As Etiópicas, de Hugo Pratt e Emmanuelle, de Guido Crepax, representam a nobreza dos quadrinhos italianos
Os italianos Hugo Pratt (1927-1995) e Guido Crepax (1933-2003), dois dos maiores mestres dos quadrinhos em todos os tempos, têm mais duas de suas obras publicadas no Brasil: As Etiópicas e Emmanuelle, respectivamente, do primeiro e do segundo, chegaram recentemente às livrarias, para felicidade dos apreciadores da HQ européia.
Os pontos em comum entre as duas obras, contudo, param por aí. Enquanto Pratt é todo aventura, com alguns toques de espiritualidade e política, Crepax é todo sacanagem – das boas – e erotismo suave, estilo softcore.
Mas o que realmente une esses dois lançamentos – além do fato de serem publicados pela mesma editora, a Pixel Media, uma subsidiária do grupo Ediouro – é a inequívoca sofisticação que adorna suas páginas – sofisticação que é tanto gráfica, quanto literária.
Em As Etiópicas, o leitor acompanha o personagem mais emblemático de Pratt, o marinheiro Corto Maltese, em suas aventuras na África, no período da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Baseado no próprio Pratt, que chegou a viver na Etiópia e foi expulso de lá por ter se envolvido na luta pela independência do país, então uma colônia italiana, Corto encara diversas roubadas naquele pedaço da África, como feiticeiros, militares ingleses, colonizadores turcos e mesmo homens-leopardo nativos.
Já em Emmanuelle, Crepax apresentou sua adaptação do clássico livro erótico homônimo de Emmanuelle Arsan, publicado na França em 1959.
As adaptações literárias com um toque de erotismo (claro) foram uma das especialidades de Crepax, que ainda verteu brilhantemente para os quadrinhos obras clássicas como Drácula (de Bram Stoker), Frankenstein (de Mary Shelley), A História de O (de Pauline Reage) e A Vênus das peles (de Sacher-Masoch).
Transposto para as telas de cinema em 1974 por Just Jaeckin, Emmanuelle, o filme, foi um enorme sucesso em todo o mundo, revelando a atriz Sylvia Kristel e gerando um novo patamar no estilo, além de inúmeras continuações – nenhuma delas repetindo o brilho e o sucesso do filme original, já disponível em DVD no Brasil.
EUROPEUS – Conhecida entre os fãs de HQ como a casa que publica os procurados – e conceituados – materiais dos selos americanos Vertigo, Wildstorm e America‘s Best Comics (ABC, de Alan Moore), todos pertencentes à editora DC (Superman, Batman), a Pixel Media, na verdade, se lançou há poucos anos no mercado editorial publicando álbuns europeus como os de Corto Maltese.
Só desacelerou o ritmo desses lançamentos por conta do contrato com a gigante americana, firmado no final de 2006. Cassius Medauar, editor-chefe da Pixel Media, acena com a possibilidade de a editora publicar, até o fim do ano, pelo menos mais um álbum de Corto Maltese e o volume dois de Emmanuelle. “Sempre que der, publicaremos álbuns europeus, mas sem uma periodicidade definida“, promete.
Pela Pixel, As Etiópicas é o quinto álbum do marinheiro Corto Maltese, que antes, publicou os volumes A Balada do Mar Salgado, Sob o Signo de Capricórnio, Sempre um Pouco Mais Distante e As Célticas.
Os fãs do aventureiro mais filosófico dos quadrinhos certamente ficarão felizes em saber que a editora pretende publicar todos os 12 álbuns do personagem, formando uma belíssima coleção.
Quinto Corto Maltese é o mais místico da série
Quinto álbum de uma série de 12 produzidos por Hugo Pratt para seu personagem mais famoso, As Etiópicas é, provavelmente, o volume com o ritmo de aventura mais lento entre os cinco já publicados pela Pixel Media.
Isso, porém, não tira um milímetro de mérito da obra, uma saga filosófica cuja inspiração, Hugo Pratt – ele mesmo um aventureiro – tirava não apenas de suas muitas andanças mundo afora, mas também da tradição do romance de aventura de autores como Jack London (De vagões e vagabundos, O chamado selvagem), Ernest Hemingway (Por quem os sinos dobram) e T.E. Lawrence, autor do livro autobiográfico Os sete pilares da sabedoria (1922), depois adaptado com genial maestria pelo diretor inglês David Lean no filme Lawrence da Arábia (1962).
