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sexta-feira, outubro 28, 2016

PODCAST ROCKS OFF! Ô, Ô!!

Pixies. Opa, peraí! Cadê a Kim? Quem é essa sirigaita? Photo: Jeff Kravitz
O podcast Rocks Off faz aquela boa e velha rodada de lançamentos.

No elenco de hoje, os anfitriões Nei Bahia e Osvaldo Braminha Silveira Jr., mais o convidado constante, este blogueiro que vos escreve.

No som, Mercy Killing, Cactus (acredite!), Marc Ford, Joe Bonamassa, Ian Hunter (com uma linda música em homenagem a David Bowie), Pixies, Crocodiles, Wedding Present e muitas outras.

E.N.J.O.Y.

TODOS OS ESPÍRITOS VÃO DANÇAR NO HALLOWEEN AO SOM DA GAITA DE FLÁVIO GUIMARÃES

Referência da gaita de blues no Brasil, Flávio Guimarães faz show gratuito amanhã no Porto da Barra

Flávio Guimarães. Foto Renata Duarte
Maior gaitista de blues do Brasil, Flávio Guimarães vai invocar todos os espíritos para dançar no Porto da Barra, no Halloween do bar Hot Dougie’s Rendezvous.

E seja você um mero passante ou uma alma penada, não precisa pagar ingresso: o evento é gratuito.

Na programação, que começa ao cair da noite, ainda constam o trio de gaitistas locais Zona Harmônica, o duo Ivana & Katucha, Gigito e Maurício D’Ávila.

Revelado nos anos 1980, na pioneira banda carioca Blues Etílicos, Flávio logo se destacou pelas evidentes habilidade e musicalidade que demonstra em seu instrumento.

Em Salvador, o gaitista se apresentará acompanhado de banda básica (baixo, guitarra, bateria).

“Sempre toco músicas de Little Walter, Jimmy Reed e Charlie Musselwhite, além de algumas próprias também”, conta, por telefone.

Acostumado a se apresentar na cidade – solo ou com os companheiros do Blues Etílicos – Flávio percebe um aumento no interesse pela gaita em Salvador.

“Em alguns lugares de do Brasil existe uma confraria de gaitistas e, de vez em quando, sou convidado para atuar nesses shows coletivos. Possivelmente, sou o primeiro profissional brasileiro da gaita de blues (ou gaita diatônica), um instrumento raro no país antes dos anos 1980. Então me sinto homenageado, feliz”, afirma.

“Aí em Salvador tem um pessoal que está tocando super bem, Diego Orrico, Breno de Pádua. Fico feliz de participar e percebo como o blues tradicional, que é o som que gosto de fazer, cresceu em qualidade no Brasil”, diz.

Apesar de ser o primeiro gaitista de blues profissional do Brasil, a relação do país com o instrumento é antiga, com uma história de tradição, com muitos trios (no estilo do Zona Harmônica) entre os anos 1940 e 1950.

Os baianos do Zona Harmônica reeditam antigos trios de gaitas. Ft Divulga
"A gaita cromática teve uma popularidade grande no mundo inteiro no início dos anos 50, final dos 40. É um instrumento que aparecia muito em filmes de Hollywood, então isso teve um reflexo no Brasil com alguns grupos que surgiram na época. Até Tom Jobim, ainda adolescente, escrevia arranjos para um grupo de gaitas. O (bossanovista) Carlos Lyra toca gaita também. Foi um instrumento muito popular por algumas décadas. Depois a novidade passou, foi sumindo. Mas o Brasil tem alguns grandes nomes, como Rildo Hora e Maurício Einhorn", relata Flávio.

"Já a gaita diatônica, mais usada no blues e no rock você tinha pessoas que tocavam no Brasil, como Evandro Mesquita (Blitz) e outros roqueiros das antigas, mas que não chegaram a estudar o instrumento, não desenvolveram uma linguagem, era usada quase como um instrumento de percussão. Como John Lennon que até tocava direitinho nesse sentido. De repente, nos anos 1990, começou a surgir um interesse grande, e a gaita diatônica passou a participar mais ativamente das bandas de blues e rock", afirma.

Atualmente, Flávio toca duas carreiras em paralelo: solo e com o Blues Etílicos, que sim, ainda está na ativa. Há ainda um terceiro projeto, com o guitarrista Netto Rockfeller.

"Hoje desenvolvo as duas carreira paralelo: o Blues Etílicos, já com 30 anos na estrada e solo, desde 1995. Tenho também um disco com o guitarrista Netto Rockfeller para sair em breve. É o nosso segundo álbum juntos. Em breve faremos uma pequena turnê pela argentina. Já na semana que vem, começamos um projeto do Blues Etílicos com o músico Noel Andrade, que toca viola caipira. Vamos gravar um álbum tributo a Tião Carreiro, intérprete e compositor muito popular no Brasil, mais pelas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Ele era da dupla Tião Carreiro & Pardinho, que lançou mais de 50 discos. Vamos revisitar a obra deles com nossos arranjos de blues rock. É um trabalho muito interessante, um resgate a um compositor que se foi há quase 40 anos e um certo desafio", conclui.

Black and Blues Halloween / Amanhã, 17 horas / Com Flavio Guimarães, Zona Harmônica, Gigito, Ivana & Katucha e Maurício D’avila / Hot Dougie’s Rendezvous (Porto da Barra) / Gratuito

terça-feira, outubro 25, 2016

SOTEROPOLITANA / CURITIBANA, MERCY KILLING VOLTA À BAHIA EM MINITURNÊ PARA LANÇAR PRIMEIRO ÁLBUM

Mercy Killing: Alexandre, Tati, Leo e Renan. Foto Melissa Giowanella
A comunidade metálica baiana está em festa. Fundada em Salvador em 1988, reformada em Curitiba em 2012, a banda de thrash metal Mercy Killing finalmente vem à cidade lançar seu aguardado primeiro álbum, Euthanasia.

Viabilizado por uma bem- sucedida campanha de crowdfunding, o álbum saiu em vinil (colorido em duas versões), CD e download.

Os fãs baianos que colaboraram podem aproveitar e levar seus LPs para a banda autografar dia 4 (sexta-feira) no Dubliner‘s.

O quarteto se apresenta com a local Rattle e Ironbound (de Alagoinhas) na segunda noite do Warm-Up Festival Bigbands 2016.

(A primeira noite é no dia 1º, ao ritmo da surf music com Ivan Motosserra, Las Carrancas e Rawmones).

Aproveitando a passagem pela Bahia, a banda ainda se apresenta em Serrinha (dia 5) e Itabuna (dia 6).

Fundador da MK e residente em Curitiba há alguns anos, o baixista baiano Léo Barzi recrutou na capital paranaense os novos membros Tati Klingel (vocais), Renan Ramos (bateria) e Alexandre Texa (guitarra).

Há dois anos sem tocar na cidade, Léo está contando as horas: “Dessa vez estamos muito mais ansiosos por uma série de motivos e um dos principais é que saiu o álbum, depois de tantos anos de espera”, afirma o baixista.

“Também vamos mostrar a formação atual, depois de um trabalho duríssimo (produção do disco que incluÍram novos arranjos para uma guitarra e músicas novas, novos bateristas), e encarar o público mais de perto em um show como nos velhos tempos. Em resumo, estamos ansiosos pra caramba por esses shows”, acrescenta.

Clima cooperativo

Mercy Killing live! Foto do Facebook da banda
Apesar de ter começado a MK há quase 30 anos, ao lado do guitarrista e vocalista Bruno Leal (hoje na Pandora), Léo não se considera “pioneiro”.

