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terça-feira, fevereiro 02, 2016

A CRUZ DE EDUARDO SLAYER

Pioneira do doom metal no Brasil, a lendária The Cross volta, após 18 anos parada

Eduardo "Slayer" Mota, Mr. The Cross Ft Ana Prado
Arrependei-vos hereges!

Após um hiato de nada menos que 18 anos, a pioneiríssima banda baiana de doom metal The Cross está de volta à cena.

A segunda vinda acontecerá neste sábado, por volta das vinte horas, no templo pagão do Palco do Rock, que este ano finca suas bases no solo sagrado do Jardim dos Namorados.

Sempre liderada por Eduardo “Slayer” Mota, a banda fez história na Bahia e no Brasil, na década de 1990, sendo considerada por muitos como a primeira banda de doom metal da América do Sul.

Para quem não conhece, o doom metal é a subdivisão mais lenta e arrastada do heavy metal.

“Pra mim, o  doom tem que ter, acima de tudo, peso, melancolia, letras depressivas e  um clima sombrio”, afirma Eduardo, que hoje tem 50 anos e é petroquímico.

“Nosso culto é o Black Sabbath, eles começaram tudo. Com as subdivisões, começaram a aparecer bandas mais cruas e arrastadas, como The Obsessed e Cathedral, mas quem começou mesmo foi o Candlemass, que é  nossa maior influencia”, explica.

"O doom metal hoje é muito abrangente, com bandas de vários perfis. My Dying Bride, por exemplo, tem até violino. Tem banda que o vocal é lirico, é o doom épico. A gente é black doom. Na Europa, tem vários festivais só de doom", diz.

Cinco mil fitas cassete

The Cross 1993: Josué, Maurício, Pedro, Jorge e Eduardo. Do FB da banda
O curioso é que, apesar do pioneirismo, a The Cross, por uma série de contratempos, nunca chegou a lançar um álbum cheio, apenas uma fita demo com três faixas, The Fall (1993).

“Este é o primeiro trabalho registrado  de doom metal no Brasil. Ia sair em split com outra banda, mas o selo faliu. Aí fiz uma capa e lancei eu mesmo. Vendi umas cinco mil fitas. Vendeu muito na França, deixou a gente conhecido no cenário mundial”, conta.

"A banda acabou depois que tocamos no Carnaval de 1997, aí rolou uma confusão, uma briga lá. O batera saiu da banda e eu comecei a fazer testes para um tecladista. Fiquei o ano de 97 todo buscando. Aí no fim do ano fiz uma carta padrão e mandei para todo mundo. Parei a banda, cortei o cabelo, tirei os brincos, enchi o saco. Mas continuei acompanhando a cena, continuei ouvindo. Só não me envolvi mais com banda", prossegue Eduardo.

"Para essa volta, eu na verdade, tinha pensado em um projeto que não era The Cross. Chamei o primeiro guitarrista da época e um baixista amigo, 'ah, vou fazer uma banda nova' e tal. Aí algumas pessoas souberam e disseram 'volte com a The Cross', mas aí eu porra, é muita dor de cabeça, os caras não tão a fim. Mas aí conversei com os caras eles 'vambora'. Inclusive, teve um cara amigo meu que sempre teve uma vontade tocar comigo, mas ele tem uma dificuldade: ele tem câncer. Chamei o cara, aí ele foi no céu e voltou. Aí chamei o batera do Mystifier e começamos trabalhar, em janeiro de 2015. Em abril fomos pra estúdio e começamos a gravar. O maluco do selo Eternal Hatred lá do Piauí quis lançar e é isso, saiu esse EP. Se fosse programado, não tinha dado certo", relata.

