NO AR! MANDO DIAO! ASH! MATIZ! PIPPETS! SPARKS! COLD WAR KIDS! NÃO TEM THE NEW LOU REEDS! MAS TEM DECEBERISTS! E COMO DIZEM OS MAEL BROS. AUF WIEDERSEHEN TO THE BEAT!
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Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
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segunda-feira, dezembro 25, 2006
terça-feira, dezembro 19, 2006
ESTRADA PARA A DANAÇÃO
No segundo encadernado de Os Mortos Vivos, Robert Kirkman aprofunda o clima de desespero e desesperança dos personagens em narrativa enxuta e precisa
Quanta pressão um ser humano pode agüentar? Quantas perdas de entes queridos, visões do inferno e desgraças pelo caminho alguém pode suportar antes de enlouquecer completamente e se transformar numa besta selvagem, cujo único propósito é a sobrevivência?
Após os trágicos eventos de "Dias passados", o policial Rick Grimes, sua família e o pequeno grupo de sobreviventes liderado por ele caem na estrada, amontoados em um motor home. Cruzando um mundo deserto, com o perigo espreitando a cada quilômetro, com frio e com fome, uma nova (quase) tragédia acaba conduzindo-os a uma fazenda, onde um outro grupo de infelizes sobreviventes se abriga do perigo morto-vivo.
Convidados pelo seu líder para lá ficar por um tempo, Grimes e seu pessoal logo descobrem que o dono da casa guarda um segredo sinistro no celeiro...
Esse segredo e as relações cada vez mais neuróticas que se estabelecem aos poucos entre os dois grupos só fazem a tensão aumentar cada vez mais - até a inevitável ruptura.
Em Caminhos trilhados, segundo volume de Os Mortos Vivos, Robert Kirkman passa ao leitor toda a angústia de viver em um mundo onde nada mais será como antes, onde cada dia é uma batalha, cada refeição, uma vitória. Sua fluidez narrativa deixa pouco espaço para o leitor respirar - não que tenhamos zumbis putrefatos surgindo a cada instante transformando tudo numa gore fest sem fim. Aqui os zumbis são apenas o pretexto para o autor desfiar a odisséia de dor e transformações pessoais pelas quais seus personagens passarão.
Na verdade, os maiores conflitos que acontecem são entre os humanos, os vivos. Os mortos vivos são um problemão, claro. Mas são mais um, entre muitos outros que os personagens enfrentam. A civilização ruiu, não existe mais. Em dado momento, um dos sobreviventes comenta com Rick da falta que ele sente de assistir um jogo de futebol. A vida como eles conheciam não existe mais, e dificilmente voltará a existir. Esperança é artigo em falta no mundo d'Os Mortos Vivos, e esse clima pesado parece permear toda a série.
No posfácio desta edição, o ator Simon Pegg (de Todo mundo quase morto - Shaun of te dead, filmaço obrigatório), além de analisar muito bem o próprio conceito de zumbi, ainda lança uma outra luz sobre Os Mortos Vivos, ao notar que, "enquanto nossos filmes favoritos de zumbis sempre parecem acabar muito rápido, deixando-nos a imaginar o que acontece depois, Kirkman é capaz de saborear a jornada e explorar os muitos perigos e dilemas encontrados por seu decrescente grupo de sobreviventes em desvantagem numérica".
Tem um detalhe muito simples, mas que é fundamental e determinante no tom intenso que Robert Kirkman imprime a'Os Mortos Vivos, que é seu absoluto controle sobre o "elenco" que dá vida aos muitos personagens. Nenhum é "esquecido", deixado de lado. Todos têm sua personalidade trabalhada, aprofundada, conflitos pessoais, desafios. Não há personagens vazios. O leitor identifica e se vê um pouco em cada um deles, é envolvido no tom intimista da história e acaba temendo pelos seus destinos. Não é toda hora que eu leio quadrinhos capazes de tal feito - e olha que eu leio muito, às vezes até mais do que deveria...
Aos poucos, vemos mais uma obra prima dos quadrinhos se delineando diante de nossos olhos.
OS MORTOS-VIVOS - VOLUME DOIS - CAMINHOS TRILHADOS
Roteiro: Robert Kirkman, Arte, arte-final: Charlie Adlard, Tons de cinza: Cliff Rathburn. HQM Editora / Image Comics / R$ 28,90 - Edição especial, Formato americano - 140 páginas.
DEADWOOD: SERIADO SOBRE CIDADE NO VELHO OESTE É LABORATÓRIO SOCIAL DO AUTOR DAVID MILCH
Excelente produtora de seriados e filmes para a televisão, a americana HBO (Home Box Office, para quem interessar possa) já presenteou os telespectadores de todo mundo com clássicos instantâneos como A Sete Palmos, Família Soprano, Oz e outros menos cotados. Em Deadwood, a emissora manteve a tradição de localizar a ação de seus seriados em ambientes inóspitos. Se nos três primeiros citados os personagens viviam seus dramas pessoais em, respectivamente, uma funerária, na máfia de Nova Jersey e um presídio, Deadwood nos apresenta sua galeria de desajustados na cidade de mesmo nome, no oeste selvagem americano, por volta de 1888. Mesclando alguns poucos personagens históricos com os fictícios, David Milch, o criador da série, faz um grande levantamento de como uma sociedade se forma em ambientes não domesticados pela presença de um governo, leis, polícia, essas coisas (ou seja: em qualquer lugar). Atraídos pela febre do ouro, homens rudes e desajustados de todas as partes do mundo vão à Deadwood, tomar posse de algum veio de minério, trabalhar para as empresas de mineração que começam a se estabelecer e enriquecer. Isso é o só o pano de fundo para as muitas intrigas que rolam entre dois poderosos donos de puteiros locais, que, ardilosos como demônios, manipulam e dominam a cidade - que aliás, mais se assemelha à um chiqueiro, pois há lama por todo lado. Não há saneamento nem água encanada. Há o homem durão, silencioso, bom de briga e de coração, que acaba se tornando o xerife e protege uma viúva safadinha, dona de um belo garimpo. Bêbados, prostitutas, capangas cruéis de sangue frio, homens em busca de fortuna. Terreno fértil para um escritor de pena afiada tecer suas considerações e ainda faze-lo com estilo. Sintam só o drive shakespeareano desse diálogo, extraído do episódio "E.B. ficou de fora" (segunda temporada):
Homem no saloon: "Ouviu falar, Tom, que as prostitutas chinesas têm um modo antigo de livrar você de suas mágoas, sua solidão e do sentimento de sentir-se abandonado"?
Barman (intrometendo-se na conversa): "Parece que isso o deixaria sem nada". ("Seems like it would leave you with nothing", no original em inglês parece soar melhor ainda).
O destaque da série é Ian McShane, veterano ator inglês com vasta experiência na TV britânica, que domina a cena toda vez que aparece como Al Swearengen, dono do puteiro mais vagabundo da cidade e certamente, seu habitante mais maquiavélico, cruel e complexo. Nada do que ele fala é gratuito. Dono de uma personalidade magnética, de sua boca adornada pelo bigodón saem tanto palavrões em profusão (COCKSUCKER!), quanto observações extremamente sagazes - sobre basicamente tudo. Tranqüilamente é o personagem mais marcante da série - e da televisão em muito tempo. Nota dez também para a reconstituição do ambiente hostil e da época. A cidade cenográfica que foi erguida para fazer o papel de Deadwood, veículos, armas, roupas, tudo é muito convincente. Você quase sente o fedor de bosta (de cavalo e humana também) da cidade. Aliás, esse acabou sendo um dos motivos da série só ter durado até a terceira temporada. Os custos da ambientação caprichada e os cachês dos atores, que aumentaram com os prêmios acumulados (Emmy, essas coisas) acabaram inviabilizando Deadwood. Saiu uma entrevista de McShane onde ele fala sobre isso e conta que a HBO propôs ao autor a produção de dois especiais de duas horas, para ele fechar os destino dos personagens e encerrar a série. Isso ainda está sendo decidido, pelo jeito. Seja lá como for, Deadwood está sendo lançada no Brasil em DVD. A segunda temporada chegou há pouco tempo nas locadoras e é melhor ainda que a primeira - que já era sensacional. Milhões de outros adjetivos estão me vindo a cabeça. Portanto, antes que eu perca o controle e deite todos eles no juízo do leitor, é melhor encerrar aqui.
HERMANOS CHICANOS UNIDOS - Dois símbolos da moderna cultura chicana finalmente se uniram. Trata-se da bela capa do novo disco dos Los Lobos, The town and the city, assinada por ninguém menos que o mestre Jaime Hernandez, de Love and Rockets. Para quem ainda não sabe, Love and Rockets é uma das melhores séries do quadrinho underground de todos os tempos, parca e porcamente publicada no Brasil. E os Los Lobos, para quem só conhece daquela versão ultra surrada de La Bamba, também é uma puta banda bacana. Não conheço a fundo, mas recomendo o álbum Colossal head, de 1998. Discaço. E só pela linda capa, esse novo CD já merece uma boa conferida.
AGENDA
FÁBIO CASCADURA ROCK´N ROLL SOUL - Após temporada de show com o Cascadura pelo Sudeste do país, Fábio Cascadura e Thiago Trad voltam a se apresentar com o projeto FÁBIO CASCADURA ROCK´N ROLL SOUL.Em formato acústico eles apresentam grandes sucessos dos anos 50, 60 e 70 que influenciaram o CASCADURA, além de músicas do repertório próprio. Balcão Botequim (Curva da Paciência, Rio Vermelho). Horário: 21h Ingresso: R$ 6.
NATAL EM FAMÍLIA - Com as bandas: Cissa Guimarães, Fracassados do Underground, Glauco Neves, Intervalos: DJ Boris, Horário: 22hs, R$ GRÁTIS! Nhô Caldos - (rua da Paciência - Rio Vermelho)
O Maravilhoso Natal dos Retrofoguetes - O ano está chegando ao fim e, como não podia deixar de ser, os fabulosos Retrofoguetes vão comemorar promovendo sua tradicional e flamejante festinha natalina. Como de costume, ao invés do peru com farofa, um repertório recheado pelas animadas canções da banda além dos clássicos natalinos registrados no compacto de vinil "O Maravilhoso Natal dos Retrofoguetes", lançado pela Monstro Discos no ano passado. Pra completar a bagunça, vão participar da festa grandes vocalistas da atual cena roqueira da cidade como Mauro Pithon, Fábio Cascadura, Nancyta, Jorginho King Cobra, Lucas Ferraz e Alex Pochat. Quer mais? Escreva pro Papai Noel, quem sabe ele não te atende? Casa da Dinha (largo da Dinha - Rio Vermelho), Sábado 23/12, Horário: 22h, R$15 (R$12 até meia-noite), Apoio: Se Ligue, Companhia da Pizza, Álvaro Tattoo, Livraria Berinjela, Music Hall Instrumentos Musicais, Red Pigs, Santo Design, Mortini Stand com: Cd e vinil dos Retrofoguetes camisetas da Mortini
Pré Revellion a Fantasia dos "Os Mizeravão" - Vejam depoimentos sobre o "Os Mizeravão":
"...ainda não fui, mas no próximo vou com certeza" - Kurt Cobain
"é Rock pra se fuder!!!" - Irmã Dulce
"Já não consigo contar nos dedos as vezes que fui e gostei" - Presidente Lula
"quando eu chegar na Nicarágua... vou ficar com saudade do show deles" - Fábio Cascadura
Pois é, e ainda assim vc se nega a participar dessa festa, vai nos dizer que vai romper anos no show da Xinelada?... vai nada, vc vai é dançar na festa a fantasia do "Os Mizeravão, então toma no acento ai: Casa da Dinha
(Largo da Dinha Cons - Rio Vermelho), Sábado 30/12, Horário :22:00 horas. Ingresso: 10 reais com fantasia e 15 reais sem fantasia.
Quanta pressão um ser humano pode agüentar? Quantas perdas de entes queridos, visões do inferno e desgraças pelo caminho alguém pode suportar antes de enlouquecer completamente e se transformar numa besta selvagem, cujo único propósito é a sobrevivência?
Após os trágicos eventos de "Dias passados", o policial Rick Grimes, sua família e o pequeno grupo de sobreviventes liderado por ele caem na estrada, amontoados em um motor home. Cruzando um mundo deserto, com o perigo espreitando a cada quilômetro, com frio e com fome, uma nova (quase) tragédia acaba conduzindo-os a uma fazenda, onde um outro grupo de infelizes sobreviventes se abriga do perigo morto-vivo.
Convidados pelo seu líder para lá ficar por um tempo, Grimes e seu pessoal logo descobrem que o dono da casa guarda um segredo sinistro no celeiro...
Esse segredo e as relações cada vez mais neuróticas que se estabelecem aos poucos entre os dois grupos só fazem a tensão aumentar cada vez mais - até a inevitável ruptura.
Em Caminhos trilhados, segundo volume de Os Mortos Vivos, Robert Kirkman passa ao leitor toda a angústia de viver em um mundo onde nada mais será como antes, onde cada dia é uma batalha, cada refeição, uma vitória. Sua fluidez narrativa deixa pouco espaço para o leitor respirar - não que tenhamos zumbis putrefatos surgindo a cada instante transformando tudo numa gore fest sem fim. Aqui os zumbis são apenas o pretexto para o autor desfiar a odisséia de dor e transformações pessoais pelas quais seus personagens passarão.
Na verdade, os maiores conflitos que acontecem são entre os humanos, os vivos. Os mortos vivos são um problemão, claro. Mas são mais um, entre muitos outros que os personagens enfrentam. A civilização ruiu, não existe mais. Em dado momento, um dos sobreviventes comenta com Rick da falta que ele sente de assistir um jogo de futebol. A vida como eles conheciam não existe mais, e dificilmente voltará a existir. Esperança é artigo em falta no mundo d'Os Mortos Vivos, e esse clima pesado parece permear toda a série.
No posfácio desta edição, o ator Simon Pegg (de Todo mundo quase morto - Shaun of te dead, filmaço obrigatório), além de analisar muito bem o próprio conceito de zumbi, ainda lança uma outra luz sobre Os Mortos Vivos, ao notar que, "enquanto nossos filmes favoritos de zumbis sempre parecem acabar muito rápido, deixando-nos a imaginar o que acontece depois, Kirkman é capaz de saborear a jornada e explorar os muitos perigos e dilemas encontrados por seu decrescente grupo de sobreviventes em desvantagem numérica".
Tem um detalhe muito simples, mas que é fundamental e determinante no tom intenso que Robert Kirkman imprime a'Os Mortos Vivos, que é seu absoluto controle sobre o "elenco" que dá vida aos muitos personagens. Nenhum é "esquecido", deixado de lado. Todos têm sua personalidade trabalhada, aprofundada, conflitos pessoais, desafios. Não há personagens vazios. O leitor identifica e se vê um pouco em cada um deles, é envolvido no tom intimista da história e acaba temendo pelos seus destinos. Não é toda hora que eu leio quadrinhos capazes de tal feito - e olha que eu leio muito, às vezes até mais do que deveria...
Aos poucos, vemos mais uma obra prima dos quadrinhos se delineando diante de nossos olhos.
OS MORTOS-VIVOS - VOLUME DOIS - CAMINHOS TRILHADOS
Roteiro: Robert Kirkman, Arte, arte-final: Charlie Adlard, Tons de cinza: Cliff Rathburn. HQM Editora / Image Comics / R$ 28,90 - Edição especial, Formato americano - 140 páginas.
DEADWOOD: SERIADO SOBRE CIDADE NO VELHO OESTE É LABORATÓRIO SOCIAL DO AUTOR DAVID MILCH
Excelente produtora de seriados e filmes para a televisão, a americana HBO (Home Box Office, para quem interessar possa) já presenteou os telespectadores de todo mundo com clássicos instantâneos como A Sete Palmos, Família Soprano, Oz e outros menos cotados. Em Deadwood, a emissora manteve a tradição de localizar a ação de seus seriados em ambientes inóspitos. Se nos três primeiros citados os personagens viviam seus dramas pessoais em, respectivamente, uma funerária, na máfia de Nova Jersey e um presídio, Deadwood nos apresenta sua galeria de desajustados na cidade de mesmo nome, no oeste selvagem americano, por volta de 1888. Mesclando alguns poucos personagens históricos com os fictícios, David Milch, o criador da série, faz um grande levantamento de como uma sociedade se forma em ambientes não domesticados pela presença de um governo, leis, polícia, essas coisas (ou seja: em qualquer lugar). Atraídos pela febre do ouro, homens rudes e desajustados de todas as partes do mundo vão à Deadwood, tomar posse de algum veio de minério, trabalhar para as empresas de mineração que começam a se estabelecer e enriquecer. Isso é o só o pano de fundo para as muitas intrigas que rolam entre dois poderosos donos de puteiros locais, que, ardilosos como demônios, manipulam e dominam a cidade - que aliás, mais se assemelha à um chiqueiro, pois há lama por todo lado. Não há saneamento nem água encanada. Há o homem durão, silencioso, bom de briga e de coração, que acaba se tornando o xerife e protege uma viúva safadinha, dona de um belo garimpo. Bêbados, prostitutas, capangas cruéis de sangue frio, homens em busca de fortuna. Terreno fértil para um escritor de pena afiada tecer suas considerações e ainda faze-lo com estilo. Sintam só o drive shakespeareano desse diálogo, extraído do episódio "E.B. ficou de fora" (segunda temporada):
Homem no saloon: "Ouviu falar, Tom, que as prostitutas chinesas têm um modo antigo de livrar você de suas mágoas, sua solidão e do sentimento de sentir-se abandonado"?
Barman (intrometendo-se na conversa): "Parece que isso o deixaria sem nada". ("Seems like it would leave you with nothing", no original em inglês parece soar melhor ainda).
O destaque da série é Ian McShane, veterano ator inglês com vasta experiência na TV britânica, que domina a cena toda vez que aparece como Al Swearengen, dono do puteiro mais vagabundo da cidade e certamente, seu habitante mais maquiavélico, cruel e complexo. Nada do que ele fala é gratuito. Dono de uma personalidade magnética, de sua boca adornada pelo bigodón saem tanto palavrões em profusão (COCKSUCKER!), quanto observações extremamente sagazes - sobre basicamente tudo. Tranqüilamente é o personagem mais marcante da série - e da televisão em muito tempo. Nota dez também para a reconstituição do ambiente hostil e da época. A cidade cenográfica que foi erguida para fazer o papel de Deadwood, veículos, armas, roupas, tudo é muito convincente. Você quase sente o fedor de bosta (de cavalo e humana também) da cidade. Aliás, esse acabou sendo um dos motivos da série só ter durado até a terceira temporada. Os custos da ambientação caprichada e os cachês dos atores, que aumentaram com os prêmios acumulados (Emmy, essas coisas) acabaram inviabilizando Deadwood. Saiu uma entrevista de McShane onde ele fala sobre isso e conta que a HBO propôs ao autor a produção de dois especiais de duas horas, para ele fechar os destino dos personagens e encerrar a série. Isso ainda está sendo decidido, pelo jeito. Seja lá como for, Deadwood está sendo lançada no Brasil em DVD. A segunda temporada chegou há pouco tempo nas locadoras e é melhor ainda que a primeira - que já era sensacional. Milhões de outros adjetivos estão me vindo a cabeça. Portanto, antes que eu perca o controle e deite todos eles no juízo do leitor, é melhor encerrar aqui.
HERMANOS CHICANOS UNIDOS - Dois símbolos da moderna cultura chicana finalmente se uniram. Trata-se da bela capa do novo disco dos Los Lobos, The town and the city, assinada por ninguém menos que o mestre Jaime Hernandez, de Love and Rockets. Para quem ainda não sabe, Love and Rockets é uma das melhores séries do quadrinho underground de todos os tempos, parca e porcamente publicada no Brasil. E os Los Lobos, para quem só conhece daquela versão ultra surrada de La Bamba, também é uma puta banda bacana. Não conheço a fundo, mas recomendo o álbum Colossal head, de 1998. Discaço. E só pela linda capa, esse novo CD já merece uma boa conferida.
AGENDA
FÁBIO CASCADURA ROCK´N ROLL SOUL - Após temporada de show com o Cascadura pelo Sudeste do país, Fábio Cascadura e Thiago Trad voltam a se apresentar com o projeto FÁBIO CASCADURA ROCK´N ROLL SOUL.Em formato acústico eles apresentam grandes sucessos dos anos 50, 60 e 70 que influenciaram o CASCADURA, além de músicas do repertório próprio. Balcão Botequim (Curva da Paciência, Rio Vermelho). Horário: 21h Ingresso: R$ 6.
NATAL EM FAMÍLIA - Com as bandas: Cissa Guimarães, Fracassados do Underground, Glauco Neves, Intervalos: DJ Boris, Horário: 22hs, R$ GRÁTIS! Nhô Caldos - (rua da Paciência - Rio Vermelho)
O Maravilhoso Natal dos Retrofoguetes - O ano está chegando ao fim e, como não podia deixar de ser, os fabulosos Retrofoguetes vão comemorar promovendo sua tradicional e flamejante festinha natalina. Como de costume, ao invés do peru com farofa, um repertório recheado pelas animadas canções da banda além dos clássicos natalinos registrados no compacto de vinil "O Maravilhoso Natal dos Retrofoguetes", lançado pela Monstro Discos no ano passado. Pra completar a bagunça, vão participar da festa grandes vocalistas da atual cena roqueira da cidade como Mauro Pithon, Fábio Cascadura, Nancyta, Jorginho King Cobra, Lucas Ferraz e Alex Pochat. Quer mais? Escreva pro Papai Noel, quem sabe ele não te atende? Casa da Dinha (largo da Dinha - Rio Vermelho), Sábado 23/12, Horário: 22h, R$15 (R$12 até meia-noite), Apoio: Se Ligue, Companhia da Pizza, Álvaro Tattoo, Livraria Berinjela, Music Hall Instrumentos Musicais, Red Pigs, Santo Design, Mortini Stand com: Cd e vinil dos Retrofoguetes camisetas da Mortini
Pré Revellion a Fantasia dos "Os Mizeravão" - Vejam depoimentos sobre o "Os Mizeravão":
"...ainda não fui, mas no próximo vou com certeza" - Kurt Cobain
"é Rock pra se fuder!!!" - Irmã Dulce
"Já não consigo contar nos dedos as vezes que fui e gostei" - Presidente Lula
"quando eu chegar na Nicarágua... vou ficar com saudade do show deles" - Fábio Cascadura
Pois é, e ainda assim vc se nega a participar dessa festa, vai nos dizer que vai romper anos no show da Xinelada?... vai nada, vc vai é dançar na festa a fantasia do "Os Mizeravão, então toma no acento ai: Casa da Dinha
(Largo da Dinha Cons - Rio Vermelho), Sábado 30/12, Horário :22:00 horas. Ingresso: 10 reais com fantasia e 15 reais sem fantasia.
terça-feira, dezembro 12, 2006
ROCK BAIANO
" aqui em Salvador, a cidade do axé
a cidade do terror" Complete Control pelo Camisa de Venus
Deve ser uma coisa extremamente estranha para um americano observar o rock n roll em um pais como o Brasil.Mais estranho ainda ver suas ramificações e sua disseminação em lugares tão pouco prováveis como na Bahia. O livro escrito por Ednilson Sacramento, "Rock Baiano- historia de uma cultura subterrânea", é o primeiro(que eu saiba) a se propor a contar a historia de um ritmo(cultura?, estilo de vida?, nada disso?), estranho numa terra estranha. Estranha e hostil.