“Não fomos pioneiros, obviamente, e éramos fãs das bandas que existiam na época (na verdade ainda sou!) então era algo vivo, dinâmico e muito forte. Tínhamos aquele sonho de tocar fora da Bahia, gravar discos e sermos reconhecidos, mas não tínhamos experiência nenhuma, o que ajudou a moldar a personalidade da banda e de nós mesmos”, diz.

“Algo que sinto muita saudade é do clima cooperativo que existia e, obviamente, a falta dele me chateava bastante. Dois exemplos: comprei uma camiseta da Proliferação e fiz amizade com os caras, tanto que toquei no nosso primeiro show com o baixo de Henrique (usando a tal camiseta) e não ouvi nenhuma crítica por isso. Ao mesmo tempo percebi que algumas pessoas que já tocavam em bandas estavam nos shows apenas para fazer picuinhas. Na maioria dos casos não deu em nada, tanto que estamos ativos, não é?”, afirma.

No momento, Leo & Cia ainda saboreiam a boa recepção de fãs e críticos para o álbum.

"(Recebemos) Somente elogios! Minto, alguns amigos fãs das gravações da década de 90 não gostaram da crueza ou do volume do baixo... paciência! E o fato de Euthanasia ter saído em vinil ajuda muito. Mas muita gente que não conhecia, incluindo Headbangers no exterior, tem dado opiniões bem positivas. Por um outro lado, as vendas estão bem fracas, pois temos tocado pouco. É o paradigma do tostines", lamenta.

Ainda assim, a banda tenta se organizar para poder viajar mais e tocar pelo Brasil e fora dele.

"Temos muita vontade, mas não vivemos de música. Isso acaba impedindo vôos mais ousados, mas temos muitos planos de tocar fora (recebemos algumas propostas para festivais em países da América do Sul, o que é uma honra. Vamos ver como será depois que voltarmos da terrinha", conta.

De Curitiba, Leo ainda manda suas impressões sobre o cenário underground atual.

"Olha, assim como na música Underground como um todo, os ciclos são bem perceptíveis e estamos em uma fase ativa, muitas bandas ótimas, muitos discos de qualidade e muita gente acompanhando. Os shows, porém, poderiam estar mais cheios, mas isso depende diretamente da economia e não passamos por um bom momento. Produtores pilantras desmascarados, produtores honestos consagrados e novas maneiras de divulgar os trabalhos são responsáveis por essa popularização mais estruturada e menos caótica que os pós-festivais dos anos 80 e 90. Mas falta aquele ambiente cooperativo que citei anteriormente, que era presente nos anos 90. Uso sempre como exemplo os shows de bandas de Psychobilly, Hard Rock, Heavy Metal, Punk e todas as suas subdivisões no palco e na plateia. Um exemplo que mostra essa loucura foi ver a lendária Antropofobia, substituindo a bateria por um liquidificador com pedras, tocando em um trio elétrico e assisti, pasmo, aquele caos que era contra tudo que acreditava", reflete.

Feliz com o resultado do álbum e por poder retomar o projeto de sua banda, Léo faz  questão de convidar a galera para os shows: “Vão aos shows em Salvador, Serrinha e Itabuna. Ouçam o disco, mesmo que não possam comprar, pois tem em todos os serviços de streaming disponíveis, como Spotify e iTunes e se tiverem um trocado, compre merchandising, não só da Mercy Killing mas das bandas em geral, pois é assim que elas conseguem sobreviver e, convenhamos, tá difícil. Ah, por favor digam pra gente o que acharam do show e do disco e, principalmente, fiquem ligados, pois temos algumas surpresas para essa mini tour na Bahia”, conclui.

Warm Up Festival Big Bands 2016 / Com Mercy Killing, Rattle e Ironbound / Dia 4 (sexta-feira), 20 horas / Dubliner’s Irish Pub / R$ 20



NUETAS

Tabuleiro, Lúpulla

Tabuleiro Musiquim e Lúpulla são as atrações da Noite Instinto Coletivo no Quanto Vale o Show?. Dubliner’s, hoje, 19 horas. Colaborativo.

GOR, Ronco, Rivera

Madame Rivera, Game Over Riverside e Ronco fazem a Soterorock Sessions desta quinta-feira. Taverna Music Bar, 20 horas, R$ 15.

Sábado só na gaita

Lenda da gaita brasileira, Flávio Guimarães (que fez fama na banda Blues Etílicos) é a atração principal da Black & Blues Halloween, que agita o Hot Dougie’s Rendezvous neste sábado. Ainda se apresentam o trio de gaitas Zona Harmônica, Gigito (e "seu bluegrass desapegado" - seja lá o que for isso), o duo Ivana & Katucha e Maurício D'Ávila. A partir das 17 horas, no Porto da Barra, gratuito.

Sábado só no metal

Drearylands e Pandora (do ex-Mercy Killing Bruno) participam do show de aniversário da Veuliah, que comemora 20 anos. Sábado, às 22 horas, no Dubliner's, R$ 20. Se pagar R$ 50, leva camiseta comemorativa da ocasião.

sábado, outubro 22, 2016

Ô MICRO-RESENHA / DE QUEM VOCÊ É TIETE / EU SOU / SOU TIETE DO ROCK LOCO...

Granada ideológica

Considerado um dos livros mais “perigosos” de todos os tempos, este clássico do pensamento subversivo do filósofo belga foi uma das principais inspirações para o Maio de 1968 em Paris. Uma crítica radical ao capitalismo selvagem e seus efeitos. A Arte de Viver Para as Novas Gerações / Raoul Vaneigem / Baderna - Veneta/ 352  p./ R$ 49,90







Reverendo encontra Maestro

O novo catecismo sonoro do baiano Reverendo T vem com a luxuosa produção do vanguardista Heitor Dantas. O resultado é uma obra que é, ao mesmo tempo, estranha e agradável. Reverendo T & os discípulos descrentes / Puta B​.​O​.​C​.​A. santa / São Rock / www.reverendot.bandcamp.com







Compositor inspirado

Segundo solo do cantor e compositor Rapha Moraes, bem mais ousado que o anterior, La Buena Onda (2014). Experimental e ruidoso, mete o dedo na ferida em Homens Bomba e reflete sobre a natureza humana em Ladeira Abaixo. Rapha Moraes & The Mentes / Corações de Cavalo / For The Records / R$ 30







Violão afro-lusobrasileiro

Violonista renomado, Marco Pereira interpreta 12 composições de uma lenda do violão brasileiro, Dilermando Reis (1916 - 1977), como Gente Boa, Feitiço e Magoado, entre outras. Brasilidade afro-lusa que sai pelos poros. Marco Pereira / Dois destinos / Borandá / R$ 31,90







Poesia des-afiadora

Poeta e escritor paulista com mais de 50 obras no currículo, Álvaro Alves pratica em seus versos uma poética sombria e desafiadora, de desconstrução de afetos. Quase todos os poemas se iniciam com o sufixo “des”: desfalecer, desacreditar, descuidar. Já publicado em Portugal e Espanha. Desviver / Álvaro Alves de Faria / Escrituras / 64 p. / R$ 30







Digerindo o golpe

Lançado no calor da crise política que se arrasta, esta coletânea reúne artigos de intelectuais, políticos e jornalistas como Marilena Chauí, Ciro Gomes, Luiza Erundina, André Singer, Jandira Feghali, Juca Ferreira e muitos outros, além de charges de Laerte. Independente da posição política, um documento de época importante. Por que gritamos Golpe? / Vários autores / Boitempo / 176 p. / R$ 15






