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terça-feira, agosto 09, 2016

SUL DA BAHIA COMPARECE BONITO COM ISMERAROCK & O CALIBRE DOBRADO

IsmeraRock no ofício. Foto Kalyne Cristina
Ismeraldo Santos Sousa, natural de Ubaitaba, é uma lenda do blues no sul da Bahia.

Ex-integrante da principal banda do estilo na região, a Mendigos Blues (de Itabuna), o IsmeraRock, como passou a se chamar no meio artístico, lançou recentemente, seu primeiro álbum solo, Calibre.

"Não saberia dizer muita coisa sobre a banda (Mendigos Blues) atualmente, mas eles fizeram algumas apresentações após minha saída. Sai pra tocar o Calibre, o Bando do Mar com Ubráis e iniciar um projeto chamado Crime Organizado, junto com músicos e atores aqui em Ilhéus, então o tempo pra me dedicar à Mendigos ficou escasso. Fazer parte de um projeto só por fazer não é a minha, então achei melhor deixar a galera livre pra definir os caminhos da banda", esclarece.

Produzido pelo próprio IsmeraRock em parceria com a revelação Ayam Ubrais Barco, aquele que deixou todo mundo de cara em 2013 com seu álbum ¡Partir O Mar Em Banda!, Calibre é obra de um artista já encaminhado em seu discurso, com sonoridade rica, letras espertas, falando pro mundo, mas com os pés bem fincados no seu chão.

Com rara habilidade, IsmeraRock conjuga em som e letras influências do blues clássico norte-americano, da British Invasion, Raul Seixas e Camisa de Vênus, mais algum regionalismo.

“É muita gente me influenciando, viu”, brinca.

"No Blues norte americano, tem todos os Kings, os Blind, os Little, os Slim e a eles somam-se alguns nomes do Rock britânico como Stones, Rorry Gallagher, Peter Green e Fleetwood Mac, Free...", enumera.

“Mas compor blues e rock em brasileiro (como diz Ayam), sem ser clichê, é uma tarefa árdua. Raul, Marcelo Nova e Renato Fernandes (da Bêbados Habilidosos) são os grandes responsáveis pelo meu jeito de escrever”, conta.

"Raul por sua sagacidade e engenhosidade na forma como trabalhava as letras e Marcelo Nova com aquele jeito meio punk anárquico de vomitar as músicas. Muita gente compõe em português de forma simplista, apenas copiando o jeito de cantar em inglês traduzindo pro português e isso me incomoda bastante, é ai que entra o Renato (que pra mim é o cara que melhor compõe blues em português), quando descobri as músicas dele percebi que podia compor de forma natural, sem ter que sair copiando o jeito dos estrangeiros. Pena que pouca gente conheça o trabalho dele", afirma Ismeraldo.

"(A influência regional) Vem do Nordeste como um todo e flui de forma bem natural, por que ouvir Geraldo Azevedo, Zé Ramalho, Elba Ramalho, Alceu Valença, Dominguinhos e Gonzagão me remete aos tempos da infância, ao toca fitas nas viagens de carro para a praia com os familiares. Então de vez em quando o inconsciente ativa essas memórias e me permite colocá-las nas canções", conta.

Amor como metáfora

Ora jocoso (Porres, Blues e a Bailarina), ora raivoso (Manifesto), ora terno (Pinheirinho), Calibre é quase um álbum temático, lidando com os temas da liberdade e da luta, algo necessário neste triste momento da vida brasileira.

“Os mestres do blues não podiam cantar sobre as chibatas do patrão, a discriminação, toda a opressão da casa grande sobre a senzala. Por isso, muitos usavam as dores do amor como metáfora. Então eu canto o amor de forma diferente também, por que é amor você sentir a dor do outro e querer amenizá-la, ver as injustiças sociais que se arrastam por séculos e querer acabar com elas”, afirma Ismeraldo.

"Sabe, Sabotage diz que Rap é compromisso, eu tento trazer um pouco desse compromisso pra minhas canções, inspirado também pelo Punk Rock", acrescenta.

No palco e no estúdio, o músico se apresenta com a banda Calibre Dobrado, que conta com Eduardo Cézar (baixo) e Mateus Albuquerque (bateria). Podemos ve-los em breve em palcos soteropolitanos.

"Muito da sonoridade do disco tem a ver também com o trabalho de Bateria e Baixo de Mateus Albuquerque e Eduardo Cézar, então não poderia deixar de colocar as influencias deles. Mateus inspira-se muito em Gavin Harrison, Mitch Mitchel, Carlton Barret, Dave Lombardo e Brad Wilk. Já Dudu é influenciado por Robinho Tavares, James Jameson, Richard Bona e Gilberto Gil", conta.

"(Trabalhar com Ubráis) É fantástico por que ele põe o coração em tudo o que faz e nada é gratuito. Todos os arranjos, do início ao fim da canção tem que ter um motivo, uma razão para estar ali. Ele teve total abertura para criticar e fazer alterações em arranjos das canções, alterações nas letras para que elas ficassem mais coesas. Esse processo que pode ser bastante estressante acabou fluindo de forma bem tranquila, em grande parte por que enxergamos nossa arte de forma semelhante, nos consideramos trabalhadores da arte e não apenas artistas", observa.

“Eu e Ubráis tivemos a ideia de unir o Bando do Mar e o Calibre Dobrado e sair tocando juntos. Mateus Albuquerque toca bateria nos dois projetos, Edmilson Sussa toca no Bando e também participou no Calibre, então estamos propondo essa apresentação conjunta.  Já nos apresentamos assim algumas vezes e estamos dialogando com Thiago (que vem fazendo um trabalho fantástico com o Rockambo) e com o Big pra chegar por aê pela capital. Espero que possamos dar boas notícias em breve”, conclui.



NUETAS

Carrancas & Motim

As bandas Las Carrancas e Motim 13 são as atrações do Quanto  Vale o Show? de hoje. Dubliner’s, pague se puder.

Barulho em dobro

Barulho SA X 2: amanhã, 21 horas, no Blues 0800 da RestGate Blues. E sexta, no Taverna, com Canvas e Olhos Para o Infinito. 22 horas, R$ 15.

Ivan Moto no lançamento do livro do Zezão 

Ivan Motosserra anima o lançamento do livro Jovem Guarda na Bahia, de Zezão Castro. Quinta-feira, Tropos, 20h30.

Júlio Caldas grátis

Júlio Caldas faz show do álbum Blues, Baiões e Psicodelia. Sexta-feira, Quincas Berro D’Água. 20 horas, gratuito.

2 comentários:

  1. Gosto (ou já gostei) muito do Forastierei, mas de vez em quando ele perde grandes chances de ficar calado.

    https://twitter.com/forastieri/status/762761119501017088

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  2. cara ...tenho q ouvir, anos q nem lembro tanto assim mais, mas se vc gostou man...é pra isso q os discos servem...sinto-me honrado pela lembrança...tenho ouvido kd vez mais jazz dos anos 60...mas tem hora q só o rock q pega de jeito...
    e o forasta realmente...se num muda a realdade brazuca...pelo menos incentiva...depois baixo em ksa...nem ouvi o do teenage.

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