Logo na introdução, Ednilson, se refere as reações que a dedicação a tal tema suscita nesta terra: perda de tempo com a xérox da xérox?, Desperdício de papel? Para a maioria certamente, mas para uma minoria extremamente apaixonada, se trata de um "labor of love" ou seja um trabalho de e por amor.
E Ednilson, traça um painel e um relato, no mínimo emocionante, de uma cultura subterrânea, fora das atenções centrais da cultura oficial da Bahia, que vai frequentemente na contramão do que se convencionou chamar de "baianidade", alem de alargar a perspectiva cultural do fenômeno, abrindo espaço também para outras manifestações artísticas fundamentais que compõem o espectro do rock, tais como programas de rádios, imprensa, grafitti, e fanzines.Segundo ele mesmo diz, não existiu a intenção de sua parte de ter feito a biblia do rock baiano. Foram entre 10 a 12 anos de pesquisas, leituras, e muita vivencia com o rock local.Mais 11 anos foram necessários para que o livro fosse lançado.Obstinação, determinação e muita, mas muita paixão pelo assunto, o tal "labor of love".
Como explicar a sobrevivência do rock"n"roll na Bahia, resistente desde o fim dos anos 50, quando através do cinema(agente imperialista?) a baianada tomou contato com o rock?n?roll, quando no Cine Excelsior passou ?Sementes da Violência?, e desde, segundo consta, Raul Seixas trocou cigarros por discos de rock com americanos lotados no consulado dos USA, do qual era vizinho. A partir daí, Raulzito se encontraria com Valdir Serrao( o Big Ben), outro que tinha travado contato com o rock, mas este de forma totalmente intuitiva.Ednilson da uma geral do momento em diante em que Raul e Big Ben passam a andar juntos e praticamente forjam do nada o rock na Bahia. Fundam o Elvis Rock Club, no bairro da Calçada, e a essa altura do campeonato envolvidos com uma turma (Thildo Gama, David Barouh e outros) que foi pioneira do rock na Bahia, formariam conjuntos(não se chamavam bandas então) como Os Relâmpagos do Rock, The Black Cats, Os Cinco Loucos, e outros. Já a partir de 1963/64 o estouro dos Beatles ia tomando conta do mundo, e a Bahia sentia os reflexos, com conjuntos como Os Sombras, Quadrante 6, e outros se apresentando na TV Itapoan no programa "Poder Jovem", tocando em bailes e shows no Cine Roma, Clube Mesbla,e dando rolé na Praça da Sé. O rock foi continuado na Bahia durante o restante dos anos 60 pela Jovem Guarda, o movimento capitaneado por Roberto Carlos, que a partir do programa de televisão homônimo, que realmente popularizou o rock no Brasil. Bandas locais como Os Mustangs se destacavam em bailes estilo Jovem Guarda. Note-se que desde sempre o rock?n?roll nunca foi a musica considerada de bom gosto pela elite intelectual brasileira, sempre teve a bossa nova e a depois a MPB para arrebanhar nossos melhores rebentos.Alias a Tropicália foi forjada pela MPB ou pelo rock?
Raul, o maior e mais importante nome do rock"n"roll a sair da Bahia( prestem bem atenção aos adjetivos), se mandou para o Sul Maravilha, uma vez que, fazer e viver de rock na Bahia era(era?) impossível. Raul ressurgiria para a Bahia em 1972 ,com umas das mais impactantes performances ja feitas em terra brasilis, em pleno Festival Internacional da Canção, com Let Me Sing Let Me Sing. Mas há muito já deixara a Bahia para trás e o rock baiano, da qual era um dos seus principais agitadores.
Durante os anos 70 o rock baiano viveria sob uma influencia distante da psicodelia e da contra-cultura tardia. A Bahia, muito por causa da Tropicália, viveria seus "Summers of Love" , num misto de Hendrix, Caetano e Arempebe, uma peculiaridade geográfica que se tornou Meca hippie. Bandas como Os Cremes, Banda do Companheiro Mágico e principalmente o Mar Revolto tentavam emular de alguma forma aqueles tempos. A primeira metade dos 70 foram "dias estranhos". Passei a acompanhar o rock nesta época antes mesmo da adolescência (11 anos). Ouvia o programa do Big Ben na radio Bahia( que ficava perto do campo da Graça), e ia comprar discos promocionais que o mesmo vendia por de baixo do pano. Uma vez comprei na mão dele um Doors( o péssimo Full Circle, sem Morrison!), e um colega meu levou o espetacular School?s Out de Alice Cooper, fiquei anos achando que Doors era aquilo . As rádios Cruzeiro e Bahia( ambas AM), tocavam no meio da sua programação hits do rock?n?roll( Beatles, Credence, Stones) , mas o programa do Big Ben tocava Hendrix, Sly & The Family Stone, J. Gueils Band, misturado com outras coisas sem muito critério(ie suas próprias musicas). Aos 13 comecei a ir em shows na Concha Acústica e logo aos 14 ia ao ICBA. Vi shows dos sudestinos Terço, Made In Brasil, do expatriado Raul e do local Mar Revolto. Se a diferença entre a copia com a matriz era gritante, a copia da copia era foda( de ruim). Só Raul era que fazia frente, Raul fazia agente acreditar num tal de rock brasileiro.
Importante notar, que ate então, não se configurava na Bahia uma cena rock, as informações, que agora aparecem de forma organizada e de forma cronológica, não estavam disponíveis, nem articuladas, nos períodos mencionados ate então, e muito menos os movimentos do rock baiano eram articulados, com uma geração sucedendo a outra.Pelo contrario um movimento começava, depois acabava, depois surgia outro do nada, sem ter a menor noticia que tinha existido banda tal, com tal estilo em outra época. E? por isso que o rock baiano sempre foi ciclotimico , indo pra frente, depois para trás, e frequentemente para lugar nenhum. Apenas para constar( e isto não resolve o NOSSO problema), este é um problema da questão cultural brasileira como um todo, apenas aplique o grau adequado para cada setor cultural correspondente.
Nesta altura chegamos ao ponto crucial do livro de Ednilson, a década de 80 e a explosão do Rock Brasil e da construção de uma incipiente cena rock na Bahia, devido ao advento do punk. Ednilson cobre exaustivamente o período com a explosão do Camisa de Vênus que gerou uma cena que traria na sua esteira um movimente punk(!!!) na Bahia, mas que teve sua gestação e doutrinação a partir do momento que Marcelo Nova , o maior(eu disse o maior) colecionador e conhecedor de rock?n?roll da Bahia ever,fechou uma loja de discos chamada Nektar e foi trabalhar como programador de musica internacional na Aratu FM. Radio FM era uma puta novidade na Bahia, com audiência elitizada, uma coisa de ponta. Em pouco tempo Marcelo estava colocando Zepellin, Lennon e Hendrix na programação. Nesta época, Marcelo, segundo o próprio Kid Vinil(vejam o DVD Botinada), foi o primeiro cara a programar punk rock numa radio brasileira. Naquela época, Marcelo, um dos caras mais antenados(desculpem, foi mal) em rock, começou a travar contato com o punk rock que estava começando lá fora. Esqueçam as referências de hoje .Não tinha internet, nem MTV, muito menos You Tube. Ninguém sabia que porra era aquela.As noticias demoravam meses, as vezes 1 ano para chegar. Ao mesmo tempo Marcelo convencera seu chefe na Aratu, Linsmar Lins, a fazer um programa especial sobre bandas de rock, o Rock Special. No inicio apenas um programa didático sobre bandas consagradas de Rock, como Zepellin, Hendrix, contando a historia de forma cronológica, o Rock Special cresceu de tal forma a sua audiência, que Marcelo em pouco tempo estava tocando bandas totalmente desconhecidas e da vanguarda do punk e da New Wave , mudando a dinâmica da cidade.Ao mesmo tempo, já incorporando o espírito do faça você mesmo do punk, começava a formar o Camisa de Vênus.Marcelo, com o Rock Special, educou e doutrinou toda uma geração de rock baiano.Quando o Camisa veio, as pessoas, que sexta a noite paravam mesmo para ouvir um programa de radio(vejam só), já sabiam do que se tratava. Tiveram acesso a informação de ponta por parte de um agendador cultural( copiraite Marcos Rodrigues!), que conspirou e montou uma cena de um posto privilegiado, onde pela primeira vez na Bahia, o rock era o prato principal. O discurso anti baianidade do Camisa é por demais conhecido de todos, só que a agressividade e a articulação de Marcelo pegou o status quo de surpresa.Um dos principais méritos de Marcelo foi evidenciar a faceta urbana da cidade da Bahia, de forma contundente, explodindo os clichês sobre uma pretensa ?baianidade? dos soteros, que viveriam num eterno estado de graça num paraíso tropical em permanente estado de festa. Não eram questões novas, alias elas iriam recrudecer no futuro. Por uma única vez, o rock foi protagonista da questão cultural, e para surpresa total de muitos, ditou a pauta cultural.
A construção de uma cena era fundamental para a sustentação do furacão que veio depois, da explosão de bandas e da comoção que causou na cidade de Todos os Santos. Lógico que os tempos conspiraram a favor, os meios de comunicação tinha elegido o rock como bola da vez e o Rock Brasil em breve estouraria com a Blitz e Ritchie. E principalmente uma certa juventude baiana estava esperando um momento como aquele, e longe de ser marionete do Camisa, aproveitou o momento e fez acontecer por conta e brilho próprio.Ai entram Gonorréia, Espírito de Porco, Trem Fantasma, Delirium Tremens , mais uma pa de bandas.O Camisa ainda demorou mais de 1 ano morando na cidade, depois de ter estourado nacionalmente, o que o diferencia dos outros dois grandes do rock baiano, Raul e Pitty, que já tinham saído da cidade quando estouraram. Então, na minha opinião, se Raul foi indiscutivelmente o nosso maior rocker, Marcelo foi o principal articulador e figura central do estabelecimento da ?cena rock? baiano.
Depois da saída do Camisa, a incipiente cena entrou num vácuo, que depois foi preenchido por bandas importantíssimas como Via Sacra e Dever de Classe (principalmente). Estamos ai em 86, o rock dava as cartas no hit parade nacional, mas na Bahia rapidamente voltava a condição de marginal. Não obstante a cidade fervilhava com bandas como Doutrina Decadente, AI 5, Razão Social, Jesus Bastardus, ect, gangues de punks, a cena do PABX, a galera do Moto Lanches, ect. Fanzines como o Espunk pipocavam. O grafiteiro(e artista plástico) Miguel Cordeiro era Faustino, um acido critico da clase merdia baiana, que chegou ao ponto de fazer o vestuto jornal A Tarde pedir a atenção das autoridades ao ?tal do Faustino?. Só que o discurso punk trazia no seu radicalismo uma falta de consistência na sua práxis, que esvaziava a cena rock, alem de expor a questão da cidade dividida, tão bem focalizada por Ednilson. Os punks de verdade eram os de bairros proletários? O que era ser punk? E o rock nisso, é arte pura ou engajada? A arte engajada é melhor só por causa disto, independente da sua qualidade artística? Foi fácil para o status quo empurrar o rock baiano para o subterrâneo de novo.
Mas a esta altura o estrago estava feito, a quantidade de publicações alternativas, lojas alternativas e outras manifestações correlatas ao rock,pela primeira vez configurava uma ?cena rock? na cidade da Bahia .
Com todos os seus defeitos, inconsistências e contradições , a "cena rock" da cidade começou a se firmou. Porque o pior estava por vir. Passado o auge do Rock Brasil, a cena baiana iria se defrontar com um monstro gestado pela política cultural do estado associado a agentes de uma emergente industria cultural(donos de blocos e gravadoras), a axé music. Nao vou discutir de quem é a culpa(alo Toni Lopes!). Mas os agentes da axé music foram extremamente competentes em capitalizar elementos da cultura popular baiana de carnaval, rentabilizando-o ao zenith. E ai chegamos a parte final do livro de Ednilson, que fala de bandas que estão ai ate hoje como o Cascadura, outras em estado de hibernação com a brincando de deus, e outras já extintas, mas que foram determinantes para a cena atual , como a mitológica Úteros Em Fúria. A Úteros, foi a inspiração maior para o maior nome do rock do Brasil atualmente, Pitty. Acho, que esta cena , talvez tenha escrito os momentos mais heróicos do Rock Baiano, porque, poucas vezes uma geração de artistas foi ignorada de forma tão brutal como esta.Um exemplo de amor ao rock, porque só gostando muito para aturar anos e anos de isolamento e falta de reconhecimento. Então parabéns Ednilson, sua iniciativa, numa terra pobre de pessoas fazedoras, é um exemplo, alem de esclarecer e possivelmente iluminar alguns dos novos rockers da cidade. E mesmo contra sua vontade, é por enquanto é a biblia do Rock Baiano. Keep on Rockin!
a cidade do terror" Complete Control pelo Camisa de Venus
Deve ser uma coisa extremamente estranha para um americano observar o rock n roll em um pais como o Brasil.Mais estranho ainda ver suas ramificações e sua disseminação em lugares tão pouco prováveis como na Bahia. O livro escrito por Ednilson Sacramento, "Rock Baiano- historia de uma cultura subterrânea", é o primeiro(que eu saiba) a se propor a contar a historia de um ritmo(cultura?, estilo de vida?, nada disso?), estranho numa terra estranha. Estranha e hostil.
Logo na introdução, Ednilson, se refere as reações que a dedicação a tal tema suscita nesta terra: perda de tempo com a xérox da xérox?, Desperdício de papel? Para a maioria certamente, mas para uma minoria extremamente apaixonada, se trata de um "labor of love" ou seja um trabalho de e por amor.
E Ednilson, traça um painel e um relato, no mínimo emocionante, de uma cultura subterrânea, fora das atenções centrais da cultura oficial da Bahia, que vai frequentemente na contramão do que se convencionou chamar de "baianidade", alem de alargar a perspectiva cultural do fenômeno, abrindo espaço também para outras manifestações artísticas fundamentais que compõem o espectro do rock, tais como programas de rádios, imprensa, grafitti, e fanzines.Segundo ele mesmo diz, não existiu a intenção de sua parte de ter feito a biblia do rock baiano. Foram entre 10 a 12 anos de pesquisas, leituras, e muita vivencia com o rock local.Mais 11 anos foram necessários para que o livro fosse lançado.Obstinação, determinação e muita, mas muita paixão pelo assunto, o tal "labor of love".
Como explicar a sobrevivência do rock"n"roll na Bahia, resistente desde o fim dos anos 50, quando através do cinema(agente imperialista?) a baianada tomou contato com o rock?n?roll, quando no Cine Excelsior passou ?Sementes da Violência?, e desde, segundo consta, Raul Seixas trocou cigarros por discos de rock com americanos lotados no consulado dos USA, do qual era vizinho. A partir daí, Raulzito se encontraria com Valdir Serrao( o Big Ben), outro que tinha travado contato com o rock, mas este de forma totalmente intuitiva.Ednilson da uma geral do momento em diante em que Raul e Big Ben passam a andar juntos e praticamente forjam do nada o rock na Bahia. Fundam o Elvis Rock Club, no bairro da Calçada, e a essa altura do campeonato envolvidos com uma turma (Thildo Gama, David Barouh e outros) que foi pioneira do rock na Bahia, formariam conjuntos(não se chamavam bandas então) como Os Relâmpagos do Rock, The Black Cats, Os Cinco Loucos, e outros. Já a partir de 1963/64 o estouro dos Beatles ia tomando conta do mundo, e a Bahia sentia os reflexos, com conjuntos como Os Sombras, Quadrante 6, e outros se apresentando na TV Itapoan no programa "Poder Jovem", tocando em bailes e shows no Cine Roma, Clube Mesbla,e dando rolé na Praça da Sé. O rock foi continuado na Bahia durante o restante dos anos 60 pela Jovem Guarda, o movimento capitaneado por Roberto Carlos, que a partir do programa de televisão homônimo, que realmente popularizou o rock no Brasil. Bandas locais como Os Mustangs se destacavam em bailes estilo Jovem Guarda. Note-se que desde sempre o rock?n?roll nunca foi a musica considerada de bom gosto pela elite intelectual brasileira, sempre teve a bossa nova e a depois a MPB para arrebanhar nossos melhores rebentos.Alias a Tropicália foi forjada pela MPB ou pelo rock?
Raul, o maior e mais importante nome do rock"n"roll a sair da Bahia( prestem bem atenção aos adjetivos), se mandou para o Sul Maravilha, uma vez que, fazer e viver de rock na Bahia era(era?) impossível. Raul ressurgiria para a Bahia em 1972 ,com umas das mais impactantes performances ja feitas em terra brasilis, em pleno Festival Internacional da Canção, com Let Me Sing Let Me Sing. Mas há muito já deixara a Bahia para trás e o rock baiano, da qual era um dos seus principais agitadores.
Durante os anos 70 o rock baiano viveria sob uma influencia distante da psicodelia e da contra-cultura tardia. A Bahia, muito por causa da Tropicália, viveria seus "Summers of Love" , num misto de Hendrix, Caetano e Arempebe, uma peculiaridade geográfica que se tornou Meca hippie. Bandas como Os Cremes, Banda do Companheiro Mágico e principalmente o Mar Revolto tentavam emular de alguma forma aqueles tempos. A primeira metade dos 70 foram "dias estranhos". Passei a acompanhar o rock nesta época antes mesmo da adolescência (11 anos). Ouvia o programa do Big Ben na radio Bahia( que ficava perto do campo da Graça), e ia comprar discos promocionais que o mesmo vendia por de baixo do pano. Uma vez comprei na mão dele um Doors( o péssimo Full Circle, sem Morrison!), e um colega meu levou o espetacular School?s Out de Alice Cooper, fiquei anos achando que Doors era aquilo . As rádios Cruzeiro e Bahia( ambas AM), tocavam no meio da sua programação hits do rock?n?roll( Beatles, Credence, Stones) , mas o programa do Big Ben tocava Hendrix, Sly & The Family Stone, J. Gueils Band, misturado com outras coisas sem muito critério(ie suas próprias musicas). Aos 13 comecei a ir em shows na Concha Acústica e logo aos 14 ia ao ICBA. Vi shows dos sudestinos Terço, Made In Brasil, do expatriado Raul e do local Mar Revolto. Se a diferença entre a copia com a matriz era gritante, a copia da copia era foda( de ruim). Só Raul era que fazia frente, Raul fazia agente acreditar num tal de rock brasileiro.
Importante notar, que ate então, não se configurava na Bahia uma cena rock, as informações, que agora aparecem de forma organizada e de forma cronológica, não estavam disponíveis, nem articuladas, nos períodos mencionados ate então, e muito menos os movimentos do rock baiano eram articulados, com uma geração sucedendo a outra.Pelo contrario um movimento começava, depois acabava, depois surgia outro do nada, sem ter a menor noticia que tinha existido banda tal, com tal estilo em outra época. E? por isso que o rock baiano sempre foi ciclotimico , indo pra frente, depois para trás, e frequentemente para lugar nenhum. Apenas para constar( e isto não resolve o NOSSO problema), este é um problema da questão cultural brasileira como um todo, apenas aplique o grau adequado para cada setor cultural correspondente.
Nesta altura chegamos ao ponto crucial do livro de Ednilson, a década de 80 e a explosão do Rock Brasil e da construção de uma incipiente cena rock na Bahia, devido ao advento do punk. Ednilson cobre exaustivamente o período com a explosão do Camisa de Vênus que gerou uma cena que traria na sua esteira um movimente punk(!!!) na Bahia, mas que teve sua gestação e doutrinação a partir do momento que Marcelo Nova , o maior(eu disse o maior) colecionador e conhecedor de rock?n?roll da Bahia ever,fechou uma loja de discos chamada Nektar e foi trabalhar como programador de musica internacional na Aratu FM. Radio FM era uma puta novidade na Bahia, com audiência elitizada, uma coisa de ponta. Em pouco tempo Marcelo estava colocando Zepellin, Lennon e Hendrix na programação. Nesta época, Marcelo, segundo o próprio Kid Vinil(vejam o DVD Botinada), foi o primeiro cara a programar punk rock numa radio brasileira. Naquela época, Marcelo, um dos caras mais antenados(desculpem, foi mal) em rock, começou a travar contato com o punk rock que estava começando lá fora. Esqueçam as referências de hoje .Não tinha internet, nem MTV, muito menos You Tube. Ninguém sabia que porra era aquela.As noticias demoravam meses, as vezes 1 ano para chegar. Ao mesmo tempo Marcelo convencera seu chefe na Aratu, Linsmar Lins, a fazer um programa especial sobre bandas de rock, o Rock Special. No inicio apenas um programa didático sobre bandas consagradas de Rock, como Zepellin, Hendrix, contando a historia de forma cronológica, o Rock Special cresceu de tal forma a sua audiência, que Marcelo em pouco tempo estava tocando bandas totalmente desconhecidas e da vanguarda do punk e da New Wave , mudando a dinâmica da cidade.Ao mesmo tempo, já incorporando o espírito do faça você mesmo do punk, começava a formar o Camisa de Vênus.Marcelo, com o Rock Special, educou e doutrinou toda uma geração de rock baiano.Quando o Camisa veio, as pessoas, que sexta a noite paravam mesmo para ouvir um programa de radio(vejam só), já sabiam do que se tratava. Tiveram acesso a informação de ponta por parte de um agendador cultural( copiraite Marcos Rodrigues!), que conspirou e montou uma cena de um posto privilegiado, onde pela primeira vez na Bahia, o rock era o prato principal. O discurso anti baianidade do Camisa é por demais conhecido de todos, só que a agressividade e a articulação de Marcelo pegou o status quo de surpresa.Um dos principais méritos de Marcelo foi evidenciar a faceta urbana da cidade da Bahia, de forma contundente, explodindo os clichês sobre uma pretensa ?baianidade? dos soteros, que viveriam num eterno estado de graça num paraíso tropical em permanente estado de festa. Não eram questões novas, alias elas iriam recrudecer no futuro. Por uma única vez, o rock foi protagonista da questão cultural, e para surpresa total de muitos, ditou a pauta cultural.
