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segunda-feira, novembro 14, 2016

ARERÊ POLICIAL BREVE NAS TELAS

Baseado na premiada HQ homônima de Marcello Quintanilha, o filme Tungstênio, de Heitor Dhalia, é rodado na cidade com grande elenco

Zé Dumont, um gigante. Fotos do blogueiro
José Dumont irrompe no pátio do Forte de Monte Serrat pê da vida. Acompanhado de um rapaz, chama o encarregado do local aos gritos: “Soldado! Soldado! Ô da farda!”. O rapaz pede calma e é rechaçado de imediato: “Calma uma porra!”, o vozeirão ribombando nas muralhas do século 17.

Um recruta muito alto de calça camuflada aparece e Dumont o chama para a amurada do Forte: “Venha ver, venha ver”.

Diante da Baía de Todos os Santos, o trio se estica para ver o que ocorre lá embaixo. “Tá vendo?”, pergunta Dumont. “Dois vagabundos pescando com bomba! Pode um negócio desses?”.

De sua tenda, onde acompanha a ação pela telinha do monitor, Heitor Dhalia, o diretor,  diz “Cortou”, sem levantar a voz. Atores e equipe desfazem a tensão enquanto esperam novas instruções.

A cena foi registrada na terça-feira (8), durante as filmagens de Tungstênio, longa-metragem que adapta para as telas a premiada HQ homônima de Marcello Quintanilha, com roteiro dos especialistas Marçal Aquino e Fernando Bonassi.

Lançada em 2014, a HQ, que é toda ambientada em Salvador, conta uma história frenética de crime e perseguição que começa justamente quando Seu Ney (Dumont) e Caju (o jovem Wesley Guimarães) veem uma dupla pescando com bombas.

Entra em cena Fabrício Boliveira como Richard, o PM mais durão de Salvador, para resolver a situação.

Contar mais seria dar spoiler. Completam o elenco Samira Carvalho como Keira, esposa de Richard,  Pedro Wagner como Liece e Sérgio Laurentino como Poró, os tais pescadores que iniciam o arerê.

Caldo grosso que entorna

Tenda de onde Dhalia dirige a filmagem
Fã de HQs, Heitor Dhalia já dirigiu outros dois filmes que namoravam com a linguagem: Nina (2004) e O Cheiro do Ralo (2006).

"Um amigo me recomendou Tungstênio. Comprei e achei muito interessante. Entrei em contato com  Quintanilha pelo Facebook e perguntei se  teria interesse em adaptar pro cinema. Ele respondeu que sim, quase que na mesma hora”, relata.

Pouco tempo depois do primeiro contato, saiu a notícia: lançada na França, Tunsgtênio havia sido premiada como Melhor HQ do ano na categoria Policial, no Festival de Angoulême, o principal da Europa.

“É uma história que se passa na classe baixa de Salvador, protagonizada por negros e que faz um retrato duro da realidade social”, diz.

“A banalidade do cotidiano é estilhaçada por um evento caótico, pela violência que emerge da tensão acumulada pela bebida e o tráfico. É um caldo grosso que entorna de vez. O filme todo é isso, essa explosão”, descreve.

Gigante do cinema brasileiro, o paraibano José Dumont está em casa filmando na Bahia. Aqui ele atuou em filmes como Coronel Delmiro Gouveia (1978, de Geraldo Sarno) e Cidade Baixa (2005, de Sérgio Machado).

“A Bahia ninguém sabe onde começa nem onde termina. É a grande mãe do Brasil. E esse filme tem o humor, a força e a criatividade desse povo. É  filme pra rodar o mundo”, afirma, descansando entre uma cena e outra no sofá da casa que serve de base para a equipe de filmagem.

Wesley, o soldado, Zé Dumont e equipe no Forte de Monte Serrat
“Estou empolgado. É que Seu Ney é um personagem muito doido. É um militar aposentado, mas ao mesmo tempo que é um conservador, um homem do sistema, ele pira, vai para o Carnaval e vira outra pessoa”, descreve.

Parceiro de cena do veterano,  Wesley Guimarães não poderia estar mais feliz. Aos 21 anos, roda seu terceiro longa, depois de O Trampolim do Forte (2010, de João Rodrigo Mattos) e João e Vandinha (2014, de Aurélio Grimaldi).

“Faço teatro desde 2007, fui da ONG CRIA (Centro de Referência Integral de Adolescentes), que me ajudou muito”, conta.

Morador do Engenho Velho da Federação, Wesley acredita que o dever do artista negro é ser resistente. “Ser artista em Salvador é ser resistente. Meu povo é resistente”, afirma.

Selecionado via testes, o ator gostou da HQ por que “mostra uma Salvador não-turística, livre de estereótipos, de opressores e oprimidos, em uma narrativa muito dinâmica”, conclui Wesley.

4 comentários:

  1. A essa altura, Moby ainda se pergunta: “America, what the Fuck Is Wrong With You?”

    http://www.spin.com/2016/11/moby-donald-trump-reaction-letter-what-the-fuck/

    Prezado Moby, a pergunta correta seria "Mankind, what the fuck" etc...

    Mas a carta aberta dele para o povo americano é bem boa, vale ler.

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  2. Brasil, um estado sem juízo:

    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-que-juizes-escandinavos-acham-das-mordomias-que-seus-colegas-no-brasil-se-autoconcedem-por-claudia-wallin/

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  3. https://br.vida-estilo.yahoo.com/ex-bbb-ana-paula-alfineta-tiago-leifert-no-twitter-153330098.html


    não entendi, acusa um bbb de pedofilia, mas sacaneia o "apresentador" que "foi contra" Trump???

    matéria mal escrita...vc deve ficar com vergonha Chico...tb quem serviu de matéria prima pra
    "matéria" espremendo num dá uma gota.

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  4. bicho, e tu teve aqui perto de casa...se bem que geralmente na 3a não tou na cidade-baixa...por conta de um curso que tou fazendo no centro...aí fico logo pela casa da namo...

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