Por volta de 1980. Photo Deborah Feingold / Corbis |
Do controle absoluto da carreira e da produção dos seus discos, à luta para se libertar das gravadoras major nos anos 1990, Prince não cedia um milímetro em suas convicções e ideais artísticos.
A certa altura, em plena batalha judicial com a gravadora Warner Brothers, substituiu seu nome por um símbolo impronunciável e passou a circular publicamente com a palavra "slave" (escravo) rabiscada no rosto – um desafio à indústria fonográfica que tolhia sua criatividade e um verdadeiro escândalo em um país como os Estados Unidos.
Outra peraltice inesquecível foi a capa do álbum Lovesexy (1988), na qual aparecia peladão e sem culpa nenhuma na expressão cândida estampada no rosto, quase um Adão pré-maçã de Eva em alguma pintura renascentista.
O resultado, claro, foi ter o disco recolhido de inúmeras lojas nos estados mais conservadores e religiosos dos EUA.
O artista de quem ontem nos despedimos, aliás, era um verdadeiro mestre na fina arte de falar de sexo quente com altas doses de espiritualidade – talvez seu maior ponto em comum com outro ídolo contemporâneo, Madonna.
Aqui e ali em sua obra, a experiência sexual é comparada ao êxtase religioso. Prince via o sexo como um presente de Deus (ou seja lá que divindade ele acreditava - se é que acreditava). Não a toa, estava sempre cercado de lindas mulheres, como um sultão.
Toda a sexualidade que parecia reprimida em Michael Jackson explodia quando o showman Prince entrava em cena com sua guitarra – um símbolo fálico eternamente em riste –, mulheres seminuas no palco e letras carregadas de sugestões sexuais.
Mas para além de toda a provocação sexo-conceitual, no que Prince era bom mesmo era na música.
Parte da pequena cena musical de sua cidade natal, a gelada e sonolenta Minneapolis, ele e alguns parceiros se lançaram em meados dos anos 70 com a banda Grand Central, com a qual apresentava números de funk da pesada, como Tower of Power, Sly and The Family Stone e The O'Jays.
Mais para o fim da década, com o brilho individual obviamente superior ao dos companheiros de banda, assinou um contrato solo para compor músicas comerciais para um estúdio local.
O resultado: seu primeiro número um nas paradas, com o inesquecível hit de 1979 I Feel For You, na voz de Chaka Kan.
No palco com sua então esposa, Mayte Garcia. Photo Redferns |
Seu primeiro álbum solo saiu um ano antes, não por acaso intitulado
For You.
Ali, começou a moldar o que viria a se tornar o R&B contemporâneo, graças a sua pesquisa com sintetizadores e baterias eletrônicas.
Ali, começou a moldar o que viria a se tornar o R&B contemporâneo, graças a sua pesquisa com sintetizadores e baterias eletrônicas.
Mas Prince nunca quis ser apenas um cantor de hits dançantes.
Acima de tudo, era um músico inigualável e insaciável, do tipo que assinava todas as composições, arranjos e ainda tocava todos os instrumentos em alguns de seus álbuns.
Com a guitarra em punho, era tão inspirado que chegou, a certa altura, a ser comparado a Jimi Hendrix.
Mas Prince nunca quis ser apenas mais um guitar hero. Rocker, funky, hipster, sexy, barroco, fashion, ele desconhecia rótulos e barreiras.
Assim como outro gênio perdido este ano, David Bowie, Prince era múltiplo, era muitos, era todos os rock stars em uma embalagem pequena no tamanho, mas infinda em seu escopo artístico.
Quando ouvir Prince, não tenha dúvidas: faça como Chico César e dance. Dance como se fosse 1999 (como ele cantava no hit de 1982). Dance como se não houvesse amanhã.
OK, OK. Juro que foi a primeira e última vez que cito aquela infame canção de Chico César em um texto. Foi a pressa, o choque. Fora que, porra, não podia deixar passar essa, né? Mas foi a primeira e última vez.
ResponderExcluirTua batata tá assando, desgraçado.
ResponderExcluirhttp://www.brasilpost.com.br/2016/04/20/bolsonaro-denuncias_n_9742466.html
E uma hora vc vai ter que engolir ela inteira, pelando, seu torturador filho de uma égua.
Perdoado pelo choque da perda Francisco, pois a tristeza e o susto não me deixaram ainda ter noção do tamanho do desastre.
ResponderExcluirSantana, Iommy, Page, Clapton, Slash, Mustaine, Metheny, Buddy, Winter; desses todos e mais alguns que não vou lembrar agora, Prince foi o maior guitarrista que vi tocar ao vivo. E esse não era seu maior talento, aliais, difícil saber o que ele fazia melhor.
Falta vocabulário, sobra tristeza.
Olha só, até o cretino do Alckmin se deu conta daquilo que o mundo inteiro já sabe:
ResponderExcluirhttp://epoca.globo.com/tempo/filtro/noticia/2015/09/alckmin-reprova-impeachment-de-dilma-por-abrir-precedente-contra-estados-e-municipios.html
Curioso, não?
Tamo junto nessa, Nei!
ResponderExcluirMais um dado curioso: a Polícia Federal não tem receio de interferência no governo Dilma. Já no governo Temer...
ResponderExcluirhttp://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2016/04/20/se-houver-tentativa-de-interferencia-vamos-resistir-diz-delegado-da-pf.htm?cmpid=tw-uol
É tudo tão curioso neste país, né gente?