A construção de uma cena era fundamental para a sustentação do furacão que veio depois, da explosão de bandas e da comoção que causou na cidade de Todos os Santos. Lógico que os tempos conspiraram a favor, os meios de comunicação tinha elegido o rock como bola da vez e o Rock Brasil em breve estouraria com a Blitz e Ritchie. E principalmente uma certa juventude baiana estava esperando um momento como aquele, e longe de ser marionete do Camisa, aproveitou o momento e fez acontecer por conta e brilho próprio.Ai entram Gonorréia, Espírito de Porco, Trem Fantasma, Delirium Tremens , mais uma pa de bandas.O Camisa ainda demorou mais de 1 ano morando na cidade, depois de ter estourado nacionalmente, o que o diferencia dos outros dois grandes do rock baiano, Raul e Pitty, que já tinham saído da cidade quando estouraram. Então, na minha opinião, se Raul foi indiscutivelmente o nosso maior rocker, Marcelo foi o principal articulador e figura central do estabelecimento da ?cena rock? baiano.
Depois da saída do Camisa, a incipiente cena entrou num vácuo, que depois foi preenchido por bandas importantíssimas como Via Sacra e Dever de Classe (principalmente). Estamos ai em 86, o rock dava as cartas no hit parade nacional, mas na Bahia rapidamente voltava a condição de marginal. Não obstante a cidade fervilhava com bandas como Doutrina Decadente, AI 5, Razão Social, Jesus Bastardus, ect, gangues de punks, a cena do PABX, a galera do Moto Lanches, ect. Fanzines como o Espunk pipocavam. O grafiteiro(e artista plástico) Miguel Cordeiro era Faustino, um acido critico da clase merdia baiana, que chegou ao ponto de fazer o vestuto jornal A Tarde pedir a atenção das autoridades ao ?tal do Faustino?. Só que o discurso punk trazia no seu radicalismo uma falta de consistência na sua práxis, que esvaziava a cena rock, alem de expor a questão da cidade dividida, tão bem focalizada por Ednilson. Os punks de verdade eram os de bairros proletários? O que era ser punk? E o rock nisso, é arte pura ou engajada? A arte engajada é melhor só por causa disto, independente da sua qualidade artística? Foi fácil para o status quo empurrar o rock baiano para o subterrâneo de novo.
Mas a esta altura o estrago estava feito, a quantidade de publicações alternativas, lojas alternativas e outras manifestações correlatas ao rock,pela primeira vez configurava uma ?cena rock? na cidade da Bahia .
Com todos os seus defeitos, inconsistências e contradições , a "cena rock" da cidade começou a se firmou. Porque o pior estava por vir. Passado o auge do Rock Brasil, a cena baiana iria se defrontar com um monstro gestado pela política cultural do estado associado a agentes de uma emergente industria cultural(donos de blocos e gravadoras), a axé music. Nao vou discutir de quem é a culpa(alo Toni Lopes!). Mas os agentes da axé music foram extremamente competentes em capitalizar elementos da cultura popular baiana de carnaval, rentabilizando-o ao zenith. E ai chegamos a parte final do livro de Ednilson, que fala de bandas que estão ai ate hoje como o Cascadura, outras em estado de hibernação com a brincando de deus, e outras já extintas, mas que foram determinantes para a cena atual , como a mitológica Úteros Em Fúria. A Úteros, foi a inspiração maior para o maior nome do rock do Brasil atualmente, Pitty. Acho, que esta cena , talvez tenha escrito os momentos mais heróicos do Rock Baiano, porque, poucas vezes uma geração de artistas foi ignorada de forma tão brutal como esta.Um exemplo de amor ao rock, porque só gostando muito para aturar anos e anos de isolamento e falta de reconhecimento. Então parabéns Ednilson, sua iniciativa, numa terra pobre de pessoas fazedoras, é um exemplo, alem de esclarecer e possivelmente iluminar alguns dos novos rockers da cidade. E mesmo contra sua vontade, é por enquanto é a biblia do Rock Baiano. Keep on Rockin!
terça-feira, novembro 28, 2006
TOP TRILHA SONORA PARA LER HQ
Esse negócio de trilha sonora é coisa séria. No cinema, é a música - e também a sua ausência - que determinam o tom da cena que estamos assistindo. Já pensou se, em vez da grandiloquente "Also spracht Zarathustra", Stanley Kubrick tasca a cretina "O Passo do elefantinho" para emoldurar seu alentado balé espacial? Ficaria ótimo - para um filme de Mel Brooks, claro.
Seria mais ou menos como folhear uma revista da Mônica enquanto se ouve o Beneath the remains, do Sepultura. (Acho que até conheço gente capaz de se divertir assim, mas eu não emprestaria dinheiro a eles - até por que não tenho!).
Na verdade, esse assunto - trepidante, apaixonante e absolutamente atual, como todos que são tratados aqui - passaria completamente batido por mim, não fossem os chapas Zé Oliboni e Diego Figueira, do site bacana Pop Balões, com o qual colaboro de quando em vez. Algum tempo atrás, eles fizeram um Top Five (ou Top Pop, como é chamada essa seção do site) de trilha sonora para se ler quadrinhos (leia aqui). Qual não foi a minha surpresa ao saber depois que a tal lista era na verdade, uma estratégia para me fisgar e assim, me provocar para que eu fizesse a minha própria lista!
Assim, em mais um serviço de utilidade pública aos leitores sem noção deste blog - e do Pop Balões -, listo aqui algumas sugestões de trilhas sonoras ideais para se ler HQs. Sem muito mais enrolação - como não é de costume deste blog - vamos a elas.
Retrofoguetes - Começo puxando a brasa para a sardinha do meu querido rock baiano, recomendando as suítes surf espaciais dos Retros para embalar suas leituras de ficções científicas ou podreiras em geral: EC Comics, Madman, Adam Strange, Flash Gordon, Super Homem (Era de Prata). O misto de surf music com space opera de Rex, Morotó e CH casa perfeitinho com aventuras em planetas bizarros, armas de raios, visão de raios-x, dimensões alienígenas e monstros de seis cabeças e três mamilos.
Johnny Cash - O Homem de Preto parecia, por si só, um personagem do western (Sartana?). Não causa surpresa que suas canções casem tão perfeitamente com quadrinhos de bangue-bangue. Sejam os clássicos italianos (Tex, Zagor, Ken Parker), franceses (Blueberry) ou americanos (Jonah Hex), músicas como Folsom Prison blues ou Ghost riders in the sky, entre muitas outras, parecem ter sido escritas para acompanhar esses gibis. Na verdade, o próprio Cash era conhecido como um storyteller, devido ao seu jeito falado de cantar, sempre narrando uma historinha envolvendo crimes, álcool e danação.
Muse - O somzão pesado, grandiloquente, desesperado, trabalhado e criativo dessa banda inglesa é o fundo sonoro ideal para as tramas muito loucas e em grande escala dos britânicos Warren Ellis e Mark Millar. Impossível ouvir Apocalypse please, do álbum Absolution, por exemplo, e não relacionar com o espetáculo fim do mundo em widescreen de The Authority, Transmetropolitan e Pesadelo Supremo (Elis) ou Chosen, Os Supremos e Wanted (Millar).
Stereolab - Pense em um som psicodélico, cheio de ambiências alienígenas, algo entorpecente, e ao mesmo tempo, acessível aos terráqueos. A banda da francesa Laetitia Sadier e seus vocais paralisantes são minha sugestão para acompanhar a leitura de A Garagem Hermética, de Moebius. Experimente. Mas não me chame, OK?
Pixies, Pavement, Guided by Voices, Sonic Youth, Throwing Muses, Husker Du e outras - As bandas do underground americano dos anos 80 e 90 são a trilha sonora exata para ler... os autores do quadrinho underground americano dos anos 80 e 90! Óbvio! E depois, é bem, capaz de Peter Bagge, Adrian Tomine, Daniel Clowes, os Hernandez Bros. e Richard Sala, entre muitos outros, tenham criado boa parte de sua obra ouvindo essas bandas. Ambiência perfeita, não?
Serge Gainsbourg & Jane Birkin - "Je T'Aime...Moi Non Plus", o maior clássico de motel de todos os tempos, com o vocal sussurrado de Gainsbourg e os gemidos de Jane Birkin já embalaram muita mão naquilo, aquilo na mão e aquilo n'aquilo. Ora, por que não embalar, então, os belos delírios eróticos e desenhos exuberantes de mestres do erotismo das HQs, como Giovana Casotto (essa mulher é demais!!!), Milo Manara, Guido Crepax, e Reed Waller & Kate Worley (Omaha, a Stripper)?
MANDO DIAO MANDA BEM PRACA - Pára com isso. Eu sei que você não gosta de banana nenhuma de Cansei de ser sexy ou essas coisas modernosas pós-punks com um toque de eletrônica e funk carioca. Balela de jornalista novidadeiro deslumbrado. O que liga é Mando Diao, banda de uns garotos suecos, da cidadezinha de Borlange e que só tem dois discos lançados. Caiu-me nas mãos o primeiro deles, Bring 'em in, e vou te dizer uma coisa: é o melhor disco de estréia de uma banda que ouço desde... o primeiro do Strokes, acho. Só que o som aqui é completamente sixties, na veia dos Stones dos primórdios, Stooges, o Them de Van Morrison, Kinks, Motown. Mas na veia mesmo, e mais veloz, pra ouvir no inferninho esfumaçado, cheio de goró no juízo. O ritmo é frenético, catártico, mas sempre com muita melodia e classe nas execuções. O vocalista é sensacional, tem um puta vozeirão e parece estar sempre prestes a tirar a roupa e pisar em cima, tamanha a entrega do cara. Sem contar que os moleques são muito boçais, arrogantes e se dizem melhores que todas essas bandas citadas acima. Oasis é fichinha perto disso aqui. E ainda tem um certo sentido de perigo, como Stones e Stooges, enfim. Tô te falando, Mando Diao é um negócio muito sério. E esqueça essa balela de "new rave".
E A COMIDA AINDA É BOA - Meu guru do Nordeste de Amaralina, sábio conhecedor dos segredos, esquinas e reentrâncias desta soterópolis (não o programa) desvairada e senil, de vez em quando faz uma gracinha pros amigos e os brinda com uma palhinha do seu vasto saber no que tange aos bares desta cidade. Qual não foi minha surpresa ao ser conduzido por ele e sua respectiva à um insuspeitado boteco no Porto da Barra, intitulado Tortilleria Galícia. Para encurtar: o aconchegante barzinho tem as paredes decoradas de alto a baixo com discos de vinil. DISCOS DE ROCK, no caso. Aí você aponta um deles e fala pra garçonete: "eu quero ouvir aquele Greatest Hits do The Byrds ali. É, aquele, ali". E pronto. Aí é só pedir a cerveja e o cardápio, onde é possível escolher uma variedade de tortillas espanholas deliciosas (recomendo a de calabresa) por apenas R$ 6,00. E ainda dá pra duas pessoas, tranqüilamente. O incrível é que, nas duas vezes em que estive lá, praticamente ninguém entrou no recinto. Tranqüilidade total. Vá antes que acabe, por que é bom demais, e aqui, sabe como é. Fica no Porto da Barra, pertinho do Dubliners. Excelente pedida para abrir a night.
EDNÍLSON CONCORDA - Ele provavelmente nem sabe, mas concorda comigo. É até chato voltar à essa cansada polêmica (coisa da qual nem estou a fim, juro), mas garanto que é por uma boa razão. O pessoal mais assíduo da blogosfera rocker local deve se lembrar daquele texto meu para o blog Clash City Rockers - depois republicado pelo site Bahia Rock - contando a história da Úteros em Fúria. Deve se lembrar também da polêmica que se seguiu nos comments do CCR por que caí na besteira de levantar a lebre de que, mulher que é bom mesmo, só começou a freqüentar os shows de bandas de rock locais a partir dos concertos - ensandecidos e enlouquecidos, é bom lembrar - da Úteros. E, folheando o livro "Rock Baiano: História de uma cultura subterrânea", alentado relato de Ednílson Telefanzine Sacramento, descobri nele a espirituosa confirmação que (lá vai) sacramenta minha afirmação. Está lá, à página 223: "A Útero (sic) foi responsável pela criação de um novo segmento dentro do público: as mulheres". E esse livro já estava escrito há quase 10 anos. Tá lá o corpo estendido no chão. Não se fala mais nisso, esse assunto não é mais discutível. Não me venham com mais polêmicas, que eu já disse que chutar cachorro morto não é comigo.
VOTE DE NOVO - Do release: O clipe de "Tudo de Novo; Começo sem fim", da Mirabolix, concorre a melhor videoclipe do ano no "VideoRock 1st Festival Nacional de Videoclipes". Os videoclipes inscritos no Festival concorrerão ao troféu VIDEOROCK 1ST de melhor videoclipe, além de receberem um prêmio em filmagem e edição no valor de R$10mil reais, que poderão ser utilizados para a produção de um novo videoclipe da banda vencedora http://www.videorock.com.br/index.htm Para votar, basta visitar o site, clicar na imagem do clipe, preencher o campo com o seu e-mail e clicar em "Votar Tudo de Novo; Começo sem Fim/Mirabolix". Você receberá uma confirmação do voto via e-mail e poderá votar quantas vezes quiser.
AGENDA
Beatles Social Club - Cavern Beatles, Tatiana Aguiar, Mariella Santiago, Márcia Castro e Nefelibata, 28.11, Horário: a partir das 20 horas; ingresso: free. Companhia da Pizza, Praça Brigadeiro Faria Rocha, s/n, Rio Vermelho.
FÁBIO CASCADURA ROCK´N ROLL SOUL - Após temporada de show com o Cascadura pelo Sudeste do país, Fábio Cascadura e Thiago Trad voltam a se apresentar com o projeto FÁBIO CASCADURA ROCK´N ROLL SOUL. Em formato acústico eles apresentam grandes sucessos dos anos 50, 60 e 70 que influenciaram o CASCADURA, além de músicas do repertório próprio 30.11, Horário: 21:00 hs Ingresso: R$ 6 Balcão Botequim, (Curva da Paciência, Rio Vermelho).
Capitão Parafina e os Haoles - 1º de dezembro, Horário: às 22h, Ingresso: Até a 00h - R$ 5,00 (entrada) + R$ 5,00 (consumação mínima), World Bar, (travessa dias Dávila - Barra - Calçadão da Off).
JAZZ ROCK QUARTET - Sexta, 1º de dezembro, 22 hs, de grátis no Nhõ Caldos (Rio Vermelho).
TRÊMULA (SP), BERLINDA, THEATRO DE SERAPHIN E DJ PRÊ - 07.12, 22h, na Zauber, R$10,00.
Seria mais ou menos como folhear uma revista da Mônica enquanto se ouve o Beneath the remains, do Sepultura. (Acho que até conheço gente capaz de se divertir assim, mas eu não emprestaria dinheiro a eles - até por que não tenho!).
Na verdade, esse assunto - trepidante, apaixonante e absolutamente atual, como todos que são tratados aqui - passaria completamente batido por mim, não fossem os chapas Zé Oliboni e Diego Figueira, do site bacana Pop Balões, com o qual colaboro de quando em vez. Algum tempo atrás, eles fizeram um Top Five (ou Top Pop, como é chamada essa seção do site) de trilha sonora para se ler quadrinhos (leia aqui). Qual não foi a minha surpresa ao saber depois que a tal lista era na verdade, uma estratégia para me fisgar e assim, me provocar para que eu fizesse a minha própria lista!
Assim, em mais um serviço de utilidade pública aos leitores sem noção deste blog - e do Pop Balões -, listo aqui algumas sugestões de trilhas sonoras ideais para se ler HQs. Sem muito mais enrolação - como não é de costume deste blog - vamos a elas.
Retrofoguetes - Começo puxando a brasa para a sardinha do meu querido rock baiano, recomendando as suítes surf espaciais dos Retros para embalar suas leituras de ficções científicas ou podreiras em geral: EC Comics, Madman, Adam Strange, Flash Gordon, Super Homem (Era de Prata). O misto de surf music com space opera de Rex, Morotó e CH casa perfeitinho com aventuras em planetas bizarros, armas de raios, visão de raios-x, dimensões alienígenas e monstros de seis cabeças e três mamilos.
Johnny Cash - O Homem de Preto parecia, por si só, um personagem do western (Sartana?). Não causa surpresa que suas canções casem tão perfeitamente com quadrinhos de bangue-bangue. Sejam os clássicos italianos (Tex, Zagor, Ken Parker), franceses (Blueberry) ou americanos (Jonah Hex), músicas como Folsom Prison blues ou Ghost riders in the sky, entre muitas outras, parecem ter sido escritas para acompanhar esses gibis. Na verdade, o próprio Cash era conhecido como um storyteller, devido ao seu jeito falado de cantar, sempre narrando uma historinha envolvendo crimes, álcool e danação.
Muse - O somzão pesado, grandiloquente, desesperado, trabalhado e criativo dessa banda inglesa é o fundo sonoro ideal para as tramas muito loucas e em grande escala dos britânicos Warren Ellis e Mark Millar. Impossível ouvir Apocalypse please, do álbum Absolution, por exemplo, e não relacionar com o espetáculo fim do mundo em widescreen de The Authority, Transmetropolitan e Pesadelo Supremo (Elis) ou Chosen, Os Supremos e Wanted (Millar).
Stereolab - Pense em um som psicodélico, cheio de ambiências alienígenas, algo entorpecente, e ao mesmo tempo, acessível aos terráqueos. A banda da francesa Laetitia Sadier e seus vocais paralisantes são minha sugestão para acompanhar a leitura de A Garagem Hermética, de Moebius. Experimente. Mas não me chame, OK?
Pixies, Pavement, Guided by Voices, Sonic Youth, Throwing Muses, Husker Du e outras - As bandas do underground americano dos anos 80 e 90 são a trilha sonora exata para ler... os autores do quadrinho underground americano dos anos 80 e 90! Óbvio! E depois, é bem, capaz de Peter Bagge, Adrian Tomine, Daniel Clowes, os Hernandez Bros. e Richard Sala, entre muitos outros, tenham criado boa parte de sua obra ouvindo essas bandas. Ambiência perfeita, não?
Serge Gainsbourg & Jane Birkin - "Je T'Aime...Moi Non Plus", o maior clássico de motel de todos os tempos, com o vocal sussurrado de Gainsbourg e os gemidos de Jane Birkin já embalaram muita mão naquilo, aquilo na mão e aquilo n'aquilo. Ora, por que não embalar, então, os belos delírios eróticos e desenhos exuberantes de mestres do erotismo das HQs, como Giovana Casotto (essa mulher é demais!!!), Milo Manara, Guido Crepax, e Reed Waller & Kate Worley (Omaha, a Stripper)?
MANDO DIAO MANDA BEM PRACA - Pára com isso. Eu sei que você não gosta de banana nenhuma de Cansei de ser sexy ou essas coisas modernosas pós-punks com um toque de eletrônica e funk carioca. Balela de jornalista novidadeiro deslumbrado. O que liga é Mando Diao, banda de uns garotos suecos, da cidadezinha de Borlange e que só tem dois discos lançados. Caiu-me nas mãos o primeiro deles, Bring 'em in, e vou te dizer uma coisa: é o melhor disco de estréia de uma banda que ouço desde... o primeiro do Strokes, acho. Só que o som aqui é completamente sixties, na veia dos Stones dos primórdios, Stooges, o Them de Van Morrison, Kinks, Motown. Mas na veia mesmo, e mais veloz, pra ouvir no inferninho esfumaçado, cheio de goró no juízo. O ritmo é frenético, catártico, mas sempre com muita melodia e classe nas execuções. O vocalista é sensacional, tem um puta vozeirão e parece estar sempre prestes a tirar a roupa e pisar em cima, tamanha a entrega do cara. Sem contar que os moleques são muito boçais, arrogantes e se dizem melhores que todas essas bandas citadas acima. Oasis é fichinha perto disso aqui. E ainda tem um certo sentido de perigo, como Stones e Stooges, enfim. Tô te falando, Mando Diao é um negócio muito sério. E esqueça essa balela de "new rave".
E A COMIDA AINDA É BOA - Meu guru do Nordeste de Amaralina, sábio conhecedor dos segredos, esquinas e reentrâncias desta soterópolis (não o programa) desvairada e senil, de vez em quando faz uma gracinha pros amigos e os brinda com uma palhinha do seu vasto saber no que tange aos bares desta cidade. Qual não foi minha surpresa ao ser conduzido por ele e sua respectiva à um insuspeitado boteco no Porto da Barra, intitulado Tortilleria Galícia. Para encurtar: o aconchegante barzinho tem as paredes decoradas de alto a baixo com discos de vinil. DISCOS DE ROCK, no caso. Aí você aponta um deles e fala pra garçonete: "eu quero ouvir aquele Greatest Hits do The Byrds ali. É, aquele, ali". E pronto. Aí é só pedir a cerveja e o cardápio, onde é possível escolher uma variedade de tortillas espanholas deliciosas (recomendo a de calabresa) por apenas R$ 6,00. E ainda dá pra duas pessoas, tranqüilamente. O incrível é que, nas duas vezes em que estive lá, praticamente ninguém entrou no recinto. Tranqüilidade total. Vá antes que acabe, por que é bom demais, e aqui, sabe como é. Fica no Porto da Barra, pertinho do Dubliners. Excelente pedida para abrir a night.
EDNÍLSON CONCORDA - Ele provavelmente nem sabe, mas concorda comigo. É até chato voltar à essa cansada polêmica (coisa da qual nem estou a fim, juro), mas garanto que é por uma boa razão. O pessoal mais assíduo da blogosfera rocker local deve se lembrar daquele texto meu para o blog Clash City Rockers - depois republicado pelo site Bahia Rock - contando a história da Úteros em Fúria. Deve se lembrar também da polêmica que se seguiu nos comments do CCR por que caí na besteira de levantar a lebre de que, mulher que é bom mesmo, só começou a freqüentar os shows de bandas de rock locais a partir dos concertos - ensandecidos e enlouquecidos, é bom lembrar - da Úteros. E, folheando o livro "Rock Baiano: História de uma cultura subterrânea", alentado relato de Ednílson Telefanzine Sacramento, descobri nele a espirituosa confirmação que (lá vai) sacramenta minha afirmação. Está lá, à página 223: "A Útero (sic) foi responsável pela criação de um novo segmento dentro do público: as mulheres". E esse livro já estava escrito há quase 10 anos. Tá lá o corpo estendido no chão. Não se fala mais nisso, esse assunto não é mais discutível. Não me venham com mais polêmicas, que eu já disse que chutar cachorro morto não é comigo.
