Incensado pela crítica e querido pelo público, grupo matogrossense se apresenta amanhã em Salvador
Cuiabá, a distante capital do Mato Grosso, quem diria, abriga uma frutífera e original cena de rock n' roll. Fãs e curiosos poderão conferir em primeira mão a performance ao vivo da banda ponta-de-lança desse novo movimento, a prestigiada Vanguart, que se apresenta em Salvador amanhã, na casa de shows Boomerang.
A banda é hoje a grande aposta do circuito independente após um promissor ano de 2006, quando emplacaram pelo menos dois hits alternativos (a contagiante Semáforo e Cachaça, com clipe no You Tube), levaram seu show a 20 cidades e 14 capitais e fizeram a limpa nas listas de melhores do ano, abocanhando sempre os primeiros lugares nas categorias "Revelação", "Melhor música" e "Melhor show", incluindo aí indicações ao VMB da MTV e Revista Bizz.
Vinda de Aracaju, o Vanguart se apresenta em Salvador fechando uma mini-turnê pelo Nordeste durante o Carnaval. "Nos apresentamos no primeiro dia do festival Grito Rock em Cuiabá, o que foi meio que um show de despedida, já que estamos nos mudando para São Paulo. De Cuiabá, partimos para o Nordeste. Tocamos em Natal, Fortaleza, Recife, Campina Grande, João Pessoa e Aracaju. A última parada é aí em Salvador. E daí vamos para BH e São Paulo", prevê Hélio Flanders, vocalista e band leader.
Formado por Helio Flanders (voz, violão e gaita), Reginaldo Lincoln (baixo e vocal), David Dafré (guitarras e vocal), Luiz Lazzaroto (teclados e vocal) e Douglas Godoy (bateria), todos na faixa etária dos 22 anos, o Vanguart levará para São Paulo seu primeiro disco já gravado na bagagem, com previsão de lançamento para maio ou junho. "Ainda estamos vendo por onde sairá o disco, então prefiro não citar nomes", esquiva-se o jovem cantor.
A perspectiva de mudar-se para São Paulo abre novos horizontes no caminho do grupo, já que tocar uma carreira no circuito rock brasileiro a partir de Cuiabá não seria nada fácil. "Cuiabá é muito distante, muito isolada. O Vanguart é uma banda de cinco pessoas, então seria inviável ficar indo e voltando de São Paulo toda hora. Morando lá fica esperamos trabalhar mais", reflete.
SEMÁFORO - Pegos de surpresa com o sucesso repentino e absolutamente espontâneo de Semáforo, Hélio classifica o hit como "uma libertação. Foi nossa primeira canção em português, e se você for ouvir com atenção, é uma música pretensiosa", avalia. Ele tem razão. Com um refrão que contagia a cantar junto, o grande hit underground de 2006 tem aquela pegada característica das grandes canções que se tornam hinos de uma geração: "Hoje é terça-feira / o céu borrou a cor / ó minha mão do céu / ó meu pé do chão (...) Só acredito no semáforo / só acredito no avião / eu acredito no relógio / acredito no coração (...) hoje é terça-feira / e todos meus amigos querem morrer", grita Hélio no final catártico, o peito carregado de dor.
Enganam-se porém, desavisados que imaginam se tratar de mais uma banda indie ? ou como se diz aqui em Salvador, do rock triste tão detestado por uns e adorado por outros. O Vanguart nada em águas ainda mais profundas, tanto que Hélio refuta as freqüentes comparações com o Radiohead de Thom Yorke, cuja voz a dele remete aqui e ali. A referência correta para se entender o som da banda matogrossense é o folk rock americano das décadas de 60 e 70, mais especificamente Bob Dylan circa 1966, quando o bardo ianque eletrificou seu som e mudou a cara do rock para sempre.
"Radiohead, eu discordo, não acho que sejamos influenciados por eles. Agora, Bob Dylan, Neil Young, tudo bem. Eu aprendi a compor ouvindo esses caras. Hoje eu ando ouvindo mais música brasileira, bossa nova", esclarece. Essas referências sólidas em uma época tão repleta de superficialismo tornaram o Vanguart uma anomalia - no bom sentido - no cenário rock nacional. Em uma cena onde a esmagadora maioria das bandas formadas por garotos parece ter começado a ouvir rock com CPM 22, alguém remeter aos velhos mestres é algo raro.