No álbum, saltam aos olhos as razões da idolatria que muitos estudiosos das HQs têm por Pratt. Seus traços elegantes e econômicos criam, com a precisão de um velho relojoeiro, todo o clima do terreno desértico e inóspito onde se passa a história.
Seu herói, na verdade, uma faceta de sua própria personalidade intempestiva, é enigmático na medida, fugindo do estereótipo do herói convencional, sempre cheio de boas intenções.
Firmemente calcada na realidade e eventos históricos, As Etiópicas fascina exatamente por essa dualidade entre fantasia e realidade, presente não apenas no personagem principal, mas em toda a sua extensão.
Como uma flor que leva tempo para desabrochar e revelar toda a sua beleza, a obra de Pratt é assim: é preciso tempo para apreciá-la em todo o seu esplendor.
O BELO SEXO – Mais conhecido pela sua personagem Valentina, visualmente baseada na atriz americana do cinema mudo Louise Brooks (1906 – 1985), a moça que popularizou o charmoso corte Chanel em todo o mundo, Guido Crepax aprofundou na sua adaptação para HQ a busca da personagem Emmanuelle por experiências sexuais novas e excitantes.
Sempre transitando entre o delírio e o real, Crepax por vezes pode confundir o leitor mais “murrinha“, que faz questão de entender exatamente o quê está se passando na história.
A verdade é que, o que exatamente está acontecendo na história, é o que menos importa numa obra de Guido Crepax. Como um Don Juan do nanquim, o que o italiano safado queria mesmo era a entrega do leitor.
Não adianta lutar contra a maré de papel e procurar uma linha narrativa convencional. Assim como na vida real, é preciso se despir (sem trocadilhos) dos vícios das HQs lineares e apenas curtir a lisérgica seqüência de cenas de sexo explícito, magnificamente retratadas por Crepax no papel.
E tem de tudo, desde o convencional encontro homem-mulher, aos mais safadinhos mulher-mulher, homem-mulher-homem-mulher, mulher-cobra, mulher-telefone, mulher-raquete de tênis e por aí vai. Esse Guido Crepax sabia mesmo da coisas...
As Etiópicas
Hugo Pratt
Pixel Media
96 p. | R$ 33
Emmanuelle - Volume 1
Guido Crepax
Pixel Media
100 p. | R$ 33
pixelquadrinhos.com.br
Porrrrra, mandei bem no italiano, diga aí?
ResponderExcluirSó esclarecendo: a capa de Emmanuelle que está no post não é a do álbum da Pixel, que eu não achei em lugar nenhum da internet, por enquanto...
fala chicovsky; se pudesse me internava aqui por um loooooongo periodo. breve relato; a estrutura eh mega. o festival fica numa pequena localidade rural (werchter) que fica ha 20 min. de onibus de leuven ; que esta ha 25 min. de trem de bruxellas. fico em leuven que eh cheio de universitarios de todo o mundo. facil de chegar, tudo muito bem sinalizado. primeiro dia nao conseguimos chegar muito cedo. tava rolando mika no palco principal. cai uma tempestade na hora q estamos entrando. a temperatura cai e fica um lamacal. vamos pro palco alternativo ver shameboy(bombou), musica eletronica, que eh o genero popular entre a galera mais jovem. mais sobre isto depois; depois lenny kravitz no principal, nao fazemos questao, esperamos soulwax no alternativo, gostei menos q shameboy mas bombou tb. comeco a char q eletronica eh o axe daqui. vamos ao rem no palco principal. som pessimo e uma apresentacao burocratica prejudica o show; depois o chemical faz um show espetacular com uma explosao de efeitos especiais no telao e o som excelente; uma explosao dos sentidos. resumo sai im vocalista carismatico e entra um excelente tecnico em efeitos especias; eh o rock spielberg/george lucas. mais? mais tarde
ResponderExcluirBrama, manda pro meu email que eu posto no blog! Ducaralho o relato, man!
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