VOTE DE NOVO - Do release: O clipe de "Tudo de Novo; Começo sem fim", da Mirabolix, concorre a melhor videoclipe do ano no "VideoRock 1st Festival Nacional de Videoclipes". Os videoclipes inscritos no Festival concorrerão ao troféu VIDEOROCK 1ST de melhor videoclipe, além de receberem um prêmio em filmagem e edição no valor de R$10mil reais, que poderão ser utilizados para a produção de um novo videoclipe da banda vencedora http://www.videorock.com.br/index.htm Para votar, basta visitar o site, clicar na imagem do clipe, preencher o campo com o seu e-mail e clicar em "Votar Tudo de Novo; Começo sem Fim/Mirabolix". Você receberá uma confirmação do voto via e-mail e poderá votar quantas vezes quiser.
AGENDA
Beatles Social Club - Cavern Beatles, Tatiana Aguiar, Mariella Santiago, Márcia Castro e Nefelibata, 28.11, Horário: a partir das 20 horas; ingresso: free. Companhia da Pizza, Praça Brigadeiro Faria Rocha, s/n, Rio Vermelho.
FÁBIO CASCADURA ROCK´N ROLL SOUL - Após temporada de show com o Cascadura pelo Sudeste do país, Fábio Cascadura e Thiago Trad voltam a se apresentar com o projeto FÁBIO CASCADURA ROCK´N ROLL SOUL. Em formato acústico eles apresentam grandes sucessos dos anos 50, 60 e 70 que influenciaram o CASCADURA, além de músicas do repertório próprio 30.11, Horário: 21:00 hs Ingresso: R$ 6 Balcão Botequim, (Curva da Paciência, Rio Vermelho).
Capitão Parafina e os Haoles - 1º de dezembro, Horário: às 22h, Ingresso: Até a 00h - R$ 5,00 (entrada) + R$ 5,00 (consumação mínima), World Bar, (travessa dias Dávila - Barra - Calçadão da Off).
JAZZ ROCK QUARTET - Sexta, 1º de dezembro, 22 hs, de grátis no Nhõ Caldos (Rio Vermelho).
TRÊMULA (SP), BERLINDA, THEATRO DE SERAPHIN E DJ PRÊ - 07.12, 22h, na Zauber, R$10,00.
terça-feira, novembro 14, 2006
NEVER JUDGE A BOOK BY ITS COVER
Nunca julgue um livro pela capa, já dizia a sabedoria popular e um velho blues. No caso de Um bom motivo, é bom levar o dito à sério...
Senta que lá vem história: diz a sabedoria popular (e também um clássico do rythm n' blues), que nunca se deve julgar um livro pela capa. No caso de Um bom motivo, primeiro CD solo de Paulinho Oliveira, é bom levar o dito à sério, por que, ao mesmo tempo que o disco apresenta um punhado de ótimas canções, traz também uma séria candidata à pior capa da história do rock baiano, só perdendo - talvez - para a capa da coletânea Ssa 001 (um clássico de 1992). Mas deixemos essa infelicidade pictórica pra lá e nos concentremos no que realmente interessa aqui: a música.
Egresso da cena noventista de Salvador, Paulinho iniciou sua carreira no rock com a Stone Bull, lendário power trio que aliava a excelência técnica do músico em questão, mais Lefê (no baixo) e Maurício Braga (bateria), com uma pegada hard rock quase metálica que marcou a todos os que tiveram a oportunidade de ver uma apresentação da banda. Tinha um vocalista também, Cú de Rã, um rapaz de visual Robertplantiano, garganta potente e inglês macarrônico, mas que não durou muito, então é melhor deixar isso pra lá.
Finda a Stone Bull, Paulinho ingressa na Cascadura, onde passou alguns anos, gravou um disco (o segundo, Entre!, com algumas músicas levando sua assinatura) e esmerilhou em cada show que tocou, guitarrista de primeira linha que sempre foi. Isso pra não falar dos seus trejeitos no palco. Ver Paulinho em cena - pelo menos nos tempos das suas duas ex-bandas - é como olhar fotos de Jimi Page em tamanho natural e com movimento: o cara aponta com o braço da guitarra pro alto, faz biquinho como se estivesse sem fôlego e gira o braço direito. O que é que a gente pode fazer com tamanho cara de pau? Admirá-lo, sem dúvida!
Em Um bom motivo, Paulinho dá plena vazão à sua proverbial excelência como músico e à sua velha obsessão, claramente exposta aqui, em reproduzir em disco a ambiência, o clima, o som dos anos 1970. Tudo aqui - menos à capa (ou não) - remete ao som e ao estilo daqueles anos. Com nove faixas, o CD parece que foi pensado como um disco de vinil (4 no lado A, 5 no lado B). Um LPzão de som cheio, encorpado, para ouvir em um velho três em um, a agulha chiando nas caixas.
Dizem por aí - e eu, como todo bom jornalista, prefiro essa versão - que Paulinho levou mais de um ano para terminar de gravar o disco, produzido em parceria com Tadeu Mascarenhas e Cândido Amarelo Neto. Diz que gravava ora uma guitarra num corredor (por causa de uma acústica específica), ora uma bateria num salão vazio - como John Bonham fez algumas vezes no Led Zeppelin, para dar ambiência - entre outras excentricidades. O resultado foi um disco de execução perfeita, majestosa, carregada de uma sonoridade que é ao mesmo tempo rica e enxuta, se é que é possível explicar assim.
A faixa de abertura, Quatro paredes, resume bem a proposta do disco como uma carta de intenções, com um vocal cheio de entrega e letra (de Glauber Moskabilly Carvalho) cheia de ambições: "olha / é preciso mais que força de vontade / nada / pode valer mais que a tua liberdade / anda / que é preciso mais que um ou dois refrões". Acrescente à isso um solo foderosíssimo, digno de um guitar hero, e temos um clássico instantâneo. Sonhos derretidos pelo sol, a segunda faixa, parece uma coisa que você ouviu no rádio em 1976, mas não lembra bem o que é (Peter Frampton? ELO?). Um dia perfeito (faixa 3) é Paulinho viajando bonito à la Brian Wilson, numa baladinha com direito à cordas e sopros. Comédia de erros (a 4ª) parece uma faixa de Bogary (e isso é um dos melhores elogios que eu consigo imaginar nesse mundo, hoje). E o disco segue nesse nível, sem cair, até...
Até as letras piegas das sétima e oitava faixas, Feita à mão e Talvez você estivesse aqui, respectivamente, quase pusessem tudo a perder. "No silêncio do seu quarto / já na hora de dormir / lá no fundo dos seus olhos / o encanto que me fez sorrir". Moska, meu filho, você é bem melhor que isso, que eu sei. Mas tudo bem.
Como todo álbum de estréia, Um bom motivo ainda mostra um músico em busca da sua voz, do seu estilo próprio, da sua identidade como artista. O disco como um todo se ressente um pouco disso, dividido entre as letras muito características de Moska e Fábio Cascadura. É impossível ouvir Amanhã é outro dia e não identificar nela o autor de Retribuição (Fábio), por exemplo. Um bom motivo são nove canções em busca de um autor. Essa etapa, esse disco cumpriu muito, muito bem. Quero pagar para ver os próximos agora, por que sei que vem coisa muito melhor aí.
Mas no cômputo geral (nove faixas, todas legais, menos duas letras piegas), o disco fecha tão bem que só me resta colocá-lo lá, no posto de Melhores do Ano, ao lado do já citado Bogary.
UM BOM MOTIVO se encontra à venda no estúdio de Álvaro Tattoo, na loja Pérola Negra (Canela e Itaigara) e na Flashpoint do Shopping Barra.
http://www.paulinholiveira.com/
http://www.fotolog.com/paulinholiveira/
http://www.myspace.com/paulinholiveira
PARCERIA RETOMADA
A Liga "ligeiramente cômica" de Keith Giffen, J. M. de Matteis e Kevin Maguire, que marcou época nos anos '80, retorna à bancas com "Não acredito que não é a Liga da Justiça" e "Defensores", primeiro trabalho do trio para a Marvel
Quem lia quadrinhos na segunda metade da década de 80 deve lembrar das aventuras da Liga da Justiça Internacional na revista de mesmo nome da DC Comics, publicada aqui em título próprio pela Editora Abril. A Liga Cômica, como é conhecida hoje, ficou famosa na época por ser uma completa avacalhação com o gênero de super heróis, pela editora que lançou o gênero (com a icônica Action Comics nº 1), usando vários de seus heróis mais famosos, como o Batman, a Mulher Maravilha e o Capitão Marvel (o Shazam). O segredo era receita preparada pelos roteiros bem amarrados de Keith Giffen, os diálogos cretinos de J. M. de Matteis e os desenhos limpos de Kevin Maguire (um mestre das expressões faciais e mulheres gostosas). Por algumas dezenas de números, acompanhamos as muitas gaiatices da dupla Besouro Azul e Gladiador Dourado, as bravatas do Lanterna Verde Guy Gardner, o vício em biscoitos Oreo de Ajax, o Caçador de Marte, e até mesmo uma heroína brasileira com sua típica pose de sirigaita, Fogo, entre outros inúmeros heróis e vilões "ligeiramente cômicos", como os autores gostam de frisar. Um verdadeiro alívio cômico numa época em que super-herói era sinônimo dos sujeitos amargurados, violentos e sombrios, à moda Dark Knight (Cavaleiro das Trevas de Frank Miller). À quem leu essas preciosas revistinhas (pois Sandman não era tudo o que havia naquele período, tenham certeza) comunico que Salvador, por uma questão de distribuição atrasada, está com duas edições de retorno dessa equipe de criação em bancas, nesse exato momento. Uma se chama "Eu não acredito que não é a Liga da Justiça", minissérie em cinco edições lançada pela Panini em um único número da revista DC Especial. Trata-se de uma continuação da primeira minissérie de retorno da Liga Cômica, "Já fomos a Liga da Justiça", lançada em três edições no ano passado. Engraçadíssima como sempre, Eu não acredito..., contudo, deixa um gostinho amargo na boca de fanboys nerds (como eu), já que três dos personagens aqui apresentados morreram recentemente na cronologia oficial, dois deles essenciais no grupo, durante os eventos mostrados nas sagas Crise de Identidade (essa é do caralho, inclusive) e Contagem Regressiva para a Crise Infinita. É um adeus muito bacana e muito divertido, apesar disso. Vale bastante a compra. Assim como também vale a última edição da revista Marvel Apresenta, que traz completo o primeiro trabalho do trio para a "Casa das Idéias", uma minissérie em quatro edições d?Os Defensores, aquele grupo das antigas que reunia, numa improbabilíssima formação inicial, Doutor Estranho, Surfista Prateado, Hulk e Namor, o Príncipe Submarino. Eu lembro de algumas histórias bem bacanas do Roy Thomas com desenhos de Sal Buscema, nos anos 70. Para resumir a versão de Giffen, basta dizer que nela, o sempre amargurado e poético Surfista tenta descobrir o sentido da vida com uma galera de... surfistas vagabundos, que acabam adotando-o como uma espécie de guru, e David Banner, o Hulk, pergunta para o Namor se ele já "encontrou o Nemo". Ambas as revistas estão numa banca perto de você nesse exato momento e valem muito a pena serem lidas. Com a Liga Cômica aparentemente destituída da sua razão de ser, só nos resta esperar que Giffen, de Matteis e Maguire tenham encontrado sua nova casa na editora do Homem Aranha. O que não falta na Marvel é piada pronta esperando para ser contada.
"GARAGE BAND" - Depois da Faculdade do Rock lançada pela Unisinos (RS), fartamente noticiada pela imprensa na semana passada, eu me toquei de que não podia deixar de comentar a última da burguesia baiana. Os novos prédios de padrão alto luxo, lançados pelas construtoras locais vendidos nos reclames da TV, agora trazem um novo mimo para deleite de seus ricos compradores - além da sauna, da piscina, do spa, do cinema, da churrascaria, do espaço gourmet e da quadra de squash - um novo espaço denominado "garage band". Eu não vou me alongar muito porque seria até covardia, e espancar canídeo falecido não é um esporte digno de um cavalheiro como eu. Só deixo aqui um único pensamento para atormentar as pobres almas rockeiras que freqüentam este espaço, qual ectoplasmas penados que somos: é ou não é para ter medo da nova geração de bandas de pagode playboy que vão nascer de tão confortáveis recantos?
AGENDÂO
DOIS ANOS E MEIO DE LOCURA QUASE MANSA - Com Os Maicols & Disk Jóckeys do Rock Loco. Sábado, 18 de novembro, 23h. R$ 10,00.
MIRABOLIX, Nash e Pessoas Invisíveis - Quando: 18 de Novembro(Sábado). Horário: 21 horas. Local: The Dubliners' Irish Pub. Endereço: Av. Sete de Setembro, 3691 - Barra (no térreo do Hotel Barra Turismo). Ingresso: R$ 10,00 , com direito a 2 bebidas (cerveja, água ou refrigerante).
Capitão Parafina e Convidados - O melhor da surf Music com uma das bandas mais divertidas de Salvador dOMINGO, 19, Horário:18h Ingresso:R$10,00 Casa da Dinha (Lg da Dinha - Rio Vermelho). Apoio: Se Ligue , Agô produções
Todas as Terças de Novembro - Alvaro Assmar - Agora o fiel público de Blues já tem um encontro marcado todas às terças feiras de Novembro com o Bluesman Alvaro Assmar Depois de lançar quatro CDs ao longo de vinte anos de carreira profissional e dez de carreira solo, o pioneiro do blues na Bahia, investe agora no projeto Caixa Acústica. Bond CantoT(ravessa Lídio Mesquita - Nº51) Horário : 21:00hs. Ingresso:10,00
Senta que lá vem história: diz a sabedoria popular (e também um clássico do rythm n' blues), que nunca se deve julgar um livro pela capa. No caso de Um bom motivo, primeiro CD solo de Paulinho Oliveira, é bom levar o dito à sério, por que, ao mesmo tempo que o disco apresenta um punhado de ótimas canções, traz também uma séria candidata à pior capa da história do rock baiano, só perdendo - talvez - para a capa da coletânea Ssa 001 (um clássico de 1992). Mas deixemos essa infelicidade pictórica pra lá e nos concentremos no que realmente interessa aqui: a música.
Egresso da cena noventista de Salvador, Paulinho iniciou sua carreira no rock com a Stone Bull, lendário power trio que aliava a excelência técnica do músico em questão, mais Lefê (no baixo) e Maurício Braga (bateria), com uma pegada hard rock quase metálica que marcou a todos os que tiveram a oportunidade de ver uma apresentação da banda. Tinha um vocalista também, Cú de Rã, um rapaz de visual Robertplantiano, garganta potente e inglês macarrônico, mas que não durou muito, então é melhor deixar isso pra lá.
Finda a Stone Bull, Paulinho ingressa na Cascadura, onde passou alguns anos, gravou um disco (o segundo, Entre!, com algumas músicas levando sua assinatura) e esmerilhou em cada show que tocou, guitarrista de primeira linha que sempre foi. Isso pra não falar dos seus trejeitos no palco. Ver Paulinho em cena - pelo menos nos tempos das suas duas ex-bandas - é como olhar fotos de Jimi Page em tamanho natural e com movimento: o cara aponta com o braço da guitarra pro alto, faz biquinho como se estivesse sem fôlego e gira o braço direito. O que é que a gente pode fazer com tamanho cara de pau? Admirá-lo, sem dúvida!
Em Um bom motivo, Paulinho dá plena vazão à sua proverbial excelência como músico e à sua velha obsessão, claramente exposta aqui, em reproduzir em disco a ambiência, o clima, o som dos anos 1970. Tudo aqui - menos à capa (ou não) - remete ao som e ao estilo daqueles anos. Com nove faixas, o CD parece que foi pensado como um disco de vinil (4 no lado A, 5 no lado B). Um LPzão de som cheio, encorpado, para ouvir em um velho três em um, a agulha chiando nas caixas.
Dizem por aí - e eu, como todo bom jornalista, prefiro essa versão - que Paulinho levou mais de um ano para terminar de gravar o disco, produzido em parceria com Tadeu Mascarenhas e Cândido Amarelo Neto. Diz que gravava ora uma guitarra num corredor (por causa de uma acústica específica), ora uma bateria num salão vazio - como John Bonham fez algumas vezes no Led Zeppelin, para dar ambiência - entre outras excentricidades. O resultado foi um disco de execução perfeita, majestosa, carregada de uma sonoridade que é ao mesmo tempo rica e enxuta, se é que é possível explicar assim.
A faixa de abertura, Quatro paredes, resume bem a proposta do disco como uma carta de intenções, com um vocal cheio de entrega e letra (de Glauber Moskabilly Carvalho) cheia de ambições: "olha / é preciso mais que força de vontade / nada / pode valer mais que a tua liberdade / anda / que é preciso mais que um ou dois refrões". Acrescente à isso um solo foderosíssimo, digno de um guitar hero, e temos um clássico instantâneo. Sonhos derretidos pelo sol, a segunda faixa, parece uma coisa que você ouviu no rádio em 1976, mas não lembra bem o que é (Peter Frampton? ELO?). Um dia perfeito (faixa 3) é Paulinho viajando bonito à la Brian Wilson, numa baladinha com direito à cordas e sopros. Comédia de erros (a 4ª) parece uma faixa de Bogary (e isso é um dos melhores elogios que eu consigo imaginar nesse mundo, hoje). E o disco segue nesse nível, sem cair, até...
Até as letras piegas das sétima e oitava faixas, Feita à mão e Talvez você estivesse aqui, respectivamente, quase pusessem tudo a perder. "No silêncio do seu quarto / já na hora de dormir / lá no fundo dos seus olhos / o encanto que me fez sorrir". Moska, meu filho, você é bem melhor que isso, que eu sei. Mas tudo bem.
Como todo álbum de estréia, Um bom motivo ainda mostra um músico em busca da sua voz, do seu estilo próprio, da sua identidade como artista. O disco como um todo se ressente um pouco disso, dividido entre as letras muito características de Moska e Fábio Cascadura. É impossível ouvir Amanhã é outro dia e não identificar nela o autor de Retribuição (Fábio), por exemplo. Um bom motivo são nove canções em busca de um autor. Essa etapa, esse disco cumpriu muito, muito bem. Quero pagar para ver os próximos agora, por que sei que vem coisa muito melhor aí.
Mas no cômputo geral (nove faixas, todas legais, menos duas letras piegas), o disco fecha tão bem que só me resta colocá-lo lá, no posto de Melhores do Ano, ao lado do já citado Bogary.
UM BOM MOTIVO se encontra à venda no estúdio de Álvaro Tattoo, na loja Pérola Negra (Canela e Itaigara) e na Flashpoint do Shopping Barra.
http://www.paulinholiveira.com/
http://www.fotolog.com/paulinholiveira/
http://www.myspace.com/paulinholiveira
PARCERIA RETOMADA
A Liga "ligeiramente cômica" de Keith Giffen, J. M. de Matteis e Kevin Maguire, que marcou época nos anos '80, retorna à bancas com "Não acredito que não é a Liga da Justiça" e "Defensores", primeiro trabalho do trio para a Marvel
Quem lia quadrinhos na segunda metade da década de 80 deve lembrar das aventuras da Liga da Justiça Internacional na revista de mesmo nome da DC Comics, publicada aqui em título próprio pela Editora Abril. A Liga Cômica, como é conhecida hoje, ficou famosa na época por ser uma completa avacalhação com o gênero de super heróis, pela editora que lançou o gênero (com a icônica Action Comics nº 1), usando vários de seus heróis mais famosos, como o Batman, a Mulher Maravilha e o Capitão Marvel (o Shazam). O segredo era receita preparada pelos roteiros bem amarrados de Keith Giffen, os diálogos cretinos de J. M. de Matteis e os desenhos limpos de Kevin Maguire (um mestre das expressões faciais e mulheres gostosas). Por algumas dezenas de números, acompanhamos as muitas gaiatices da dupla Besouro Azul e Gladiador Dourado, as bravatas do Lanterna Verde Guy Gardner, o vício em biscoitos Oreo de Ajax, o Caçador de Marte, e até mesmo uma heroína brasileira com sua típica pose de sirigaita, Fogo, entre outros inúmeros heróis e vilões "ligeiramente cômicos", como os autores gostam de frisar. Um verdadeiro alívio cômico numa época em que super-herói era sinônimo dos sujeitos amargurados, violentos e sombrios, à moda Dark Knight (Cavaleiro das Trevas de Frank Miller). À quem leu essas preciosas revistinhas (pois Sandman não era tudo o que havia naquele período, tenham certeza) comunico que Salvador, por uma questão de distribuição atrasada, está com duas edições de retorno dessa equipe de criação em bancas, nesse exato momento. Uma se chama "Eu não acredito que não é a Liga da Justiça", minissérie em cinco edições lançada pela Panini em um único número da revista DC Especial. Trata-se de uma continuação da primeira minissérie de retorno da Liga Cômica, "Já fomos a Liga da Justiça", lançada em três edições no ano passado. Engraçadíssima como sempre, Eu não acredito..., contudo, deixa um gostinho amargo na boca de fanboys nerds (como eu), já que três dos personagens aqui apresentados morreram recentemente na cronologia oficial, dois deles essenciais no grupo, durante os eventos mostrados nas sagas Crise de Identidade (essa é do caralho, inclusive) e Contagem Regressiva para a Crise Infinita. É um adeus muito bacana e muito divertido, apesar disso. Vale bastante a compra. Assim como também vale a última edição da revista Marvel Apresenta, que traz completo o primeiro trabalho do trio para a "Casa das Idéias", uma minissérie em quatro edições d?Os Defensores, aquele grupo das antigas que reunia, numa improbabilíssima formação inicial, Doutor Estranho, Surfista Prateado, Hulk e Namor, o Príncipe Submarino. Eu lembro de algumas histórias bem bacanas do Roy Thomas com desenhos de Sal Buscema, nos anos 70. Para resumir a versão de Giffen, basta dizer que nela, o sempre amargurado e poético Surfista tenta descobrir o sentido da vida com uma galera de... surfistas vagabundos, que acabam adotando-o como uma espécie de guru, e David Banner, o Hulk, pergunta para o Namor se ele já "encontrou o Nemo". Ambas as revistas estão numa banca perto de você nesse exato momento e valem muito a pena serem lidas. Com a Liga Cômica aparentemente destituída da sua razão de ser, só nos resta esperar que Giffen, de Matteis e Maguire tenham encontrado sua nova casa na editora do Homem Aranha. O que não falta na Marvel é piada pronta esperando para ser contada.