"Não é todo mundo que aguenta tocar essa coisa arrastada. Foto Ana Prado
"E desde que voltamos, já mudamos de formação várias vezes. É complicado, não é todo mundo que aguenta tocar esse som arrastado, neguinho quer coisa mais pra frente. Mas o The Cross é projeto de vida pra mim, sempre foi estilo de vida. Curto doom metal há 31 anos, a gente foi a primeira banda de doom. Quando tocava fora da Bahia, a gente dizia que era doom e o pessoal nem sabia o que a gente tava falando. Viajamos o Brasil todo, de 1993 a 1995, só com uma demotape com três musicas. Na época, era muito mais difícil gravar", lembra.

Agora, para tirar o atraso, Eduardo, Elly Brandão e Felipe Sá (guitarras), Mário Baqueiro (baixo) e Louis (bateria), preparam um lançamento duplo: o EP Flames Through Priests e o aguardado álbum de estreia, The Cross. Flames traz duas faixas inéditas e as três da demo de 1993 de bônus.

“Já temos shows marcados em Teresina, Fortaleza, Mossoró, São Luís, São Paulo, Curitiba, Paulo Afonso, Cícero Dantas e Itabuna, tudo a partir de abril. E em 2017 vamos fazer nossa primeira turnê pela Europa”, conta Eduardo.

The Cross no Palco do Rock 2016 / Com Contrapartida, RockScola, Act of Revenge, Kattah (PR), Muqueta na Oreia (SP), Behavior, Lo Han e Madness Factory (PB) / Jardim de Alah / 18 horas / gratuito

www.facebook.com/thecrossdoom



NUETAS

Yeah man, rock!

Hoje, todos os caminhos levam ao Rio Vermelho. Tem rock do bom na Hell’s Kitchen (Les Royales, Toco Y Me Voy), no Taverna (Derrube o Muro, Ivan Motosserra, Van der Vous,  Giovanni Cidreira) e na Companhia da Pizza Ifá Afrobeat, Funkmotiva, Selvagens a Procura de Lei, Malícia Champion, O Quadro).

Destaques PdR 2016 

E na sequência, começa o Carnaval, com o Palco do Rock 2016 armado no Jardim dos Namorados, a partir deste sábado. Além da The Cross, destacada aí ao lado, a coluna recomenda Behavior e Lo Han (no sábado), Drearylands e  Guga Canibal (domingo), IV de Marte, Circo de Marvin e Keter (segunda-feira), Jack Doido, Batrákia e Veuliah (terça). Mas tem muitas outras, inclusive uma gringa, a Unconscious Disturbance (EUA). Vista uma camisa preta e saia por aí.

6 comentários:

  1. A quem interessar possa,
    SEGUE RELEASE:

    MONTREAL, NO CANADÁ, SEDIA A RED BULL MUSIC ACADEMY EM 2016

    Artistas de todo o mundo podem fazer suas inscrições de 18 de janeiro a 7 de março

    A Red Bull Music Academy irá sediar seu próximo evento de um mês em Montreal, no Canadá, no outono de 2016 do hemisfério Sul. Essa será a 18ª edição da Academia e o primeiro retorno do evento ao Canadá desde 2007.

    As inscrições para a Red Bull Music Academy estarão abertas entre 18 de janeiro e 7 de março de 2016. O formulário pode ser baixado do site redbullmusicacademy.com e deve ser enviado até 7 de março, com um CD de material gravado pelo artista. A partir daí, o júri da Red Bull Music Academy irá selecionar 40 participantes.

    Instituição global comprometida em promover a criatividade na música, a Red Bull Music Academy se instala em uma cidade-sede diferente a cada ano desde 1998, reunindo um grupo de produtores, vocalistas, beatmakers, instrumentistas e DJs de todo o mundo.

    Durante um mês, os artistas selecionados participam de sessões e aulas com pioneiros no mundo da música, e colaboram musicalmente com esses convidados e com os outros participantes. À noite, a Academia apresenta um festival com shows e festas realizadas em locais especiais da cidade, cada um deles apresentando um elemento diferente da identidade musical e cultural única da metrópole anfitriã do evento.

