação e mixagem. Foram nove meses de trabalho no total, por que é trabalhoso mesmo, minucioso. Mas estou bem satisfeito com o CD pronto”, diz.
Diálogos insolentes
O resultado é mais um álbum em que este baiano de origem pernambucana e radicado no Rio dá vazão a uma produção musical e poética de raro brilhantismo.
Se em Habeas Corpus havia meia dúzia de faixas espetaculares e outras razoáveis, aqui, ele crava um CD que começa e termina no mesmo alto nível de artesania.
Com sua origem e vivência dividida entre Nordeste e Sudeste, não seria exagero dizer que ele consegue resumir o que há de melhor nessas duas tradições musicais, dialogando com ambas, sem recorrer a misturebas.
Um exemplo é Em Nome da Fome, faixa em que fala da seca – aliás, alguém mais faria isto hoje em dia? – com a flauta de Mônica Ávila e o flugelhorn de Leandro Joaquim costurando rendas em torno de frases como esta: “A fome quando vem assola / Não brinca de roda / Não faz cafuné / Não quer saber qual é a moda / Não se importa e nem arreda o pé”.
“Fiz essa música depois de um show com o 4Cabeça em Conceição do Coité, a cidade em estado de emergência. Mesmo assim, o teatro estava cheio, as pessoas conheciam a músicas e aquilo me tocou demais. Essa letra passa por aí, tenta englobar esse sentimento que é a fome da alma pela vida também”, detalha Baia.
As duas últimas faixas – Quando Eu Morrer e Oração de Regresso – trazem o lado mais místico de Baia.
Na primeira, faz seu testamento musical, dialogando com o clássico Fita Amarela, de Noel Rosa.
“Na verdade, é um diálogo com várias mortes declaradas por autores da MPB. Já que tem tanto testamento musical, vou deixar o meu também, mas contestando um pouco essas mortes mundanas do samba”, conta.
E em Oração, Baia literalmente clama pela volta de Jesus, mas não como um religioso e sim, como alguém cansado de promessas: “É uma cobrança, mesmo. Um chamado para que ele pague o que prometeu. Parece religioso, mas eu tô bem mais proximo do ateu”, avisa.
“Agora quero mostrar aos baianos meu novo show inteiro, com banda, cenário, luz”, conclui. Fica a dica aos senhores empresários.
Ouça: www.mauriciobaia.com.br
Com a Certeza de Quem Não Sabe Nada / Baia / Som Livre / R$ 22,90
bACK TO WORK, BITCHES!!...
ResponderExcluirvôltô vôltanu!!!!
ResponderExcluire as resenhas on the road???
Que resenhas on the road, Sputter?
ResponderExcluirPorra Chico, ele quis dizer, que merdas vocë fez na viagem, caceta! Precisa soletrar...
ResponderExcluirA proposito, assisti hoje a GMZ e não achei la essas coca cola toda não... no maximo uma pepsi...
ResponderExcluirE quanto ao encarte de A Tarde desta Terça, num perco nem com nada... ediçao historica de um modo pessoal para nossotros amigos...
ResponderExcluirtu num tava viajando?
ResponderExcluirnum tem nenhuma boa estória, história, causo pros seus ávidos leitores??
Valeu por captar minha msg caro Márcio...acho que Chico deve ter usado muito narguilé na viagem-ehehhe
Já já posto algo sobre a viagem.
ResponderExcluirO lance é o seguinte: comprem a edição de hj (2 de julho) do vespertino da Tankred Snows Avenue. Vem com minha primeira HQ:
http://atarde.uol.com.br/bahia/materias/1514726-a-tarde-publica-historia-do-2-de-julho-em-quadrinhos
Sobre a viagem: Lisboa é linda, o povo é receptivo e muito bem educado, comer bem não é caro, beber vinho também não e em junho venta pra caramba. Temperatura média de 14, 15 graus, maravilha. Além de visitar os pontos turísticos tradicionais (Castelo de S. Jorge, Torre de Belém, Mosteiros dos Jerônimos, Catedral da Sé, Praça de Touros etc), recomendo: visitar a Fundação Calouste Gulbenkian (acervo que vai do Egito Antigo à arte moderna, um lindo jardim), bater perna em Alfama (berço do fado), comer sardinha com vinho verde Casal Garcia na Baixa-Chiado, depois subir para o Bairro Alto, tirar uma foto sentado ao lado de Fernando Pessoa de bronze na porta do Café A Brasileira, entrar, pedir um prego (sanduíche de bife no pão cacetinho) com vinho, depois uns bolinhos de bacalhau, mais vinho e por fim um café. Bater mais perna, apreciando o ar gelado e a paisagem adorável. Se deparar com uma rua semideserta habitada por alfarrábios. Visita-los e comprar alguns álbuns de banda desenhada (quadrinhos europeus, periferia) por 5 Euros. Voltar e apagar feliz da vida no hotel.
ResponderExcluirPorto: chegue ao centro da cidade. Entre pela Via Santa Catarina e gaste dinheiro em lojas de departamento comprando roupas baratas que ninguém vai ter aqui, ao ao contrário de 95% do seu guarda-roupa habitual. Ente no Café Majestic e peça capuccinos com um daqueles diabólicos doces portugueses a base de ovo. Aprecie o local, que faz total jus ao seu nome, com direito a garçonetes vestidas de comandante de ferry-boat. Saia, desça por mais uma rua cujo nome também temos uma por aqui em Salvador mas não lembro agora. No caminho, mais alfarrábios, putaquepariu. Chegue à Ribeira (tô dizendo?). Se deixe perder por alguns momentos pela paisagem absolutamente encantadora da margem do Rio Douro. Do outro lado, Vila Nova de Gaia, aonde ficam as vinícolas de vinho do Porto - óbvia visita para o dia seguinte (lembre-se de agendar antes. No hotel resolvem isso pra vc). Ande pela margem. Os prédios parecem de ouro ao cair da tarde. Barquinhos de passeio cheios de turistas e com degustação de vinho do porto saem a todo momento (10 Euros). Mas não é isso que vc quer agora. Sente-se em um dos muito restaurantes debruçados sobre o rio e beba vinho. Isto é uma ordem. Para comer, vá numa francesinha (conheçam a francesinha aqui: http://gastrolandia.uol.com.br/viagem/porto/os-portugueses-tem-razao-francesinhas-sao-bem-gostosas/). Só para constar: prefiro minha francesinha sem ovo. O vento é ainda mais frio que em Lisboa, melhor ainda. Ande mais um pouco para fazer a digestão e volte para o hotel de barriga cheia.
ResponderExcluirMassa Chicaço! Agora foi com riqueza de detalhes, quando for lá com minha senhôra, conversaremos de novo...
ResponderExcluir(Carol vai adorar ler esse "apagar feliz da vida no hotel"...). Hee...
tu num engorda não man?
ResponderExcluireu comendo desse jeito ia engordar-heheeh
eu vi na casa de um amigo esse quadrinho, não sabia q o texto era seu...
passei o olho...
depois vejo com calma...
Quem tava curtindo a volta dos gibis Gasparzinho, Riquinho e Brasinha às bancas vai ter que deixar de curtir:
ResponderExcluirhttp://www.universohq.com/noticias/pixel-cancela-gasparzinho-riquinho-e-brasinha/
Site Universo HQ repaginado e redesenhado, ficou muito bala.