"GARAGE BAND" - Depois da Faculdade do Rock lançada pela Unisinos (RS), fartamente noticiada pela imprensa na semana passada, eu me toquei de que não podia deixar de comentar a última da burguesia baiana. Os novos prédios de padrão alto luxo, lançados pelas construtoras locais vendidos nos reclames da TV, agora trazem um novo mimo para deleite de seus ricos compradores - além da sauna, da piscina, do spa, do cinema, da churrascaria, do espaço gourmet e da quadra de squash - um novo espaço denominado "garage band". Eu não vou me alongar muito porque seria até covardia, e espancar canídeo falecido não é um esporte digno de um cavalheiro como eu. Só deixo aqui um único pensamento para atormentar as pobres almas rockeiras que freqüentam este espaço, qual ectoplasmas penados que somos: é ou não é para ter medo da nova geração de bandas de pagode playboy que vão nascer de tão confortáveis recantos?
AGENDÂO
DOIS ANOS E MEIO DE LOCURA QUASE MANSA - Com Os Maicols & Disk Jóckeys do Rock Loco. Sábado, 18 de novembro, 23h. R$ 10,00.
MIRABOLIX, Nash e Pessoas Invisíveis - Quando: 18 de Novembro(Sábado). Horário: 21 horas. Local: The Dubliners' Irish Pub. Endereço: Av. Sete de Setembro, 3691 - Barra (no térreo do Hotel Barra Turismo). Ingresso: R$ 10,00 , com direito a 2 bebidas (cerveja, água ou refrigerante).
Capitão Parafina e Convidados - O melhor da surf Music com uma das bandas mais divertidas de Salvador dOMINGO, 19, Horário:18h Ingresso:R$10,00 Casa da Dinha (Lg da Dinha - Rio Vermelho). Apoio: Se Ligue , Agô produções
Todas as Terças de Novembro - Alvaro Assmar - Agora o fiel público de Blues já tem um encontro marcado todas às terças feiras de Novembro com o Bluesman Alvaro Assmar Depois de lançar quatro CDs ao longo de vinte anos de carreira profissional e dez de carreira solo, o pioneiro do blues na Bahia, investe agora no projeto Caixa Acústica. Bond CantoT(ravessa Lídio Mesquita - Nº51) Horário : 21:00hs. Ingresso:10,00
terça-feira, novembro 07, 2006
NATUREZA HUMANA MORTA VIVA
Os Mortos Vivos: série da Image Comics é instigante jornada natureza humana adentro e além
Escreva o que estou dizendo: depois de George Romero, que afinal de contas, é o pai da matéria, Robert Kikman, o autor dessa sensacional série em quadrinhos da Image Comics, é o cara que mais saca de zumbis de todos os tempos. Ele foi provavelmente o único que pegou o bastão das mãos do mestre e se dispôs a leva-lo adiante da forma como ele preconizou desde A Noite dos Mortos Vivos (1968): não apenas como um festival de canibalismo, sangue espirrando e vísceras espalhadas por todo o lado, mas principalmente como uma grande alegoria crítica sobre o american way of life. O que acontece com os americanos quando as TVs param de transmitir jogos de beisebol, o comércio está fechado, as cidades são sitiadas e o seu amigável vizinho da casa ao lado resolve que, em vez do tradicional barbecue, ele quer mesmo é te comer vivo?
O que pode ser mais simbólico em relação à era em que vivemos do que zumbis mortos vivos perambulando pelas ruas da cidade e corredores de shopping centers, toscamente reproduzindo, de forma automática, as tarefas que desempenhavam em vida, como vimos em Despertar dos mortos (1978) e seu remake, Madrugada dos mortos (2004)?
Em Dias Passados (primeiro volume da série), essas respostas vêm aos poucos, enquanto acompanhamos o personagem principal e fio condutor da trama, o policial Rick Grimes, acordar de um coma em um hospital deserto (Extermínio, de Danny Boyle, alguém?). Logo, Grimes percebe que está cercado por zumbis canibais e trata de correr para sua casa, apenas para descobrir que está vazia.
Encontrando um humano aqui, outro acolá, o tira acaba conseguindo encontrar sua mulher e o filho pequeno sãos e salvos num acampamento de refugiados fora dos limites da cidade. Até então dado como morto, Grimes cai de pára-quedas numa situação que parecia bastante estável para seu velho amigo Shane, que foi quem salvou sua esposa e filho. E aí é que a história começa de verdade.
Kirkman, que parece ser também um bom discípulo de Brian Michael Bendis (Alias, Novos Vingadores, Homem Aranha Millenium), soube jogar muito bem com os efeitos que essa situação totalmente adversa causa nesse pequeno grupo de pessoas que só quer sobreviver. Como era de se esperar, as faíscas não tardam saltar dos pequenos atritos, e o clima, que já não era muito bom, só fica mais tenso a cada virada de página.
Grimes quer levar o acampamento para outro lugar mais isolado, pois os zumbis estão aparecendo cada vez mais. Shane quer continuar no mesmo local, pois acredita que em breve, tropas do governo virão resgatá-los e, isolados, eles não serão salvos logo. Uma disputa pelo posto de "macho alfa" do acampamento fica evidente. E os zumbis que volta e meia aparecem perambulando pelo acampamento tornam tudo ainda mais difícil e perigoso.
A arte em P&B e tons de cinza de Tony Moore só enaltece o texto de Kirkman e o clima pesado da história, com uma narrativa visual fluente, excelente caracterização e um estilo quase cartunesco, mas que, em momento algum, parece caricatural. É de se pensar se, em cores vibrantes, as cenas de zumbis não teriam mais impacto (vermelho sangue sempre é legal), mas do jeito que está, já tá muito bacana.
Mesmo que você não goste muito desse lance de zumbis, é bem possível que ainda curta Os Mortos-vivos: Dias passados, pois na verdade, eles nem são o tema central aqui. O tema é sobrevivência, as mudanças pelas quais as pessoas passam, quando submetidas a situações extremas, o que acontece com elas. Como disse o próprio autor na apresentação desse volume, "o foco aqui são os personagens. O caminho percorrido por eles é mais importante do que alcançar seu destino".
Se Kirkman e o desenhista Tony Moore mantiverem o nível desse primeiro encadernado, vai ser um puta caminho divertido de percorrer (para os leitores, claro). Estou nessa até o fim (e quem sabe, até depois dele! Toc, toc, toc.).
O volume dois, Caminhos trilhados, acaba de ser lançado e deve chegar às livrarias em breve. A nova edição conta com novo desenhista, Charlie Adlard, e posfácio de Simon Pegg, aquele ator e roteirista de Todo mundo quase morto - filme já exaustivamente recomendado por aqui - e que também escreveu o prefácio de Chosen. Fominha, o rapaz.
Aqui em Salvador, as caprichadas edições da HQM Editora podem ser encontradas na Siciliano (Iguatemi e Shopping Barra) e na Galeria do Livro (Boulevard 161).
OS MORTOS-VIVOS - VOLUME UM - DIAS PASSADOS
HQM Editora / Image Comics
R$ 27,90 - Edição especial Formato americano - 140 páginas
Roteiro: Robert Kirkman. Arte, arte-final e tons de cinza: Tony Moore. Tons de cinza adicionais: Cliff Rathburn.
DOIS ANOS E MEIO DE LOCURA QUASE MANSA - Sabe aquela coisa de não contrariar quem tá (ou é) dodói, Loco? Pois então, depois de muito insistirmos com nossos médicos, eles concordaram em diminuir a dosagem nas nossas medicações tarja preta para podermos discotecar um pouco no próximo dia 18 (sábado), numa festinha com Os Maicols, na Casa da Dinha. Desfeito o véu de sossega leão que nos turvava o juízo, eis nos aqui, prontos fazer você balançar as cadeiras (ou morrer de raiva, um dos dois), com nosso apurado e sofisticado repertório. A festa também servirá para comemorarmos os quase três anos de Rock Loco, desde o programa na rádio comunitária Primavera FM (hoje extinta), passando por este blog e os Phodcasts. Até agora estão previstos sets completos e integrais de Mário Jorge, Don Jorge, Sora Maia, Osvaldo Brama e Franchico (é, ieu). Fora o espetáculo sonoro, visual, olfativo e sim, táctil (!), que é um show dos Maicols! Então o negócio é o seguinte: ou o assoalho da Casa da Dinha racha dessa vez, ou meu nome não é Epaminondas Vergueiro! Ó, você que sabe, viu! Só te digo mais uma coisa: não tem camisa colorida e nem vende ingresso no Pida! Serviço mais abaixo, na agenda.
NINGUÉM SEGURA ESSA FAMÍLIA - Não, não é a Família Soprano, tampouco a Família Dó-Ré-Mi. Depois de aparecer na Rolling Stone (ainda como Zecacurydamm), gravar um sensacional Phodcast Em Transe Rock Loco (o píncaro da glória!, breve no ar) e vender cerca de duas mil cópias do seu EP demo, a Formidável Família Musical vai fazer um showzinho gratuito de despedida da temporada de Sessões da Primavera na Mídia Louca (porra, pensei que essa frase nunca fosse terminar), HOJE. Depois desse show, Zeca, Cury, Damm & cia partem para seu santuário espiritual, o Vale do Capão, onde gravarão o primeiro disco. Sabe como é, o lugar tem aquele astral e pá... cada um com sua onda. O debut será produzido pelo chileno Jorge Solovera, músico largamente conhecido no meio. Promete. Recomendo ir ao show quem ainda não viu, quem já viu e quem já vai ficar com saudade. Serviço mais abaixo, na agenda.
MONDO 77, ANO 1 - Pública, do Rio Grande do Sul, o paulistano Banzé! e o Ludov (sim, aquele), farão a festa de um ano do selo campineiro Mondo 77 num barzinho em SP. O Mondo é um selo alternativo bem bacana, que já chegou lançando três CDs de uma vez, das bandas Walverdes (Playback, tranqüilamente, o melhor dos três), The Violentures (RJ, surf music) e Banzé!. Agora aparece lançando a tal banda gaúcha e contratando o Ludov, que não durou na Deck Disc. Corajosa, essa galera. Tomara que dure mais uns dez anos, no mínimo.
AGENDÃO
DOIS ANOS E MEIO DE LOCURA QUASE MANSA - Com Os Maicols & Disk Jóckeys do Rock Loco. Sábado, 18 de novembro, 23h. R$ 10,00.
Despedida Sessões da Primavera - Quem: Formidável Família Musical. Quando: 07/11/2006 (HOJE, terça-feira), a partir das 19 horas. Onde: MidiaLouca (Rua Fonte do Boi, nº 10 ? Rio Vermelho. Tel.: 3334-2077). Quanto: entrada gratuita.
MIRABOLIX, Nash e Pessoas Invisíveis - Quando: 18 de Novembro(Sábado). Horário: 21 horas. Local: The Dubliners' Irish Pub. Endereço: Av. Sete de Setembro, 3691 - Barra (no térreo do Hotel Barra Turismo). Ingresso: R$ 10,00 , com direito a 2 bebidas (cerveja, água ou refrigerante).
Festinha em Quadrinhos na Feira de São Joaquim. ATRAÇÕES: DJ POHA (23 à 01h), RETROFOGUETES (01 às 02h:30), CAXERÊ - Itinerante Percussivo (02:30 às 03h), DJ FELIPE VENÂNCIO ? SP (03 às 05h), DJ NAZCA (05 às 07h), CLASSIFICAÇÃO 18 ANOS!!! 11 de novembro, sábado, na Fazenda Portão - Praia de Buraquinho em Lauro de Freitas - BA. INGRESSOS Antecipado = R$ 30,00 A partir de 09 de novembro = R$ 40,00 INGRESSOS DELIVERY* Ligue para o tel. 3240-9293 e faça o seu pedido dando o endereço para a entrega. *A partir de 5 ingressos a entrega será gratuita somente pelo tel. 8155-4496. INFORMAÇÕES: festinhaemquadrinhos@gmail.com ou 8155-4496
Escreva o que estou dizendo: depois de George Romero, que afinal de contas, é o pai da matéria, Robert Kikman, o autor dessa sensacional série em quadrinhos da Image Comics, é o cara que mais saca de zumbis de todos os tempos. Ele foi provavelmente o único que pegou o bastão das mãos do mestre e se dispôs a leva-lo adiante da forma como ele preconizou desde A Noite dos Mortos Vivos (1968): não apenas como um festival de canibalismo, sangue espirrando e vísceras espalhadas por todo o lado, mas principalmente como uma grande alegoria crítica sobre o american way of life. O que acontece com os americanos quando as TVs param de transmitir jogos de beisebol, o comércio está fechado, as cidades são sitiadas e o seu amigável vizinho da casa ao lado resolve que, em vez do tradicional barbecue, ele quer mesmo é te comer vivo?
O que pode ser mais simbólico em relação à era em que vivemos do que zumbis mortos vivos perambulando pelas ruas da cidade e corredores de shopping centers, toscamente reproduzindo, de forma automática, as tarefas que desempenhavam em vida, como vimos em Despertar dos mortos (1978) e seu remake, Madrugada dos mortos (2004)?
Em Dias Passados (primeiro volume da série), essas respostas vêm aos poucos, enquanto acompanhamos o personagem principal e fio condutor da trama, o policial Rick Grimes, acordar de um coma em um hospital deserto (Extermínio, de Danny Boyle, alguém?). Logo, Grimes percebe que está cercado por zumbis canibais e trata de correr para sua casa, apenas para descobrir que está vazia.
Encontrando um humano aqui, outro acolá, o tira acaba conseguindo encontrar sua mulher e o filho pequeno sãos e salvos num acampamento de refugiados fora dos limites da cidade. Até então dado como morto, Grimes cai de pára-quedas numa situação que parecia bastante estável para seu velho amigo Shane, que foi quem salvou sua esposa e filho. E aí é que a história começa de verdade.
Kirkman, que parece ser também um bom discípulo de Brian Michael Bendis (Alias, Novos Vingadores, Homem Aranha Millenium), soube jogar muito bem com os efeitos que essa situação totalmente adversa causa nesse pequeno grupo de pessoas que só quer sobreviver. Como era de se esperar, as faíscas não tardam saltar dos pequenos atritos, e o clima, que já não era muito bom, só fica mais tenso a cada virada de página.
Grimes quer levar o acampamento para outro lugar mais isolado, pois os zumbis estão aparecendo cada vez mais. Shane quer continuar no mesmo local, pois acredita que em breve, tropas do governo virão resgatá-los e, isolados, eles não serão salvos logo. Uma disputa pelo posto de "macho alfa" do acampamento fica evidente. E os zumbis que volta e meia aparecem perambulando pelo acampamento tornam tudo ainda mais difícil e perigoso.
A arte em P&B e tons de cinza de Tony Moore só enaltece o texto de Kirkman e o clima pesado da história, com uma narrativa visual fluente, excelente caracterização e um estilo quase cartunesco, mas que, em momento algum, parece caricatural. É de se pensar se, em cores vibrantes, as cenas de zumbis não teriam mais impacto (vermelho sangue sempre é legal), mas do jeito que está, já tá muito bacana.
Mesmo que você não goste muito desse lance de zumbis, é bem possível que ainda curta Os Mortos-vivos: Dias passados, pois na verdade, eles nem são o tema central aqui. O tema é sobrevivência, as mudanças pelas quais as pessoas passam, quando submetidas a situações extremas, o que acontece com elas. Como disse o próprio autor na apresentação desse volume, "o foco aqui são os personagens. O caminho percorrido por eles é mais importante do que alcançar seu destino".
Se Kirkman e o desenhista Tony Moore mantiverem o nível desse primeiro encadernado, vai ser um puta caminho divertido de percorrer (para os leitores, claro). Estou nessa até o fim (e quem sabe, até depois dele! Toc, toc, toc.).
O volume dois, Caminhos trilhados, acaba de ser lançado e deve chegar às livrarias em breve. A nova edição conta com novo desenhista, Charlie Adlard, e posfácio de Simon Pegg, aquele ator e roteirista de Todo mundo quase morto - filme já exaustivamente recomendado por aqui - e que também escreveu o prefácio de Chosen. Fominha, o rapaz.
Aqui em Salvador, as caprichadas edições da HQM Editora podem ser encontradas na Siciliano (Iguatemi e Shopping Barra) e na Galeria do Livro (Boulevard 161).
OS MORTOS-VIVOS - VOLUME UM - DIAS PASSADOS
HQM Editora / Image Comics
R$ 27,90 - Edição especial Formato americano - 140 páginas
Roteiro: Robert Kirkman. Arte, arte-final e tons de cinza: Tony Moore. Tons de cinza adicionais: Cliff Rathburn.
DOIS ANOS E MEIO DE LOCURA QUASE MANSA - Sabe aquela coisa de não contrariar quem tá (ou é) dodói, Loco? Pois então, depois de muito insistirmos com nossos médicos, eles concordaram em diminuir a dosagem nas nossas medicações tarja preta para podermos discotecar um pouco no próximo dia 18 (sábado), numa festinha com Os Maicols, na Casa da Dinha. Desfeito o véu de sossega leão que nos turvava o juízo, eis nos aqui, prontos fazer você balançar as cadeiras (ou morrer de raiva, um dos dois), com nosso apurado e sofisticado repertório. A festa também servirá para comemorarmos os quase três anos de Rock Loco, desde o programa na rádio comunitária Primavera FM (hoje extinta), passando por este blog e os Phodcasts. Até agora estão previstos sets completos e integrais de Mário Jorge, Don Jorge, Sora Maia, Osvaldo Brama e Franchico (é, ieu). Fora o espetáculo sonoro, visual, olfativo e sim, táctil (!), que é um show dos Maicols! Então o negócio é o seguinte: ou o assoalho da Casa da Dinha racha dessa vez, ou meu nome não é Epaminondas Vergueiro! Ó, você que sabe, viu! Só te digo mais uma coisa: não tem camisa colorida e nem vende ingresso no Pida! Serviço mais abaixo, na agenda.
NINGUÉM SEGURA ESSA FAMÍLIA - Não, não é a Família Soprano, tampouco a Família Dó-Ré-Mi. Depois de aparecer na Rolling Stone (ainda como Zecacurydamm), gravar um sensacional Phodcast Em Transe Rock Loco (o píncaro da glória!, breve no ar) e vender cerca de duas mil cópias do seu EP demo, a Formidável Família Musical vai fazer um showzinho gratuito de despedida da temporada de Sessões da Primavera na Mídia Louca (porra, pensei que essa frase nunca fosse terminar), HOJE. Depois desse show, Zeca, Cury, Damm & cia partem para seu santuário espiritual, o Vale do Capão, onde gravarão o primeiro disco. Sabe como é, o lugar tem aquele astral e pá... cada um com sua onda. O debut será produzido pelo chileno Jorge Solovera, músico largamente conhecido no meio. Promete. Recomendo ir ao show quem ainda não viu, quem já viu e quem já vai ficar com saudade. Serviço mais abaixo, na agenda.
MONDO 77, ANO 1 - Pública, do Rio Grande do Sul, o paulistano Banzé! e o Ludov (sim, aquele), farão a festa de um ano do selo campineiro Mondo 77 num barzinho em SP. O Mondo é um selo alternativo bem bacana, que já chegou lançando três CDs de uma vez, das bandas Walverdes (Playback, tranqüilamente, o melhor dos três), The Violentures (RJ, surf music) e Banzé!. Agora aparece lançando a tal banda gaúcha e contratando o Ludov, que não durou na Deck Disc. Corajosa, essa galera. Tomara que dure mais uns dez anos, no mínimo.
AGENDÃO
DOIS ANOS E MEIO DE LOCURA QUASE MANSA - Com Os Maicols & Disk Jóckeys do Rock Loco. Sábado, 18 de novembro, 23h. R$ 10,00.
Despedida Sessões da Primavera - Quem: Formidável Família Musical. Quando: 07/11/2006 (HOJE, terça-feira), a partir das 19 horas. Onde: MidiaLouca (Rua Fonte do Boi, nº 10 ? Rio Vermelho. Tel.: 3334-2077). Quanto: entrada gratuita.
MIRABOLIX, Nash e Pessoas Invisíveis - Quando: 18 de Novembro(Sábado). Horário: 21 horas. Local: The Dubliners' Irish Pub. Endereço: Av. Sete de Setembro, 3691 - Barra (no térreo do Hotel Barra Turismo). Ingresso: R$ 10,00 , com direito a 2 bebidas (cerveja, água ou refrigerante).
Festinha em Quadrinhos na Feira de São Joaquim. ATRAÇÕES: DJ POHA (23 à 01h), RETROFOGUETES (01 às 02h:30), CAXERÊ - Itinerante Percussivo (02:30 às 03h), DJ FELIPE VENÂNCIO ? SP (03 às 05h), DJ NAZCA (05 às 07h), CLASSIFICAÇÃO 18 ANOS!!! 11 de novembro, sábado, na Fazenda Portão - Praia de Buraquinho em Lauro de Freitas - BA. INGRESSOS Antecipado = R$ 30,00 A partir de 09 de novembro = R$ 40,00 INGRESSOS DELIVERY* Ligue para o tel. 3240-9293 e faça o seu pedido dando o endereço para a entrega. *A partir de 5 ingressos a entrega será gratuita somente pelo tel. 8155-4496. INFORMAÇÕES: festinhaemquadrinhos@gmail.com ou 8155-4496
segunda-feira, outubro 30, 2006
O VÔO DA DEMOISELLE - QUE NÃO SEJA SIMILAR AO ETERNO VÔO DA GALINHA DO ROCK LOCAL
O rock baiano, como sempre, inovando: banda Demoiselle tem cantora que nem canta sobre a Bahia, nem alardeia sua sexualidade (ou homo).
Pois é, enquanto as grandes cantoras baianas, aquelas, unanimidades nacionais, estão mais preocupadas com lipoaspirações, peitos de silicone, megashows com dançarinos, coreografias infantis e em estrelar o maior número de anúncios possível, outras, praticamente desconhecidas, se esforçam em empregar seus dotes vocais à serviço de belas melodias, música elaborada e letras onde - que surpresa - não encontramos as palavras "festa", "sol" ou "Bahia". Na verdade, no caso da Demoiselle e da sua vocalista Ivana Vivas, isso não é nenhuma surpresa, pois banda e cantora em questão são, sem diminuí-las um milímetro sequer, só mais uma prova do amadurecimento criativo que os músicos oriundos do meio rock de Salvador vêm experimentando nos últimos três ou quatro anos.
