Johnny vai á guerra! Fotos Luca Oliva |
As canções que Johnny incluiu no repertório passam pela MPB “marginal” de Jorge Mautner (Lágrimas Negras), Jards Macalé (Movimento dos Barcos e Vapor Barato) e Sérgio Sampaio (Botar Meu Bloco na Rua), homenageiam Caetano Veloso (Esse Cara) e Monsueto (Mora na Filosofia) e ainda dá um voo rasante no pop rock internacional, com canções de Madonna (não divulgada), Prince (Purple Rain) e David Bowie (Heroes).
Enfim, é um show de memória afetiva (mas não só). Ainda assim, como mexe com afetos, é sempre complicado montar um repertório para este tipo de show.
“Exatamente. Quando você para pra pensar o leque de referências, de músicas que marcaram a sua vida, é muita coisa. Mas, acredito que conseguimos fazer uma seleção que, embora não inclua todo mundo que eu gostaria, representa bastante do universo que me ‘construiu’, por assim dizer”, conta Johnny, em entrevista por email.
“Quando eu canto Vapor Barato, estou cantando Jards, mas também estou referenciando Gal, então em algumas músicas dá para abarcar o universo em torno das canções também e, assim, incluir mais coisas”, acrescenta.
Salvo raras exceções (aqueles que não tem gosto), costumamos desenvolver nosso gosto musical em dois momentos: primeiro, ouvindo o que nossos pais ouvem em casa.
Depois, desenvolvemos nosso próprio imaginário, descobrindo aquilo com o que nos identificamos – via TV, rádio, internet e dicas dos amigos.
No show, Johnny dividiu esses dois momentos em três: passado, presente e futuro.
“Primeiro, passeamos pela infância, meus primeiros anos no Recife, meus pais, a efervescência cultural que se deu na cidade nos anos 90 e que eu pude experienciar”, conta.
“Depois, partimos para um bloco mais de comentário político e de como o Brasil, por não encarar de frente suas principais questões, como a desigualdade e o racismo, tropeça em si mesmo permanentemente. É um comentário sobre o autoritarismo e o conservadorismo, que são duas coisas extremamente presentes na nossa sociedade desde sempre”, afirma.
A terceira parte é a utopia, o futuro projetado que nunca chega, mas o qual jamais devemos deixar de desejar.
"Olhe nos meus olhos. Você está com sono, muito sono" |
Johnny está atento
No palco, Johnny se apresenta acompanhado de quatro músicos: Joana Cid (baixo), Artur Danta (teclado), Tiago Duarte (bateria e percussão) e Felipe Rodrigues (guitarra).
Feliz por se apresentar em Salvador, Johnny parece estar mais ligado na produção musical contemporânea local do que muita gente por aí: “Eu amo a Bahia e a cidade está muito presente no imaginário do meu segundo disco, Coração (2017)”, afirma.
“Estou sempre atentíssimo a produção musical do estado, que como Pernambuco, também está sempre revelando novos artistas incríveis. Tenho escutado Luedji Luna, Xênia França, Hiran, Majur... É muita gente talentosa e com muita coisa a dizer”, afirma.
Para concluir, segue um apelo do artista: “Seria um sonho participar do Carnaval de Salvador este ano ainda! Nunca participamos do Carnaval daí, apesar dele fazer parte do nosso imaginário da maneira mais linda possível! Será que tem um palco pra gente?”. Com a palavra, os produtores.
Johnny Hooker: Maldito! / De hoje à domingo / 20 horas (De hoje à sábado) e 19 horas (domingo) / CAIXA Cultural Salvador / R$ 30 (Inteira) e R$ 15 (Meia) / 12 anos
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