Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
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domingo, julho 08, 2012
A FÉ LEVE, PORÉM DEVOTADA, DE JOHNNY CASH
Quarto volume de coleção que traz material de arquivo do cantor é álbum duplo reunindo três discos inteiros das décadas de 1970 e 80 – um deles jamais foi lançado, mais algumas faixas inéditas. O resultado é belíssimo
“Senão fosse a música gospel, jamais haveria um Johnny Cash”.
A afirmação abre sem rodeios o texto de apresentação do CD duplo Bootleg Vol. IV: The Soul of Truth,que reúne parte de sua produção religiosa e acaba de chegar as lojas brasileiras.
O autor do texto está acima de qualquer suspeita: trata-se de John Carter Cash, filho do próprio Man in Black com June Carter – sua esposa e também cantora.
A história do casal pôde ser vista no badalado filme Johnny & June (2005), que apresentou o cantor às novas gerações de roqueiros.
Ao lado de uma foto da casa aonde Cash cresceu – um casebre mal-ajambrado, em meio ao cenário ermo, de solo ressecado e escuro – ele conta que “Dyess, Arkansas, era um lugar duro para se viver e trabalhar nas décadas de 1930 e 40”.
“A pobreza era uma desoladora realidade para a família Cash. (...) Ainda assim, eles encontraram união e força na fé cristã. Um dos poucos confortos que havia por ali era um rádio Silvertone, o qual transmitia, basicamente, música gospel”, escreve John Carter Cash.
Com uma infância e juventude assim, de fato não é de se admirar que, após o breve relampejar da rebeldia adolescente do rock ‘n’ roll inicial, Johnny Cash tenha sido um cristão tão fervoroso ao longo de sua vida, tendo gravado uma extensa discografia dedicada àmúsica gospel.
Este álbum duplo, por exemplo, traz nada menos do que 51 faixas. A maioria delas, gravada entre as décadas de 1970 e 80.
Na realidade, o conceito de bootleg (ou seja, gravação pirata) da coleção meio que se perde aqui, já que boa parte delas já havia sido lançada de forma oficial.
Basicamente, o disco duplo traz três álbuns gospel inteiros: A Believer Sings the Truth (1979) ocupa as primeiras 20 faixas do disco um.
As cinco faixas restantes são inéditas. Destaque para Truth, um poema do líder Sufi (facção mística e contemplativa do Islã) Hazrat Inayat Khan.
Curiosidade: foi o lutador Mohamed Ali quem o deu para Cash, rabiscado em um pedaço de papel, e ele musicou.
O disco dois começa com 12 faixas de um disco gospel gravado em 1975, mas que nunca foi lançado.
Na sequência, mais 13 faixas do álbum Johnny Cash - Gospel Singer (1983).
Voz grave, abordagem leve
O conjunto, à primeira vista, pouco harmonioso, soa integrado se ouvido em sequência.
Curiosamente, em contraste ao vozeirão trovejante do cantor, sua abordagem à musicalidade cristã era leve. Bem-humorada,até.
Bem diferente damúsica gospel contemporânea, que é de péssimo gosto e acha que vai evangelizar todo mundo no grito.
Em Would You Recognize Jesus, por exemplo, um country maravilhoso conduzido pela guitarra pedal steel, ele pergunta: “Você reconheceria Jesus se o encontrasse cara a cara? / Talvez ele não venha na carruagem do Senhor / Jesus poderia vir dirigindo um Ford 1949”.
Já I've Got Jesus in My Soul, um cântico tradicional, alegraria qualquer culto com seu animado arranjo dixieland.
Mas ainda há diversos outros, como Belshazzar , Children Go Where I Send Thee e I’m Just an Old Chunk of Coal.
Leia mais: há alguns anos, foi lançado no Brasil um DVD com o documentário A Música Gospel de Johnny Cash, brevemente resenhado por este blogueiro neste link.
BOOTLEG, V.4 - THE SOUL OF TRUTH / Johnny Cash / Legacy - Sony Music / R$ 44,90
sem o gospel muito dos rockers (e o "blueser", como seria bluseiro em inglês? sem ser blues man) não existiriam...essa coisa da culpa critã x a "liberdade" que o rock trouxe deu bons resultados...
ResponderExcluircurioso nesso poema é que hoje em dia muita gente fala que o texto acima da melodia é a saída da música...isso já é feito há tanto tempo...Andre Williams que o diga...
Chico, atualizando domingo?
tá de serão extra?
Pois é, Sputter, tô aqui hoje. Alguém tem que trabalhar nessa banana, né?
ResponderExcluirUnfortunately...