Reflexões e delicadeza

Ex-líder da banda local Maria Bacana, André LR Mendes reflete sobre muitas coisas em Todas as Cores. Sobre a insatisfação (Amsterdã), a boçalidade (Não Me Chame pra Lugares), sobrevivência (Naufrágios). Sensível. André LR Mendes / Todas as cores / Independente / Ouça: www.andremendesmusica.com.br







Poop pop

Astro pop de segunda categoria, o inglês Robbie Williams reafirma sua falta de identidade própria neste DVD gravado em Tallinn (capital da Estônia). Com postura de rapper genérico e esse repertório fraco, só engana incautos. Robbie Williams / Live In Tallinn / Universal / DVD: R$ 39,90







Somos América

Um dos maiores nomes da guitarra no Brasil, Biglione se abstém de demonstrar (muito) virtuosismo e faz um passeio climático / cinematográfico pela América do Sul nas 16 faixas deste CD. O resultado é belíssimo. Victor Biglione / Mercosul / Guitarra Brasileira - Tratore / R$ 24







Estilo BR70

O brasiliense Matheus De Luca tem um vozeirão e seu trabalho fica entre o rock dos anos 1970 e Zé Rodrix. Ouça: Nu Na Via Láctea ou Jardim de Infância e Absurdiário. De Luca / Pão e Circo / Independente / www.delucaoficial.com.br







Indie rock baiano de estirpe

A banda local Game Over Riverside solta EP com seis faixas encharcadas de guitarras, alguma melancolia e zero firula. Ouça: Sadness Online e Deep Waters. Game Over Riverside / GOR / Independente / www.gameoverriverside.bandcamp.com 








O Brasil se curva aos recifenses

Referência  pernambucana, a banda Cambio Negro tem seu 1º LP (1990) regravado por Pastel de Miolos (BA), Karne Krua (SE), Skullbillies (PR) e outras. Vários artistas / Reflexo do espelho: tributo ao Câmbio Negro HC / Microfonia / R$ 15








O gênio da lâmpada segundo Rushdie

Um dos maiores escritores vivos, Salman Rushdie retoma o ancestral conceito dos djinn, de onde se originam os gênios da lâmpada do folclore árabe. Na trama, tudo começa depois de uma tempestade em Nova York e estranhos fatos começam a ocorrer. Dois Anos, Oito Meses e 28 Noites / Salman Rushdie / Companhia das Letras/ 336 p. / R$ 54,90 / E-Book: R$ 37,90






Marimbondos ferozes

A veterana banda feirense faz seu melhor trabalho em Casa de Marimbondo. A voz rouca de Pablues é um perfeito contorno para composições inspiradas, como O Inquilino (com direito a tambores de terreiro) e Balada Maldita. Belo. Clube de Patifes / Casa de Marimbondo / Big Bross - Brechó - São Rock / R$ 20







Apesar da taquara rachada

“Revelação” do rock inglês, Jake Bugg chega ao terceiro álbum com as mesmas pretensão e voz de taquara rachada  que fizeram sua fama. Há boas faixas: Love Hope and Misery e Put Out The Fire, por exemplo. Mas ainda precisa comer muito feijão pra ser alguém. Jake Bugg / On My One / EMI / R$ 29,90







Política e Pantera

Rock furioso e politicamente engajado: é o que oferece a banda brasiliense Trampa em seu segundo álbum. O estilo do som remete ao Pantera e similares – o vocal de André Noblat é muito Phil Anselmo em Você?, mas tá valendo. Trampa / ¡Viva la Evolución! / Independente / Preço Não divulgado







Freaks em desfile

A cidade de Mongaguá (São Paulo) é o cenário desta HQ protagonizada por um monte de gente esquisita. Há um taxidermista tarado, uma aspirante a atriz que toma aulas de interpretação com ele e um vidente que faz previsões a partir de suas tatuagens. A Sereia de Mongaguá / Thiago Moraes Martins e Marcos Paulo Marques / Veneta / 80 p. / R$ 59,90







NY, 1976

Neste tijolão (mais de mil páginas) que marca sua estreia em romances, Garth Hallberg tenta recriar o clima da Nova York suja e punk rock de 1976. Neste cenário, narra as peripécias de um punhado de personagens entre amores, dramas e um assassinato. Cidade em Chamas / Garth Risk Hallberg /  Companhia das Letras / 1048 p. / R$ 69,90 / E-Book: R$ 39,90







Que horas a gorda canta?

Uma das muitas obras-primas de Mozart, Don Giovanni inaugurou o estilo conhecido como opera buffa (ou drama giocoso), que trouxe humor ao gênero. Aqui, grandes nomes atuais interpretam o clássico. Vários Intérpretes / Don Giovanni / Universal Music / DVD duplo: R$ 54,90








Obra em progresso

Primeiro álbum da banda de rock brasiliense Alarmes. Não é assim uma Brastemp, mas é evidente que se trata de uma banda entrosada, com instrumentistas afiados. Com tempo e sorte, construirão identidade mais definida. Alarmes / Em Branco / Independente / Preço não divulgado






Acordeom viajandão

O acordeonista virtuose Toninho Ferragutti e seu grupo apresentam mais uma bela coleção de composições em seu novo álbum. Em Beduína, brinca com escalas orientais, enquanto em Santa Gafieira, presta reverência ao samba. Sonzão. Toninho Ferragutti Quinteto / A gata café / Borandá / R$ 31,90






Guitarra com trombone

O guitarrista brasileiro Lupa Santiago e sua banda se juntam ao trombonista ianque Ed Neumeister em sete temas autorais – ora cerebrais, ora suingados, sempre surpreendentes. Two For Eleven é especialmente adorável. Lupa Santiago 4teto + Ed Neumeister / Ubuntu / Sound Finger / Preço não divulgado







Trumpete viajandão

Ajuste os controles ao coração do Sol e embarque na nave do trompetista Guizado rumo aos confins da galáxia. Para cada planeta, um instrumental jazz-rock-eletrônico na frequência certa da rotação planetária. Viaje. Guizado / Guizadorbital / Independente / Ouça: www.guizado.bandcamp.com







A origem do canalha

Todos os fãs de Star Wars amam Han Solo, o charmoso e cafajeste contrabandista vivido por Harrison Ford no cinema – mas quem é ele, na verdade? Neste primeiro volume de uma trilogia, sua história de origem desde o nascimento, até seu encontro com um certo padawan. Star Wars: A Armadilha do Paraíso / A. C. Crispin / Aleph/ 460 p./ R$ 39,90







Lupinas fantasias

A estreia em romance do quadrinista R. C. Rocha, autor da tira Deus, Essa Gostosa (Folha de S. Paulo), é uma fantasia em torno de mulheres lobo em busca de vingança em uma sociedade onde humanos e lobisomens convivem pacificamente. Perseguições, traições e suspense na 1ª parte desta trilogia. Lobas / R.C Rocha / Veneta/ 224 p./ R$ 39,90

quinta-feira, outubro 20, 2016

KUNGFUSÃO EM QUIXADÁ

Com sabor de filme d'Os Trapalhões, o divertidíssimo O Shaolin do Sertão é o novo filme dos mesmos diretor e ator de Cine Holliúdy

Edmilson Filho como Aluízio Li: Taekwondo, cearensidade e fuleiragem
Apesar de ser uma força do cinema brasileiro em temos de bilheterias, as comédias nacionais não tem se notabilizado pela qualidade, limitando-se às franquias sem graça de atores globais, como SOS Mulheres ao Mar ou Até que a Sorte nos Separe.

Neste cenário, O Shaolin do Sertão, de Halder Gomes, surge como um ponto fora da curva.

