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sexta-feira, março 06, 2015

CÓLERA RENOVADA

Festa punk no Dubliner’s traz a veterana banda Cólera à cidade, em noite que ainda conta com mais quatro atrações

Cólera 2015, com o jovem Wendel (3º da esq. p/ a dir.) no vocal
Pioneira do punk rock – e do movimento punk – no Brasil, a banda Cólera se apresenta  hoje em Salvador pela primeira vez, desde a perda do seu icônico vocalista, Redson Pozzi, em 2011.

Como o punk não morre, foi convocado para assumir a frente da banda o ex-roadie Wendel Barros, que se juntou aos veteranos Val (baixo), Pierre (bateria) e Fábio (guitarra).

“Me sinto privilegiado e honrado em poder dar continuidade aos trabalhos da banda”, diz Wendel.

Em Salvador, o Cólera se apresenta no Dubliner’s, com as bandas locais Pastel de Miolos e Derrube o Muro, mais os finlandeses Ozzmond e Blueintheface.

Mas o headliner mesmo é o Cólera, banda fundada em 1979 pelos irmãos Redson e Pierre, que conta com álbuns históricos na discografia, como Tente Mudar o Amanhã (1984) e Pela Paz em Todo Mundo (1986).

No repertório do show, Wendel promete “um set list regado de clássicos. E também vamos apresentar dois novos sons,  músicas do  novo álbum, Acorde Acorde Acorde”, conta.

De fã à frontman

Efetivado na banda um ano depois da morte do Redson, Wendel teve antes um longo estágio – primeiro como fã e depois como roadie.

“Conheci o Cólera em 1999, através do LP Tente Mudar o Amanhã, do meu irmão mais velho. Passei a frequentar shows e festivais punks em 2000”, relata.

O Cólera lá no iníciozinho....
"Em 2003 tive o privilégio de poder ir numa festa de aniversário de 41 anos do filho vermelho (Redson). Em 2005 o Cólera se apresentou no município do ABC de graça numa praça na cidade de Santo André, onde troquei camiseta com Redson e peguei autógrafos com a banda. Entre esse período de 2005 até 2008 fiquei sem contato com pessoal do Cólera por motivos de estudo e vida pessoal", lembra.

Em 2008, Wendel entrou em contato com Redson e foi agregado ao grupo como raodie.

"Em junho de 2008 entrei em contato com a fotógrafa da banda (Rena) através do orkut na época, e pedi que ela me colocasse novamente em contato com Redson, daí em diante além de reatar o contato, comecei a  estagiar e trabalhar como roadie no Cólera. Por três anos, tive a oportunidade e o privilégio de  viajar de norte ao sul do país aprendendo na prática os trampos de montagem de palco. No mesmo período, também fiz aulas de canto”, conta o rapaz.

“Um mês depois que Redson nos deixou, em setembro de 2011, Val e Pierre juntaram forças e decidiram continuar com a banda. Como eu já era roadie e estávamos juntos todo final de semana, naturalmente surgiu a oportunidade pra eu assumir o vocal”, diz.

Claro que não foi fácil assumir o posto de um ícone, mas Wendel conta que, no geral, foi bem recebido pelos fãs.

“A recepção foi incrivelmente positiva e acolhedora. Alguns torcem o nariz e falam que sem Redson não rola, mas sabemos  que é  de extrema importância continuar levando a mensagem de paz e conscientização para as pessoas e não deixar que o grito e a luta de uma vida inteira seja em vão”, reflete.

Para Wendel, ser punk hoje em dia é "ser você mesmo e gritar pelo seu direito de ir e vir, e se expressar como ser humano. Gritar o que  pensa sobre essa sociedade capitalista, corrupta e opressora, ser punk é lutar por um mundo melhor. 'O punk é muito forte e não está morto!", reivindica.

Como sabemos, toda boa banda punk tenta se equilibrar no fio de uma navalha, entre um som que arrebate com letras que instiguem o livre pensar, que iluminem o ouvinte. Wendel acredita que "as duas coisas juntas é uma soma muito forte,  mas o mais importante mesmo é a mensagem que a banda pretende passar. O som pode não ser bom, o que faz mesmo a diferença são as letras, que falam a realidade do nosso cotidiano e do mundo, e que serve de exemplo pra muita gente se conscientizar e lutar por uma vida e um  mundo melhor", conclui.

Cólera, Ozzmond, Blueintheface, Pastel De Miolos e Derrube o Muro / Dubliner’s / Hoje, 21 horas / R$ 20

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