Não dava para esperar menos da banda de Toni Oliveira, guitarrista extraordinário que tocou anos na Cascadura, no tempo que a banda ainda tinha o "Dr." antes do nome. Lançado ainda em 2003, o ep "Demoiselle", com apenas três faixas, apresentou a banda ao público. Das três, duas são da autoria de Toni e a última, também dele em parceria com o produtor Tadeu Mascarenhas (Estúdio Casa das Máquinas). Não à toa, o disquinho acaba refletindo claramente o background classic rock do guitarrista. Na capa, o aviãozinho de Santos Dumont que empresta o nome ao grupo.
Adornadas pela bela voz de Ivana e pelos riffs sinuosos, quase barrocos, de Toni, as faixas transbordam de referências setentistas, mais notadamente Led Zeppelin e Rolling Stones, com uma certa pegada folk. Por tabela, acabam lembrando bastante os primeiros discos do Cascadura, mas com bem menos sujeira: aquele rock maneiro, com riffs marcantes e execução enxuta, sem virtuosismos, totalmente à serviço do resultado final e perfeito para tocar em qualquer FM do tipo "para quem gosta de música" (se estas se dispusessem a tocar música apta a ser gostada).
Essa abordagem, aliás, trava um pouco as expectativas de quem espera algo com mais "atitude" (ô palavrinha idiota!), mais explosão. Isso não rola aqui, as três faixas são bem estáveis, sem picos de peso ou fúria. Toda a atenção está voltada para o efeito gerado pela dupla formada pela guitarra de Toni e a voz de Ivana. Ivana Vivas, aliás, é uma preciosidade no rock baiano, pois além de muito bonita e charmosa, ainda canta bem pra cacete, com pinta de profissional e moral o bastante para botar qualquer cantorazinha de trio elétrico no chinelo.
Não a culpem, portanto, se algum dia, um empresário qualquer do mainstream local coopta-la para cantar em alguma dessas bandas com "dono", em troca de um salário polpudo. Quem tá no rock é pra sofrer, já disse o sábio César Vieira (aliás, um dos melhores frasistas do rock baiano). Mas isso não significa que você tenha que sofrer a vida inteira. Só espero que tal virada nunca lhe seja necessária...
Agora em novembro, a banda entra em estúdio para a pré-produção do primeiro CD. "Vamos começar a gravar no início do próximo ano. Vai ser um cd - até agora - independente...", conta a vocalista. Demorô.
Além de Toni e Ivana, a Demoiselle ainda conta com o auxílio luxuoso do também ex-Cascadura Ricardo The Flash Alves (rapaz, onde foi parar sua melanina?) no baixo e Guto Júnior na bateria. Estou no aguardo de uma boa oportunidade para vê-los ao vivo.
www.demoiselle.com.br
www.myspace.com/demoiselleband
www.fotolog.net/bandademoiselle
TODO CARNAVAL TEM SEU FIM
Baseada na farsa e em ídolos inconsistentes, a música baiana mainstream, mais dia, menos dia, há de se render ao vigor criativo do rock baiano, cada dia mais universal e acessível ao grande público
Não era fácil gostar de rock de verdade na segunda metade dos anos '80. O fedor de laquê para o cabelo armado das bandas de metal farofa impregnava o rock e ocupava todos os espaços possíveis, como comerciais de cigarros, programas de clipes (e a MTV lá fora), a preferência de amigos incautos e as rádios. Bandas como Poison, Bon Jovi, Mötley Crüe, Cinderella e outras menos cotadas emporcalhavam o bom nome do rock n' roll com suas calças apertadas, bundas de fora, bandanas coloridas e maquiagem pesada.
Em contrapartida à todo esse glam, nada ofereciam para confortar os ouvidos de quem queria ouvir música de verdade, com seus rockinhos de plástico e baladinhas esquemáticas. Como sabemos, o castelinho de areia dessa gentalha caiu em 1991, com o advento do Nirvana, do álbum Nevermind e do grunge de Seattle (e provavelmente desse episódio, surgiu a necessidade cíclica de um "salvador do rock" que surge de tempos em tempos). A injeção de verdade aplicada por Kurt Cobain e cia no cerne do rock n' roll naquele ano foi essencial para viabilizar uma vasta renovação no rock, renovação esta que têm seus efeitos sentidos até hoje. OK, o orgulho poser no rock ainda resiste, vide aí a lamentável onda emo e excrescências como Cansei de ser sexy e similares.
Mas o que se quer dizer aqui - antes que eu enrole ainda mais - é que, cada vez mais, é visível a evolução das bandas de rock baianas, que estão se apresentando ao público (e, por conseguinte, aos produtores culturais) de forma cada vez mais madura (no bom sentido) e com composições cada vez mais redondas, candidatas à hit e aptas a serem consumidas pelo grande público. O rock baiano, hoje, está prenhe de um item que é praticamente inexistente na música mainstream local que é empurrada goela abaixo do público: talento. E, como costumo dizer, quando há talento genuíno envolvido na jogada, tudo pode acontecer, inclusive o impossível - ou o que é considerado impossível.
Enquanto eles fazem jingles, o rock baiano faz música. Enquanto eles coçam a cabeça em busca do próximo "hino do verão baiano", o rock se expressa livremente, longe de amarras mercadológicas. Enquanto eles se apóiam em modelos pré-fabricados de sucesso baseado na mentira do jabá e da forçação (com o perdão do neologismo) de barra, o rock traz no seu som toda a verdade de uma geração de bandas que só querem se expressar de forma honesta e viver disso. E quando se ouve coisas como Cascadura, Formidável Família Musical, Canto dos Malditos (a despeito de não gostar do som da banda em si), Pessoas Invisíveis, Paulinho Oliveira, a Demoiselle já abordada no texto acima e diversos outros grupos, novos ou veteranos, é possível perceber que, nesse momento, o rock local é de uma dignidade, beleza e talento como poucas vezes se viu nessa terra.
Tem uma velha frase que diz que "é possível enganar muitas pessoas durante muito tempo, mas é impossível enganar todo mundo durante todo o tempo". Um dia a verdade sobe à tona. Um dia, os ídolos de barro serão esquecidos, pois de nada além disso são feitos: barro, poeira. Diferente da obra sólida, poderosa e consistente que o rock baiano vem construindo há anos, baseada na verdade criativa de cada um e que agora começa a encontrar sua forma mais próxima da perfeição. E antes que me acusem de ingenuidade, respondo com outra frase - mais ingênua ainda, só para contrariar: "você pode até dizer que eu sou um sonhador, mas eu não sou o único"...
Talvez tudo o que o rock baiano precise hoje - para meter o pé na porta de uma vez - seja uma Smells like teen spirit. Eu diria que estamos quase lá. Quem se candidata?
AGENDÃO
Angra na Concha !!!!! Do release: A mais expressiva banda brasileira de Heavy Metal, com projeção internacional, ANGRA, completa, em 2006, 15 anos de carreira, e para comemorar esta data, nada melhor que fazer uma turnê mundial do novo cd "AURORA CONSURGENS", e, além disso, começar por SALVADOR. Os fãs baianos poderão conferir o 1° show da maior turnê da banda na Concha Acústica no dia 1 de Novembro. Ingressos: 1° Lote ? Meia Entrada R$25, Limitado, (Apresentação Carteira Estudantil)2° Lote ? Meia Entrada R$30 (Apresentação Carteira Estudantil) Censura: 13 anos. À venda: Andarilho Urbano, Smile Stamps, Bilheteria do Teatro Castro Alves, Sacs iguatemi e Barra E Maniac Records. Concha Acústica (Campo Grande), Quarta 01/11.
ATAQUES DE ZUMBIS : O QUE FAZER? - Grande Workshop de sobrevivência em casos de mortos-vivos caminhando sobre a terra. Machina + Vendo 147 + The Honkers. Dubliners irish pub (porto da barra) Halloween com os Honkers, dia 1º de Novembro (Véspera de feriado). no 01/11/06 (quarta, véspera do feriado do dia dos mortos) pontualmente às 20h (pq lá o bar fecha às 1 da matina) R$ 10,00 (a entrada dá direito a 2 bebidas - cerveja refri ou água). a casa não aceita cheques ou cartões, apenas dinheiro em espécie.
Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta e Pessoas Invisíveis. Após vencer a etapa Norte/Nordeste do Festival Trama Universitário a banda a Pessoas Invisíveis lança oficialmente seu 1º EP, com arte produzida pelo designer Edson Rosa, responsável também pela arte do disco "Anacrônico", de Pitty. A festa acontece dia 4/11, na Casa de Dinha (Rio Vermelho) tendo como convidados Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta. Ainda em novembro, no dia 14, os quatro rapazes se apresentam no Rio de Janeiro, com a cantora Maria Rita, uma das maiores intérpretes da música brasileira. 04.11 Sábado, Casa da Dinha (Lg de Santana - Rio Vermelho), Horário: 23h. Ingresso: 10,00.
ROCK DÁ SORTE com IN VENTURA, DIMINUTO E PANGENIANOS - Data: 04/11 Sábado de feriadão, Local: THE DUBLINERS' Irish Pub ( Porto da barra, embaixo do barra turismo hotel), Hora: 20h30, Preço: R$10,00 COM DIREITO A 2 BEBIDAS (cerveja, água ou refrigerante), Informações: in_ventura@hotmail.com (lucas)
Pois é, enquanto as grandes cantoras baianas, aquelas, unanimidades nacionais, estão mais preocupadas com lipoaspirações, peitos de silicone, megashows com dançarinos, coreografias infantis e em estrelar o maior número de anúncios possível, outras, praticamente desconhecidas, se esforçam em empregar seus dotes vocais à serviço de belas melodias, música elaborada e letras onde - que surpresa - não encontramos as palavras "festa", "sol" ou "Bahia". Na verdade, no caso da Demoiselle e da sua vocalista Ivana Vivas, isso não é nenhuma surpresa, pois banda e cantora em questão são, sem diminuí-las um milímetro sequer, só mais uma prova do amadurecimento criativo que os músicos oriundos do meio rock de Salvador vêm experimentando nos últimos três ou quatro anos.
Não dava para esperar menos da banda de Toni Oliveira, guitarrista extraordinário que tocou anos na Cascadura, no tempo que a banda ainda tinha o "Dr." antes do nome. Lançado ainda em 2003, o ep "Demoiselle", com apenas três faixas, apresentou a banda ao público. Das três, duas são da autoria de Toni e a última, também dele em parceria com o produtor Tadeu Mascarenhas (Estúdio Casa das Máquinas). Não à toa, o disquinho acaba refletindo claramente o background classic rock do guitarrista. Na capa, o aviãozinho de Santos Dumont que empresta o nome ao grupo.
Adornadas pela bela voz de Ivana e pelos riffs sinuosos, quase barrocos, de Toni, as faixas transbordam de referências setentistas, mais notadamente Led Zeppelin e Rolling Stones, com uma certa pegada folk. Por tabela, acabam lembrando bastante os primeiros discos do Cascadura, mas com bem menos sujeira: aquele rock maneiro, com riffs marcantes e execução enxuta, sem virtuosismos, totalmente à serviço do resultado final e perfeito para tocar em qualquer FM do tipo "para quem gosta de música" (se estas se dispusessem a tocar música apta a ser gostada).
Essa abordagem, aliás, trava um pouco as expectativas de quem espera algo com mais "atitude" (ô palavrinha idiota!), mais explosão. Isso não rola aqui, as três faixas são bem estáveis, sem picos de peso ou fúria. Toda a atenção está voltada para o efeito gerado pela dupla formada pela guitarra de Toni e a voz de Ivana. Ivana Vivas, aliás, é uma preciosidade no rock baiano, pois além de muito bonita e charmosa, ainda canta bem pra cacete, com pinta de profissional e moral o bastante para botar qualquer cantorazinha de trio elétrico no chinelo.
Não a culpem, portanto, se algum dia, um empresário qualquer do mainstream local coopta-la para cantar em alguma dessas bandas com "dono", em troca de um salário polpudo. Quem tá no rock é pra sofrer, já disse o sábio César Vieira (aliás, um dos melhores frasistas do rock baiano). Mas isso não significa que você tenha que sofrer a vida inteira. Só espero que tal virada nunca lhe seja necessária...
Agora em novembro, a banda entra em estúdio para a pré-produção do primeiro CD. "Vamos começar a gravar no início do próximo ano. Vai ser um cd - até agora - independente...", conta a vocalista. Demorô.
Além de Toni e Ivana, a Demoiselle ainda conta com o auxílio luxuoso do também ex-Cascadura Ricardo The Flash Alves (rapaz, onde foi parar sua melanina?) no baixo e Guto Júnior na bateria. Estou no aguardo de uma boa oportunidade para vê-los ao vivo.
www.demoiselle.com.br
www.myspace.com/demoiselleband
www.fotolog.net/bandademoiselle
TODO CARNAVAL TEM SEU FIM
Baseada na farsa e em ídolos inconsistentes, a música baiana mainstream, mais dia, menos dia, há de se render ao vigor criativo do rock baiano, cada dia mais universal e acessível ao grande público
Não era fácil gostar de rock de verdade na segunda metade dos anos '80. O fedor de laquê para o cabelo armado das bandas de metal farofa impregnava o rock e ocupava todos os espaços possíveis, como comerciais de cigarros, programas de clipes (e a MTV lá fora), a preferência de amigos incautos e as rádios. Bandas como Poison, Bon Jovi, Mötley Crüe, Cinderella e outras menos cotadas emporcalhavam o bom nome do rock n' roll com suas calças apertadas, bundas de fora, bandanas coloridas e maquiagem pesada.
Em contrapartida à todo esse glam, nada ofereciam para confortar os ouvidos de quem queria ouvir música de verdade, com seus rockinhos de plástico e baladinhas esquemáticas. Como sabemos, o castelinho de areia dessa gentalha caiu em 1991, com o advento do Nirvana, do álbum Nevermind e do grunge de Seattle (e provavelmente desse episódio, surgiu a necessidade cíclica de um "salvador do rock" que surge de tempos em tempos). A injeção de verdade aplicada por Kurt Cobain e cia no cerne do rock n' roll naquele ano foi essencial para viabilizar uma vasta renovação no rock, renovação esta que têm seus efeitos sentidos até hoje. OK, o orgulho poser no rock ainda resiste, vide aí a lamentável onda emo e excrescências como Cansei de ser sexy e similares.
Mas o que se quer dizer aqui - antes que eu enrole ainda mais - é que, cada vez mais, é visível a evolução das bandas de rock baianas, que estão se apresentando ao público (e, por conseguinte, aos produtores culturais) de forma cada vez mais madura (no bom sentido) e com composições cada vez mais redondas, candidatas à hit e aptas a serem consumidas pelo grande público. O rock baiano, hoje, está prenhe de um item que é praticamente inexistente na música mainstream local que é empurrada goela abaixo do público: talento. E, como costumo dizer, quando há talento genuíno envolvido na jogada, tudo pode acontecer, inclusive o impossível - ou o que é considerado impossível.
Enquanto eles fazem jingles, o rock baiano faz música. Enquanto eles coçam a cabeça em busca do próximo "hino do verão baiano", o rock se expressa livremente, longe de amarras mercadológicas. Enquanto eles se apóiam em modelos pré-fabricados de sucesso baseado na mentira do jabá e da forçação (com o perdão do neologismo) de barra, o rock traz no seu som toda a verdade de uma geração de bandas que só querem se expressar de forma honesta e viver disso. E quando se ouve coisas como Cascadura, Formidável Família Musical, Canto dos Malditos (a despeito de não gostar do som da banda em si), Pessoas Invisíveis, Paulinho Oliveira, a Demoiselle já abordada no texto acima e diversos outros grupos, novos ou veteranos, é possível perceber que, nesse momento, o rock local é de uma dignidade, beleza e talento como poucas vezes se viu nessa terra.
Tem uma velha frase que diz que "é possível enganar muitas pessoas durante muito tempo, mas é impossível enganar todo mundo durante todo o tempo". Um dia a verdade sobe à tona. Um dia, os ídolos de barro serão esquecidos, pois de nada além disso são feitos: barro, poeira. Diferente da obra sólida, poderosa e consistente que o rock baiano vem construindo há anos, baseada na verdade criativa de cada um e que agora começa a encontrar sua forma mais próxima da perfeição. E antes que me acusem de ingenuidade, respondo com outra frase - mais ingênua ainda, só para contrariar: "você pode até dizer que eu sou um sonhador, mas eu não sou o único"...
Talvez tudo o que o rock baiano precise hoje - para meter o pé na porta de uma vez - seja uma Smells like teen spirit. Eu diria que estamos quase lá. Quem se candidata?
AGENDÃO
Angra na Concha !!!!! Do release: A mais expressiva banda brasileira de Heavy Metal, com projeção internacional, ANGRA, completa, em 2006, 15 anos de carreira, e para comemorar esta data, nada melhor que fazer uma turnê mundial do novo cd "AURORA CONSURGENS", e, além disso, começar por SALVADOR. Os fãs baianos poderão conferir o 1° show da maior turnê da banda na Concha Acústica no dia 1 de Novembro. Ingressos: 1° Lote ? Meia Entrada R$25, Limitado, (Apresentação Carteira Estudantil)2° Lote ? Meia Entrada R$30 (Apresentação Carteira Estudantil) Censura: 13 anos. À venda: Andarilho Urbano, Smile Stamps, Bilheteria do Teatro Castro Alves, Sacs iguatemi e Barra E Maniac Records. Concha Acústica (Campo Grande), Quarta 01/11.
ATAQUES DE ZUMBIS : O QUE FAZER? - Grande Workshop de sobrevivência em casos de mortos-vivos caminhando sobre a terra. Machina + Vendo 147 + The Honkers. Dubliners irish pub (porto da barra) Halloween com os Honkers, dia 1º de Novembro (Véspera de feriado). no 01/11/06 (quarta, véspera do feriado do dia dos mortos) pontualmente às 20h (pq lá o bar fecha às 1 da matina) R$ 10,00 (a entrada dá direito a 2 bebidas - cerveja refri ou água). a casa não aceita cheques ou cartões, apenas dinheiro em espécie.
Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta e Pessoas Invisíveis. Após vencer a etapa Norte/Nordeste do Festival Trama Universitário a banda a Pessoas Invisíveis lança oficialmente seu 1º EP, com arte produzida pelo designer Edson Rosa, responsável também pela arte do disco "Anacrônico", de Pitty. A festa acontece dia 4/11, na Casa de Dinha (Rio Vermelho) tendo como convidados Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta. Ainda em novembro, no dia 14, os quatro rapazes se apresentam no Rio de Janeiro, com a cantora Maria Rita, uma das maiores intérpretes da música brasileira. 04.11 Sábado, Casa da Dinha (Lg de Santana - Rio Vermelho), Horário: 23h. Ingresso: 10,00.
ROCK DÁ SORTE com IN VENTURA, DIMINUTO E PANGENIANOS - Data: 04/11 Sábado de feriadão, Local: THE DUBLINERS' Irish Pub ( Porto da barra, embaixo do barra turismo hotel), Hora: 20h30, Preço: R$10,00 COM DIREITO A 2 BEBIDAS (cerveja, água ou refrigerante), Informações: in_ventura@hotmail.com (lucas)
segunda-feira, outubro 23, 2006
PÚTRIDAS BOCARRAS
Para alegria de alguns e total indiferença de outros tantos, venho esclarecer que este blog não morreu - ainda. Ainda esta semana, juro que tem post novo, no velho Franchico style de sempre. Para estimular a salivação em vossas pútridas bocarras, eis o cardápio da semana:
Demoiselle: mais uma boa banda baiana pronta para o grande público;
Os Mortos-vivos: Dias passados: hq de primeira usa a mitologia romeriana dos (meus adorados) zumbis canibais para filosofar sobre a condição humana, à moda do velho George;
Rock baiano: o inevitável levante que um dia virá - afinal, uma hora a verdade há de vir à tona.
+ o que ocorrer: ainda essa semana. SÉRIO!
E aguardem mais novidades rockloquistas: phodcasts inéditos com bandas ao vivo e.... segura'í que depois eu conto!
quarta-feira, outubro 04, 2006
GARÇOM, EU QUERO UM IGUAL AO DAQUELE INGLÊS MALUCO ALI!
Com Planetary e Authority, Warren Ellis atingiu o ápice de sua criatividade e perigou ficar ombro a ombro com Alan Moore
O escritor britânico de hq Warren Ellis é um homem de extremos. Toda vez que ele se dispõe a criar uma nova série, ou mesmo assume um personagem tradicional da Marvel ou DC, você pode ter certeza de uma coisa: o homem não costuma deixar pedra sobre pedra, sempre conduzindo os personagens à novos patamares antes inconcebíveis ou mesmo disparando conceitos totalmente absurdos e engenhosos a cada quadrinho. Suas duas obras mais significativas, e qualquer fã de seu trabalho deve concordar com isso, são duas séries de autoria própria para a Wildstorm, a editora do (péssimo e adorado) desenhista Jim Lee, ex-Image Comics, hoje uma subsidiária da DC. Em Authority e Planetary, Ellis soltou a franga - criativamente falando - de tal forma, que até hoje a primeira, alguns anos após o cancelamento, tropeça em consecutivos relançamentos em busca da antiga glória, sob a batuta de escritores menos capazes. E a segunda, Planetary, planejada para um determinado número de edições (como Preacher e Sandman), até hoje não foi concluída, pois Ellis só lança no máximo quatro números por ano, às vezes menos. Contando com a mesma equipe criativa desde o primeiro número (Ellis e John "Surpreendentes X-Men" Cassaday nos desenhos), cada edição de Planetary é um evento sofregamente aguardado pelos fãs ao redor do mundo. Mas vamos conhecer um pouco mais de cada série em si.
Se fosse para descrever em um clichê de apenas três palavras, Planetary seria um poço de referências, como aliás, foi posto na orelha do seu primeiro encadernado lançado no Brasil pela Devir Editora, "Mundo Estranho". Pense numa referência da cultura pop. Qualquer uma. Filmes de monstros japoneses? Os quadrinhos da Vertigo? Literatura pulp dos anos '30? Filmes de gangster chineses estilo John Woo (pré-Hollywood)? Os heróis da era de ouro da Marvel? Filmes americanos de ficção científica dos anos '50? Acredite, tudo isso e muito mais entra no liquidificador de referências que Planetary oferece ao leitor.
