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terça-feira, janeiro 31, 2017

A DAMA DE VERMELHO

Famosa marca italiana de bebidas contrata diretor oscarizado e astro de Hollywood para filmar curta. O blogueiro esteve no lançamento em Roma a convite da Campari, representando o jornal A Tarde

Clive Owen e a deusa Caroline Tillette em Killer in Red
O cenário feliniano de Roma no inverno é o pano de fundo perfeito para o diretor italiano Paolo Sorrentino e o ator inglês Clive Owen lançarem o curta-metragem Killer in Red.

O evento, com direito a premiere, tapete vermelho e sessões de entrevista para repórteres do mundo inteiro, é uma ação da tradicional fabrica italiana de bebidas Campari.

Assim como outra famosa marca italiana, a Pirelli, a Campari lança todos os anos um sofisticado calendário reunindo grandes fotógrafos e top models.

Este ano, para sair da rotina, foi criada uma ação intitulada Campari Red Diaries, na qual se insere o curta do Sorrentino com Clive Owen.

Além do super produzido filme de sete minutos, a marca também escolheu doze bartenders do mundo inteiro para contar histórias e apresentar seus drinques exclusivos criados para a marca.

Entre os doze, há dois brasileiros: Thalita Alves, que representa a Austrália com o coquetel Anita, uma homenagem à Anita Garibaldi, que leva cachaça Sagatiba Envelhecida, e o ítalo-brasileiro
Fabio La Pietra, do bar Peppino, em São Paulo, que apresenta no mês de agosto a receita de “A Hora Incomparável”.

Diretor conhecido pela verborragia visual que costuma derramar em filmes premiados como A Grande Beleza (Oscar de Melhor Filme Estrangeiro) e A Juventude, Sorrentino admite que teve
de se conter para dar seu recado em apenas sete minutos.

"Eu tenho a tendência de falar muito, mas eles (os produtores) queriam um filme curto, então tive
de me segurar. Mas é difícil para mim ser conciso, é complicado", afirmou.

Mesmo assim, o diretor fez um belo filme, ainda que de cunho mais publicitário. Seu Floyd, o bartender vivido por Clive Owen, é tão desiludido e relutante quanto os personagens principais
que povoam seus longas.

"A ambiência do bar ajuda muito, por que é um lugar em que as pessoas estão naturalmente
propensas a se socializar. Então é um cenário ótimo a se explorar".

Já o ator principal não se fez de rogado. Vestiu o uniforme de bartender e foi aprender in loco
como misturar drinques. "O figurino é muito importante. Até por que se a roupa não estiver correta, o papel não parte do ponto certo. Até os sapatos contam", afirmou o ator, que ainda contou que fez um estágio de bartender no bar de um amigo em Los Angeles.

Thalita Alves, a simpática bartender brasileira residente na Austrália
Sobre seu diretor em cena, Owen também não poupou elogios: "Sou um grande fã de Paolo, é um grande profissional no auge da forma".

A sessão de rasgação de seda, claro, teve volta. "Clive é um dos melhores atores desta época. Foi uma honra trabalhar com um ator inglês que traz em si toda a tradição da atuação teatral inglesa", disse Sorrentino.

De estética noir-publicitária, Killer in Red não poderia prescindir de um dos principais elementos da estética noir: a femme fatale, aqui interpretada pela atriz franco-suíça (e ruiva) Caroline Tillette, sempre de vermelho, citando a cor da bebida.

"Caroline é um exemplo perfeito de desejo masculino e nos filmes noir, o desejo masculino é sempre fatal. Nesse sentido, Caroline é devastadora", disse Sorrentino.

Diante da plateia de jornalistas do mundo inteiro, Bob Kunze-Concewitz, CEO do Gruppo Campari, pontuou que, "depois de 70 anos de calendários, é fácil cair na zona de conforto. Desta vez, fizemos questão de subir o nível".

"Clive Owen, neste contexto, representa o carisma e a paixão de Campari. E o filme ficou ainda
melhor do que eu esperava. Na verdade, eu fiquei arrepiado", acrescentou.



ENTREVISTA (OU TENTATIVA DE): PAOLO SORRENTINO

Em A Grande Beleza e também em A Juventude, seus personagens principais são homens desiludidos, cansados do mundo que os cerca. Você diria que Floyd, o bartender de Killer in 
Red, segue esse padrão?

