Com um pouco de atraso comento aqui a entrevista na Wired de Novembro com o nosso midiatico ministro da cultura.A Wired, revista/biblia dos nerds e geeks ligados em tecnologia, tem se notabilizado por estar na vanguarda da discussão da troca de arquivos musicais via net, e nesta edição de nov., com os Beasties Boys na capa, o prato principal é a utilização do Creative Commons( um tipo de regulamento que libera o conteudo das obras) como forma de manter algum tipo de direito autoral, já que a revista concluiu pelo obvio há muito tempo, a troca de arquivos musicais não pode ser brecada, apenas neste momento pode se organizar um pouco o caos preservando alguns direitos basicos dos autores intelectuais das obras via a Creative Commons(vão na net, tão lá os principios).A Wired encarta um cd na edição, que tem a peculiaridade de tornar disponivel o seu conteudo de 16 musicas para difusão na net, troca de arquivos e em alguns casos, como a musica dos Beasties Boys, podem ser sampleados a gosto, tudo com autorização legal via Creative Commons! Alguns artistas que disponibilizaram as musicas foram :Beasties Boys, David Byrne, My Morning Jacket, Spoon, Le Tigre, Chuck D, Paul Westerberg, Rapture, Dj Dolores e Gilberto Gil. O nosso filososo do acarajé é brindado pela Wired com uma extensa reportagem na qual, entre muitos elogios e poucas criticas, Gil é considerado um exemplo na condução da politica publica cultural e em casos como a da troca de arquivos como o que de mais vanguardistico.Alias a postura do governo brasileira em peitar a Microsoft utilizando o Linux( o maior indice governamental do mundo) é apontada pela Wired como um dos caminhos que podem( eu disse podem) vir a se tornar parametro no mundo.Uau.. E o nosso ministro nessa? Se sai muito bem, impressionando a revista não só por sua postura zen/afro- sincretica, como por sua brilhante carreira artistica, alem de ter realmente disponibilizado musica pro lance todo.Mas, sempre tem um mas, porque a gente aqui na terra que o gerou, não sente os fluidos desta modernidade nagô? Apesar das iniciativas louvaveis da preservação de terreiros, do samba de roda, e do acarajé, não vemos na Bahia iniciativa nenhuma, pelo menos de forma visivel, de incentivo as vanguardas musicais, que foi o berço artistico de Gil.Pelo contrario, as coisas por quem invereda por estas vertentes estão mais pretas que nunca.E não é só no rock, responda rapido ,diga o nome de alguem que faça jazz( o genero musical) na Bahia?Não vale os caras do grupo Garagem, que tocam jazz há 30 anos na Bahia, e só foram encontrar sobrevivencia no axé.Nunca é demais repetir, na Salvador de hoje propostas artisticas como as de Gil e Caetano não teriam espaço nenhum, e não iriam surgir artisticamente sob hipotese nenhuma.Nada de musica de vanguarda, pouco de mpb, nada musica experimental, não ia ter Tropicalia mesmo, nem entrevista na Wired.Pra ler escuttando Carangueijo do Alaska do finado Saci Tric.
Tá foda mesmo, Osvaldo. No caso do rock, apesar da inciativa mais que louvável do programa Rock Loco, ainda precisamos de uma radiodifusão mais abrangente e regular, como rolava lá nos idos da década de 80. Bandas de qualidade temos, estúdios temos, produtores de rock tb (acabamos de gravar com Pedro e Apu). Mas sem mídia fica difícil. Como diz um amigo meu, Fernando (da Mr.Grieves), o problema daqui é sempre a monocultura; teve o ciclo do pau-brasil, da cana-de-açúcar, depois do café e, nos últimos 20 anos, o do axé (em todas as suas vertentes). Diversidade cultural por aqui é proibida. A verdade é que, enquanto uma rede de comunicação estiver atrelada ao poder político (veja esse festivalzinho) da maneira pornográfica como temos, teremos que avançar na marra.
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