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segunda-feira, janeiro 08, 2007

NACHO! NACHO! NACHO!

NACHO LIBRE REAFIRMA TALENTO DO DIRETOR JON HEDER E CONSAGRA JACK BLACK COMO O REI DOS CANASTRÕES

Certa vez, muitos anos atrás, li na coluna do professor André Setaro no jornal Tribuna da Bahia, que existem dois tipos de diretores de cinema: os autores e os artesãos. Grossisimo modo (isso existe?), os autores são aqueles sem grandes preocupações com o aspecto formal e técnico do cinema, fazendo basicamente o mesmo filme a vida inteira, mudando apenas a ambientação e os atores, mas quase sempre abordando as mesmas temáticas. Exemplos de grandes diretores autores: Woody Allen, Ingmar Bergman, Orson Welles, Alfred Hitchcock, Jerry Lewis, Federico Felinni. Já os diretores artesãos são aqueles que têm pleno domínio formal do veículo, mas sem um universo autoral próprio, e com qualquer fiapo de roteiro que lhe caia nas mãos, são capazes de plasmar na tela o cinema em estado puro, criando grandes filmes. Exemplos de autores artesãos: Vincent Minnelli, Billy Wilder, Roman Polanski, John Frankenheimer, William Friedkin.

Jon Heder, já em seu segundo filme, parece querer se encaixar firmemente naquela primeira categoria, a de cineastas autores, fazendo-se dono de um universo narrativo-ficcional próprio, sempre orbitando em torno das vidas dos párias e excluídos.

Se em Napoleon Dynamite, seu primeiro filme, Heder nos apresentou a vidinha modorrenta e medíocre dos caipiras de Idaho, em Nacho Libre ele transporta sua afeição pelas minorias e desajustados da vida para outro cú de mundo esquecido por Deus: Oaxaca, México. Inspirado na história real de um padre que, secretamente, participava de torneios de luta livre à noite, o diretor criou mais uma bela fábula cômica e politicamente incorreta, ladeado pelos talentos de Jack Black (Escola do Rock, Alta Fidelidade) no papel principal e Mike White (parceiro de Jack em Escola...), no roteiro.

Além da temática em si (o loser sem noção que dá volta por cima e salva a pátria) e do óbvio carinho do diretor pelas minorias, muita coisa já vista em Napoleon Dynamite retorna em Nacho Libre, inclusive no aspecto visual: a câmera quase sempre parada, deixado que as piadas e situações se resolvam por si sem a interferência da edição, os pratos de comida ricamente decorados e os desenhos infantis de heróis, monstros e lutadores mascarados. O parceiro do personagem principal também dá as caras por aqui. Se em Napoleon tínhamos Pedro, o mexicano sorumbático, Nacho tem em Esqueleto (Héctor Jimenez, hilário), um esfomeado morador de rua, seu sidekick perfeito.

Tantas semelhanças com Napoleon Dynamite, contudo, não desvalorizam Nacho Libre como uma mera continuação ou refilmagem, pelo contrário. Tudo o que tornou o primeiro filme de John Heder uma daquelas sessões da tarde inesquecíveis é aprofundado neste segundo. O papel principal parece ter sido escrito especialmente para o talento de Jack Black. O gordinho, ágil como um jovem cervo nas cenas de humor físico, leva a fina arte da canastrice cômica a novos patamares ao interpretar Ignacio, o jovem noviço de um orfanato mexicano que sonha em ser um grande luchador, e com o dinheiro ganho nas lutas, salvar o orfanato da falência e as crianças, da fome.

Decidido, Ignacio começa a treinar com Esqueleto, a quem escolhe para ser sua dupla. A sequência do treinamento, aliás, é uma das mais engraçadas do filme. Com sua atuação exagerada, cheia de caras e bocas, esgares e levantadas de sobrancelhas, discursos pomposos e canções derramadas, Black deixa no espectador a sensação de estar assistindo uma daquelas novelas mexicanas infantis toscas, tipo Chispita ou algo assim. A partir daí, começa uma dura seqüência de surras na dupla, aplicadas por um lutador mais bizarro que o outro.

O mundo da lucha libre mexicana é um prato cheio para o diretor, com seus lutadores mascarados e mitologia toda própria. A partir daí, Heder vai gentilmente conduzindo o filme para seu final não muito imprevisível. Apesar disso, Nacho Libre é uma das melhores comédias de 2006 e renderá à quem o assisti-lo sua hora e meia de muitas risadas e diversão pura - e por incrível que pareça, para os tempos em que vivemos, totalmente inocente, censura livre - como toda boa sessão da tarde.

