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segunda-feira, fevereiro 29, 2016

EXCLUSIVO: SOTEROPOLIFÔNICA A CAMINHO

Nova orquestra municipal, idealizada por Luciano Calazans e Ubiratan Marques, poderá estrear já no aniversário da cidade

Bira Marques e Luciano Calazans em foto de Margarida Neide / Ag. A TARDE
Salvador está prestes a ganhar uma nova orquestra. O contrabaixista Luciano Calazans  e o maestro e pianista Ubiratan Marques estão correndo contra o tempo para estrear, ainda nas comemorações do aniversário da cidade (29 de março), a Soteropolifônica.

A ideia surgiu quando Calazans trabalhou como arranjador junto à Orquestra Juvenil da Bahia (do governo estadual) no concerto beneficente de Ivete Sangalo, em dezembro último.

“Na convivência que tive com a Orquestra Juvenil, conheci muitos músico de alto nível. Daí surgiu essa ideia  de fazer a primeira orquestra municipal”, conta Calazans.

Nomeada Soteropolifônica, a orquestra será aberta não apenas a músicos de concerto tradicionais, mas também a percussionistas de estilo popular e de instrumentos elétricos.

“Ela terá cunho erudito e popular irrestritos, podendo  executar e acompanhar peças de todos os gêneros, inclusive erudito, passando pelo rock, samba, axé, tudo”, afirma.

“Nossa intenção é ter músicos da melhor qualidade em todos os naipes, que estarão ora sob minha regência, ora sob a regência de Bira. Ele também será pianista e eu, contrabaixista. Teremos solistas, regentes e arranjadores convidados do Brasil e do mundo, sempre com um viés educacional”, detalha Luciano.

Por enquanto, porém, tudo está no início. Luciano diz que ele o maestro Bira já selecionaram chefes de naipes (sopros, cordas, percussão etc) e juntos, a dupla e os chefes selecionarão os músicos.

“Faremos audições, mas caberá aos chefes escolher músicos que não tenham fronteiras ou preconceitos em termos de música”, afirma Luciano.

Ele diz acreditar que poderá aproveitar muitos jovens oriundos da própria Orquestra Juvenil: “Como é um sistema rotatório, creio que poderemos recrutar muitos deles, mas não temos restrição de idade, não teremos só músicos jovens”, diz Luciano.

O contrabaixista virtuose Luciano Calazans. Foto do blogueiro
“É importante dizer que esta orquestra vai acontecer, independente de participação de órgãos públicos ou privados, pela vontade e pela estrada que Bira e eu temos juntos. Queremos dar uma revirada no cenário. Tá na hora de sair desse negócio de ‘música do verão’. Precisamos de música também para os invernos, outonos e primaveras dos próximos 200 anos. Não dá pra arte ser tão efêmera”, diz.

Apesar do discurso aguerrido, Luciano sabe que, com apoio – governamental ou privado – tudo fica mais viável. Felizmente, já tem gente na prefeitura comprando a ideia.

“Eles me procuraram por que tem a ideia de criar uma orquestra sinfônica municipal, que funcione como uma ONG”, confirma, por telefone, Severiano Alves de Souza, Secretário do Desenvolvimento, Trabalho e Emprego.

“A Prefeitura, sobretudo minha Secretaria, teria muito interesse no projeto, até por que temos um programa, o Pelourinho Dia & Noite, que é estratégico na politica municipal que envolve eventos no Pelourinho, como as Terças da Bênção e as bandas que tocam nas praças e largos”, afirma.

O Secretário espera ter a Orquestra como uma espécie de atração a mais no Centro Histórico, apresentando repertórios do cancioneiro baiano.

“Queremos que  a pessoa que vai ver o Olodum saiba que temos uma orquestra com apoio municipal. Ela teria apresentações calendarizadas com músicas do Luis Caldas, do Riachão, de nossos grandes compositores, para que não deixe morrer a cultura musical soteropolitana”, diz Severiano.

O que falta para a coisa acontecer, então? “Precisamos institucionalizar a orquestra, organizar seu estatuto, essas coisas”, diz Luciano.

“Na hora em que a orquestra se instituir, a prefeitura promoverá parcerias com ela”, afirma Severiano de Souza.

“A medida que envolver jovens nesse projeto, eu e minha secretaria vamos apoiar a instituição. Até por que ela precisará sobreviver com o mínimo possível, do ponto de vista financeiro. Mas só podemos contribuir na hora em que ela se institucionalizar juridicamente”, detalha.

“Vamos tocar nas festas populares  composições contextualizadas com essas festas. Será a orquestra  mais próxima do povo do Brasil”, conclui Luciano.

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