O diretor cearense, que já tinha chamado a atenção em 2013 com Cine Holliúdy, retorna agora às telas acompanhado do mesmo ator de Cine (e seu amigo de infância), Edmilson Filho.

Este último, que além de ator, é mestre 5º grau de Taekwondo, encarna desta vez um alucinado amante de filmes de kung fu, Aluízio Li (de Liduíno).

Motivo de risos em sua cidade, Quixadá, Aluízio terá a chance de se redimir – e de quebra, ganhar o coração da mocinha Anésia Shirley (a estreante Bruna Hamú) – se derrotar no ringue o temido Tonho Tora Pleura (Fábio Goulart), um lutador de telecatch (o vale-tudo das antigas) que faz uma turnê pelas cidades do  sertão cearense, desafiando os valentões locais.

No caminho de Aluízio e seu assistente-mirim Piolho (Igor Jansen), estão sua própria mãe (Fafy Siqueira), um mestre chinês de araque (Falcão, sensacional), o namorado de Anésia (Marcos Veras), o pai de Anésia (o eterno Trapalhão Dedé Santana) e o prefeito de Quixadá (o baiano Frank Menezes, excelente) – mais uma fauna inacreditável de figuras insanas.

Um acerto artístico sob qualquer ângulo que se analise, O Shaolin do Sertão tem tudo para arrebentar biheterias.

Nas telas do Ceará desde o feriado do dia 12, o filme levou às vinte salas onde está sendo exibido 57 mil pessoas (segundo o jornal fortalezense O Povo). Um golpe na pleura do  Tom Hanks (Inferno). Hoje, O Shaolin chega aos cinemas de todo o Brasil.

Cearensidade e fuleiragem

Aluízio disputa o coração de Anésia (Bruna Hamu) contra Marcos Veras
Em seu segundo longa,  o Gran Master Halder Gomes conta que quis prestar uma homenagem  às referências de sua infância: “O filme retrata um universo muito particular, meu e do Ednilson”, conta o diretor por telefone.

“Somado à isso, tem a nostalgia desses eventos de vale-tudo que aconteciam na época. Então o filme passa muita verdade, por que (apesar de toda a comédia) é real, é histórico,  por que vivenciamos isso”, diz.

Como se pode imaginar, Halder nem pestanejou em ter Edmilson como Aluízio, dadas suas habilidades combinadas de artista marcial e comediante.

“Edmilson é Aluízio. Ninguém na Terra poderia fazer esse personagem, por que implica a habilidade na arte marcial com a cearensidade com altas doses de fuleiragem que tá no jeito de ser e de encarar a vida dos dois”, afirma.

”É um papel difícil, que exige habilidade fisica e domínio de comedia. É como Jackie Chan, um tipo de personagem que, no Brasil, só éle é capaz de fazer”, garante Halder.

Um outro ponto interessante sobre Shaolin é que ele resgata um tipo de comédia familiar brasileira ingênua, há muito deixado pelo caminho, de filmes como os d’Os Trapalhões e Mazzaroppi.

“Aconteceu isso já em Cine Holliúdy, de ter três gerações dentro do cinema (avô, pai, filho). Em Shaolin, a mesma coisa: as crianças vão pelo lance meio Power Rangers e se deparam com  um herói nosso, brasileiro. Já os mais velhos se reencontram com esse velho estilo de comédia popular”, diz.

Dedé Santana está ótimo como o pai de Anésia
Não a toa, ele fez questão de trabalhar com Dedé Santana, “um presente da vida”.

“Meu sonho de criança era conhecer Os Trapalhões. Então, quando ele retornou minha ligação, foi uma alegria enorme. E ele foi extremamente profissional, carinhoso, era o pai de todos no set, de  uma simplicidade”.

“Fora que ele representa uma ponte entre gerações, é a liga entre os filmes d’Os Trapalhões e a geração atual. No filme, isso é quase metalinguagem”, conclui.

Resgate da comédia ingênua brasileira, Shaolin é uma joia de filme

Olhar afetivo às referências de sua infância como os filmes chineses de kung fu e d’Os Trapalhões, O Shaolin do Sertão, de Halder Gomes, traz em seu cerne um bem-vindo resgate da comédia (supostamente) ingênua brasileira, que notabilizou o quarteto de comediantes liderado por Renato Aragão, além de Mazzaroppi, Oscarito & Grande Otelo.

Até a estrutura é a mesma, com um herói humilde e desacreditado que vence todas as dificuldades e se dá bem no final, sempre se utilizando de uma certa malandragem benéfica, que não prejudica ninguém e ainda lhe vale um beijo da mocinha.

Em Shaolin do Sertão, essa estrutura antiga ganha ares modernos pela cinematografia hi tech atual, com sua montagem super ágil e ritmo de desenho animado – mesmo com o filme se passando no longínquo ano de 1982.

Mas o grande mérito do filme é mesmo seu fator humano: o elenco absolutamente acertado e a direção de Halder, que soube tirar o melhor de cada um deles.

Falcão se sai muito bem como o mestre Chinês
Um exemplo claro é o cantor metabrega Falcão, no papel do mestre Chinês.

Apesar de ser largamente conhecido como Falcão, um personagem em si, com seu vestuário extravagante e palavrório característico, em nenhum momento o vemos como o cantor famoso no filme.

Ele é mesmo o mestre Chinês – é um outro personagem.

Joia de filme, Shaolin reafirma duas carreiras brilhantes para Halder e Edmilson.

Não a toa, a dupla (e Falcão também) já se preparam para começar a filmar Cine Holliúdy 2.

O Shaolin do Sertão / Dir.: Grand Master Halder Gomes / Com Grand Master Edmilson Filho, Bruna Hamú, Dedé Santana, Marcos Veras, Falcão, Igor Jansen, Grand Master Fábio Goulart, Frank Menezes e Fafy Siqueira / Cinemark, Cinépolis Bela Vista, Cinépolis Shopping Salvador Norte, Cinesercla Cajazeiras, Espaço Itaú de Cinema - Glauber Rocha, Orient Shopping Center Lapa, UCI Orient Shopping Barra, UCI Orient Shopping da Bahia, UCI Orient Shopping Paralela

terça-feira, outubro 18, 2016

DÉCADAS, NOVO DA THEATRO DE SERAPHIN, ESTÁ LIBERADO PARA OUVIR E BAIXAR

Marcos, Artur, Mark e Candido, em foto de Fernando Udo
Banda de veteranos da cena dos anos 1980 e 90, a Theatro de Seraphin está liberando hoje, para download gratuito, seu terceiro álbum, Décadas.

Quem conhece o quarteto já sabe o que esperar: uma obra densa, de afiliação pós-punk, poeticamente consistente e muito bem tocada, com destaque para o guitar hero Candido Soto Jr. (ex-Cascadura).

Nos vocais e letras, a voz ao mesmo tempo áspera e suave do poeta Artur Ribeiro (ex-Treblinka), ladeado pelo baixista Marcos Rodrigues (ex-Via Sacra). Na retaguarda, o batera (e caçula da banda), Mark Mesquita (Os Mizeravão).

Produzido pelo mago andré t., Décadas é um mergulho profundo nas águas escuras das dores humanas – em um som límpido, visceral e tecnicolor.

“Desde No Fim de Maio (álbum de 2011) estamos buscando uma forma mais límpida de expressar essa densidade característica da banda. Acho que estamos quase conseguindo”, afirma Artur.