À exemplo de Napoleon, o segundo filme de Jon Heder foi solenemente ignorado pelo exibidores de cinema no Brasil, sendo lançado direto em DVD, menos de um mês depois de ND chegar às locadoras. Na dúvida, alugue os dois ao mesmo tempo e perceba a mão autoral de Heder, cineasta que é uma das boas promessas do cinema americano atual.

COM A MÃO NA MASSA - Amigo dileto deste bloguista há mais de 15 anos, Rogério Big Brother dispensa apresentações. A última do Gordoidão mais querido do rock baiano é a sua nova coluna no site Bahia Rock, "A Cozinha Maravilhosa do Big", onde ele entrevista e prepara uma receita sugerida por um convidado a cada semana (ou quinze dias, isso eu não sei bem). Na primeira coluna, churrasco com Gabriel Boizinho (pô, o cara come os próprios parentes! Desculpem, não resisti), batera do Cachorro Grande. Na segunda, moqueca de carne com Ricardo Spencer, outra figuraça que dispensa apresentações. Pelo visto, a coluna não é indicada para vegetarianos.

ROCKIN' THE MOVIES - Nos próximos anos, veremos uma enxurrada de filmes enfocando as vidas (os chamados biopics) de grandes astros do rock e cercanias. Senão, vejamos:

Spike Lee filmará a biografia de James Brown, Samuel L. Jackson já surgiu como o nome mais cotado para o papel principal;

Johnny Depp atuará como Fred Mercury em um filme sobre sua vida (lá dele);

Tem um filme inglês, intitulado Control, sobre a vida de Ian Curtis (Joy Division) engatilhado para estrear a qualquer momento ainda esse ano. A direção é do famoso fotógrafo Anton Corbijn e o site oficial já está no ar;

Mike Myers será Keith Moon (The Who), no respectivo filme sobre sua biografia, Roger Daltrey produz;

Don Cheadle (Hotel Ruanda) não somente atuará como Miles Davis no filme sobre sua vida, como também o dirigirá;

Existem uns dois ou três projetos relacionados à Renato Russo. Uma biografia, claro, e mais dois filmes baseados nas letras de Faroeste Caboclo e Eduardo e Mônica;

Em 2008, chegará aos cinemas um filme baseado na vida de Jeff Buckley;

Projetos sobre as vidas de Jimi Hendrix e Janis Joplin ("A Rosa" não vale como biografia de Janis) sempre existiram e sempre existirão em Hollywood, sendo mera questão de tempo até alguém pegá-los de jeito e transformarem-nos em grandes filmes para o grande público. Depois do enorme sucesso de filmes como Ray, Johnny & June (Walk the line) e Cazuza (aqui no Brasil), parece que a indústria resolveu explorar um novo filão. Vamos ver quantos se salvam dessa leva.

O TEMPO PASSA, O TEMPO VOA, E A BAHIA CONTINUA A MESMA MERDA - O grande show de rock do verão 2007 será o mesmo do verão 2006. Wander Wildner (na ilustração ao lado, da autoria de Silvis, se não me engano) volta à Salvador dia 16 próximo para um show único no ICBA, devendo fazer mais ou menos o mesmo show apresentado ano passado, ainda no Miss Modular. Apesar de ficar feliz de poder ver o bardo gaúcho novamente, fica um gosto amargo saber que ano após ano, os baianos que não rebolam a bundinha e cuja indigência ainda não é mental - é apenas financeira - continuam sem opção de assistir à bons shows de rock de bandas de fora da cidade. Ben Harper e Matisyahu seriam boas opções - se tocassem na Concha Acústica ou algum outro local mais decente, e não naquele arremedo de festival - para o qual aliás, gostaria de propor um boicote generalizado, não apenas do público do rock, mas também das bandas, que deveriam tomar vergonha na cara e dar uma banana pros organizadores. Quem perde ao não escalar as bandas de rock da Bahia é o próprio festival, que apenas cava sua própria sepultura escalando para o palco principal as mesmas atrações de merda todo santo ano e ignora os novos nomes que poderão salvá-lo no futuro. Isso lá é festival digno do nome? BOICOTE JÁ!

18 comentários:

  1. Não tem pra ninguém: GRIND HOUSE, da dupla Tarantino / Rodriguez, é O Filme de 2007. Mais uma notícia para dar água na boca:

    http://www.omelete.com.br/cinema/news/base_para_news.asp?artigo=21467

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  2. nacho libre é do carai. vc ja viu stoned, sobre a morte de brian jones?saiu em dvd, to com ele.