A cada edição, a equipe formada pelos invocados e enigmáticos Elijah Snow, Jakita Wagner e O Baterista, Os Arqueólogos do Impossível, como também são chamados, mergulham numa missão para desvendar a história secreta do século XX, sempre relacionada com alguma dessas referências. E o que poderia ficar só na homenagem babona, toma, muitas vezes, trejeitos de tratados - permeados pela visão crítica do escritor. Na história da edição número 7, "Na Inglaterra durante o verão", o autor desanca sem dó nem piedade os personagens da Vertigo, o proverbial selo de quadrinhos adultos da DC Comics que ele mesmo ajudou a fazer a fama, com sua série Transmetropolitan e escrevendo edições de Hellblazer, entre outros trabalhos. Nela, vemos o trio de protagonistas indo ao enterro de um genérico de John Constantine, ao qual também comparecem diversos outros personagens da Vertigo. "Eu não sei, talvez sejam os dez anos entre o agora e a cultura que os produziu, mas... eles não são totalmente ridículos?", pergunta Elijah Snow, diante de uma muvuca de genéricos dos personagens que nos embalaram nos anos '80 e '90, como o Monstro do Pântano, Homem Animal, Patrulha do Destino e Sandman, entre outros. Cruel, não?
Uma das coisas mais legais de Planetary é que, apesar de cada história se sustentar sozinha, independente de você ter lido ou não a edição anterior, existe toda uma sub-trama de conspiração que se desenvolve - e se complica - com absoluta maestria a cada missão. Mas o grande barato de Planetary - além dos desenhos majestosos de Cassaday, do desenvolvimento perfeito dos personagens, da conspiração (ênfase na "piração"), do ritmo de filme de espionagem e diálogos fantásticos - é mesmo o grande número de conceitos a primeira vista disparatados, mas absolutamente criativos e viajantes, que Warren Ellis espalha com a mão de um chef de cozinha ao longo de toda a série.
Para dar uma idéia ao leitor leigo, vou aproveitar um deles, já destacado pelo editor Leandro Luigi Del Manto no pósfácio do volume dois, "O Quarto Homem": "Tem uma equipe de técnicos da ex-União Soviética hibernando aqui perto. Ligados à mesma equipe de pesquisa que definiu que a alma humana é um campo eletromagnético. Dizem que descobriram para onde as almas vão. Que o Céu e o Inferno não são nada além de locomotivas sitiadas em um cabo de guerra uma contra a outra, e as almas fornecem o carvão. Este é o lugar onde a pós-vida é enganada. Você sabe... Campos eletromagnéticos são definitivamente rompidos por explosões nucleares. Eles tomaram seu último drinque e tiraram a última foto aqui, para então, serem amarrados a um mecanismo de teste nuclear no subsolo. Para a morte triunfante". Fala sério, é de pirar o cabeção um negócio desses. Garçom, seja lá o que esse inglês maluco esteja tomando, eu quero um igual.
E se em Planetary, Ellis nos concede sua magnífica reinvenção da ficção científica psicodélica, em Authority ele faz o mesmo com os quadrinhos de equipe de super-heróis, com resultados (quase) igualmente retumbantes. Formado a partir das cinzas de uma equipe vagabunda da Image dos anos '90, o Stormwatch, o Authority é formado por um punhado de heróis super poderosos, bad ass style, que resolveram tomar as rédeas do destino do mundo nas mãos.
Ah, tem um ditador oriental maluco incitando o terrorismo e enviando super assassinos para atuar ao redor do mundo? No problems. O Authority vai lá, invade o país, desce o sarrafo nele e resolve a questão de forma nada sutil. Tudo bem que alguns milhares de pessoas morreram no processo, mas "quantas pessoas teriam morrido se não estivéssemos aqui? Não é uma grande resposta, eu sei, mas é a melhor. Nós salvamos mais pessoas do que matamos. Isso basta para mim", justifica Jack Hawksmoor, o Rei das Cidades, um dos integrantes do grupo.
Como em Planetary, cada personagem é um enigma em si e um conceito completamente inovador. Esse Jack, por exemplo, é chamado de Rei das Cidades por que é simplesmente capaz de conversar com elas. Através dos seus pés, sempre descalços, ele diz estar "fisicamente ligado ao sistema nervoso das cidades". Se ele encostasse a mão no seu prédio, este contaria a ele cada história que presenciou. A líder do grupo, Jenny Sparks, o Espírito do Século XX, é "um mecanismo de defesa com cem anos de duração", como ela mesma se definiu, e, compreensivelmente, domina a eletricidade. Na última edição publicada em 1999, ela morreu (seu epitáfio, inscrito na lápide: "Que se foda! Eu quero um mundo melhor!"), para renascer como o bebê Jenny Quantum, de poderes ainda desconhecidos. Meia Noite e Apolo são genéricos de Batman e Super Homem, respectivamente. O detalhe sacana é que ambos são homossexuais assumidos e mantêm um tórrido affair, o que inclusive gerou problemas para os autores por conta da censura interna da DC Comics, que não gostou muito de ver seus dois maiores ícones retratados como um casal gay assumido - e dizem as más línguas, foi uma das razões do cancelamento da revista. A base de atuação do grupo, chamado A Balsa, é uma alternave mega gigantesca, com nada menos que 80 quilômetros de largura por 56 de altura, que se move pelas veias de Deus e pode se teletransportar instantaneamente para qualquer ponto do globo terrestre, bem como pode criar portas para fazer o mesmo com seus tripulantes, entre outros feitos estupefacientes.
Sempre combatendo ameaças em escala planetária, os heróis perversos do Authority ora combatem invasões de naves de uma Terra interdimensional, ora dão um cacete em mercenários uniformizados, genéricos dos Vingadores da Marvel. Warren Ellis, em histórica parceria com o desenhista Bryan Hitch (de Os Supremos), assinou a revista até o número 12, passando a bola a partir daí para o igualmente britânico e beberrão Mark Millar (autor de Chosen e também de Os Supremos) e Frank Quitely (We3) nos desenhos. Essa segunda dupla de criação aumentou ainda mais o tom e as doses de violência crua e loucura nada mansa do título. Disposto a definir o teor político da série, logo nas suas primeiras páginas, criou um diálogo hilário entre Jack Hawksmoor e o presidente americano, onde o primeiro dá uma bela chamada na chincha no segundo:
Hawksmoor: "O Authority é um grupo multicultural sem afiliação nacional e o resto do mundo sabe muito bem disso. Quaisquer represálias só podem ser dirigidas a nós e estamos confiantes de que podemos cuidar de qualquer coisa que alguém decida aprontar conosco".
Presidente americano: "Maldição, Hawksmoor! Assuntos internacionais são muito delicados para esse tipo de abordagem grosseira de vocês. Situações como essa estão fora de sua jurisdição".
Hawksmoor: "Você não está em posição de definir nossa jurisdição, senhor presidente. Nosso objetivo principal pode ser defender a Terra, mas isso não significa que vamos tolerar abusos de direitos humanos ocorrendo debaixo de nossos narizes. Não somos um supergrupo de histórias em quadrinhos, que trava combates inúteis com supercriminosos a cada mês, para preservar o status quo".
Planetary e Authority estão sendo publicados no Brasil em belos encadernados pela Devir Editora, com ótima tradução, papel de primeira, textos analíticos dos editores brasileiros e textos de apresentação de Alan Moore, Grant Morrison, Howard Chaykin e Joss Whedon, todos dando seus preciosos e entusiasmados avais para as séries.
Volumes já publicados: Planetary: Mundo estranho, Planetary: O Quarto homem, Authority: Sem perdão e Authority: Sob nova direção. Vale a pena buscar nas livrarias ou pela internet, apesar dos preços salgados, na faixa dos R$ 45,00.
AONDE VOCÊ MORA?
Uma das coisas que mais gosto de fazer quando viajo para outro estado é comprar o jornal logo na hora da chegada. Para mim, é ele a verdadeira porta de entrada para a vida diária de uma cidade, mais do que o aeroporto ou a rodoviária. Recentemente em Belo Horizonte, repeti o hábito, e gostei bastante da coluna Esquema Novo, do jornalista Terence Machado, publicada no Divirta-se, encarte em formato revista que circula às sextas-feiras no jornal Estado de Minas. Para quem não está ligando o nome à pessoa, Terence é aquele carequinha, geralmente de camisa preta de banda, que apresenta (ou apresentava, sei lá) o programa Alto-Falante, da Rede Minas, que era retransmitido pela TV Cultura de São Paulo para o resto do país aos sábados à noite. Pois então, na sua coluna de 15 de setembro, Terence divide o pop brasileiro à maneira da sociedade em que vivemos: "Existem os grupos grandes, já estabelecidos, que construíram suas carreiras nos tempos de bonança das multinacionais do disco - O Rappa, Paralamas do Sucesso, Skank (...). Por outro lado, existem aqueles que chegaram atrasados ao 'banquete', como Pitty e CPM 22, e assim, poderiam ser considerados 'novos ricos'. E bem distante do chamado mainstream, milhares de bandas e artistas trabalham na classe operária do rock, do pop, do brega, enquanto a classe média vai só perdendo seus privilégios", compara o jornalista, que coloca os ricos e novos ricos morando em apartamentos de luxo e mansões, enquanto "nos prédios de três andares sem elevador, nomes como Gram, Cachorro Grande e Ludov aparecem com certa freqüência na MTV, gravam DVDs, CDs, mas não são suficientemente 'grandes' para encabeçar um festival, figurar numa capa de revista especializada, tocar na rádio pop rock da sua cidade" etc. Terence termina seu raciocínio citando bandas como Fresno e Cansei de Ser Sexy, que, a exemplo do Arctic Monkeys, se deram bem com a ajuda da internet, mas "difícil será tirar o fator 'raro' desses casos e transforma-los numa prática mercadológica de sucesso". Sem fazer juízo de valor quanto às bandas citadas, concordo com a análise do senhor Machado, e, dando aquela pongada sem vergonha no seu raciocínio, fico a me perguntar em que espécie de habitação residiriam bandas locais como Cascadura, Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta, Sangria, Los Canos, Theatro de Seraphin e tantas outras, novas e veteranas, que há tanto tempo batalham por uma residência minimamente digna em Salvador. Afinal, não é sempre que você sai do berçário direto para, digamos, um belo apartamento na Graça, como aconteceu com a Cantos dos Malditos na Terra do Nunca, correto? Vamos apenas torcer para que a mudança não tenha sido precipitada e os meninos e menina da Canto consigam pagar direitinho e em dia o caro aluguel cobrado naquele bairro... Tem muita gente apostando que eles conseguem. E você?
MOMENTO HISTÓRICO
Fantástica a aparição de Alexandre Xanxa Guena na festa do VMB esse ano. Definitivamente, entrou para a história da TV brasileira. Não sei nem quero saber as razões do aparente estado lamentável em que se encontrava o rapaz, o que me deixou eufórico defronte à TV foi a cara de pânico e o susto que Pitty, banda e Spencer passaram ali na hora, quando viram Xanxa chegar ao palco rastejando. Não que eu tenha ficado feliz com a cena um tanto constrangedora (e muito engraçada para quem estava em casa), que, aliás, ele acabou tirando de letra apesar da voz meio falha, mas gostei muito da bravura do ato, de reivindicar para si sua parcela de glória pela vitória do clipe de Memórias, dirigido em parceria com Spencer, no VMB. E depois, como ele mesmo disse, "não acredite em nada do que você vê na TV, é tudo mentira". Xanxa, meu filho, você botou pra fuder.
AGENDÃO
Show sábado! - Demoiselle, Stancia e Lo Han - Data: 7 de Outubro Local: Dubliners Irish Pub - Praça Municipal ? Pelourinho Horário: 22H00 Valor: R$ 10,00 com direito a duas cervejas http://www.demoiselle.com.br/
Halloween com Retrofoguetes & Cascadura - Liberte suas fantasias mais monstruosas e venha se divertir no Halloween mais louco de todos os tempos! R$12 (R$15 depois da meia-noite) Traje preto ou fantasia* Zauber Ld. da misericórdia, atrás da prefeitura
LUAL DO HAOLES - A Festa Havaiana da Capitão Parafina" - Essa Super Noite acontecerá no dia 07 de outubro, no Espaço Verde em Lauro de Freitas-BA (Próximo a Unime). A animação será comandada pela "surf music" do power trio mais frenético da cena: Capitão Parafina e os Haoles.O público presente também poderá conferir os grandes sucessos do pop reggae da Los Baganas e a discotecagem eletrizante do DJ El Cabong. Horário: 22h. Espaço Verde (Lauro de Freitas-BA, próximo a Unime) Ingresso: 1º Lote - R$ 30,00 (Masculino), R$ 25,00 (Feminino) Onde Comprar: Lojas Chili Beans (Iguatemi, Barra, Itaigara e AeroClube) Informações: (71) 91920084
Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta - domingo, dia 8 de outubro no Parque da Cidade às 11h. Entrada franca!
Sangria Convida - Cachorro Grande, Sangria e Cascadura - Onde? Rock In Rio Café, Aeroclube ? Boca do Rio, Salvador Quando? 11/10, quarta, véspera de feriado, às 21h Quanto? R$15 (meia) ? à venda nos balcões Pida! e Andarilho Urbano Classificação: 16 anos.
O escritor britânico de hq Warren Ellis é um homem de extremos. Toda vez que ele se dispõe a criar uma nova série, ou mesmo assume um personagem tradicional da Marvel ou DC, você pode ter certeza de uma coisa: o homem não costuma deixar pedra sobre pedra, sempre conduzindo os personagens à novos patamares antes inconcebíveis ou mesmo disparando conceitos totalmente absurdos e engenhosos a cada quadrinho. Suas duas obras mais significativas, e qualquer fã de seu trabalho deve concordar com isso, são duas séries de autoria própria para a Wildstorm, a editora do (péssimo e adorado) desenhista Jim Lee, ex-Image Comics, hoje uma subsidiária da DC. Em Authority e Planetary, Ellis soltou a franga - criativamente falando - de tal forma, que até hoje a primeira, alguns anos após o cancelamento, tropeça em consecutivos relançamentos em busca da antiga glória, sob a batuta de escritores menos capazes. E a segunda, Planetary, planejada para um determinado número de edições (como Preacher e Sandman), até hoje não foi concluída, pois Ellis só lança no máximo quatro números por ano, às vezes menos. Contando com a mesma equipe criativa desde o primeiro número (Ellis e John "Surpreendentes X-Men" Cassaday nos desenhos), cada edição de Planetary é um evento sofregamente aguardado pelos fãs ao redor do mundo. Mas vamos conhecer um pouco mais de cada série em si.
Se fosse para descrever em um clichê de apenas três palavras, Planetary seria um poço de referências, como aliás, foi posto na orelha do seu primeiro encadernado lançado no Brasil pela Devir Editora, "Mundo Estranho". Pense numa referência da cultura pop. Qualquer uma. Filmes de monstros japoneses? Os quadrinhos da Vertigo? Literatura pulp dos anos '30? Filmes de gangster chineses estilo John Woo (pré-Hollywood)? Os heróis da era de ouro da Marvel? Filmes americanos de ficção científica dos anos '50? Acredite, tudo isso e muito mais entra no liquidificador de referências que Planetary oferece ao leitor.
A cada edição, a equipe formada pelos invocados e enigmáticos Elijah Snow, Jakita Wagner e O Baterista, Os Arqueólogos do Impossível, como também são chamados, mergulham numa missão para desvendar a história secreta do século XX, sempre relacionada com alguma dessas referências. E o que poderia ficar só na homenagem babona, toma, muitas vezes, trejeitos de tratados - permeados pela visão crítica do escritor. Na história da edição número 7, "Na Inglaterra durante o verão", o autor desanca sem dó nem piedade os personagens da Vertigo, o proverbial selo de quadrinhos adultos da DC Comics que ele mesmo ajudou a fazer a fama, com sua série Transmetropolitan e escrevendo edições de Hellblazer, entre outros trabalhos. Nela, vemos o trio de protagonistas indo ao enterro de um genérico de John Constantine, ao qual também comparecem diversos outros personagens da Vertigo. "Eu não sei, talvez sejam os dez anos entre o agora e a cultura que os produziu, mas... eles não são totalmente ridículos?", pergunta Elijah Snow, diante de uma muvuca de genéricos dos personagens que nos embalaram nos anos '80 e '90, como o Monstro do Pântano, Homem Animal, Patrulha do Destino e Sandman, entre outros. Cruel, não?
Uma das coisas mais legais de Planetary é que, apesar de cada história se sustentar sozinha, independente de você ter lido ou não a edição anterior, existe toda uma sub-trama de conspiração que se desenvolve - e se complica - com absoluta maestria a cada missão. Mas o grande barato de Planetary - além dos desenhos majestosos de Cassaday, do desenvolvimento perfeito dos personagens, da conspiração (ênfase na "piração"), do ritmo de filme de espionagem e diálogos fantásticos - é mesmo o grande número de conceitos a primeira vista disparatados, mas absolutamente criativos e viajantes, que Warren Ellis espalha com a mão de um chef de cozinha ao longo de toda a série.
Para dar uma idéia ao leitor leigo, vou aproveitar um deles, já destacado pelo editor Leandro Luigi Del Manto no pósfácio do volume dois, "O Quarto Homem": "Tem uma equipe de técnicos da ex-União Soviética hibernando aqui perto. Ligados à mesma equipe de pesquisa que definiu que a alma humana é um campo eletromagnético. Dizem que descobriram para onde as almas vão. Que o Céu e o Inferno não são nada além de locomotivas sitiadas em um cabo de guerra uma contra a outra, e as almas fornecem o carvão. Este é o lugar onde a pós-vida é enganada. Você sabe... Campos eletromagnéticos são definitivamente rompidos por explosões nucleares. Eles tomaram seu último drinque e tiraram a última foto aqui, para então, serem amarrados a um mecanismo de teste nuclear no subsolo. Para a morte triunfante". Fala sério, é de pirar o cabeção um negócio desses. Garçom, seja lá o que esse inglês maluco esteja tomando, eu quero um igual.
E se em Planetary, Ellis nos concede sua magnífica reinvenção da ficção científica psicodélica, em Authority ele faz o mesmo com os quadrinhos de equipe de super-heróis, com resultados (quase) igualmente retumbantes. Formado a partir das cinzas de uma equipe vagabunda da Image dos anos '90, o Stormwatch, o Authority é formado por um punhado de heróis super poderosos, bad ass style, que resolveram tomar as rédeas do destino do mundo nas mãos.
Ah, tem um ditador oriental maluco incitando o terrorismo e enviando super assassinos para atuar ao redor do mundo? No problems. O Authority vai lá, invade o país, desce o sarrafo nele e resolve a questão de forma nada sutil. Tudo bem que alguns milhares de pessoas morreram no processo, mas "quantas pessoas teriam morrido se não estivéssemos aqui? Não é uma grande resposta, eu sei, mas é a melhor. Nós salvamos mais pessoas do que matamos. Isso basta para mim", justifica Jack Hawksmoor, o Rei das Cidades, um dos integrantes do grupo.
Como em Planetary, cada personagem é um enigma em si e um conceito completamente inovador. Esse Jack, por exemplo, é chamado de Rei das Cidades por que é simplesmente capaz de conversar com elas. Através dos seus pés, sempre descalços, ele diz estar "fisicamente ligado ao sistema nervoso das cidades". Se ele encostasse a mão no seu prédio, este contaria a ele cada história que presenciou. A líder do grupo, Jenny Sparks, o Espírito do Século XX, é "um mecanismo de defesa com cem anos de duração", como ela mesma se definiu, e, compreensivelmente, domina a eletricidade. Na última edição publicada em 1999, ela morreu (seu epitáfio, inscrito na lápide: "Que se foda! Eu quero um mundo melhor!"), para renascer como o bebê Jenny Quantum, de poderes ainda desconhecidos. Meia Noite e Apolo são genéricos de Batman e Super Homem, respectivamente. O detalhe sacana é que ambos são homossexuais assumidos e mantêm um tórrido affair, o que inclusive gerou problemas para os autores por conta da censura interna da DC Comics, que não gostou muito de ver seus dois maiores ícones retratados como um casal gay assumido - e dizem as más línguas, foi uma das razões do cancelamento da revista. A base de atuação do grupo, chamado A Balsa, é uma alternave mega gigantesca, com nada menos que 80 quilômetros de largura por 56 de altura, que se move pelas veias de Deus e pode se teletransportar instantaneamente para qualquer ponto do globo terrestre, bem como pode criar portas para fazer o mesmo com seus tripulantes, entre outros feitos estupefacientes.
Sempre combatendo ameaças em escala planetária, os heróis perversos do Authority ora combatem invasões de naves de uma Terra interdimensional, ora dão um cacete em mercenários uniformizados, genéricos dos Vingadores da Marvel. Warren Ellis, em histórica parceria com o desenhista Bryan Hitch (de Os Supremos), assinou a revista até o número 12, passando a bola a partir daí para o igualmente britânico e beberrão Mark Millar (autor de Chosen e também de Os Supremos) e Frank Quitely (We3) nos desenhos. Essa segunda dupla de criação aumentou ainda mais o tom e as doses de violência crua e loucura nada mansa do título. Disposto a definir o teor político da série, logo nas suas primeiras páginas, criou um diálogo hilário entre Jack Hawksmoor e o presidente americano, onde o primeiro dá uma bela chamada na chincha no segundo:
Hawksmoor: "O Authority é um grupo multicultural sem afiliação nacional e o resto do mundo sabe muito bem disso. Quaisquer represálias só podem ser dirigidas a nós e estamos confiantes de que podemos cuidar de qualquer coisa que alguém decida aprontar conosco".
Presidente americano: "Maldição, Hawksmoor! Assuntos internacionais são muito delicados para esse tipo de abordagem grosseira de vocês. Situações como essa estão fora de sua jurisdição".
Hawksmoor: "Você não está em posição de definir nossa jurisdição, senhor presidente. Nosso objetivo principal pode ser defender a Terra, mas isso não significa que vamos tolerar abusos de direitos humanos ocorrendo debaixo de nossos narizes. Não somos um supergrupo de histórias em quadrinhos, que trava combates inúteis com supercriminosos a cada mês, para preservar o status quo".
Planetary e Authority estão sendo publicados no Brasil em belos encadernados pela Devir Editora, com ótima tradução, papel de primeira, textos analíticos dos editores brasileiros e textos de apresentação de Alan Moore, Grant Morrison, Howard Chaykin e Joss Whedon, todos dando seus preciosos e entusiasmados avais para as séries.