“Creio seja um álbum mais maduro no sentido de estar mais completo em nossa proposta. São canções que falam da morte, tema constante em Maio – porém, de forma mais amena. Falamos de crises existenciais, afinal estamos velhos (risos). E falamos de amor, do triste amor. O amor feliz não nos interessa muito. E tudo isso nessa linguagem típica da Theatro, com densidade etérea em alguns momentos e peso em outros. Afinal, somos remanescentes de nossos ídolos dos 80's e 90's: Smiths, Cure, Echo”, avisa.

O tom melancólico é de fato a principal característica da TdS, algo muito natural para eles.

“Nossas canções são soturnas, mesmo quando queremos falar coisas positivas. Há muita tristeza no mundo, não dá pra ser alegre. Como somos pessoas parecidas, temos idades próximas e somos amigos há muito tempo, toda nossa música é feita e trabalhada de forma natural”, conta.

"Para quem conhece a TdS, será bem vindo a garimpagem por canções tristes (e elas estão ali) e para quem não conhece, abrimos o CD com As Vésperas - uma canção de força, energia, que fala sobre as desilusões dos adultos, das pessoas que amadurecem em um mundo difícil, de obstáculos complicados. As melodias estão frescas, frias, gostosas, como água de cachoeira", afirma Artur.

Produção com amor

A Theatro ao vivo, foto de Fernando Udo
Depois de trabalharem com os produtores Jera Cravo (EP Tristes Trópicos, 2007) e Apu Tude (No Fim de Maio), andré t. marca este novo momento da banda, com outra abordagem.

"Cada um deles abraçou o projeto de forma total, a começar com o single Nada a Fazer (2005), com produção de Pedro Bó e co-produção de Apu Tude. Como cada produtor tem sua peculiaridade para captar a banda, para nós creio que foi muito bom, nos deu maturidade para entrar em um estúdio e não ficar assustado. Também nos deu experiência para saber o que funciona e o que não funciona em um álbum", observa Artur.

“No caso de andré, fomos premiados com uma participação intensa, o que só engrandeceu mais o trabalho e, no meu caso, me encheu de satisfação. Ele é uma pessoa de visão ampla e atuou mesmo como um produtor que participa do que está produzindo. E ele faz isso com muito amor”, elogia Artur.

"No caso específico de "Décadas" - entrei no estúdio com André e gravei 12 faixas com voz guia e violão. Doze canções novas! Dessas, apenas uma era já conhecida de Marcos Rodrigues; (coincidentemente a música "décadas" que não entrou nesse CD) trabalhamos nela quando ele esteve fora do país. O resto era desconhecida dele e da banda, apesar de em vários ensaios, arriscar tocar uma ou outra na intenção deles conhecerem. De forma que quando Mark entrou em estúdio para gravar, e eu acompanhei, ele ouvia apenas meu violão e minha voz guia. Eu e André direcionávamos os arranjos, com a participação de Mark. Depois veio Marcos Rodrigues, e passamos pelo mesmo processo. E por fim Candido Martinez com as guitarras. Temos a participação especialíssima de Toni Oliveira, com a guitarra Lap Steel e uma guitarra Barítono. E André em praticamente todo o CD", descreve.

Com o álbum liberado para baixar, o quarteto agora busca marcar shows.

"(No cenário local) Há uma grande mobilização por parte de músicos e produção local, no caso leia-se Big Brother, em parceria com algumas casas e feiras. O inexplicável é saber que temos os atores principais, temos as casas para apresentações, os ingressos para shows são absolutamente viáveis e - nos falta o público. Creio que é preciso muito tempo para algo se consolidar", observa.

“Continuamos a saga de shows e prováveis viagens. Temos como fazer isso. Estamos abertos a convites”, conclui Artur.

Ouça / baixe: www.theatrodeseraphin.com

NUETAS

QVOS?: Exo e Ricardo 

As bandas Exoesqueleto e Ricardo Elétrico  estão no Quanto Vale o Show? de hoje. Dubliner’s Irish Pub, 19 horas, pague quanto quiser.

Laia G. com Dimazz

A série de shows O Tal do Autoral, do power trio avant garde  Laia Gaiatta segue na sexta-feira, com o cantor e compositor  Dimazz de convidado. No  Coaty (Ladeira da Misericórdia), 17 horas, R$ 15.

Ocultan em Salvador

A rapaziada sinistra da banda Ocultan (SP), de black metal invocadíssimo, se apresenta em Salvador neste sábado, com as locais Insantification e Graveren. Dubliner's, 22 horas, preços no cartaz ao lado.

Cajazeiras 10 ferve

Pastel de Miolos, Guga Canibal, Agressivos, Frogstep, Honra e Mother Fucker (não me canso de admirar a “criatividade” de certos nomes de bandas) quebram tudo no espaço Jam Music & Bar (Cajazeiras 10). Sábado, 17 horas, R$ 15. A produção promete sorteios de brindes.

quinta-feira, outubro 13, 2016

PODCAST ROCKS OFF BATE UM PAPO COM JOÃO MANIAC

Leão (esq.) e João Maniac (dir.) nos tempos do Rock Sandwich. Ft Fotolog 
Neste episódio, Nei Bahia e Osvaldo Braminha Silveira Jr. recebem um dos maiores produtores ligados ao rock e ao heavy metal baiano: João Carlos AKA João Maniac!

O homem que trouxe o primeiro show do Sepultura à cidade - e inúmeros outros shows de inúmeras outras bandas depois - não mora mais em Salvador, mas volta para passear de vez em quando.

Nei acaba de me corrigir. João voltou a morar em SSa.

Ouça e conheça a história da Maniac, loja mais longeva da cena rock  / metal da cidade.

Quem quiser ter uma  leve ideia do agito que esse homem fez na cena, confira neste sítio arqueológico.

DESPACHOS DO FRONT VIA FAX

Premiada HQ de Joe Kubert, Fax de Sarajevo é o relato real da via-crúcis da família Rustemagić durante o cerco sérvio à ex-capital iugoslava nos anos 1990

O ódio pode ser silenciosamente cultivado por gerações. Até que, por uma razão qualquer, a ordem, que mantinha a aura de civilização, cai. Vizinhos até então amistosos se tornam inimigos mortais.

A Guerra da Bósnia (1992-1995) é exemplar disso – e um de seus relatos mais famosos, a HQ Fax de Sarajevo, de Joe Kubert (1926-2012), acaba de sair no país.

Conflito mais sangrento a conspurcar o solo europeu desde a 2ª Guerra Mundial, a Guerra da Bósnia foi uma das consequências da morte do ditador socialista iugoslavo Josip Tito em 1980.

No pós-2ª Guerra, Tito foi o unificador da Iugoslávia, uma federação de nações balcânicas, como Bósnia e Herzegovina, Sérvia, Eslovênia, Croácia, Macedônia e Montenegro. Com sua morte, afloraram sentimentos nacionalistas e muitas diferenças – políticas, étnicas e religiosas.

O caldeirão de tensões chegou ao auge no cerco sérvio à ex-capital iugoslava, Sarajevo, hoje capital da Bósnia. Foram três anos de bombardeios, massacres e tiroteios contra a população civil, que se viu sem acesso a alimentos, energia elétrica, remédios – civilização, enfim.

Neste cenário, Ervin Rustemagić e sua família (esposa e duas crianças) estavam entre os civis desarmados que se viram em meio ao fogo cruzado.

Ele é proprietário da SAF (Strip Art Features), editora de quadrinhos que representa na Europa grandes nomes das HQs, como o italiano Hugo Pratt (Corto Maltese), o belga Hermann (Caatinga) e o norte-americano Joe Kubert (Sgt. Rock).

E foi para esses amigos que Ervin começou a disparar faxes (o email ainda engatinhava), relatando o que estava acontecendo.

