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quarta-feira, janeiro 14, 2015

DAVE GROHL TEM MAIS BALA NA AGULHA DO QUE TALENTO

O melhor do novo álbum do Foo Fighters é a sua série de TV

Foo Fighters, foto Ringo
O Foo Fighters de Dave Grohl está longe de ser, assim, uma banda essencial na história do rock.

Também está longe de ser uma banda ruim.

Nada mais século 21, portanto, que, a cada álbum lançado, busque a atenção da mídia com truques de marketing extra-musicais.

É o que acontece com seu novo álbum, Sonic Highways.

Felizmente, os rapazes não são baixos como as atuais cantoras pop, que se limitam a aparecer nuas e a coçar a bacurinha em clipes cheios de “atitude”.

Na verdade, a cada empreitada, o líder do FF, Dave Grohl, aproveita a oportunidade que tem de unir ao útil ao agradável reafirmando sua profissão de fé ao rock ‘n’ roll, sua história e mitologia.

Em Sonic Highways, Grohl dá continuidade a sua investigação das vertentes do rock norte-americano iniciada no documentário Sound City (2013).

Se naquele projeto ele concentrava sua atenção em um único e lendário estúdio de gravação – o Sound City, de Los Angeles – em Sonic Highways ele selecionou outros oito estúdios históricos em oito cidades importantes para a música norte-americana, gravando uma faixa do disco em cada um desses locais.

E não ficou só nisso: a coisa toda virou uma série de TV.

Em cada cidade, ele gravou um documentário no qual esquadrinha a cena musical daquela cidade a partir daquele estúdio, entrevistando músicos, produtores, jornalistas, funcionários.

A deusa do rock Joan Jett participa do episódio Los Angeles
E mais: para cada música do álbum, ele “pescou” frases dos entrevistados, incluindo-as nas letras.

Desfile de ilustres

No fim das contas, Sonic Highways pode não ser lá um puta álbum de rock, mas a série de TV associada é, para os fãs de rock de qualquer idade, algo simplesmente imperdível.

Por que, na indústria musical norte-americana de hoje, só mesmo um cara com “bala na agulha” como Dave Grohl poderia produzir, com estardalhaço midiático, um seriado de TV no qual entrevista figuras históricas do rock.

Estão lá dando preciosos depoimentos Buddy Guy,  Rick Nielsen (lider do Cheap Trick, ambos de Chicago), Ian Mackaye (líder do Fugazi, de Washington DC), Joan Jett, Josh Homme (QOTSA), Daniel Lanois (Los Angeles), Chuck D., Rick Rubin (Nova York), Trombone Shorty, Cyrill Neville (Nova Orleans), Billy Gibbons (do ZZ Top, de Austin, Texas), Dolly Parton (Nashville) e por aí vai.

Sonic Highways é exibido no Brasil pelo Canal BIS aos domingos, às 19h30 (no horário de Salvador).


Correndo sem se mover: álbum é OK e fãs vão curtir, mas falta ousadia

Quanto a Sonic Highways, o disco em si, nada de novo no front – e nem parece ser esta a intenção de Dave Grohl, um sujeito claramente conservador e tradicionalista quando se trata de rock (nada de errado com isto, antes que me apedrejem).

Cena do episódio New Orleans
Trata-se de um álbum que, a pesar de ter apenas oito músicas, não é exatamente curto: a média de duração das faixas é de cinco minutos, o que dá espaço bastante para os músicos se espraiarem em arranjos cheios de convenções e grandiloquência de arena, tendência adotada pelo FF em One By One, álbum de 2002.

Há pouco espaço para sutilezas e a faixa de abertura, Something From Nothing, é um exemplo claro de como o álbum como um todo se desenvolve.

De início ela começa devagar e melodiosa, com Grohl cantando de forma contida sobre as guitarras bem articuladas de Pat Smear e Chris Shifflet.

Aos poucos, a canção vai ganhando outra dinâmica e a voz de Grohl, volume.

Enfim, o que parecia uma canção interessante e sensível vira um grande rock pauleira genérico e berrado, selo Foo Fighters de qualidade.

A faixa seguinte, The Feast and The Famine segue a receita, bacana, mas sem grandes novidades.

E assim vai o resto do álbum, tornando difícil apontar esta ou aquela como faixas de destaque.

Em conclusão, o Foo Fighters rodou por oito cidades diferentes dos Estados Unidos, mas parece não ter se movido um centímetro sequer em sua abordagem musical.

Claro que, a essa altura do campeonato, não se exige mais que se reinvente a roda.

Mas um pouquinho mais de ousadia na composição não faria mal a ninguém.

O público de Grohl é fiel e o seguiria de qualquer jeito.

Sonic Highways / Foo Fighters / Sony Music / R$ 24,90 / LP Importado: R$ 148,90


7 comentários:

  1. Essa Marvel faz de tudo pra chamar atenção....

    http://www.bleedingcool.com/2015/01/14/today-an-avengers-murders-another-avenger-as-secret-wars-begins/

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  2. .

    Pra mim os Fool Fáiters são uma banda ruim, sim. Nem música sabem fazer direito. Não tem uma melodia que grude no ouvido. O ritmo da guitarra vai prum lado e a bateria pro outro. E os vocais são perdidos. Uma das bands mais medíocres dos anos 90 e além. Fail...

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  3. .

    Mas concordo com você: a série de Tv que acompanha do disco Sonic Highways e a sinergia das duas mídias, com as letras de uma inspirada em frases de astros do rock de outra --- é mesmo uma BRILHANTE tática de Marketing.


    Como publicitário, eu aplaudo de pé esse golpe genial.

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  4. RIP Lincoln Olivetti

    http://entretenimento.r7.com/blogs/andre-barcinski/adeus-lincoln-olivetti-mestre-dos-mestres-20150114/

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  5. Surpresa: The Old Road, o belo álbum de Alvaro Assmar, está em primeiro lugar na votação informal entre os internautas para eleger o melhor disco do ano no el Cabong:

    http://www.elcabong.com.br/ajude-a-eleger-os-melhores-discos-baianos-de-2014/#comments

    Álvaro está com 520 votos, bem a frente da segunda colocada, Pitty, com 407.

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  6. .

    "Se o Rock & Roll é ilegal podem me jogar na cadeia."


    __ Kurt Cobain, Nirvana

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  7. http://www.youtube.com/watch?v=N36bxw_Uvak

    Falando em Rock, Rock!

    Entrevista e tocação com Honkers na Tv Caverna...

    Acho que Pitty, Carlinhos Brown e outros não deveriam aparecer nessa lista, porque não são gravados na Bahia, que muitos são bancados do bolso do próprio artista, com recurso parco...além da visibilidade midiática ser outra...

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