A artista mexicana Gimena Romero: oficina domingo. Foto Pedro Aragon |
Desta forma, haverá música e poesia, além das tradicionais exposições, oficinas e atividades infantis.
“O festival esse ano incorpora o ‘Expandido’ como uma disposição em negligenciar as fronteiras. Transcender essa ideia de linguagens e culturas herméticas”, afirma Flávia Bonfim, idealizadora e organizadora.
"Queremos poder construir um espaço-tempo em que possamos questionar esse modelo que nos foi ensinado e incorporado. A Leitura Expandida, nesse caso, seria então uma leitura que deve ir além da obviedade que o nosso sistema simbólico (palavras, imagens, sons, odores) já codificou e reitera constantemente. Essa expansão só se dá, ou só seria possível a partir dessa revisão, ou seja, é preciso questionar as premissas e transver o que nos é colocado. Aprender a ler refere-se a elaborar novas conexões, novas sintaxes. Por isso defendemos uma educação pela arte. A arte nos ensina muito sobre o estabelecimento de novas sintaxes", acrescenta.
Mateus Aleluia: show de abertura, hoje, com Arto Lindsay. Ft Vinicius Xavier |
“A curadoria do festival é feita por mim e costumo dizer que é também afetiva. Colocar pessoas juntas durante uma semana para pensar e estabelecer conexões exige uma atenção mais complexa. Não é só o que produzem, mas o que são, que nos importa. Busco trazer artistas criadores / questionadores, que estejam dispostos não só a apontar direções, mas também a repensar os próprios trabalhos e criar conexões com os acontecimentos cotidianos e políticos”, diz.
“Isidro Ferrer é um artista que define um pouco esse propósito de criação constante de novas sintaxes. Gimena Romero reafirma o poder artístico e narrativo da arte têxtil. Maria José Ferrada nos desconcerta com seu texto lúcido e de sintaxes invertidas. André Letria, com uma ilustração aparentemente simples, nos resgata das metáforas óbvias. E por aí vai”, descreve Flávia.
Ladeira, Vala e Kirimurê
Raíça Bonfim, foto Victor Gargiulo |
“O tema das feiras de publicação independente está ganhando muita força no Brasil nos últimos 10 anos. O grande ganho temos com esse fenômeno, além de fortalecer um contra-discurso ao do grande e cada vez mais difícil ‘mercado editorial’, é o da criação de novas maneiras, tecnologias de produzir livros e impressos. Essa criação esta relacionada não só aos métodos de impressão, onde muitas vezes há o retorno para uma ideia de gráfica lenta - aquela em que levamos em consideração a escala humana no que tange à velocidade e ritmo - mas também às relações de produção”, afirma Flávia.
“O que está por traz desses impressos é a beleza de um sistema cooperativo. A base desse modelo econômico e político é a solidariedade. Nessa edição, os expositores de outros estados e países se hospedarão na casa de pessoas da cidade articuladas pelo festival, por exemplo”, conta.
E quanto à revista Vala, que será produzida e rodada em uma impressora Risograph durante o festival? Seria uma paródia da famigerada Veja? "Tudo por ser tudo... e tudo por ser nada, depende da leitura", ri Flávia.
Mais que uma paródia de algum outro veículo duvidoso, ela é uma afirmação criativa de uma maneira de produzir conteúdos", explica.
Tenille Bezerra lança hoje o livro de poemas Rumor. |
III Festival de Ilustração e Literatura Expandido / De hoje até domingo / Palácio da Aclamação / Gratuito / www.ilustrafestival.com.br
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