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terça-feira, abril 02, 2019

VIRADÃO INDIE

Metamorfose Musical é o festival alternativo que você pediu a Jah. De sábado para domingo, no Bahnhoff

The Flash, Daniel, Marcelo, Gabi, Keko, Alfredo e Tadeu: all star band
Incansável produtor / agitador da cena indie / psicodélica, Kairo Melo rides again com aquele que é provavelmente seu maior evento até agora.

É o Metamorfose Musical Festival, que rola sábado no Club Bahnhoff elencando nada menos que 15 (yes: quinze, fifteen, quindici, patnáct) atrações em mais de dez horas de música entre bandas e DJs, começando 18 horas e terminando sabe lá que horas de domingo.


Esse viradão indie é, na falta de termo mais apropriado, imperdível. O line up, além de nomes da cena acima de qualquer suspeita, como The Honkers, Rosa Idiota, Suinga, Mapa e Soft Porn, traz algumas boas novidades.

Uma delas é o norte-americano Daniel Mead, da banda californiana Kung Fusion, que está em Salvador e se apresentará acompanhado de nomes – na falta de termo mais apropriado – lendários da cena.

Sente só: Keko Pires (baixo), Marcelo Brasil (bateria), Ricardo The Flash Alves (guitarra), Tadeu Mascarenhas e Alfredo Moura (piano e sintetizador), Gabi Guedes (percussão) e Gigito (banjo). Sentiu o drama? Só as autoridades.

Suinga, foto Nathalia Miranda
Outra presença digna de registro é nossa grande dama do rock e do experimental, Madame Nancy Nancyta Viegas, que andou meio sumida dos palcos, mas tá voltando.

Também na linha experimental hipnótico, Andrea May e Junix 11 também se apresentam com o projeto May HD.

Outras atrações são o DJ paulista Sants (com trabalhos para Flora Matos e Linn da Quebrada), a guitar band Zaul e mais duas atrações vencedoras do concurso promovido por Kairo no Instagram: o rapper-queer DiCerqueira e a banda indie psicodélica A Favna.

Isso tudo no palco principal. Na cobertura do Bahnhoff (antigo Idearium) ainda rolam as discotecagens esclarecidas de Lord Breu, Luciano El Cabong Matos e Pivoman.

Nancyta, nossa grande dama do rock baiano, foto Germano Estácio
Ufa! Tá bom ou quer mais?

“A grade foi pensada como um resumo da música alternativa que é e foi produzida contemporaneamente na Bahia (com foco em Salvador). Tentamos convidar figurões históricos e ao mesmo tempo outras atrações que vem se mostrando a fim e que lutam pelo seu lugar na história da música baiana”, conta Kairo.

“Não nos limitamos ao rock e pensamos também na importância pessoal de cada atração. E acreditamos ser o maior line-up desse tipo de música (a alternativa) já produzido na cidade, sem recorrer a artistas nacionais em voga, sem focar em apenas um estilo, tentando fazer um real apanhado do que vem sendo produzido atualmente. O concurso de bandas que fizemos, nos ajudou ainda mais a firmar a diversidade e a gana de querer tocar o seu som autoral e nos fez ver a força que uma banda ou projeto iniciante pode ter e ofertar ao evento”, afirma.

Interação evitada / buscada

Andreia May e Junix 11: May HD
Kairo conta que a ideia do Metamorfose surgiu quando se reencontrou com um velho amigo, Victor Alberico, baiano hoje residente em Nova York.

“Tivemos nossa primeira banda punk juntos e poucos anos depois ele se mudou para os EUA.  Depois de quase quinze anos, voltamos a nos encontrar pessoalmente e a trocar figurinhas. Ele veio de experiências maiores como a produção de festas em barco com DJs em Manhattan e tinha o mindset norte-americanizado, a confiança, as facilidades, o uso maior da tecnologia”.

“Juntei ao bolo minhas experiências locais. Nós queríamos homenagear a Bahia, pensamos em tudo que Salvador, sua música e arte nos transformou, nos metamorfoseou. Criamos o modelo a partir dessas conversas e juntamos meus contatos com bandas e pessoas afim de fazer acontecer”, relata.

Os inimitáveis The Honkers, foto Jane Figueiredo
E para fazer acontecer não teve grana de governo nem patrocínio. Os caras meteram a mão no próprio bolso.

“Não é como se (edital de governo) não fosse a minha, eu até me inscrevo nos editais que aparecem, mas já fui apenas habilitado, não selecionado num desses de circulação. Patrocínio, apesar de ser bem escasso, ainda é uma opção que não foi descartada. Mas nós conseguimos bancar esse evento principalmente pela razão de uma estratégia desenvolvida para recompensar e firmar uma parceria com cada projeto que se apresenta no evento. Investimos sim, no aluguel da casa e  nos custos fixos de produção. Mas assim pudemos abrir um pouco a bilheteria para as bandas, que ganham inteiramente uma quantidade de ingressos virtuais que ela pode vender antecipadamente e obter sua própria ajuda de custo”, conta.