O tom de desespero tocou Kubert – que é judeu nascido na Polônia, portanto, conhece bem a opressão e o genocídio –, e ele começou a desenhar o que lia nos faxes de Ervin.

Lançada em 1997, Fax de Sarajevo reavivou a fama de Kubert, um grande nome nos anos 1950 até 70, mas que andava meio esquecido nos anos 1990, se dedicando mais à sua escola, a conceituada Joe Kubert School of Cartoon and Graphic Art.

Sua narrativa dinâmica e  desenhos expressivos lhe valeram as maiores premiações das HQs: Melhor Álbum Estrangeiro em Angoulême, mais os troféus Eisner e Harvey, entre outros.

O que fica evidente em Fax de Sarajevo são duas coisas: o extremo talento de Joe Kubert e o potencial humano, tanto para a crueldade, quanto para a resistência.

No ritmo alucinante que denuncia seu domínio da narrativa sequencial, Kubert conta a história da fuga da família Rustemagić de Sarajevo de forma cronológica, começando pela volta de Ervin à cidade após  viagem à Amsterdam.

Kubert reproduz em suas páginas os faxes de Ervin, e é interessante comparar o tom calmo do primeiro envio com os que ele passou a enviar depois do caos instalado.

Ao chegar em Sarajevo, o editor encontra mulher e filhos à salvo, porém inquietos. “Fora da cidade ainda há bombardeios. Os sérvios estão atacando vilas e chácaras. Mas aqui ainda não está ruim”, conta Edina. Eles não tinham a menor ideia do que estava por vir.


O mundo não acreditou na Guerra da Bósnia. E segue errando

Obras como  Fax de Sarajevo são um lembrete importante de que, em se tratando de natureza humana, a barbárie está sempre logo ali.

Em tempos onde a simplista divisão “nós contra eles” parece ter voltado a ser um argumento político aceito e reproduzido em larga escala mundo afora e no Brasil, é sempre bom lembrar que as consequências das polarizações – sejam elas naturais ou fabricadas – costumam ser sinistras e sangrentas.

Em Fax de Sarajevo, Ervin Rustemagić relata ao amigo Joe Kubert as intenções de limpeza étnica que líderes sérvios como o General Ratko Mladić impunham aos bósnios, praticando tanto o assassinato em massa dos homens, quanto o estupro sistemático das mulheres bósnias pelos mercenários sérvios, a fim de que estas gerassem crianças sérvias.

Não custa também recordar que, em plenos anos 1990, há meros vinte anos, o mundo se escandalizou com a imagem dos campos de concentração sérvios, um inacreditável – porém real – eco dos campos nazistas na 2ª Guerra.

E que, neste momento, aviões russos bombardeiam populações civis na Síria.

Fax de Sarajevo / Joe Kubert / Via Leitura - Levoir/ Trad.: Filipe Fari / 208 p./ R$ 79,90

terça-feira, outubro 11, 2016

INDIE ROCK ORIGINAL DE SOROCABA, WRY VOLTA COM SEU SHOW MATADOR NO BUZZINA FEST

Wry: uma banda integrada. Foto Fabricio Vianna
De Sorocaba (SP), a banda Wry é meio que a irmã caçula daquela primeira geração do indie rock brasileiro, de nomes como Pin-Ups, Pelvs, Killing Chainsaw e a baiana brincando de deus.

Com mais de vinte anos, muita estrada (inclusive no exterior), o quarteto voltou de um hiato de quatro anos, de 2010 a 2014, com todo gás.

Neste domingo, eles voltam à Salvador, onde costumam fazer shows matadores, para se apresentar no primeiro Buzzina Festival, evento organizado pelos caras da Teenage Buzz.

No palco do Taverna, além do TB e do Wry, ainda passam Bilic e a sergipana Casco.

O vocalista Mário Bross, que vem à Salvador com sua banda desde 1999, comenta sua relação com o público nordestino: “Eu acho que mudou bastante, pra melhor, assim como o público em geral. A impressão que tenho  nos shows do Wry, e de outros que vou, é que o público está mais afins e  menos acanhado, além de comprar merch (CDs, vinis, camisetas). Parece que dão um melhor valor, mesmo ao artista independente ou menor”.

Indie rock original de 1994, o Wry viu o estilo mudar muito desde a virada de século. Mas no Wry, o espírito permanece.

“Nosso som passeou entre o Indie rock tradicional inglês, que existe até hoje e o shoegaze, que também é atual. E essa turnê é o final disso tudo. O Indie virou um gênero com dezenas de subgêneros. Amamos música e ouvimos bastante, somos bons consumidores. Eu acho que o ecletismo é muito legal, que é o que rola no geral. Hoje em dia, não precisamos ou queremos ficar presos dentro de um estilo ou gênero / subgênero musical. As músicas novas que estamos fazendo no momento, e que não entraram nessa turnê, são mais livres nesse sentido. Também usamos sintetizador agora e temos uma preocupação musical maior nas produções, maior do que já tínhamos”, diz.

"Eu sou aquele tipo de pessoa que gosta muito do momento e vive esse momento, acompanhei tudo desde muito tempo e sempre gosto do que rola no momento, não que tudo que existiu agora ou antes foi bom, gosto do que gosto, mas minha tendência é ouvir algo atual, e isso é natural pra mim. Basicamente, não sinto nostalgia. Acho que o rock alternativo ganhou muito, expandiu e cresceu, tudo isso que você falou (sobre a diluição do indie rock original) tem hoje e tinha antes também. Só que hoje a gente tem mais facilidade de ver e a quantidade de bandas é maior. Concordo que perdeu coisas também, outras coisas entraram no lugar. O ecletismo do jovem de hoje ajudou muito pra modelar esse novo Indie - que tem hora que parece o Pop até, né? Porém, vejo tudo de uma forma positiva", afirma Mario.

Gravando e tocando

A vida na estrada tem estranhos efeitos. Foto João Antunes
Entre 2001 e 2006, o quarteto morou em Londres, de onde partiu para shows pela Inglaterra, em um período de grande proveito para o grupo.

"Foi muito bom morar fora, melhoramos como banda, nas composições e como pessoas. Uma pena que nos anos 2000, quando fizemos sons que o público daqui curtiu muito - e ainda curtem - a gente não morava aqui pra poder tocar bastante, como fazemos agora ou no começo da banda. No período de 2002 a 2009, fizemos 3 turnês de mais ou menos 15 shows cada por aqui e ainda não lançamos nada por aqui de 2005 (final) até 2009, por que focamos na Inglaterra. Por isso, desde que voltamos no final de 2014, estamos tocando sem parar, reconhecendo todo o circuito de novo, apresentando o show pra muitos que nunca tinham visto. E fomos pro exterior ano passado também", relata Mario.

Em Londres, o grupo conheceu e fez amizade com Tim Wheeler, o líder da banda Ash, de grande sucesso na cena britpop dos anos 1990.

"Foram dias inesquecíveis, e nos tornamos amigos desde então. Naquelas gravações, usamos todo o equipamento do Ash. Legal, né? A gente conversou muito - em casa, na casa dele, no estúdio. E saímos juntos, nos demos muito bem, na verdade. Acho que algo que eu já estava aprendendo na época culminou nas gravações com ele, que era saber ouvir sobre minhas próprias musicas o que pessoas mais experientes achavam - e mudar conforme o conselho que me era dado. Aprendi a abrir a cabeça e ser menos teimoso. É muito difícil alguém tirar a essência de uma música mexendo uma partezinha aqui e outra ali, só pra melhorar a estrutura. A melodia vai estar lá, a música será a mesma, porém melhor. É legal ouvir e dialogar, se aprende e se ensina com isso", observa.

