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segunda-feira, fevereiro 19, 2018

A VIDA DOS PYTHONS

Livro inédito no Brasil traz a história oral da trupe inglesa Monty Python, que revolucionou a comédia nos anos 1970. Importância do grupo é ressaltada em texto de apresentação por Gregório Duvivier


Monty Python forévis: Eric Idle, Graham Chapman, Michael Palin, John Cleese, Terry Jones e Terry Gillian
Seis jovens  mais ou menos bem-nascidos – cinco ingleses, um norte-americano –  se juntaram no final dos anos 1960 para fazer comédia. E o humor nunca mais foi o mesmo.

Agora, a história desse grupo está  no livro Monty Python: Uma Autobiografia Escrita por Monty Python, lançado no Brasil pela pequena porém brava editora santista Realejo.

Do programa Saturday Night Live (no ar nos EUA desde 1975) ao Porta dos Fundos, todo mundo que faz humor foi influenciado pelo Monty Python.

Sem MP não haveria TV Pirata, Casseta & Planeta, South Park, Marcelo Adnet, Mike Myers (Austin Powers), Hermes & Renato etc.

Até o clássico local A Bofetada guarda alguma influência do Python.

Não a toa, Gregório Duvivier (Porta dos Fundos)  assina o ótimo texto de apresentação.

No Brasil, o grupo é mais conhecido pelos seus três principais filmes que, volta e meia, passam na televisão: Em Busca do Cálice Sagrado (1975), A Vida de Brian (1979) e O Sentido da Vida (1983).

Só que a carreira dos Pythons começou bem antes desses filmes.

Começou antes mesmo do programa Monty Python’s Flying Circus, que teve quatro temporadas e foi exibido pela BBC entre 1969 e 1974.

Toda essa história está detalhadamente contada pelos próprios membros do Python.

John Cleese e Graham Chapman relaxam nas filmagens d'O Cálice
Organizado pelo jornalista  Bob McCabe, o livro é a história oral do Monty Python contada em uma sucessão de depoimentos colhidos por ele em entrevistas com cinco dos seus seis membros – a exceção é Graham Chapman, morto em 1989 e que tem suas falas pescadas de entrevistas antigas.

Oxford versus Cambridge

Se há algo de negativo a ser dito do livro em si é o longo, longuíssimo preâmbulo até a formação do grupo, que só se dá lá pela página 220, o que é quase metade do livro em si.

Ainda assim, não deixa de ser divertido ler sobre a infância e adolescência de figuras tão peculiares crescendo na Inglaterra do pós-guerra, fissurados por rock ‘n’ roll e The Goon Show, o clássico programa cômico de rádio que revelou o gênio Peter Sellers.

O que fica claro – algo que os fãs brasileiros nem desconfiavam – é que o MP sempre foi dividido em dois subgrupos nomeados a partir das universidades que alguns de seus membros frequentaram: Oxford (Terry Jones e Michael Palin) e Cambridge (John Cleese e Graham Chapman).

Eric Idle também foi de Cambridge, mas era mais novo que Cleese e Chapman, portanto não era tão próximo.

Os lendários espetáculos no Hollywood Bowl que depois viraram filme
E Terry Gillian, bem, era (é) americano e foi apresentado aos Pythons de última hora, uma sugestão do produtor da BBC Barry Took.
 
Após anos fazendo teatro em paralelo, os dois subgrupos foram parar na TV, atuando em programas como The Frost Report e Do Not Adjust Your Set.

Fascinado pelo humor nonsense de Jones, Palin e Idle em Do Not Adjust..., Cleese procurou os três rapazes para sugerir que fizessem alguma coisa juntos.

O resto é comédia – digo, história.

Com o sucesso na TV, o grupo se tornou célebre no Reino Unido e, pouco depois, no resto da Europa e nos Estados Unidos.

Os Beatles eram seus fãs. Não por acaso, George Harrison foi um dos produtores d’O Cálice Sagrado e de A Vida de Brian.


Alcoólatra – e único homossexual declarado do grupo, chegou mesmo a fazer uma festa em 1967 para anunciar o fato em público – Graham Chapman morreu em 1989, de câncer de garganta.

Terry Jones, que dirigiu os filmes, hoje aos 76 anos, luta contra o Alzheimer.

Terry Gillian, como sabemos, se tornou um dos diretores mais respeitados de Hollywood desde Brazil, O Filme (1985).

Gênios – todos eles – os Pythons transformaram um despretensioso grupo de comédia em uma marca indelével de iconoclastia na cultura pop.

Monty Python: Uma autobiografia escrita por Monty Python / Bob McCabe (org.) / Tradução: Stephanie Fernandes / Realejo Livros / 432 p. / R$ 69,90

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