"Os meus olhos coloridos me fazem refletir" |
Essencialmente história de origem do personagem, ao filme se seguirá uma série de TV com mesmo elenco e equipe, em 2019, no canal Space.
Direto ao ponto: O Doutrinador é superficial de doer – mesmo para um filme de, digamos, “super-herói”.
Seu roteiro, que passou por nada menos que 14 mãos, é problemático e crivado de clichês.
Seu protagonista surge praticamente do nada, em uma espécie de epifania no meio de uma situação tensa, de forma muito inverossímil – e ainda sofre pela pouca expressividade do ator que o encarna, Kiko Pissolato, uma espécie de Henry Cavill (ator do Superman mais recente) brasileiro: imponente e bonitão, mas com rosto de pedra, sem nuances.
Mas calma, não é um caso de perda total. A fotografia, que aproveita muito do caótico e luxuoso cenário urbano de São Paulo (embora a trama se passe numa tal de Santa Cruz) é sombria e colorida ao mesmo tempo, pertinente ao tema e ao clima do filme.
As cenas de ação, quando se restringem a uma escala menor, também não ofendem, com lutas bem coreografadas e efeitos razoáveis.
O mesmo não se pode dizer de cenas em escala maior, as quais felizmente, são poucas.
A cena do auge final chega ser constrangedora, recorrendo a uma computação gráfica chinfrim digna de filmes classe Z americanos, daqueles que são lançados direto em DVD.
Contagem de clichês
"Nossa, que cassetete grande você tem" |
Seu alter ego é Miguel, membro de um esquadrão de elite da Polícia Federal que – surpresa –, está investigando um gigantesco esquema de corrupção envolvendo políticos influentes (clichê 1, vá anotando), como o governador Sandro Correia (Du Moscovis no automático).
Separado e com uma filhinha, Miguel sofre, como todo herói, uma grande tragédia pessoal (clichê 2).
No trabalho, a investigação tem um revés e os políticos que Miguel tem certeza de que são culpados são liberados pela Justiça, enquanto sua força-tarefa é limada do caso (clichê 3).
Deprimido, Miguel se isola e sai para correr pela cidade de abrigo esportivo ouvindo rock pesado nos fones (clichê 4).
A partir daqui o filme se perde de vez, com o personagem “se descobrindo” um super combatente do crime com as mãos nuas, entrando e saindo de lugares vigiados sem entendermos como ou por que.
Assumida a identidade do vigilante, ele ainda encontra uma aliada na hacker-gatinha-punk (clichê 5) Nina (Tainá Medina).
Conclusão: assista por sua própria conta e risco. E melhor sorte na série de TV.
O Doutrinador / Dir.: Gustavo Bonafé / Com Kiko Pissolato, Samuel de Assis, Tainá Medina, Eduardo Moscovis / Cinemark, Cinépolis Bela Vista, Cinépolis Shopping Salvador Norte, Cinesercla Shopping Cajazeiras, UCI Orient Shopping Barra, UCI Orient Shopping da Bahia, UCI Orient Shopping Paralela / 12 anos
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