Chico...eu "quero" esse impeachment...mas só se poder ter em todos os cargos públicos e políticos dessa nação...se todo mundo for condenado, vai sobrar é vaga de emprego...galera tá com o rabo preso e medo de que o povo peça de outros...mas o satanás da população, o lúcifer da vez, do povo maniqueísta é Dilma...se ela sair...a galera vai aceitar ser enrabado por quem a enraba desde que pisaram aqui...
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=ViIBcsGdYDM
tipo isso...o final é o melhor!
rapaz...vendo os comentários defendendo o ustra...é de doer minha kbeça...acho que vou voltar aos anos 90...
ResponderExcluirDemais o vídeo, Sputter. Sou fã desse menino que faz o índio. Já vi um stand up dele que quase mijei nas calças.
ResponderExcluirChico, vi uma postagem de Maurão no insta, parece que Pedro Bó faleceu, procede essa triste notícia? bateu uma puta tristeza...tinha anos que não o via...mas nos anos 90 eu via-o sempre e trocávamos altas idéias...gostava muito dele.
ResponderExcluirO que, Sputter? Sério isso? Pedro Bó morreu?
ResponderExcluirFalei com Fabão, Fábio Farani, e infelizmente é verdade...morreu no RJ de ataque cardíaco...tou sozinho em brasília e agora soube disso...foda...que descanse em paz...os tempos andam mesmo estranho.
ResponderExcluirÉ, acabei de falar com Apu e ele me confirmou também.
ResponderExcluirRealmente, sinto muito. Fomos amigos próximos durante um bom tempo entre meados dos anos 1990 e meados dos anos 2000. Estávamos afastados, mas nunca tive problema com ele.
Sei que tem gente que não curtia a figura e não tiro suas razões. Ele podia não ser fácil as vezes, mas até onde sei, não era um cara do mal.
Que pena, cara. Que pena.
RIP Pedro Bó.
é isso, o tempo pode fazer as pessoas ficarem mais pesadas, sombiras ou rancorosas...diferentes...num tou dizendo que é o caso dele, mas eu mesmo tento manter uma saúde mental e física, porque se deixarmos a Iniquidade (pra usar um termo moralista), toma conta da gente...e nos perdemos nos nosso próprios caminhos...tento ficar muito ligado nisso pra não mudar tanto assim...que fique em paz...pois os tempos são de chumbo!
ResponderExcluirFico com a lembrança que tinha dele dos anos 90...um cara legal e de certa forma tímido, que foi como eu o conheci.
Quando a gente recebe essas notícias é que se dá conta da tolice de ficar brigando pelas merdas da política.
ResponderExcluirA vida passa, a pessoa vai embora e vc nunca vai se despedir dela. Meu último encontro com PB foi em 2012, no Rio, quando fui assistir o show do Morrissey.
Ele nos encontrou na Lapa, ainda na rua. E disse que estava indo a um bar lá, que esqueci o nome. Disse que teria uma garrafa de uísque na mesa para bebermos todos juntos.
Agradecemos e dissemos que o encontraríamos lá depois. Mas não fomos. Não estávamos no clima.
Não me arrependo, na verdade. Não estava a fim de encarcar o dente na bebida e acordar de ressaca.
Mas fica a lembrança meio melancólica.
Pedro, Bola, Cury e Daniel, nos bons tempos da Dinky-Dau, ainda em 1996.
ResponderExcluirhttps://youtu.be/xuxpRLvXYSY
É como vou me lembrar dele. Tocando baixo no palco.
E aqui, as faixas da DD na histórica coletânea Umdabahia.
ResponderExcluirEm direção:
https://youtu.be/AWzh1e9oZrU
O rastro:
https://youtu.be/5aKBsxE7WkU
Quantos shows massa eu vi dessa banda!
Aqui, o matador EP de estreia da Sangria para baixar, banda que ele montou com Apu, Bola, Maurão e o batera-fenômeno Emanuel Venâncio:
ResponderExcluirhttp://bahiarockmachine.blogspot.com.br/2012/02/sangria-sangria-2005.html
Jânio de Freitas, em sua coluna na Folha:
ResponderExcluir"No dia seguinte à votação, o jornalista José Casado (“O Globo”) escrevia: “Deputados comentavam as ‘cotações’ do relativismo ético: R$ 1 milhão por ausência, R$ 2 milhões pelo voto no plenário”. De cotações nada ouvi, como não ouvi resposta para a questão de maior importância: quem forneceu o dinheiro? O pato do Paulo Skaf há de saber, mas é parte interessada, muito. E, conquanto se trate de um dos mais graves tipos de corrupção –corrupção do Congresso– já se viu que não sensibiliza a Polícia Federal, desinteressada até quando houve confissão de corrompido para aprovar a reeleição de Fernando Henrique"
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/janio-de-freitas-e-michel-temer-quem-agora-opera-o-balcao-de-cargos-sua-especialidade/
Depois venham dizer que não é golpe. Ora, ora, ora.
sempre lembro da dinky como a banda que mais lançava demo em salvador...bastante ativa...e aquela pegada pós punk...embora ficou mais tempo tocando "alternativo" do que pós...nélio tb cantou uma cara com eles né?
ResponderExcluirFoi. Em 1997, se não me engano, Apu entrou na banda na segunda guitarra e logo depois, Bola saiu e Nélio assumiu os vocais. Foi uma época bem ativa, muitos shows bala. Eu gostava da banda. Gostava mais que da Sangria, confesso.
ResponderExcluirDemorou, Fernandinho. Demorou.
ResponderExcluirhttp://www.brasilpost.com.br/2016/04/22/fhc-bolsonaro-torturador_n_9757356.html?utm_hp_ref=brazil