Ícaro, Gabriel e Ákillas, foto Edgard Chaves |
Eram os tempos do glam hard rock (ou rock farofa) de bandas como Mötley Crüe, Bon Jovi, Poison, Cinderella, Ratt, Europe e muitas (muitas!) outras.
Seu reinado terminou quando um rapaz de nome Kurt despejou sua angústia adolescente nas paradas, em 1991.
Se a cena foi pro saco, o mesmo não se pode dizer da ideia das bandas glam – que remontam, pelo menos no visual, à ícones do rock dos anos 1970, como David Bowie e New York Dolls.
Está aí o power trio baiano Trigger, que não deixa o colunista mentir.
Armados com guitarra (Gabriel Heiligen, vocalista), baixo, teclado (Ícaro Bastos), bateria (Áquilas Gomes), laquê, batom e lápis de olho, o Trigger faz sua própria versão de heavy pop extemporâneo com categoria, caprichando nos arranjos vocais, típicos do estilo.
“Infelizmente não pude ser contemporâneo da grandiosidade dos anos 1980, pois nasci na década de 90. Além disso, nessa época o Hard Rock e suas vertentes ainda possuíam os holofotes dos veículos de mídia e em decorrência disso alcancei algumas coisas. Acredito que, como a grande maioria, foi no período da adolescência em que meu contato com Hard/Glam foi selado pela eternidade (risos). Por ter sempre um violão em casa e já vir de uma família com 'genética musical', acabei despertando interesse no instrumento e isso foi um catalisador para que conhecesse mais propriamente o estilo”, conta Ícaro.
“O álbum The Final Countdown (1986) da banda sueca Europe foi o grande responsável para que eu mergulhasse de cabeça nesse universo. Foi bastante impactante pra mim na época em que descobri a banda. Ainda hoje fico maravilhado com sensação de ‘Você pode ser e fazer qualquer coisa!’, que esse álbum me transmite. Acredito que esse o qual considero inclusive o maior apelo do estilo, foi responsável por me conquistar efetivamente, afinal as musicas comumente representavam tudo o que eles viviam intensamente o qual me identifiquei a primeira ouvida”, diz.
O baterista Ákillas, que também toca na Indominous do grande vocalista Ronaldo Pitanga, conta história similar: "Me identifiquei com o estilo apesar de não ter vivido os anos 80 mais por influência de meu pai, o qual além de ouvir muita música dessa época, possuía um visual bem Street, com direito a jaqueta de couro e calça jeans colada. Viver com isso se tornou um estilo de vida total pra mim, que além de colecionar vários discos de vinil e fitas cassete, desde a minha infância sinto como se eu estivesse nos anos 80... Algo como se meu espírito tivesse de fato vivido essa época. Como também nasci nos anos 90 ainda peguei muita coisa da época, como os estilos musicais e o visual. Sempre que escuto uma música ou disco automaticamente me vem o sentimento da alegria, das festas, das mulheres e da energia que o som transmite, que nos enche de prazer para sempre 'celebrar' juntos até o sol clarear".
Alegria de ser glam
Com um EP de quatro faixas já lançado, o Trigger participou de uma coletânea nacional de bandas de hard rock / AOR, Road Songs.
“No momento estamos divulgando paralelamente nosso Debut EP, que vem recebendo constantemente elogios da critica especializada e encontra-se disponível nas principais plataformas digitais como o Spotify, e a coletânea Road Songs, que pode ser adquirida diretamente conosco em nossa página oficial no facebook (www.facebook.com/triggeroficial). Entregamos em mãos ou despachamos pelo correio para todo o Brasil”, conta Áquilas.