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  3. Vi inda não, Brams. A crítica foi tão impiedosa que eu desanimei... Presta?

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  4. ainda nao,mas te empresto para vc tirar suas proprias conclusoes

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  5. óia que coincidência, chicorélis. Este domingo peguei os dois na gpw e assisti na sequencia. Gostei pra caralho, mais ainda do Napoleon Dynamite. Aliás, que puta fotografia nos dois, né não?? me amarrei. Quanto ao filme de sobre brian jones, é meio meia boca mesmo. Sem musicas dos stones, que nÕ FORAM liberadas, e tal...mas vale uma assistida.

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  6. Massa que vc gostou, Cebola.

    Na semana do Bonfim Hard, nada melhor que relembrar os primeiros anos da festa no Beco do Morotó. Há dois anos, fiz esse textinho para relembrar alguns momentos máááááágicos da festa:

    http://rockloco.blogspot.com/2005/01/dessa-sagrada-colina-lembranas-do.html#comments

    E buena suerte para quem for de encarar essa semana...

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  7. bonfim meu joelho não permite.e ta na hora das ridiculas listas de melhores do ano.vou fazer a minha.

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  8. Com o luxuoso auxílio do Dr. Albert Hofmann, meu guia espiritua, uma vez mais estarei colado.
    Brama, vá por mim, não há dor no joelho que resista. No ano passado, por exemplo, compareci mesmo com graves lesões nos ligamentos.

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  9. Com Hofman como guia inté eu.Recebi cortesmente de Eduardo Scott o disco do Gonorreia, o resgate da historia. produçao acertadissima de andre t, a banda com jo estrada, rex,andre t, e os originais miguel bahiense e scott fazem um bom disco de rock. claro que o impacto que o gono causava nao esta mais presente, afinal o que causava choque antigamente hoje é commodity, comercializado em qualquer esquina. mas o resgate foi feito com dignidade, em que pese as acusaçoes que Scott se vendeu ao axè, coisa que parece nao ter sentido.acompanha o cd um livreto de autoria de >Eduardo Bastos ,que mais uma vez ressalta e esclarece a cena dos anos 80, e mais uma vez a importancia do Camisa e Marcelo é afirmada.Classe A.So nao sei se vou ao show sexta na Zauber, to na produça dos Miseravao no Bumerangue na mesma Sexta.

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  10. Xiscória, pode tirar o jumento da neblina. Este privilégio de dar defeito no blog não é só seu.

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  11. O engraçado é que, logo depois de eu fazer um desabafo aqui reclamando do blogspot, a porra do blog voltou ao normal e aí eu tirei meu comment, por que tava muito cheio de palavrões e esse aqui é um blog família, afinal de contas.

    Francis, minhas lembranças ao Dr. Hoffman e à todos os vermes amigos que vc encontrar no Bonfim Hard. Semana que vem eu tenho uma folguinha (do trabalho!). Vamo combinar aquele porto com tortilla na sequência.

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  12. Amigo Miguel, confesso que já faz algum tempo que não me consulto com o bom doutor. Mas se topar com ele por aí, eu guardo metade de uma "receita" dele pra vc...

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  13. alguém tem o contato do Dr. Robert??

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  14. Grinderman, a nova banda de apoio de Nick Cave, lança trabalho próprio e disponibiliza faixas para download gratuito. Leia a notícia completa aqui:

    http://www.omelete.com.br/musica/news/base_para_news.asp?artigo=21548

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  15. http://ccr.podomatic.com

    Nesse endereço vc pode encontrar o mais novo empreendimento do Clash City Rockers. Agora com voz, vai ser difícil segurar.

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  16. www.ccr.podomatic.com


    O Clash City Rockers agora já tem voz!!

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  17. Anota ai:

    Neste domingo, 18h, a Theatro de Séraphin estará fazendo uma apresentação conjunta com o guitarrista Paulinho Oliveira na escola de artes cênicas Sitorne. Os shows marcam a estréia do espaço de shows da escola e o ingresso é 1kg de alimento não perecível.

    As apresentações fazem parte do Panorama Sitorne, que promove até o dia 11 de fevereiro 30 espetáculos, oficinas, exposição, shows e diversas atividades. Mais informações podem ser obtidas no 3347-7089.

    http://myspace.com/theatrodeseraphin
    http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendid=102279064

    _________

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  18. Sobre o filme Nacho Libre. O diretor é Jared Hess! Jon Heder é o ator que interpretou Napoleon Dynamite.

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