BURRO - "Nosso primeiro show fora de Cuiabá foi no [Festival] Bananada, em Goiânia. E o Vanguart ali parecia uma coisa completamente esquizofrênica, eu com meu violão, no meio de um monte de bandas super pesadas, com guitarras no talo, sabe?" pergunta o vocalista. Para ele, o Vanguart nem sequer é uma banda de rock, no sentido ortodoxo do termo. "O lance no rock é que as vezes ele é meio burro, muito preso a estereótipos. Fica aquele medo de não ser considerado rock, então ele se arma de todos aqueles clichês para demarcar território. Mas o que importa é a música sangrenta, independente do grau de distorção da guitarra", manda Hélio, certeiro.
O sucesso do Vanguart - ainda que restrito ao segmento específico do rock - parece já ter gerado crias no seu torrão natal, o qual, segundo o cantor, se encontra neste momento "em ebulição". "Cuiabá tem uma puta cena bacana agora. Quer dizer, já existia antes, mas não saía pra fora dos limites da cidade. Agora é outro momento, e pela distância do resto do Brasil, as bandas de lá acabam soando mais puras em termos de conceito, digamos assim. Sem os vícios das bandas dos grandes centros", define.
NIGHT - O rock desse domingo na Boomerang começa cedo, como convém a quem tem que acordar cedo na segunda-feira. Abrindo a noite, o indie rock da Starla, boa banda local que deverá lançar seu primeiro disco ainda nesse primeiro semestre, com produção do macaco velho Luizão Pereira, ex-integrante de bandas significativas do cenário soteropolitano, como Cravo Negro (nos anos 80) e Penélope (nos anos 90).
Na seqüência, Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta, uma das bandas mais queridas da cidade com seu rock pós-tropicalista cheio de suíngue e sentimento, mandam ver canções do novo repertório (como o recém-lançada Aquela dança) e velhos hits, como Sete sete, Obediência, O Drama e Noite, entre outras cantadas de cor pelo seu fidelíssimo público.
A banda é hoje a grande aposta do circuito independente após um promissor ano de 2006, quando emplacaram pelo menos dois hits alternativos (a contagiante Semáforo e Cachaça, com clipe no You Tube), levaram seu show a 20 cidades e 14 capitais e fizeram a limpa nas listas de melhores do ano, abocanhando sempre os primeiros lugares nas categorias "Revelação", "Melhor música" e "Melhor show", incluindo aí indicações ao VMB da MTV e Revista Bizz.
Vinda de Aracaju, o Vanguart se apresenta em Salvador fechando uma mini-turnê pelo Nordeste durante o Carnaval. "Nos apresentamos no primeiro dia do festival Grito Rock em Cuiabá, o que foi meio que um show de despedida, já que estamos nos mudando para São Paulo. De Cuiabá, partimos para o Nordeste. Tocamos em Natal, Fortaleza, Recife, Campina Grande, João Pessoa e Aracaju. A última parada é aí em Salvador. E daí vamos para BH e São Paulo", prevê Hélio Flanders, vocalista e band leader.
Formado por Helio Flanders (voz, violão e gaita), Reginaldo Lincoln (baixo e vocal), David Dafré (guitarras e vocal), Luiz Lazzaroto (teclados e vocal) e Douglas Godoy (bateria), todos na faixa etária dos 22 anos, o Vanguart levará para São Paulo seu primeiro disco já gravado na bagagem, com previsão de lançamento para maio ou junho. "Ainda estamos vendo por onde sairá o disco, então prefiro não citar nomes", esquiva-se o jovem cantor.
A perspectiva de mudar-se para São Paulo abre novos horizontes no caminho do grupo, já que tocar uma carreira no circuito rock brasileiro a partir de Cuiabá não seria nada fácil. "Cuiabá é muito distante, muito isolada. O Vanguart é uma banda de cinco pessoas, então seria inviável ficar indo e voltando de São Paulo toda hora. Morando lá fica esperamos trabalhar mais", reflete.
