Alita: Anjo de Combate traz cultuado mangá para as telas em filme divertido
Pinóquio, o azarado boneco de pau criado por Carlo Collodi em 1881, sofreu horrores em sua busca por se tornar menino de carne e osso.
Na super-produção Alita: Anjo de Combate, acompanhamos a busca similar de uma menina ciborgue.
Só que, ao invés de querer se tornar gente, Alita já é tão tecnologicamente avançada que é capaz até de se apaixonar. De chorar.
E no final, sua busca é, na verdade, para descobrir a sua própria origem.
Baseado no cultuado mangá de Yukito Kishiro, Alita: Anjo de Combate conta com a direção de Robert Rodriguez (das franquias Sin City e Spy Kids) e produção do deus do cinemão James Cameron. Ambos escreveram o roteiro em parceria com Laeta Kalogridis (da série Carbono Alterado).
No elenco, a pouco conhecida Rosa Salazar (Bird Box) confere a humanidade necessária sob a roupa de sensores que na tela se torna a encantadora menina com enormes olhos de mangá cor de mel.
No mundo futurista / distópico do filme, Alita tem sua cabeça encontrada no lixão pelo bondoso cientista Dr. Ido (Christoph Waltz).
O lixão recebe os detritos da cidade flutuante de Zalem, onde vive a elite econômica que explora os habitantes de Iron City.
Ido leva o resto de ciborgue para casa e a reconstrói com partes avulsas, chamando-a de Alita, em homenagem a sua filha morta.
Alita, porém, uma vez desperta, não tem qualquer lembrança de sua vida antes de ser descartada.
Só que Ido também guarda seus segredos e, ao segui-lo quando sai de casa sorrateiramente uma noite, Alita descobre que é dona de absurdas habilidades de luta ao ser obrigada a enfrentar um monstruoso ciborgue de combate.
A trama ainda traz algumas surpresas ao incluir um campeonato brutal similar ao Rollerball (do clássico filme sci-fi de 1975) só que para ciborgues, um interesse amoroso humano para Alita (Keean Johnson), um sinistro traficante de peças cibernéticas (o badalado Mahershala Ali) e sua cúmplice (a sempre maravilhosa Jennifer Connelly), além de um misterioso manipulador que assiste a tudo da cidade flutuante.
O resto, convém descobrir diante da tela.
Glorioso CGI
Adaptações de mangás para o cinema são sempre um terreno pantanoso.
Que o digam Speed Racer, Dragonbal Evolution e Death Note, só para ficar nos casos mais escandalosos.
Contudo, Alita até que não se saiu mal, assim como o recente A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell (2017), ao se manter fiel ao material fonte, mas traduzindo-o com habilidade para o telão.
Obviamente, a produção Classe A de James Cameron (Avatar) deve ter ajudado muito para a verossimilhança em glorioso CGI.
De cara, pode-se dizer que todo o trabalho de design (de cenários, roupas, objetos e ciborgues) e as cenas de ação são de uma qualidade difícil de criticar.
Em suma, é um trabalho de cair o queixo.
Como nem tudo é perfeito, há problemas. O principal é o roteiro, que às vezes se atropela com o entra e sai de personagens de forma aleatória e que até mudam de lado sem deixar clara a motivação.
O final é brusco e sem aviso, deixando soltas uma pá de pontas que o filme foi jogando ao longo da projeção.
OK, ninguém é menino para não entender que este é apenas o primeiro capítulo de mais uma mega-franquia que se inicia. Mas que terminou esquisito, terminou.
Nada disto porém, inviabiliza a experiência divertida que é assistir Alita, uma personagem até então restrita ao universo dos fãs de mangá e que chega com potencial para inspirar muitas meninas guerreiras por aí.
Alita: Anjo de Combate (Alita: Battle Angel, 2019) / Dir.: Robert Rodriguez / Com Rosa Salazar, Christoph Waltz, Ed Skrein, Mahershala Ali, Jennifer Connelly, Keean Johnson, Jackie Earle Haley / Cinemark, Cinépolis Bela Vista, Cinépolis Shopping Salvador Norte, Cinesercla Shopping Cajazeiras, Mobi Cine Salvador, UCI Orient Shopping Barra, UCI Orient Shopping da Bahia, UCI Orient Shopping Paralela
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
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