Volumes já publicados: Planetary: Mundo estranho, Planetary: O Quarto homem, Authority: Sem perdão e Authority: Sob nova direção. Vale a pena buscar nas livrarias ou pela internet, apesar dos preços salgados, na faixa dos R$ 45,00.
AONDE VOCÊ MORA?
Uma das coisas que mais gosto de fazer quando viajo para outro estado é comprar o jornal logo na hora da chegada. Para mim, é ele a verdadeira porta de entrada para a vida diária de uma cidade, mais do que o aeroporto ou a rodoviária. Recentemente em Belo Horizonte, repeti o hábito, e gostei bastante da coluna Esquema Novo, do jornalista Terence Machado, publicada no Divirta-se, encarte em formato revista que circula às sextas-feiras no jornal Estado de Minas. Para quem não está ligando o nome à pessoa, Terence é aquele carequinha, geralmente de camisa preta de banda, que apresenta (ou apresentava, sei lá) o programa Alto-Falante, da Rede Minas, que era retransmitido pela TV Cultura de São Paulo para o resto do país aos sábados à noite. Pois então, na sua coluna de 15 de setembro, Terence divide o pop brasileiro à maneira da sociedade em que vivemos: "Existem os grupos grandes, já estabelecidos, que construíram suas carreiras nos tempos de bonança das multinacionais do disco - O Rappa, Paralamas do Sucesso, Skank (...). Por outro lado, existem aqueles que chegaram atrasados ao 'banquete', como Pitty e CPM 22, e assim, poderiam ser considerados 'novos ricos'. E bem distante do chamado mainstream, milhares de bandas e artistas trabalham na classe operária do rock, do pop, do brega, enquanto a classe média vai só perdendo seus privilégios", compara o jornalista, que coloca os ricos e novos ricos morando em apartamentos de luxo e mansões, enquanto "nos prédios de três andares sem elevador, nomes como Gram, Cachorro Grande e Ludov aparecem com certa freqüência na MTV, gravam DVDs, CDs, mas não são suficientemente 'grandes' para encabeçar um festival, figurar numa capa de revista especializada, tocar na rádio pop rock da sua cidade" etc. Terence termina seu raciocínio citando bandas como Fresno e Cansei de Ser Sexy, que, a exemplo do Arctic Monkeys, se deram bem com a ajuda da internet, mas "difícil será tirar o fator 'raro' desses casos e transforma-los numa prática mercadológica de sucesso". Sem fazer juízo de valor quanto às bandas citadas, concordo com a análise do senhor Machado, e, dando aquela pongada sem vergonha no seu raciocínio, fico a me perguntar em que espécie de habitação residiriam bandas locais como Cascadura, Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta, Sangria, Los Canos, Theatro de Seraphin e tantas outras, novas e veteranas, que há tanto tempo batalham por uma residência minimamente digna em Salvador. Afinal, não é sempre que você sai do berçário direto para, digamos, um belo apartamento na Graça, como aconteceu com a Cantos dos Malditos na Terra do Nunca, correto? Vamos apenas torcer para que a mudança não tenha sido precipitada e os meninos e menina da Canto consigam pagar direitinho e em dia o caro aluguel cobrado naquele bairro... Tem muita gente apostando que eles conseguem. E você?
MOMENTO HISTÓRICO
Fantástica a aparição de Alexandre Xanxa Guena na festa do VMB esse ano. Definitivamente, entrou para a história da TV brasileira. Não sei nem quero saber as razões do aparente estado lamentável em que se encontrava o rapaz, o que me deixou eufórico defronte à TV foi a cara de pânico e o susto que Pitty, banda e Spencer passaram ali na hora, quando viram Xanxa chegar ao palco rastejando. Não que eu tenha ficado feliz com a cena um tanto constrangedora (e muito engraçada para quem estava em casa), que, aliás, ele acabou tirando de letra apesar da voz meio falha, mas gostei muito da bravura do ato, de reivindicar para si sua parcela de glória pela vitória do clipe de Memórias, dirigido em parceria com Spencer, no VMB. E depois, como ele mesmo disse, "não acredite em nada do que você vê na TV, é tudo mentira". Xanxa, meu filho, você botou pra fuder.
AGENDÃO
Show sábado! - Demoiselle, Stancia e Lo Han - Data: 7 de Outubro Local: Dubliners Irish Pub - Praça Municipal ? Pelourinho Horário: 22H00 Valor: R$ 10,00 com direito a duas cervejas http://www.demoiselle.com.br/
Halloween com Retrofoguetes & Cascadura - Liberte suas fantasias mais monstruosas e venha se divertir no Halloween mais louco de todos os tempos! R$12 (R$15 depois da meia-noite) Traje preto ou fantasia* Zauber Ld. da misericórdia, atrás da prefeitura
LUAL DO HAOLES - A Festa Havaiana da Capitão Parafina" - Essa Super Noite acontecerá no dia 07 de outubro, no Espaço Verde em Lauro de Freitas-BA (Próximo a Unime). A animação será comandada pela "surf music" do power trio mais frenético da cena: Capitão Parafina e os Haoles.O público presente também poderá conferir os grandes sucessos do pop reggae da Los Baganas e a discotecagem eletrizante do DJ El Cabong. Horário: 22h. Espaço Verde (Lauro de Freitas-BA, próximo a Unime) Ingresso: 1º Lote - R$ 30,00 (Masculino), R$ 25,00 (Feminino) Onde Comprar: Lojas Chili Beans (Iguatemi, Barra, Itaigara e AeroClube) Informações: (71) 91920084
Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta - domingo, dia 8 de outubro no Parque da Cidade às 11h. Entrada franca!
Sangria Convida - Cachorro Grande, Sangria e Cascadura - Onde? Rock In Rio Café, Aeroclube ? Boca do Rio, Salvador Quando? 11/10, quarta, véspera de feriado, às 21h Quanto? R$15 (meia) ? à venda nos balcões Pida! e Andarilho Urbano Classificação: 16 anos.
sexta-feira, setembro 29, 2006
COMO ERA GOSTOSA A MINHA MPB
Instiga (SP) e Seu Zé (RN) demonstram pegada inspirada na MPB dos anos '70 e potencial nas suas estréias em CD, apesar das muitas arestas a aparar
Ao ouvir o Máquina Milenar, CD de estréia da banda campineira Instiga, lançado em fevereiro de 2005, fiquei com a pulga atrás da orelha, pois o disco parece uma obra completamente descolada da realidade atual do rock, sem seguir tendências de mercado. O Instiga não emula bandinhas estrangeiras, não tem sequer cacoete das ondas punk ou pós punk tão em voga na atualidade, o que aliás, é muito bom. Certo, aqui e ali é possível pegar algo de Los Hermanos, mas mesmo essa referência ainda é muito tênue, muito frágil para estabelecer uma influência. A MPB dos anos 1970 de nomes como Ednardo, Fagner e Chico Buarque parece o principal ponto de partida da banda, liderada pela voz rouca de Christian Camilo. As vezes parece uma coisa meio esquizofrênica, o ouvinte fica na dúvida se o som da banda é resultante de uma personalidade fortíssima que se fecha para influências externas ou se é exatamente o contrário, de uma falta de personalidade alarmante, pois salvo as influências mais básicas, pouco se consegue depreender, na audição do disco, das intenções e do background dos seus autores. Apesar do sabor algo démodé que permeia quase todo o disco, a Instiga conseguiu cravar alguns bons momentos, como "Faber Castell" (talvez a faixa mais redonda de todo o disco) e "Fim do dia". Segundo o material de divulgação, a banda entrou para a história da música independente nacional ao se tornar a primeira banda brasileira a estrear na programação da webrádio Woxy. A despeito da grandiosidade (ou não) do feito, seria mais legal se a Instiga conseguisse entrar na história da música pela qualidade de suas canções. Mas isso, quem sabe, mais para adiante, após o devido amadurecimento das composições e influências... A Instiga é formada por Christian Camilo (voz e violão), Heitor Pellegrina (baixo), Guilherme Molina (guitarra) e Pedro Leite (bateria).
Mais redonda em sua proposta, a banda potiguar Seu Zé vem colecionando elogios com seu promissor primeiro trabalho, Festival do desconcerto, um disco quase conceitual que também aposta na mistura rock/mpb e, a bem da verdade, acerta tanto quanto erra nos alvos em que mirou. As influências são óbvias: Zé Ramalho, Fagner (olha ele aí de novo), Led Zeppelin, Chico Buarque, Gonzagão, Secos & Molhados. A certa altura do disco, o ouvinte fica a se perguntar da legitimidade de letras como "eu vou partir, vou deixar meu sertão / com esperança na alma e enxada na mão", entoadas por jovens de aparência tão classe média. Essa faixa, por exemplo, "Plantando no céu e colhendo no inferno" não faria feio num concurso colegial, mas parece ingênua e recorrente aqui. Da mesma forma, suponho que Antônio Conselheiro já teve seu nome citado e homenageado em canções, cordéis e poemas o bastante. Para que mais uma então, pelamordedeus? E singelamente intitulada "Antônio Conselheiro", ainda por cima? Confesso que não tenho mais muita paciência para esse tipo de coisa. Cioso da sua tarefa, contudo, o blogueiro obstinado fruiu do disquinho até o fim, e como sempre, captou aqui e ali seus pontos positivos, como "Soldado de Deus, mercenário do diabo", "Sai galada" (uma bom tratado sobre a ressaca) e "A viagem" (a melhor faixa que o Cordel do Fogo Encantado não gravou).
MAIS ALTO QUE A VIDA
Recentemente chegado às locadoras, o documentário Heavy metal: louder than life não apresenta muitas novidades para os conhecedores do gênero, mas concede aos fãs saborosos depoimentos de luminares do metal contando histórias do arco da velha. Nomes como Dee Snider (Twisted Sister), Ian Paice (Deep Purple), Phil Philthy Animal Taylor (Motorhead) Geezer Butler (Black Sabbath), Ronnie James Dio (Rainbow, Sabbath, Dio), Stephen Percy (Ratt), John Sykes & Steve Gorhan (Thin Lizzy) e Bernie Marsden e Micky Moody (Whitesnake), entre vários outros, além de empresários, produtores e jornalistas de publicações especializadas como Kerrang! e Metal Hammer. Um trabalho de fôlego do documentarista - e fã - Dick Carruthers, que faz uma varredura do gênero desde os seus primórdios, nos anos 1960, até bandas que ele aponta como o futuro do estilo, como In Flames, Mastodon e Craddle of Filth. Louder than life não está muito interessado em fechar questões como qual seria o primeiro disco do metal (o primeiro do Sabbath? Led Zeppelin II? O primeiro do Blue Cheer?), e sim, em contar histórias, louvar os grandes nomes e pintar um grande painel do metal de todos os tempos. Boa distração para fãs e bom ponto de partida para neófitos em partes iguais. No disco 2 recheado de extras, destaque para uma entrevista de meia hora com Dee Snider, uma figuraça que se revela mais consciente e lúcido que 99% dos seus pares e um segmento com a hilariante banda Metal Skool, a resposta de Los Angeles para o The Darkness, elevada à enésima potência em purpurina, laquê e roupas extravagantes. De rachar o bico.
GUITAR HEROES EM TRÂNSITO - Como já se sabe, Cândido Nariga Soto Martinez Jr., o fantástico guitarrista da Theatro de Seraphin, deixou a banda para se dedicar apenas à Cascadura, com quem já vinha tocando há algum tempo. Espertos, os ex-companheiros da Theatro logo recrutaram César Vieira, lendário guitarrista da extinta brincando de deus, que tava dando sopa na cidade, sem tocar com ninguém, já há alguns meses. No fim das contas, pode-se dizer que ganharam as duas bandas e o público baiano, que acompanhará a adaptação de César em sua nova banda - e vice-versa. Muita sorte e rock n roll tanto para a Theatro quanto para a Cascadura, que elas merecem.
UM BOM MOTIVO PARA METER A MÃO NA CARTEIRA - Finalmente chegou às lojas o primeiro e aguardado disco solo de Paulinho Oliveira, guitarrista da primeira divisão do rock baiano, que tocou na Stone Bull e Cascadura (no tempo que ainda era Dr.). "UM BOM MOTIVO" está disponível no estúdio de Alvaro Tattoo, na loja Perola Negra (canela e itaigara) e na Flashpoint do Barra. Tem uma resenha sobre no blog Clash City Rockers.
AGENDA
Os Mizeravão - Eu cavo, tu cavas, ele cava, nós cavamos, vós cavais, eles cavam...não é bonito mas é profundo. Assim também o é, o show dos Os Mizeravão, não tem frescura, esse negócio de "nhe, nhe, nhe", mas é profundo, com letras que atingem o fundinho do seu coração, insultos que doem na intimidade de seus ouvido, poesias que te deixam completamente ensopado e humectantemente inebriado de sofreguidão, ...pois então, porque motivo ainda te recusas a acreditar, que é o evento mais hot, hot, hot deste sabado a noite...vai lá Participação especialissima nas pick ups do DJ Roger n´Roll Sábado 30/09, Casa da Dinha, Horário: 22:00hs, Ingresso: 10,00 até 23:30 e 15,00 após 23:31
ZecaCuryDamm e Flowers - Com lotação esgotada no domingo passado ZecaCuryDamm continua na Casa da Dinha, Concebida pelos músicos e amigos Damm (vocal, violão e guitarra), Cury (bateria) e Zeca (baixo e percussão), a ZecaCuryDamm incorporou ainda o tecladista Nando e o baixista Vítor, formando A Formidável Família Musical. Recem chegada de uma turné pelo sul do país a banda mantem uma agenda lotada para os próximos meses. Não perca, último domingo na Casa da Dinha. Domingo 01/10,, Casa da Dinha Horário: 19:00, Ingresso:10,00
Os Abalos de Sábado a Noite - com as bandas: Demoiselle, Pessoas Invisíveis, Matiz e DJ OX. Dia: 30/09 (Sábado), Local: Zauber (Ladeira da Misericórdia - Centro), Ingresso: R$ 5,00
Halloween com Retrofoguetes & Cascadura - Dia: 06/10 (Sexta-feira), Local: Zauber Multicultura (Ladeira da Misericórdia, atrás da prefeitura), Horário: 22:00Ingresso: R$ 12,00 (R$ 15,00 depois da meia-noite), Serão aceitos todos os cartões de crédito, tanto na bilheteria do show como no bar, Traje preto ou fantasia
Ao ouvir o Máquina Milenar, CD de estréia da banda campineira Instiga, lançado em fevereiro de 2005, fiquei com a pulga atrás da orelha, pois o disco parece uma obra completamente descolada da realidade atual do rock, sem seguir tendências de mercado. O Instiga não emula bandinhas estrangeiras, não tem sequer cacoete das ondas punk ou pós punk tão em voga na atualidade, o que aliás, é muito bom. Certo, aqui e ali é possível pegar algo de Los Hermanos, mas mesmo essa referência ainda é muito tênue, muito frágil para estabelecer uma influência. A MPB dos anos 1970 de nomes como Ednardo, Fagner e Chico Buarque parece o principal ponto de partida da banda, liderada pela voz rouca de Christian Camilo. As vezes parece uma coisa meio esquizofrênica, o ouvinte fica na dúvida se o som da banda é resultante de uma personalidade fortíssima que se fecha para influências externas ou se é exatamente o contrário, de uma falta de personalidade alarmante, pois salvo as influências mais básicas, pouco se consegue depreender, na audição do disco, das intenções e do background dos seus autores. Apesar do sabor algo démodé que permeia quase todo o disco, a Instiga conseguiu cravar alguns bons momentos, como "Faber Castell" (talvez a faixa mais redonda de todo o disco) e "Fim do dia". Segundo o material de divulgação, a banda entrou para a história da música independente nacional ao se tornar a primeira banda brasileira a estrear na programação da webrádio Woxy. A despeito da grandiosidade (ou não) do feito, seria mais legal se a Instiga conseguisse entrar na história da música pela qualidade de suas canções. Mas isso, quem sabe, mais para adiante, após o devido amadurecimento das composições e influências... A Instiga é formada por Christian Camilo (voz e violão), Heitor Pellegrina (baixo), Guilherme Molina (guitarra) e Pedro Leite (bateria).
Mais redonda em sua proposta, a banda potiguar Seu Zé vem colecionando elogios com seu promissor primeiro trabalho, Festival do desconcerto, um disco quase conceitual que também aposta na mistura rock/mpb e, a bem da verdade, acerta tanto quanto erra nos alvos em que mirou. As influências são óbvias: Zé Ramalho, Fagner (olha ele aí de novo), Led Zeppelin, Chico Buarque, Gonzagão, Secos & Molhados. A certa altura do disco, o ouvinte fica a se perguntar da legitimidade de letras como "eu vou partir, vou deixar meu sertão / com esperança na alma e enxada na mão", entoadas por jovens de aparência tão classe média. Essa faixa, por exemplo, "Plantando no céu e colhendo no inferno" não faria feio num concurso colegial, mas parece ingênua e recorrente aqui. Da mesma forma, suponho que Antônio Conselheiro já teve seu nome citado e homenageado em canções, cordéis e poemas o bastante. Para que mais uma então, pelamordedeus? E singelamente intitulada "Antônio Conselheiro", ainda por cima? Confesso que não tenho mais muita paciência para esse tipo de coisa. Cioso da sua tarefa, contudo, o blogueiro obstinado fruiu do disquinho até o fim, e como sempre, captou aqui e ali seus pontos positivos, como "Soldado de Deus, mercenário do diabo", "Sai galada" (uma bom tratado sobre a ressaca) e "A viagem" (a melhor faixa que o Cordel do Fogo Encantado não gravou).
MAIS ALTO QUE A VIDA
Recentemente chegado às locadoras, o documentário Heavy metal: louder than life não apresenta muitas novidades para os conhecedores do gênero, mas concede aos fãs saborosos depoimentos de luminares do metal contando histórias do arco da velha. Nomes como Dee Snider (Twisted Sister), Ian Paice (Deep Purple), Phil Philthy Animal Taylor (Motorhead) Geezer Butler (Black Sabbath), Ronnie James Dio (Rainbow, Sabbath, Dio), Stephen Percy (Ratt), John Sykes & Steve Gorhan (Thin Lizzy) e Bernie Marsden e Micky Moody (Whitesnake), entre vários outros, além de empresários, produtores e jornalistas de publicações especializadas como Kerrang! e Metal Hammer. Um trabalho de fôlego do documentarista - e fã - Dick Carruthers, que faz uma varredura do gênero desde os seus primórdios, nos anos 1960, até bandas que ele aponta como o futuro do estilo, como In Flames, Mastodon e Craddle of Filth. Louder than life não está muito interessado em fechar questões como qual seria o primeiro disco do metal (o primeiro do Sabbath? Led Zeppelin II? O primeiro do Blue Cheer?), e sim, em contar histórias, louvar os grandes nomes e pintar um grande painel do metal de todos os tempos. Boa distração para fãs e bom ponto de partida para neófitos em partes iguais. No disco 2 recheado de extras, destaque para uma entrevista de meia hora com Dee Snider, uma figuraça que se revela mais consciente e lúcido que 99% dos seus pares e um segmento com a hilariante banda Metal Skool, a resposta de Los Angeles para o The Darkness, elevada à enésima potência em purpurina, laquê e roupas extravagantes. De rachar o bico.
GUITAR HEROES EM TRÂNSITO - Como já se sabe, Cândido Nariga Soto Martinez Jr., o fantástico guitarrista da Theatro de Seraphin, deixou a banda para se dedicar apenas à Cascadura, com quem já vinha tocando há algum tempo. Espertos, os ex-companheiros da Theatro logo recrutaram César Vieira, lendário guitarrista da extinta brincando de deus, que tava dando sopa na cidade, sem tocar com ninguém, já há alguns meses. No fim das contas, pode-se dizer que ganharam as duas bandas e o público baiano, que acompanhará a adaptação de César em sua nova banda - e vice-versa. Muita sorte e rock n roll tanto para a Theatro quanto para a Cascadura, que elas merecem.
UM BOM MOTIVO PARA METER A MÃO NA CARTEIRA - Finalmente chegou às lojas o primeiro e aguardado disco solo de Paulinho Oliveira, guitarrista da primeira divisão do rock baiano, que tocou na Stone Bull e Cascadura (no tempo que ainda era Dr.). "UM BOM MOTIVO" está disponível no estúdio de Alvaro Tattoo, na loja Perola Negra (canela e itaigara) e na Flashpoint do Barra. Tem uma resenha sobre no blog Clash City Rockers.
AGENDA
Os Mizeravão - Eu cavo, tu cavas, ele cava, nós cavamos, vós cavais, eles cavam...não é bonito mas é profundo. Assim também o é, o show dos Os Mizeravão, não tem frescura, esse negócio de "nhe, nhe, nhe", mas é profundo, com letras que atingem o fundinho do seu coração, insultos que doem na intimidade de seus ouvido, poesias que te deixam completamente ensopado e humectantemente inebriado de sofreguidão, ...pois então, porque motivo ainda te recusas a acreditar, que é o evento mais hot, hot, hot deste sabado a noite...vai lá Participação especialissima nas pick ups do DJ Roger n´Roll Sábado 30/09, Casa da Dinha, Horário: 22:00hs, Ingresso: 10,00 até 23:30 e 15,00 após 23:31
ZecaCuryDamm e Flowers - Com lotação esgotada no domingo passado ZecaCuryDamm continua na Casa da Dinha, Concebida pelos músicos e amigos Damm (vocal, violão e guitarra), Cury (bateria) e Zeca (baixo e percussão), a ZecaCuryDamm incorporou ainda o tecladista Nando e o baixista Vítor, formando A Formidável Família Musical. Recem chegada de uma turné pelo sul do país a banda mantem uma agenda lotada para os próximos meses. Não perca, último domingo na Casa da Dinha. Domingo 01/10,, Casa da Dinha Horário: 19:00, Ingresso:10,00
Os Abalos de Sábado a Noite - com as bandas: Demoiselle, Pessoas Invisíveis, Matiz e DJ OX. Dia: 30/09 (Sábado), Local: Zauber (Ladeira da Misericórdia - Centro), Ingresso: R$ 5,00
Halloween com Retrofoguetes & Cascadura - Dia: 06/10 (Sexta-feira), Local: Zauber Multicultura (Ladeira da Misericórdia, atrás da prefeitura), Horário: 22:00Ingresso: R$ 12,00 (R$ 15,00 depois da meia-noite), Serão aceitos todos os cartões de crédito, tanto na bilheteria do show como no bar, Traje preto ou fantasia