    Em 2015, a Red Bull Music Academy foi interrompida devido aos acontecimentos devastadores que ocorreram em Paris no mês de novembro. Os 30 participantes selecionados para o segundo termo do evento na capital francesa irão se juntar aos novos 40 participantes que serão selecionados para o evento em Montreal neste ano.

    Todos os 70 artistas participarão do intercâmbio entre gêneros e gerações que sempre foi central para a programação. A lista de artistas que participaram ministrando palestras ou se apresentando inclui nomes como Brian Eno, Nile Rodgers e Kim Gordon até Giorgio Moroder, Erykah Badu, Bootsy Collins, MF Doom, Richie Hawtin, Tony Allen, Q-Tip, Sly & Robbie, Chuck D, MIA e James Murphy. Muitos dos que já participaram da Academia se tornaram artistas conhecidos em suas cenas, como Flying Lotus, Hudson Mohawke (o produtor por trás dos beats de Drake e Kanye West), Nina Kraviz (DJ e produtora russa) e Aloe Blacc (cantor de soul de LA).

    PORQUE MONTREAL?
    A cidade de Montreal está no epicentro do experimentalismo artístico canadense por décadas. Com uma rica história musical enraizada na disco, jazz, folk, hip hop e techno, Montreal é celebrada como um terreno fértil para desenvolver e sustentar os sons de artistas influentes como Leonard Cohen, Rufus Wainwright e Arcade Fire. Sua faceta multilingue e multicultural dá suporte a uma cena de arte, que inclui contribuições de vanguarda em áreas como design de videogames e animação, além de alguns dos melhores cineastas do mundo. A arquitetura única da cidade e a diversificada paisagem industrial servem de cenário e ferramentas a muitas formas diferentes de expressão.

    Saiba mais
    Para mais informações sobre a Red Bull Music Academy e para acessar centenas de palestras em vídeos e músicas exclusivas, visite o site daily.redbullmusicacademy.com ou siga @RBMA. Para fotos e vídeos de uso editorial, visite a página redbullcontentpool.com/musicacademy.

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  2. Quolé, Toninho! Obedeça a porra do produtor!

    http://omelete.uol.com.br/musica/noticia/red-hot-chili-peppers-novo-album-esta-quase-pronto-diz-anthony-kiedis/

    "Ah, mas a gente já tem as músicas"!

    "Tem porra nenhuma, senta lá e escreve tudo de novo"!

    Danger Mouse ruleia, baby!

    ("Ruleia" é tão 2005, né? Foi mal!)

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  3. cara, tou pensando em ir só pra ver the cross...pelo menos foi a q me chamou atenção...o + curioso é que eu sempre me batia com eduardo, acho q ele tb tinha uma loja perto da coringa, a castle...nos falávamos muito nesse período...mas falei com eles anos atrás e ele não se lembrava de mim...ele quase morreu num acidente aí...no polo, mas salvou um amigo e sobreviveu...cara da zorra...te umas lendas q ele virou taxista...e uma sra reclamou q ele tava ouvindo slayer e ele mandou descer do TX...q uns pagodeiros ele fez o mesmo, ou nem pegou-hehehehe
    lendas...

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  4. hj creio que só rolou futchers e honkers...sem brust...e eu dei seu tel pra daniel ruivinho, q esqueci o sobrenome dele...sei q fui meio indelicado...mas ele disse q queria muito falar com vc...como é um cara gente boa e q tá morando fora...dei o tel...espero que num tenha feito nada errado. wildberg o sobrenome...algo assim.

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  5. Que foda! The Cross fez alguns shows antológicos por aqui - Aracaju, Estancia e Itabaiana, minha cidade natal - no início da década de 1990. Tempos heróicos, onde tudo era feito REALMENTE na raça, sem a menor estrutura. Muito bom saber dessa volta. Seu blog é muito foda, vai da "nova mpb indie" aos clássicos do metal podrera, com classe e sem preconceito. Sensacional.

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  6. Tranquilo, Sputter!

    Daniel é meu brother.

    Valeu, Adelvan! Você é de casa.

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