Signore Sorrentino orienta Clive Owen em cena
Paolo Sorrentino: Não, eu não acho que Floyd está cansado do mundo. Eu acho que Floyd está excitado com o mundo. Eu acho que este homem entende que o casamento é melhor que a transgressão fora do casamento. E acho que isto é sempre uma boa notícia.

Killer in Red é esta grande e bela peça de propaganda. O senhor acha possível conceder sentidoo artístico à linguagem publicitária?

PS: Não sei dizer, por que na verdade não estou nem certo sobre o que é arte. Eu não sei.

Percebo uma grande influência da fotografia de moda e da publicidade em seus filmes. Você diria que essas linguagens são uma influência em sua carreira, em sua arte?

PS: Nada disso. Por que não sei quase nada de moda e muito pouco de publicidade.

O senhor disse na coletiva que a ambiência do bar o fascina, por que nele as pessoas estão propensas à se socializar. Fazendo um paralelo com sua série da HBO The Young Pope, o senhor diria que o bartender seria uma espécie de padre e o bar, sua igreja? Afinal, o bartender ouve as confissões das pessoas...

PS: (Pensa por um momento). Va bene. Eu aprecio sua interpretação. Gostei, faz sentido.

Que espécie de oportunidade o senhor vislumbrou neste projeto? O que o trouxe a ele?

PS: Não é por aí. Para nós, italianos, Campari é uma marca familiar, algo que te acompanha ao longo da vida, algo a que você se apega. Campari é parte de nós. O projeto era bom, e a proposta, interessante. Haviam características neste projeto que achei que eu poderia fazer algo a respeito, então, eu fiz.

6 comentários:

  1. E pelo jeito, Sorrentino não é o único diretor oscarizado a se vender para as grandes indústrias, não....

    https://omelete.uol.com.br/filmes/noticia/irmaos-coen-dirigem-comercial-para-o-super-bowl-inspirado-em-easy-rider-assista/

    Irmãos Coen + Mercedes Benz...

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  2. Ganhou um elogio do Sorrentino, hein, Poetinha? Va bene. Pelo jeito ele é - ou foi - um tanto lacônico. E Roma no inverno? E a Toscana gelada ao lado de Zendão? Mande noticias. Fevereiro é mês de Carbonara à moda Vandex, marcaremos lá em casa. Kisses.

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  3. Triste notícia que só vi agora.

    RIP Toninho Mendes

    http://www.universohq.com/noticias/faleceu-toninho-mendes-editor-da-circo-chiclete-com-banana-e-outras-publicacoes/

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  4. Quolé, Paulinho!

    Essa entrevista foi tipo umas 16h30 de um longo dia de entrevistas - coletivas e individuais, como a minha, com dez minutos cada. Imagino que ele já devia estar bem cansado e de saco cheio quando me recebeu - lá ele. Mesmo assim, até a RP brasileira da Campari que acompanhou a entrevista comigo achou que ele poderia ter se esforçado um pouco mais. Mas enfim... Não é todo dia que entrevistamos um diretor oscarizado.

    Roma continua... encantadora? Maravilhosa? Inoxidável? Esmagadoramente bela? Não encontro adjetivos à altura, sorry.

    Depois fui à Umbria encontrar Zendão e passei dois dia lá com ele e Lory, que me levaram ao topo de uma montanha / estação de esqui na Toscana, o Monte Amiata - só para eu ver a neve.

    Só alegria, né, bicho?

    A volta na sexta-feira consistiu de 15 horas em trânsito: dois trens (Fabro-Roma Tiburtina e Roma Tiburtina-Fiumicino), mais dois aviões (Roma-Lisboa e Lisboa-Salvador). Tudo no mesmo dia. Nem sei como sobrevivi....

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  5. que chata essa matéria e essa viagem a trabalho em chico???
    pqp...
    ehehheeh
    sua sorte maior seria se tu entrevistasse a atriz...
    rapaz, 2015 jupiter maçã morreu assim...agora o toninho...minha vó tb foi um lance decorrente disso...de um acidente similar...não é tão raro...eu mesmo tenho tomado cuidado...pois já escorreguei pacas em casa...essa revista circo eu lembro de quando era guri, mas só fui ler scan dela há uns anos...BEM legal..e a chiclete com banana, é a única com esse nome que é genial e legal...fora a do jackson tb...

    taí um filme que preciso rever...easy rider...nunca pirei....

    bem vindo de volta meu caro...quer dizer...eu acho que é bem vindo...pelo menos a cidade fica mais rica com tu...

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  6. Devo admitir que foi dez, Sputter! Desagradável! SQN...

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