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sexta-feira, novembro 30, 2018

MARK JOHNSON (PLAYING FOR CHANGE): "NADA É MAIS FORTE DO QUE O PODER DA MÚSICA"

Um dos primeiros fenômenos musicais da internet, o Playing For Change volta hoje a Salvador, na Concha Acústica do TCA, quatro anos depois da sua estreia na cidade.

PFC Band em ação, foto Wadih Chlink / Divulgação
No palco, 11 músicos de diversos países, línguas e estilos, todos em torno de um mesmo objetivo: levar uma mensagem de paz e positividade pelo mundo por meio da música.

Atenção para a chamada com nome, instrumento e país de origem dos músicos: Grandpa Elliott (voz e gaita, EUA), Mermans Mosengo (voz, percussão, guitarra, do Congo), TIti Tsira (voz, África do Sul), Chantz Powell (vocal, trompete, EUA), Louis Mhlanga (voz, guitarra, Zimbábue), Robin Moxey (voz, guitarra,  EUA), Roberto Luti (guitarra, Itália), Mateo (sax, França), Claire Finley (baixo, EUA), Ehssan Karimi (bateria, Irã - EUA) e Keiko Komaki (teclados, Japão).

Na entrevista, Mark Johnson, produtor e fundador, fala sobre o PFC, o show, os músicos e o mundo hoje.

Como vai ser o show em Salvador? Que músicas vocês vão tocar? Tem participação de  algum músico local prevista? Vi que no vídeo de Sittin’ On The Dock of The Bay (clássica canção de Otis Redding) tem alguns artistas de Salvador.

Mark Johnson: A banda PFC está voltando a Salvador, um de nossos lugares favoritos no mundo para fazer música. Estamos chegando com uma banda de 11 músicos de oito países diferentes, incluindo Grandpa Elliott, de Nova Orleans. Também receberemos no palco por um grande artista local de reggae, Paulo da Luz, que vai cantar Rasta Children com a banda. Este clássico de Dennis Brown (1957-1999, astro jamaicano do reggae) está em nosso novo álbum, chamado Listen to The Music.



Como  faz para juntar e organizar tantos músicos de tantos países e línguas diferentes em torno de um projeto (e um repertório) em comum? Isso não pode ser simples.

MJ: A música nos une. Este ano a PFC Band completa dez anos e assim somos como uma família que fala muitas línguas diferentes, mas que usa a música como linguagem comum. Cada artista traz diferentes canções e estilos musicais, daí nós combinamos tudo junto, pois acreditamos que a world music acontece quando o mundo faz música junto.

Todos os artistas da PFC Band são músicos de rua? Existe alguma característica em particular dos músicos de rua?

MJ: Nem todos os membros da PFC Band são músicos de rua. Começamos nas ruas para nos conectarmos com as pessoas pelo coração, mas o Playing For Change sempre foi sobre música e qualquer um que queira tocar, das ruas para os palcos e aos corações das pessoas. Grandpa Elliott e Roberto Luti vieram das ruas, mas Louis Mhlanga, do Zimbabwe e África do Sul é uma lenda da guitarra no continente africano e, juntos, eles mostram ao mundo que grandes talentos podem ser encontrados em todo canto.

O fantástico Grandpa Elliott na gaita, foto Vinicius Grosbelli / Divulgação
O Playing For Change foi um dos primeiros grandes fenômenos musicais da internet, com o vídeo de Stand By Me. Vocês esperavam tamanha aclamação mundial?

MJ: Enquanto viajávamos pelo mundo gravando Stand By Me, tínhamos consciência de que estávamos criando algo especial unindo músicos de tantas origens diferentes, mas nem imaginávamos que o vídeo seria assistido mais de 100 milhões de vezes em mais de 195 países. Isso significa que mais de 100 milhões de pessoas viram o mundo de uma forma nova, um mundo unido por um coração e uma canção, um sonho tornado realidade para todos os músicos e demais envolvidos no Playing For Change.

O Playing For Change já é um movimento de 16 anos. Porém, o mundo parece um lugar cada vez menos unido e amigável, com nacionalistas, políticos e militantes de extrema direita em ascenção no mundo todo, inclusive no Brasil. O que deu errado?

MJ: Uma grande lição que aprendi nesses 16 anos trabalhando com o Playing For Change é que não importa quantas coisas venham nos dividir na vida, nada é mais forte quanto o poder da música para nos unir. Eu percebo que o mundo está mesmo parecendo um lugar cada vez menos amigável, mas o mundo também é grande, e há luz e amor em todos os lugares que percorremos. Como diz a famosa canção, “talvez não seja tarde demais para aprender a amar e esquecer como odiar” (“Maybe it's not too late / to learn how to love / and forget how to hate”, da música Crazy Train, de Ozzy Osbourne). Todos nós podemos aprender muito com a música, e agora, mais do que nunca, devemos deixar o amor triunfar sobre o ódio em todo o mundo.

Vejo que a Fundação PFC criou escolas de música e programas de educação musical em várias partes do mundo. Alguma chance de termos uma dessas aqui em Salvador?

MJ: Temos um novo programa de educação musical do PFC no sul do Brasil, em Curitiba, e adoraríamos criar um outro em Salvador. Na primeira vez que visitei Salvador, perguntei a uma pessoa daí onde poderia encontrar um bom percussionista na cidade, e ele riu e me falou que se eu balançasse uma árvore, cairia um monte de músicos. Eles estão em todo canto. Um lugar musical como Salvador é um sonho para visitarmos, nos apresentar e, espero algum dia, trabalhar com a comunidade local para criar um programa musical da Fundação PFC no futuro. Outra importante lição que aprendi com o Playing For Change é que alguns sonhos se realizam.

Playing For Change / Hoje, 19 horas / Concha Acústica do Teatro Castro Alves / R$ 100 e R$ 50 / Camarote: R$ 200 e R$ 100 / Vendas: bilheteria TCA, SACs Barra e Bela Vista e no www.ingressorapido.com.br

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