Caru, foto Filipa Aurélio |
“Ana (Paula Albuquerque, a professora) pediu para que eu buscasse ele (José Carlos Capinam) em casa e fôssemos juntos pra Escola (Baiana de Canto Popular). Eu já fiquei nervosa, né? Imagine, Capinan do meu lado ali no carro”, relata a jovem artista.
Depois da palestra do Tropicalista histórico, foram almoçar. Em meio a cafés e haicais, o poeta afirmou ter escrito versos perfeitos para a cantora.
“Levei o poema pra casa, para fazer uma canção. Hoje, estamos aqui, falando sobre essa parceria, que dei o nome Umbigo de Vênus, gravada no Estúdio Marini (RJ) e com um time de primeiríssima”, conta Caru, felicíssima.
Auxiliada por Paulo Mutti (produção, arranjos, guitarras e teclados), Alberto Continentino (baixo), Cesinha (bateria) e Kassin (mixagem), Caru botou Umbigo de Vênus, sua parceria com Capinam, nas plataformas digitais, onde espera sua apreciação atenta.
Residente no Rio, esta inquieta feirense, arquiteta de formação, tem construído sua carreira à margem de grandes esquemas, mas, como se vê, muito bem assessorada.
Em seus planos não está a gravação de um álbum (“Não conseguimos mais consumir um álbum completo da forma como gostaríamos”, percebe), mas seguirá gravando singles, EPs e clipes.
"Vivemos num ritmo hiper acelerado, pautado em 15 segundos de 'stories' de aplicativos ou de vídeos de 1 minuto de duração. Quando o uso da plataforma streaming de música subiu vertiginosamente entre os usuários, logo logo se tornou o principal referencial de mercado no setor, então escolhi parar um pouco e entender esse novo público e a nova forma de consumir música hoje. A partir dessas reflexões, tracei um plano para investir em singles e trabalhar muito o lado audiovisual e artístico, tudo que complemente o single e ofereça uma experiência, além da esperada. Nesses últimos meses, por exemplo, foquei meus estudos na área de video mapping e design, agregando à minha primeira formação de arquiteta (com vasta experiência em cenografia), com intuito de enriquecer ainda mais a experiência que quero dar a vocês. Podem esperar novidades constantes, sem parar! Já estão no forno o clipe de “Umbigo de Vênus”, dois singles com participações queridas e ainda outro videoclipe", detalha a moça.
Quase morta, muito viva
Caru, foto Filipa Aurélio |
“Cheguei em Salvador com o intuito de gravar e preparar materiais bacanas para 2019. Aliás, estou doida para fazer novas parcerias e já estou paquerando o jeito de produzir do Gabriel”, avisa a moça.
Ultra-espiritualizada em suas reflexões e produções, Caru atribui esta condição à uma experiência de quase morte pela qual passou.
“Aos 17 anos, no dia 17 de dezembro, sofri um acidente de carro bem grave lá em Feira de Santana e quase perdi minha mão direita. Acho que não me dou bem com esse número”, ri.
Caru passou três meses internada em Salvador e foi aí que passou pela EQM.
“Que nada mais é que um estado alternativo de consciência. Sensações inexplicáveis de conforto e paz, análise de vida, luz branca, silhuetas e retorno ao corpo físico. Tudo o que eu disser sobre essa experiência será menor do que foi realmente sentido. É algo além. Contudo, essa experiência me refez como ser humano apenas com 17 anos. O meu processo se iniciou ali e não parou mais. Autoconhecimento, silêncio, respiração, acolhimento, observação e outros exercícios começaram a fazer parte do meu caminho como indivíduo”, detalha.
"As experiências de vida que tive até aqui me fizeram refletir sobre absolutamente tudo. O caminho - acredito - não é negar o mundo materialista que vivemos (invariavelmente), é nadar de forma harmônica sem perder a sanidade e empatia. Logicamente que num mundo “ideal” eu jamais estaria pensando em marketing, produção executiva, assessorias, gráficos, públicos, consumo, etcetera etcetera etcetera, tava só fazendo música e cantando para o vento. Faço isso hoje? LÓGICO, e MUITO (!!!!) Mas não só isso. Preciso compreender o funcionamento deste mundo para saber como faço o uso da minha consciência espiritualizada. O fazer da arte com bases espirituais fortes foi a chave para aprimorar a forma de me comunicar com estes indivíduos tão diferentes - mas tão iguais - que o formam", prossegue.
"Vamos reaprender a conversar - AO VIVO - com as pessoas, reaprender a paquerar sem o uso de aplicativos. Não sejamos colecionadores infinitos de 'matchs'. Vamos voltar a colecionar afeto? Não queira colocar cada um em uma caixinha. É inútil. Homens, não nos podem. Homens, entendam a nossa luta. Meninas que ainda não entendem, vamos conversar de cabeça aberta sobre feminismo. Nós lutamos também por vocês. Não sejamos radicais. Vamos voltar a nos olhar nos olhos. Vamos usar a tecnologia a favor da saúde comportamental, como verdadeiros transformadores que somos. Não deixe seu amigo isolado em casa, ele pode precisar de você. Ofereça conversa acompanhada de um café e bolo de fubá. Ofereça um abraço sem motivo. Se doe. Pra que esse medo? Pra que esse medo de falar? Pra que esse medo de amar? Seja do jeito que for, seja quem quiser ser. Agora. Ame", conclui.
Sarau Som das Sílabas / Gabriel Povoas com os convidados Caru e Luar Méndez / Dia 26, as 19 Horas / Pastelaria Flor do Lácio (R. Euler de Pereira Cardoso, Stella Maris) / Acesse: www.caruoficial.com.br
NUETAS
IFÁ Manifesta sexta
A espetacular IFÁ faz seu baile Manifesta sexta-feira no Commons Studio Bar. 22 horas, R$ 15 (Sympla) e R$ 25.
Ian Cardoso no Sesi
O guitar hero Ian Cardoso (Pirombeira) faz seu show solo Reina no Teatro Sesi. Sexta-feira, 20 horas. R$ 30 e R$ 15.
Ronei com Baile E.N.
Ronei Jorge faz Sessão Especial no Commons, sábado. 20 horas, R$ 20. Com o mesmo ingresso, curta o Baile Esquema Novo que é logo depois.
Natal rock ‘n’ roll
Vivendo do Ócio, Canto dos Malditos e Selvagens a Procura de Lei fazem Natal antecipado no Largo Quincas Berro D’Água. Domingo, 17 horas, ingressos no Sympla.
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