Ederaldo. Foto Arquivo A TARDE |
A iniciativa foi do seu sobrinho, o também músico e produtor Luisão Pereira, que já integrou bandas como Dois Em Um e Penélope.
Hoje, ele também estará à frente da banda que presta tributo ao sambista em show de lançamento da caixa e do site (www.ederaldogentil.com.br), com BaianaSystem, Larissa Luz, Josyara e o pernambucano Zé Manoel.
Em Acervo, de tiragem limitada, estão os álbuns Samba, Canto Livre de Um Povo (1975), Pequenino (1976), Identidade (1984) e o póstumo Raridades 1968-1981, exclusivo desta caixa.
No site oficial é possível ouvir todas as faixas de todos os discos, além de saber mais sobre Ederaldo através de textos, fotos e vídeos.
Autor de clássicos do samba como O Ouro e a Madeira, Rose e A Saudade me Mata, Ederaldo tinha aquela qualidade poética delicada, uma certa singeleza característica dos grandes sambistas como seu contemporâneo (e parceiro) Batatinha, o carioca Cartola e o paulista Adoniran Barbosa.
“Ederaldo era irmão do meu pai. Ele morreu cedo, com 68 anos. Achei que ia fazer algo com ele ainda em vida. Meu projeto mesmo era produzir um disco e um show dele”, conta Luisão.
Infelizmente, não foi assim que aconteceu. “Depois do velório, a filha dele, Sandra, me procurou: ‘Primo, a gente tem que manter a obra dele viva’. Comecei a pensar de que maneira eu poderia escoar a obra de Ederaldo. E não só pelo parentesco. Como produtor acho a obra de Ederaldo genial. Ele foi bem popular nos anos 70, depois deu uma sumida. Mas suas canções seguem e são gravadas até hoje”, diz.
Com o projeto de recuperação da obra de Ederaldo – até então inédita em CD – aprovado na Natura Musical, Luisão levou três anos só negociando com a Warner, dona do selo Chantecler, pelo qual Ederaldo gravou seus dois primeiros álbuns, pela liberação dos fonogramas.
“(As fitas master) Estavam no porão da Warner, que deixou os discos fora de catálogo. Aí foi aquela burocracia com advogados ‘a Warner não vai lançar e vocês não podem lançar’”, conta.
“Depois de duas viagens ao Rio e três anos de troca de emails e telefonemas, conseguimos. Fizemos uma quantidade limitada, que não pode ir para as lojas. Mas criamos uma plataforma no site, está tudo lá pra ouvir. Agora vamos negociar pra botar nas plataformas de streaming”, diz.
Hoje, Luisão e uma banda de apoio prestam o devido tributo à Ederaldo no palco do TCA, ao lado de grandes artistas contemporâneos que reconhecem a influência da obra do sambista.
“Tem sido muito emocionante ensaiar com esses artistas e ver que as músicas seguem muito atuais. Com a ajuda deles, esperamos que a música de Ederaldo alcance um novo público”, diz.
Além das tradições
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“A obra de Ederaldo é a prova de que o samba não é uma música encastelada no nicho da tradição, é música de invenção também. No entanto, o senso comum encastela o samba nesse nicho”, afirma.
Como exemplo, ele cita a faixa-título do LP Identidade, em que Ederaldo canta os números do próprio RG: “05342635 / é o meu número o meu nome / Minha identidade/ Minimo salário é o meu ordenado/ 12 horas de trabalho / Que felicidade, que felicidade”.
“Esse mesmo procedimento tem numa canção de Tom Zé no disco Nave Maria (1984) em que ele lista os documentos dele. Gosto de bater nessa tecla: o sambista não é só guardião de tradições, ele também tem seus arrojos”, conclui.
Acervo Ederaldo Gentil / Show de lançamento com BaianaSystem, Larissa Luz, Zé Manoel e Josyara / Hoje, 20 horas / Teatro Castro Alves / R$ 20 e R$ 10
Acervo Ederaldo Gentil / Ederaldo Gentil / Natura Musical / Caixa com quatro CDs: Preço não divulgado / Ouça: www.ederaldogentil.com.br
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