SEMÁFORO - Pegos de surpresa com o sucesso repentino e absolutamente espontâneo de Semáforo, Hélio classifica o hit como "uma libertação. Foi nossa primeira canção em português, e se você for ouvir com atenção, é uma música pretensiosa", avalia. Ele tem razão. Com um refrão que contagia a cantar junto, o grande hit underground de 2006 tem aquela pegada característica das grandes canções que se tornam hinos de uma geração: "Hoje é terça-feira / o céu borrou a cor / ó minha mão do céu / ó meu pé do chão (...) Só acredito no semáforo / só acredito no avião / eu acredito no relógio / acredito no coração (...) hoje é terça-feira / e todos meus amigos querem morrer", grita Hélio no final catártico, o peito carregado de dor.
Enganam-se porém, desavisados que imaginam se tratar de mais uma banda indie ? ou como se diz aqui em Salvador, do rock triste tão detestado por uns e adorado por outros. O Vanguart nada em águas ainda mais profundas, tanto que Hélio refuta as freqüentes comparações com o Radiohead de Thom Yorke, cuja voz a dele remete aqui e ali. A referência correta para se entender o som da banda matogrossense é o folk rock americano das décadas de 60 e 70, mais especificamente Bob Dylan circa 1966, quando o bardo ianque eletrificou seu som e mudou a cara do rock para sempre.
"Radiohead, eu discordo, não acho que sejamos influenciados por eles. Agora, Bob Dylan, Neil Young, tudo bem. Eu aprendi a compor ouvindo esses caras. Hoje eu ando ouvindo mais música brasileira, bossa nova", esclarece. Essas referências sólidas em uma época tão repleta de superficialismo tornaram o Vanguart uma anomalia - no bom sentido - no cenário rock nacional. Em uma cena onde a esmagadora maioria das bandas formadas por garotos parece ter começado a ouvir rock com CPM 22, alguém remeter aos velhos mestres é algo raro.
BURRO - "Nosso primeiro show fora de Cuiabá foi no [Festival] Bananada, em Goiânia. E o Vanguart ali parecia uma coisa completamente esquizofrênica, eu com meu violão, no meio de um monte de bandas super pesadas, com guitarras no talo, sabe?" pergunta o vocalista. Para ele, o Vanguart nem sequer é uma banda de rock, no sentido ortodoxo do termo. "O lance no rock é que as vezes ele é meio burro, muito preso a estereótipos. Fica aquele medo de não ser considerado rock, então ele se arma de todos aqueles clichês para demarcar território. Mas o que importa é a música sangrenta, independente do grau de distorção da guitarra", manda Hélio, certeiro.
O sucesso do Vanguart - ainda que restrito ao segmento específico do rock - parece já ter gerado crias no seu torrão natal, o qual, segundo o cantor, se encontra neste momento "em ebulição". "Cuiabá tem uma puta cena bacana agora. Quer dizer, já existia antes, mas não saía pra fora dos limites da cidade. Agora é outro momento, e pela distância do resto do Brasil, as bandas de lá acabam soando mais puras em termos de conceito, digamos assim. Sem os vícios das bandas dos grandes centros", define.
NIGHT - O rock desse domingo na Boomerang começa cedo, como convém a quem tem que acordar cedo na segunda-feira. Abrindo a noite, o indie rock da Starla, boa banda local que deverá lançar seu primeiro disco ainda nesse primeiro semestre, com produção do macaco velho Luizão Pereira, ex-integrante de bandas significativas do cenário soteropolitano, como Cravo Negro (nos anos 80) e Penélope (nos anos 90).
Na seqüência, Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta, uma das bandas mais queridas da cidade com seu rock pós-tropicalista cheio de suíngue e sentimento, mandam ver canções do novo repertório (como o recém-lançada Aquela dança) e velhos hits, como Sete sete, Obediência, O Drama e Noite, entre outras cantadas de cor pelo seu fidelíssimo público.
www.myspace.com/vanguart www.fotolog.com/vanguart
Matéria publicada no jornal A Tarde de 3 de março de 2007. Texto sem a edição do jornal.
Eu tb gostaria de saber. A noite de sábado acabou com meu domingo....
ResponderExcluirEu acho que vocês iam gostar, até coentei que se estivesse lá iam curtir, mas... rolou bob dylan, velvet, beatles entre as covers...
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