"Nutrimos um grande carinho pela Road Songs Collection. A mesma foi idealizada em meados de 2016 pelo nosso grade amigo e parceiro Rodrigo Marenna e lançada em dezembro do mesmo ano, de forma 100% independente. O Marenna, que é gaúcho de Caxias do Sul e encabeça um projeto de Melodic Rock / A.O.R., que inclusive esta tendo um excelente retorno da critica especializada nacional e internacional, lançou a ideia, a qual foi logo de cara abraçada e apoiada por nós, totalizando assim seis bandas do Brasil (Marenna, RS | Adellaide, SP | Trigger, BA| Vallet, SP | Hot Foxxy, PR | FairOff, SP). Nós do Trigger tivemos a honra de participar desse projeto, principalmente por poder levar um pouco do nome da Bahia e do Nordeste para o mundo, fora que ter um registro em conjunto com aqueles que nós consideramos pessoas maravilhosas e do bem, era um desejo constantemente manifestado por todos. Este primeiro volume parte da ideia de unir nossos trabalhos que são direcionados ao Hard Rock, A.O.R e Melodic Rock, para divulgar material inédito das citadas bandas. São no total 11 faixas que apresentam toda musicalidade, diversidade e potencial das bandas e assim como estamos felizes pela recepção positiva do EP do Trigger, a Road Songs vem colhendo doces frutos, inclusive a mesma atravessou os oceanos e chegou ao Japão, sendo distribuída por lá pela ASM - Anderstein Music", relata Ícaro.
Enquanto isso, o trio vai gravando o primeiro CD. “O álbum já se encontra com as músicas devidamente selecionadas e compostas. Estamos atualmente na fase de pré-produção dos arranjos para podermos ter uma visão mais concreta das músicas e assegurar que todos os elementos que desejamos agregar se façam presentes no momento da gravação. Posso adiantar que se você gostou de nosso EP, esse disco será superior em termos de composição e em alguns momentos o flerte do peso e melodia se fará presente, mas claro sem deixar de ser ambientado e principalmente soar como as bandas mainstream dos gloriosos anos 80”, afirma Ícaro.
Nesse meio tempo, os membros da banda vão lidando com as dores e delícias de cultivar um visual tão carregado.
"Na minha família só alguns são mais conservadores, porém os demais já estavam acostumados por que sabem que eu sou um cara totalmente clássico e sempre gostei de usar esse visual extravagante, seja na rua ou para assistir shows. Já as pessoas da rua sempre falam comigo, mas alguns conhecidos mais próximos também já estão acostumados. Me lembro que no começo da banda o pessoal sempre jogava piadinhas, falavam e alguns, mais ortodoxos, nos criticavam demais por usar esse visual. A parte mais legal é que quando subíamos no palco para tocar, eles paravam e, após o show, até quem não era fã direto do estilo apertava a nossa mão e demonstrava respeito. É como costumo dizer: Não julgue antes de conhecer a pessoa ou o trabalho delas. Apenas observe o que elas são capazes de fazer", afirma Ákillas.
“Quando estamos indo ensaiar ou estamos em algum espaço público, estaríamos sendo hipócritas se falasse que algumas pessoas não desviam o olhar ou tecem comentários maliciosos, os quais sempre levamos no bom humor e fazemos questão de demonstrar com simpatia, a alegria do que é ser Glam. Em sua grande maioria, as pessoas principalmente perguntam o porquê estamos vestidos daquela maneira. Semana passada, por exemplo, eu estava no Shopping da Bahia e uma simpática atendente de uma loja de souvenirs achou meu visual bastante 'curioso' e veio me perguntar se eu era um Mágico (risos). Já outras de cara logo fazem uma associação do visual com a música e com isso acabam pedindo para tirar fotos com um sorriso e brilho estampado nos olhos. Admito que fico bastante orgulhoso quando isso acontece, pois para mim essa é uma das principais filosofias do Glam... Espalhar a alegria independente de idade, cor ou classe social”, conclui.
www.facebook.com/triggeroficial
NUETAS
Fim de temporada 1
A banda gótica industrial Modus Operandi fecha sua temporada comemorativa de vinte anos na cena com duas super bandas convidadas: Declinium e Game Over Riverside. Sábado, 20 horas, no Buk Porão (Pelourinho), R$ 10.
Fim de temporada 2
O bluesman master Alvaro Assmar e sua Mojo Blues Band também encerram temporada de quatro sábados na Varanda do Sesi (Rio Vermelho), neste sábado. 22 oras, R$ 30.
Rockambo em Feira
Retrofoguetes, Duda Spínola, Bilic, Psicordélico e DJ BigBross fecham o Rockambo In Conexão de março no Centro Cultural Amélio Amorim em Feira de Santana, às 16h30, R$ 5. O projeto Rockambo segue com shows e workshops para Irará e Santa Bárbara nos próximos meses. Bravo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Tá loco aí? Então comenta!