Com vocês, o Cravo Estúpido! Digo, Rosa Idiota! Foto Fernando Gomes
Outra estratégia foi visitar os hostels da cidade, abordando os turistas mais arrojados e a fim de conhecer uma outra Salvador.

"Turistas que se aventuram a ficar em hostels, que é basicamente um nome bonito pra albergue, você percebe que esse novo tipo de turista está muito mais interessado em socializar, em conhecer pessoas (até porque geralmente dormem em quarto de muitas pessoas) e PRINCIPALMENTE viajam sozinhos, sem família, no máximo com um grupo de amigos, descobrimos aí um novo tipo de estereótipo pra turistas e é nessa galera que focamos a divulgação e a abordagem. Acreditamos que esse tipo de atitude pode mudar significativamente a produção cultural alternativa na cidade, por mostrar um campo que deve ter o máximo de atenção e que só vem a agregar pra cidade, pro turismo e pra o evento em si", afirma Kairo.

O DJ  e jornalista Luciano el Cabong Matos, foto Aila Cabral
Com o festival e essas estratégias, Kairo acredita estar impactando o cenário alternativo e a forma de produzir na cidade.

"Acredito que já estamos impactando, pois sempre acredito que o exemplo é muito mais poderoso do que a palavra e que o fato de eu conseguir, simplesmente com a ajuda de um amigo, fazer um festival que junta 15 atrações numa mesma noite, numa mesma casa de show, contando com a parceria e a troca mútua entre todos os projetos, onde prezamos por participação popular, seja nos concursos que estamos fazendo, seja no preço do ingresso e na acessibilidade geral, e também nesse olhar diferenciado ao turista jovem e que viaja atrás de aventuras, de novos ambientes e novas pessoas que podem agregar muito a musica contemporânea e fazer o turista poder experimentar uma Bahia moderna, uma Bahia de agora, dando outro significado à festa na Bahia. Além disso tudo, o fato de unir tanto artista diferente, tocando um atrás do outro, na nossa cabeça já serve como um caldeirão de novos projetos e novas ideias que podem vir a surgir. Também queremos fazer as pessoas se sentirem a vontade em ficar numa casa de show por uma noite inteira, quando há música boa, entrada justa, bebidas ótimas e atendimento legal", defende.

DJ Lord Breu, foto Pâmela Sanoli
“Acho que estamos fazendo algo que essa cidade merece, que os artistas merecem e queremos fazer o público acreditar que eles também merecem e podem fazer parte dessa Metamorfose da fruição musical e artística que pode haver entre uma produção e seu público, entre artistas e outros artistas, entre público local e turistas, entre o rock alternativo e o axé alternativo, essa interação que é sempre evitada, mas que afinal é ela que buscamos. Estamos aqui por uma mudança de paradigma e acreditamos já ter chamado bastante atenção sobre isso e pensamos que o evento vai firmar essa nossa ideia e vontade, deixando uma energia nova e poderosa flutuando na capital baiana. Let music take control”, conclui Kairo.

Metamorfose Musical Festival / Com Kung Fusion (USA), Nancyta, Sants (SP), The Honkers, Suinga, Lord Breu, DJ el Cabong, May HD + Junix, MAPA, Rosa Idiota, SOFT PORN, Pivoman, Zaul, DiCerqueira e A Favna / Sábado, a  partir das 18 horas / Club Bahnhoff (Rio Vermelho) /  R$ 15

NUETAS

Thiago Trad quinta

Thiago Trad (ex-Cascadura) faz último show da temporada de lançamento do seu belo álbum solo Moscote. Quinta-feira, 22 horas, no Bombar (Rua Canavieiras 24, Rio Vermelho), entrada livre.

Pastel no Bardos

Agora segura que o sábado tá concorrido. Além do festival ao lado, vai ter mais uma ruma de show legal. Começando com o duo punk Pastel de Miolos no show de lançamento do seu EP finlandês (veja abaixo) neste sábado, com Ramoníacos. 17 horas, no Bardos Bardos, pague quanto quiser.

Retrofoguetes free

Os fabulosos Retrofoguetes fazem matinê sábado, no  Mercadão.CC. Dá pra levar até as crianças: 17 horas, gratuito. O local também aceita pets.

Marconi, Ander Leds

O bardo folk punk Marconi Lins e a rapaziada jovem da banda Ander Leds (ei, esses meninos tem um violino?) se apresentam no  Barão Night Pub (Rua João Gomes 63, Largo da Dinha, RV). Sábado, 22 horas, entrada gratuita.

Nova Era, Vandal...

Em outro canto da cidade, o hip hop dá as cartas com o grupo Rap Nova Era e o cultuado rapper Vandal.  Abertura a cargo da DJ Belle (Contenção 33) e de Cronista do Morro. Na ambientação, projeções de Core e Super Afro. Sábado, 20 horas, no Sesc Pelourinho. R$ 20 e R$ 10 ou R$ 16 (comerciário).

Um comentário:

  1. pior que bateu uma gripe danada...mas vou me cuidar pra tocar lá pras 4 da matina como se fosse 7 da noite...mesmo agora quarentão...o rock sujo não pode parar!!!

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