Em Salvador, o quarteto lança (e vende) o vinil do EP Whales, Sharks and Dreams.

“Terminaremos a turnê desse vinil dia 4/11, e continuaremos nosso trabalho em estúdio. Vamos fazer shows esporádicos enquanto estivermos gravando. Não queremos parar. Mas não turnês. Ainda lançaremos um videoclipe do vinil, pra música Sister. Temos dois singles de sons novos pra lançar no começo de 2017. E talvez vamos tornar físico o National Indie Hits, uma homenagem que gravamos às bandas brasileiras que nos influenciaram no começo da carreira”, conclui Mario.

A coluna já viu shows absurdos do Wry e recomenda enfaticamente.
 
Buzzina Festival / Com Wry, Teenage Buzz,  Casco (SE) e  Bilic / Taverna Music Bar / Domingo, 17 horas / R$ 10


NUETAS

Duo PdM estreia

Reduzida a um duo baixo / bateria, mas dane-se, Pastel de Miolos estreia hoje a nova configuração, no Quanto Vale o Show?, com Aborígenes e 32 Dentes. Dubliner’s, 19 horas, pague quanto quiser.

Noite NHL hoje

Hoje também tem a Noite NHL  com  Amandinho (PE), Rivermann, Derrube o Muro, Ricardo Elétrico e Buster. Buk Porão, 20 horas, R$ 10

Laia & Tropical sexta

Sexta-feira tem Laia Gaiatta e Tropical Selvagem no Coaty. 17 horas, R$ 15.

Zeitgeist em domingão HC

Os punks sergipanos do Zeitgeist lançam seu primeiro CD em show com Antiporcos e Vende-se. Domingo, 14 horas, no Buk Porão, R$ 10.

sábado, outubro 08, 2016

CAMINHANDO E MICRO-RESENHANDO E SEGUINDO A CANÇÃO ETC E TAL

Too much information

Famosa no Brasil no fim dos anos 1980, o trio synth-pop Information Society recorre ao LP de covers. Há releituras de hits do Devo (Beautiful World), Human League (Don’t You Want Me), Sister of Mercy (Dominium) e excentricidades a fim. Information Society / Orders Of Magnitude/ Lab 344 / R$ 29,90







Erudição em família

Violonista e diretor artístico da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), Arthur Nestrovski junta-se à cantora (e filha) Lívia para recriar  uma coleção de composições de Ary Barroso, Arrigo Barnabé, Schubert e Tom Jobim. Delicado. Lívia e Arthur Nestrovski / Pós você e eu / Circus / R$ 34,90







Conspiração hipster

Deisy, uma ilustradora hipster, se envolve em uma estranha conspiração envolvendo extraterrestres e abduções alienígenas enquanto vaga entre casas noturnas, festinhas e cafés descolados. Sempre ao seu lado, seu cachorro Lino. A princípio interessante, esta HQ se perde na própria pretensão. Bulldogma / Wagner Willian / Veneta / 320 p. / R$ 59,90







Suicidando suicidas

Em primeira pessoa, o narrador conta suas aventuras como assassino de suicidas sem coragem. Inspirado em notícias reais publicadas em revistas semanais, o protagonista coloca um anúncio no jornal e aguarda os clientes. Este é o oitavo romance do autor maranhense. O Ofício de Matar Suicidas / José Ewerton Neto / Arte Paubrasil / 111 p./ R$ 30







Ed detona

Gravado em Los Angeles com músicos feras do jazz, o novo do Ed Motta segue a linha do último, AOR (2013): produção (de Kamau Kenyatta) com sonoridade cristalina, grooves precisos e Steely Dan na veia. Jazz funk de primeiríssima. Ed Motta / Perpetual Gateways / Lab 344 / R$ 29,90







Ainda o afrobeat

De Araraquara (SP), Caê Rolfsen se alinha em seu segundo álbum ao movimento afrobeat paulista – não a toa, conta com músicos do Metá Metá e Bixiga 70. Balançado, deve agradar aos fãs do estilo. Caê / A nave de Odé / Independente / Preço não divulgado




Muito além d'A Massa

Conhecido pelo hit A Massa, Raymundo Sodré é um dos maiores nomes da música do Recôncavo. Neste novo álbum,  reafirma suas origens em sambas e forrós cheios de balanço e poesia. Alegria e apego às raízes. Raymundo Sodré / Girassóis de Van Gogh / Independente (Fundo de Cultura BA) / Preço não informado 





Stoner cearense

Liderada pelo guitarrista Felipe Cazaux, referência do blues no Ceará, o quarteto Mad Monkees estreia com EP de quatro faixas no qual pratica um stoner rock pesadão, com letras em inglês e sem concessões. Som trampado. Mad Monkees / Mad Monkees / Independente / R$ 10







A fonoaudióloga canta

Fonoaudióloga e orientadora do CORALUSP, a paulista Beth Amin tece tramas delicadas com sua voz e os arranjos suaves no seu terceiro CD. Há chanson (Le Même Heure), poesia (Alma Desnuda) e mais. Bonito. Beth Amin / Túneis / Independente - Tratore / Preço não informado







Livro com trilha sonora

Ex-membro da banda punk carioca Jason, Panço fotografou superfícies, redigiu textos curtos e confessionais, compôs 21 músicas instrumentais e lançou tudo junto neste livro que vem com um CD. Um belo e sensível manifesto. Superfícies / Leonardo Panço / Tamborete / 64 p. (inclui CD)/  Preço não informado/ Vendas: leonardopanco@gmail.com



Contra outra, paiê!

Com desenhos do fantástico Skottie Young (Rocky Racoon, da Marvel), Neil Gaiman conta a história de um pai que deixou faltar o leite das crianças. Ao sair para comprar, é sequestrado por um disco voador e se depara com aliens, piratas e vampiros. Lúdico. Felizmente, o leite / Neil Gaiman e Skottie Young / Rocco Jovens Leitores/ 128 p./ R$ 24,50/ E-book:R$ 16







Sorrisos entre automutilações

Fenômeno no Facebook, o cartunista catalão Joan Cornellà tem sua primeira obra editada no Brasil. Zonzo é uma coleção de HQs mudas, com quatro quadros e povoadas por seres sorridentes que, quando não se automutilam, o fazem com os outros. Com suas cores chapadas e design fofo, Cornellà estabelece um novo patamar em perversidade e humor negro. Zonzo / Joan Cornellà / Mino / 56 p. / R$ 48






O testamento do Camaleão

Passada a comoção da morte de David Bowie, ouvir seu testamento musical pode ser perturbador. É fúnebre, fantasmagórico em certos momentos. Mas também é adequado – e sim, genial. A faixa-título, em especial, é um épico espetacular. David Bowie / Blackstar / Sony / R$ 49,90







A vida do Killer

Gênio dos primórdios do rock ‘n’ roll, Jerry Lee Lewis incendiou pianos no palco e a moral da família tradicional ao se casar com sua prima de 13 anos. Nesta extensa e detalhada biografia, sua trajetória e os bastidores de uma época em que o rock ainda assustava as senhoras donas de casa. Jerry Lee Lewis: sua própria história / Rick Bragg / Ideal/ 480 p./ R$ 59,90






Brasileiros comuns em HQ

Premiado em Angoulême (França) este ano por uma HQ ambientada em Salvador, Quintanilha é, possivelmente, o melhor quadrinista pátrio vivo. Nesta coletânea de HQs curtas, flashes do brasileiro comum, que ele tão bem sabe retratar. Um narrador sofisticado e direto. Hinário Nacional / Marcello Quintanilha / Veneta/ 136 p./ R$ 49,90