Banda de um homem so,no cover de Cash
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=8aUF5wUf2qs&feature=plcp
E no cover de Bob Seger
http://www.youtube.com/watch?v=vLQQE-HSh6E&feature=context-chv
espero que estejam lhe pagando bem...muitas vezes trampar no findi é mejor...se vc quiser q eu "tire" sua escala me diga...tô precisado...aceito freelas!
ResponderExcluirfalando em rock baiano, a única banda de garage punk daqui:
ResponderExcluirhttp://tnb.art.b/rede/dezoeosdementes
componentes entre 19 e 22 anos...ainda escrevendo material próprio...mas os covers tão bem legais...
Rock jovem pra mim é isso!
RIP Ernest Borgnine.
ResponderExcluirhttp://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1117141-morre-aos-95-anos-o-ator-ernest-borgnine-vencedor-do-oscar.shtml
Porra, quero morrer assim, na atividade, lúcido...esse ator sempre me surpreendeu pela longevidade dele...agora poucos estão aí, Mr Kirk Douglas é um deles...
ResponderExcluirOld School, gostei da caixa de som do one man band...tem vários que curto...Uncle Butcher, Bog Log III, Legendary Tiger Man, Dead Elvis, Reverend Beat Man...entre centenas de outros que esqueci o nome....e tem o duo one man banda que é o King Khan & BBQ, vale a pena!
Hã? É o quê?
ResponderExcluirhttp://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1117792-batman-poderia-voar-mas-morreria-espatifado-no-chao.shtml
Em breve: Tony Ramos poderia fazer depilação no peito, mas morreria estrebuchando de dor.
E mais: Galvão Bueno poderia se calar, mas morreria por falta do que fazer.
E ainda: Lula poderia criar vergonha na cara, mas isso seria pedir demais.
ô Chico...certo são eles...estão estudando, se divertindo e matando uma ponta...tem gente q sabe ganhar grana...e ainda são levados a "sério".
ResponderExcluire essa aqui:
ResponderExcluirhttp://cineinsite.atarde.uol.com.br//materia/materia.php?id_materia=12361
se num desse $$ num ia ser um filme oficial?
e se os primeiros não dessem?
tb não seria...
rapaz...o último filme de "héroi" que assisti foi watchmen...perdi a paciência...o último batman nem gostei...
ResponderExcluirUma despedida pungente por
Ernesto Ribeiro
É sempre assim: quando estou bêbado, fico emotivo. Isso é mau. Atrapalha a objetividade.
Porra, Ernest. Cê tinha que morrer aos 95? Não podia esperar mais um pouco? 100 anos tava de bom tamanho.
"Velho não morre; descansa." Quando alguém que a gente gosta desde a infância vai embora beirando um século de vida, você não sabe se chora pelo defunto ou se é por você mesmo, lamentando a falta danada que ele faz. E o pior é que esse velhote trabalhou até morrer. Nesse caso, por incrível que pareça, a gente lamenta os dois casos. Verdade seja dita: um ator ultra-conhecido que faz tanta questão de nunca se aposentar é porque não quer outra coisa na vida.
Um cara com dentes limpa-trilhos não dá mesmo a mínima pro que vão pensar dele. Mesmo sendo um velho amigo conhecido de 5 gerações de fãs. Mesmo se ele quase NUNCA era a estrela, o primeiro nome dos créditos.
Mas era aquele cara que o público ama. Ele sempre esteve livre da camisa-de-força de ser o astro certinho, limpinho e arrumadinho. Melhor ainda. Por isso gostávamos tanto dele. Os galãs que se fodam. São uns bonitinhos inexpressivos. Queremos mesmo é ver o velho safado feioso e divertido, que apenas atuava bem melhor do que todo o resto do elenco.
Eu só assistia Águia de Fogo toda semana na TV por 3 razões: 1°: Ernest Borgnine. 2°: o Arcanjo.
3°: o super-helicóptero que Ernest pilotava, explodindo tudo, metralhando todos e detonando os inimigos da América.
Esta é a diferença entre um coadjuvante talentoso como Ernest Borgnine e um superastro canastrão filho da puta como Harrison Ford, que admite cinicamente que está nessa só pela grana. Nem precisava. Pela cara inexpressiva e pelo tédio dele em todos os filmes de super-hiper-ultra-mega-produções que ele estrela, dá pra ver que o "astro do século" é só uma prostituta milionária viciada em dinheiro.
E o xará Borgnine sempre deixou claro que nunca largaria o osso porque... ora, porque ele se divertia demais atuando. Viveu como quis, morreu feliz. Viveu muito, gostava do que fazia e só trabalhava por prazer. Devemos é invejá-lo.
Difícil agora vai ser segurar a nostalgia toda vez que rolar uma reprise de seus mais de 200 filmes na Sessão da Tarde.
Ele deve estar rindo de nós.
Velho safado.