Fenômeno da música, o cantor Bobby McFerrin se apresenta neste sábado no Teatro Castro Alves
Se houvesse um concurso para apontar o maior cantor do mundo, este título, muito provavelmente, cairia no colo do americano Bobby McFerrin. Estourado mundialmente como hit Don‘t Worry, Be Happy, de 1988, ele se tornou conhecido por abrigar, dentro do próprio corpo, uma banda inteira, além de uma infinidade de vozes diferentes. É esse prodígio assombroso da música que se apresenta amanhã para os baianos, na nobre sala principal do Teatro Castro Alves.
É bom que se diga logo: McFerrin sobe ao palco desacompanhado, armado apenas com seu talento e sua técnica. “Apenas“, claro, é um termo inexato, pois o homem sozinho vale por um orquestra inteira. Usando apenas a boca, a garganta e batuques no próprio peito, McFerrin executa com perfeição temas de Bach, Beatles, George Gershwin e Thelonious Monk, entre outros clássicos da música mundial.
“Levei um bom tempo até descobrir que poderia fazer um show inteiro sozinho. Da idéia inicial até conseguir colocá-la em prática, foram uns seis anos para desenvolver minha técnica“, revela o cantor em entrevista por telefone de um hotel em Brasília, onde se apresentou na última quinta-feira (19).
“De início eu ficava um pouco atemorizado pela idéia de subir num palco sozinho, sem uma banda“, lembra. “Mas eu não conseguia deixar de pensar nisso. Ao longo do anos, eu fui matutando, juntando as peças, desenvolvendo a técnica, pensando sempre em como eu poderia fazer as pessoas ouvirem a linha de baixo, a melodia e as harmonizações“, detalha.
O resultado, como se sabe, foi algo inédito e espantoso, até mesmo para seus pais, professores de canto. “Eles ainda se confundem com minha técnica. Digo, meu pai morreu tem dois anos, mas antes disso, ele ainda não conseguia entender como eu faço o que faço“, lembra.
De fato, para meros mortais é um tanto incompreensível como ele consegue articular performances incríveis como as de Blackbird (Beatles), Ave Maria (Bach) e o tema da Pantera Cor-de-Rosa (Henry Mancini), além da óbvia Don‘t Worry, Be Happy, todas facilmente encontráveis no site You Tube.
Que não se espere a execução do hit no TCA esta noite, contudo. Antes da entrevista, a assessoria da produtora do evento passou instruções expressas aos meios de comunicação para que não se fizessem quaisquer perguntas sobre a música, devidamente excluída do repertório pelo próprio cantor.
Vontade satisfeita, o ganhador de dez prêmios Grammy que já vendeu 20 milhões de álbuns mundo afora, fala livremente: “Eu chego, faço o que sei e pronto. Cresci ouvindo diferentes estilos de música e meus pais tinham uma formação erudita, então ouvi muita ópera também. Nasci nos anos 50, portanto, cresci com o rock dos anos 60, ouvindo Jimi Hendrix, Janis Joplin, James Brown, Stevie Wonder, Marvin Gaye. Mais tarde, descobri Paul Simon e Sergio Mendes e Brasil 66, provavelmente, a primeira coisa de música brasileira que ouvi“, lembra.
Esse ecletismo, que se reflete no seu repertório, o credenciou para engatar parcerias extraordinárias com alguns dos mais conceituados músicos do planeta, como o violoncelista Yo-Yo Ma, os pianista Chick Corea e Herbie Hancock e a Orquestra Filarmônica de Viena, entre outros. A colaboração que mais o marcou, porém, foi comCorea. “Ele entendeu completamente meu trabalho. Quando nos apresentamos juntos, parece que habitamos o mesmo corpo“, elogia.
Maestro, McFerrin se define como apenas um músico folk
Aquele jovem sorridente que assombrou – e deliciou – o planeta, ao aliar técnica apurada e frescor pop em Don‘t Worry, Be Happy, cresceu, amadureceu e se tornou um dos mais respeitados nomes da world music atual.
Um de seus parceiros musicais, o pianista e trilheiro de cinema Herbie Hancock, o apontou como embaixador do jazz e da música erudita, certamente devido ao seu fácil diálogo com qualquer tipo de público, mesmo com toda a sofisticação que salta aos ouvidos ao ouvir seu trabalho.
Com formação de maestro, McFerrin já conduziu representações significativas da música erudita, como a Filarmônica de Nova Iorque, as Orquestras Sinfônicas de Cleveland, Chicago e Filadélfia, e, na Europa, a Filarmônica de Viena.
Apesar de todo esse eruditismo, McFerrin prefere se definir como um músico folk na acepção mais pura – e globalizada – da palavra. “Eu amo a música africana e de outras culturas, e isso meio que se torna a minha paleta sonora. É aí que eu faço meu repertório, eu busco essas memórias, sentimentos e sons. Nunca me perguntei o que eu queria ser, se um músico clássico ou de jazz, então decidi que a melhor definição seria a de músico folk, por que o músico folk extrai a sua arte da cultura das comunidades. Então, às vezes eu estou às voltas com o folk africano, com o folk brasileiro, e assim por diante“, explica.
Apesar da sua imensa capacidade, McFerrin volta e meia se depara com canções que são um desafio. “Uma vez assisti um grupo vocal feminino da Bulgária que tem uma técnica inacreditável, eu fiquei estupefato“, confessa.
BOBBY MCFERRIN | Hoje, 21 horas | Teatro Castro Alves | Pça. Dois de Julho, s/n, Campo Grande (3535-0600). | R$ 100 e R$ 50 (filas A a P); R$ 80 e R$ 40 (filas Q a Z), R$ 60 e R$ 30 (filas Z1 a Z11)
Inglorious Bastards, o enrolado filme de guerra de Tarantino, tem novidades. Como Prova de Morte, o último filme dele até hj não deu as caras por aqui, quem sabe até 2025 a gente assiste esse aí...
ResponderExcluirhttp://www.omelete.com.br/cine/100013316/Quentin_Tarantino_planeja_dividir_Inglorious_Bastards_em_dois_filmes.aspx
A volta dos mortos-vivos: www.oculosdecebola.blogspot.com
ResponderExcluiraos poucos, devagar.