Pepeu Gomes e Marco André: Conexão Brasil. Foto: Alexandre Moreira |
Além do álbum inédito que lança ainda este mês – Alto da Silveira –, nesta semana, ele traz a cidade o show Conexão Brasil, em que se apresenta com o músico paraense Marco André e o Trio Manari, de percussionistas.
O espetáculo com ingressos a preço popular e patrocínio dos Correios tem duas datas em Salvador: amanhã e quinta-feira, além de uma oficina gratuita com Pepeu, Marco e o Trio Manari na sexta-feira.
Apesar de ainda ser pouco conhecido na Bahia, Marco André já conta com uma sólida carreira, tendo surgido no cenário até mesmo antes do hype da música paraense.
Não a toa, ele e Pepeu são parceiros musicais não é de hoje: “Há alguns anos, ele me convidou para fazermos um projeto juntando Bahia, Rio de janeiro e Pará”, conta Marco, por telefone.
“Daí saiu um projeto chamado Pa Ri Ba, com Pedro Luís, que teve uma resposta maravilhosa de crítica e público. Isso se desmembrou nesse projeto comigo e o Marco, onde mostramos o Pará e a Bahia para o Brasil. A ideia surgiu de forma natural”, completa Pepeu.
No palco, os dois estão à vontade e em família. Pepeu conta com seu enteado (Filipe Pascual, guitarra) e seu irmão (Didi Gomes, baixo). Marco conta com seus velhos amigos de Belém do Trio Manari.
“O Manari sempre tocou comigo nos meus discos e turnês. Temos um projeto também, o Cabloco Muderno, que sai no Carnaval em Belém e no Rio”, conta Marco.
“Inclusive, Pepeu participou do disco do Cabloco. Já fizemos tanta coisa em parceria, aí pensamos: ‘pô, vamos colocar nossas ideias juntas em um espetáculo pensado e coletivo’“, acrescenta.
E o resultado é o Conexão Brasil, que a trupe apresenta por aqui nesta semana, com canções do repertório dos dois músicos, mais releituras de Jorge Ben Jor, Paulo André & Ruy Barata e Mestre Lucindo.
“É um show em que a guitarra e a percussão aparecem demais. São três guitarristas (Pepeu, Marco e Filipe) e três percussionistas (Trio Manari) no palco”, diz Marco.
Sobre o Trio Manari, formado por Kleber Benigno, Márcio Jardim e Nazaco Gomes, Pepeu afirma se tratar do “grupo percussivo mais importante do Brasil na atualidade”.
“É uma percussão totalmente diferente da baiana e da carioca. Eles tem uma maneira indígena de tocar. Isso é muito legal, desafiador e diferente. Tem trazido muita alegria pra gente e tenho feito esse trabalho com o maior prazer”, elogia Pepeu.
Arrefecendo o hype
Didi Gomes (baixo) e Trio Manari participam. Foto: Alexandre Moreira |
O próprio Marco chegou a ironizar o fenômeno em seu último álbum, Nem Révi Nem Laite (2014). “Houve um boom absurdamente grande em torno de um dos ritmos paraenses, que é o tecnobrega, que nem era tocado pelo mais jovens dentro de uma raiz verdadeira, até por que eles não viveram isso”, opina.
“Se você faz com verdade, isso é o que interessa. Mas criar um factoide em cima de uma coisa que não é verdadeira, fica perigoso”, acrescenta.
Já Pepeu acredita que o movimentá “está só começando. A música do Pará é muito rica, assim como a da Bahia, só que não foi tao explorada”, diz.
“E lá tem uma diferença: harmonicamente, eles tocam melhor que o axé, por exemplo, que se limita em dois acordes. O Pará é mais ousado, tem mais melodia e musicalidade, não fica parecendo que a percussão é o mais importante. Isso é uma renovação que eu acho que tinha que acontecer na música baiana também”, sugere Pepeu.
Os planos de Pepeu
Baby & Pepeu, no histórico show do Rock in Rio de 1985 |
“Quero ver se até o fim do ano chego com esse show em Salvador”, diz.
Em setembro, ele se reúne com Baby do Brasil para uma apresentação no Rock in Rio, comemorando os 30 anos do histórico show do então casal na primeira edição do festival, em 1985.
“Vai ser super legal. Ela me fez um convite pra participar como convidado e eu aceitei, claro”, conta.
“A geração atual quer ver, é uma música viva até hoje. E ela voltou muito bem ao trabalho dela, então foi uma oportunidade super legal”, afirma.
Outros planos de Pepeu são gravar um álbum de só guitarrada paraense – e um show com uma orquestra sinfônica, para comemorar os 40 anos de sua carreira solo, iniciada com o álbum Geração do som (1978).
“Ainda estou vendo qual sinfônica seria. Pode ser até a da Bahia (Osba), quem sabe?”, deixa no ar.
“A única coisa que eu não queria é deixar a Bahia de fora. É que tenho dificuldade de tocar aí, sabe? Santo de casa não faz milagre”, resigna-se.
Show Conexão Brasil – Com Pepeu Gomes, Marco André e Trio Manari / Quarta e quinta-feira, 21 horas / Teatro ACBEU (Av. Sete de Setembro, 1883, Corredor da Vitória) / R$ 20 e R$ 10
Oficina: sexta-feira, 15 horas / Vagas limitadas a até 30 participantes / Gratuito
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