Grandiloquência que cansa

O segundo álbum da banda carioca Baleia bebe com vontade nas fontes do Radiohead e Arcade Fire. O resultado, claro, soa grandiloquente e irregular. Há momentos, mas no geral, é cansativo. Baleia / Atlas / Sony Music / Disponível nas plataformas digitais / Preço Não divulgado







Trovador em easy listening

Trovador gaúcho consagrado no sul do país, Nei Lisboa relê parte de sua vasta obra ao vivo. Se o som é easy listening linha Steely Dan (baita elogio), as letras aliam poesia e desencanto com sensibilidade. Nei Lisboa / Telas, Tramas & Trapaças do Novo Mundo – Ao Vivo / natura Musical / R$ 39,90







Ensaios literários

Subtitulada Ensaios sobre artistas e escritores, esta coletânea de textos da articulista da revista New Yorker  traz suas afiadas análises sobre gente do porte de JD Salinger, Diane Arbus, Virginia Woolf e outros. Jornalismo literário atual por uma de suas melhores representantes. 41 Inícios falsos / Janet Malcolm / Companhia das Letras/ p./ R$ 54,90/ E-Book: R$ 37,90







País rachado em rimas

Envelopado em arranjos sofisticados, o rapper Rashid estreia com forte manifesto em que dá conta de um país rachado, que mostra sua cara feia nos discursos de ódio das redes sociais e na indiferença pelo próximo nas ruas. Paulada. Rashid / A coragem da luz / POMMELO / R$ 19,90







Placebo ainda emociona

Apesar do formato esgotado, o Unplugged MTV do Placebo funciona graças ao bom repertório da banda liderada por Brian Molko. Os arranjos podiam ser mais vivazes, mas hits como 36 Degrees e Without You I’m Nothing ainda emocionam. Placebo / MTV Unplugged / Universal Music / DVD: R$ 39,90 / CD: R$ 29,90






Fã e ídolo

Cultuado autor britânico de origem paquistanesa, Kureishi faz aqui uma bem humorada crítica à fogueira de vaidades do mundo intelectual e editorial. Quando um jovem escritor pesquisa a vida do seu ídolo para biografá-lo, depara-se com um gênio cínico e manipulador. A última palavra / Hanif Kureishi / Companhia das Letras/ p./ R$ 54,90/ E-Book: R$ 38,90






Austen em HQ

O clássico de Jane Austen ganha aqui uma adaptação de fôlego pelo roteirista  Ian Edginton e o desenhista Robert Deas, de traço anguloso  e elegante, adequado ao clima vitoriano. Óbvio, não substitui a leitura do romance, mas é ótima introdução. Orgulho & Preconceito / Jane Austen, Ian Edginton e Robert Deas / Nemo / 144 p. / R$ 39,90 / eBook: R$ 27,46







Conexão Brasil-Espanha

A voz quente e dramática da cantora espanhola Irene Atienza faz boa dupla com o violão brasileiro de Douglas Lora. O repertório tem Noel (Último Desejo), Gordurinha (Súplica Cearense), Baden / Vinícius (Samba em Prelúdio) etc. Irene Atienza e Douglas Lora / Parcerias / Casa do Som / Preço não divulgado






Estreia tardia, porém muito bem-vinda

Fundada em Salvador nos anos 1990, a Mercy Killing foi reformada em Curitiba pelo baixista Leo Barzi. Neste debut album, 16 pedradas thrash metal de altíssima octanagem. Destaque para a voz de Tati Klingel, que urra que é uma beleza. Mercy Killing / Euthanasia / Independente / Vinil: R$ 90 / CD: R$ 25







Poeta underground

Ex-Sombra Sonora, o baiano Marconi Lins estreia solo em álbum onde reafirma sua veia de poeta underground. A gravação da bateria é meio ruim, mas o punch roqueiro compensa, em faixas como O Tempo e Moscou Amsterdã. Marconi Lins / Idem / Independente / R$ 15 / Baixe: www.marconilins.com







Alceu não brinca em serviço

Trilha sonora de Alceu Valença para o filme homônimo, dirigido por ele mesmo. Em faixas e vinhetas curtas, é um mergulho no imaginário do Nordeste profundo, dialogando com o agora. Só um cara como Alceu, mesmo. Premiada em Gramado. Alceu Valença / A Luneta do Tempo / Deck / CD duplo: R$ 50,90







Boa estreia

Afinadíssima, a carioca Clara Gurjão estreia bem com um álbum de MPB descontraída, sem aquela preocupação de soar “moderna” que acomete tantos novos artistas. Artista pronta, poderia ter faixas como O Mundo É Tentador, Rapaz nas rádios. Clara Gurjão / Ela /  Independente - Tratore / R$ 19,90







Fantasia no caminho

Segunda parte da Trilogia Elenium, do escritor de fantasia David Eddings. Com a Rainha Ehlana enferma, Sir Sparhawk e seus aliados parte em busca da cura em território cheio de perigos e terror. Em seu encalço, uma criatura das sombras, capaz de rastrear seus passos. O Cavaleiro de Rubi / David Eddings / Aleph / 376 p. / R$ 46,90







Feminismo básico

Um dos documentos fundadores do feminismo, este livro da pensadora  iluminista Mary Wollstonecraft (1759-1797) reivindicava o acesso à educação para as mulheres. Precursora do amor livre, MW é referência fundamental para Simone de Beauvoir. Reivindicação dos direitos da mulher / Mary Wollstonecraft / Boitempo/ 256 p./ R$ 53







Gil no osso

A cantora e percussionista Vanessa Moreno junta-se ao contrabaixista Fi Maróstica para um tributo  a Gilberto Gil. Canções expostas ao osso em arranjos espartanos e muita afinação. Tenha o prazer. Vanessa Moreno e Fi Maróstica / Cores Vivas: Canções de Gilberto Gil / Independente / Preço não informado







Virtuoso das teclas

Pianista para nomes tão díspares quanto Céu, Dominguinhos e Teatro Mágico, Guilherme Ribeiro mostra sua produção própria neste quarto álbum solo. Virtuoso das teclas, relê Canto de Ossanha (Baden e Vinícius). Guilherme Ribeiro / Tempo / Sound Finger / Preço não informado







Lamento negro 21

Em um cenário de ostentação e egolatria, o rapper norte- americano Kendrick Lamar surge como a luz no fim do túnel. Premiadíssimo, este lamento negro do século 21 junta George Clinton, Isley Brothers e Fela Kuti para mandar seu recado. Kendrick Lamar / To Pimp A Butterfly / Universal Music / R$ 42,90







Assassinatos ilustrados

Compêndio de relatos curtos de assassinatos, compilados pelo autor espanhol Max Aub (1903-1972) e ilustrados pelo argentino Liniers (da cultuada série Macanudo). Os motivos (e métodos) são os mais absurdos: do garçom demorado à traição, há de tudo. Crimes exemplares / Max Aub / Livros da Raposa Vermelha / 96 p./ R$ 34,90







Nulidade gringa

Pense em uma trilha sonora de comercial para uma operadora de telefone celular. Agora piore umas dez vezes mais. É mais ou menos como soa a banda American Authors, uma dessas nulidades gringas que as gravadoras despejam por aqui. American Authors / Oh, What a Life / Universal / R$ 29,90







Erudito carioca

Peças inéditas em gravações do compositor erudito carioca Tim Rescala, executadas por nomes acima de qualquer suspeita, como Quinteto Villa-Lobos, Quarteto Radamés Gnatalli, Maria Teresa Madeira (piano) Jessé Sadoc (trompete). Tim Rescala / Sete vezes / Pianissimo / R$ 25