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domingo, outubro 26, 2014

TERRORISMO CULTURAL A MODA DA CALIFÓRNIA (ÜBBER ALLES)


Jello a frente do DK no Reino Unido, em 1980. Foto: Mick McGee
Lançado no Brasil, livro de Alex Ogg relata início do Dead Kennedys, banda punk fundamental

Fazer uma banda de punk rock é muito fácil.

Mas ser lembrado, décadas depois, como uma das representações punks mais influentes, corrosivas, avant garde, ameaçadoras e engraçadas de todos os tempos é outra história: é a história do quarteto norte-americano Dead Kennedys, que agora tem parte de sua  trajetória narrada em livro.

Dead Kennedys - Fresh Fruit for Rotting Vegetables [Os Primeiros Anos], de Alex Ogg, traça o início da banda formada em 1978 em San Francisco, uma das cidades mais prafrentex dos Estados Unidos e na qual, já nessa época, havia um pequeno movimento embrionário de bandas e ativistas punks.

A narrativa de Ogg cobre apenas o período inicial do DK, entre meados dos anos 1970 e 1981, quando eles lançaram seu primeiro LP, o superlativo Fresh Fruit for Rotting Vegetables.

Músico de certa experiência em bandas de bar, o guitarrista Raymond John Pepperell, mais conhecido como East Bay Ray, colocou um anúncio em um jornal alternativo, buscando músicos para formar “uma banda punk ou new wave”.

Logo um tal de Eric Boucher,  que foi do Colorado para a Califórnia em busca de oportunidades, respondeu. Apesar de estar há pouco tempo em San Francisco, ele já era conhecido nos inferninhos da cidade, como um dos malucos locais.

Cartaz de campanha de Jello
“Parte do que levou as pessoas a nos assistir pela primeira vez foi ‘Ah, esse cara tem uma banda agora. Vamos ver o que é’”, conta Eric, ou melhor, Jello Biafra, vocalista do DK.

Plataforma eleitoral

Assim como um acidente de avião ocorre por conta de vários fatores em conjunto, uma banda também só se torna fundamental quando há uma espécie de encontro entre pessoas que, sozinhas, jamais alcançariam os mesmos resultados de que capazes em conjunto.

O Dead Kennedys é um desses casos. Quando East Bay Ray, um guitarrista criativo, fã de surf music e Frank Zappa, se encontrou com Jello Biafra, frontman frenético e destemido terrorista cultural, o resultado foi uma das bandas mais explosivas e subversivas da história do rock.

Biafra era tão ousado que, em 1979, concorreu à prefeitura de San Francisco. Sua plataforma previa decretos como obrigar os executivos a se vestirem de palhaços no horário comercial e erigir uma estátua de Dan White (assassino do ativista gay Harvey Milk), somente para servir de alvo para ovos e carne podre, além da legalização de squats (ocupações) e a proibição da circulação de carros no centro.

Biafra terminou a eleição em quarto (entre dez candidatos), com 6.591 votos.



A ótima HQ biográfica incluída no livro
O primeiro álbum do DK elevou o então nascente subgênero do hardcore ao status de arte.

“Fresh Fruit oferecia uma combinação perfeita de humor e polêmica amarrada a um suporte musical que era tão raivoso e criativo quanto os devastadores ataques verbais de Biafra”, observa Alex Ogg, no prefácio.

Foi de Fresh Fruit que saíram verdadeiros clássicos não apenas do punk, mas do rock universal, como California Übber Alles, Holiday in Cambodia,  Kill the Poor e Drug Me, entre outras

No livro, Ogg relata tim tim por tim tim cada detalhe da criação, arranjo e gravação desses petardos, com direito a confrontação dos depoimentos entre os membros, já que, desde 1986, Biafra e os membros remanescentes do DK travam uma verdadeira batalha jurídica e verbal, disputando, bem, basicamente tudo, da autoria do logotipo à ordem das canções.

Em texto leve e bem humorado, Ogg também traça perfis acurados dos membros do DK, além de seus primeiros passos como músicos e ativistas.

A edição ainda conta com vasto material gráfico, como as inestimáveis fotos de Ruby Ray, flyers, cartazes, as colagens de Jello no poster que vinha encartado no Fresh Fruit e trechos de uma HQ biográfica da banda.

Um livro recomendadíssimo não apenas aos fãs do DK, mas a qualquer um que valorize o pensamento livre, a anarquia como filosofia de vida e a independência artística.

Dead Kennedys - Fresh Fruit for Rotting Vegetables [Os Primeiros Anos] /  Alex Ogg / Ideal/ 240 p./ R$ 39,90 / Capa dura: R$ 59,90
R$59,90
R$59,90



10 comentários:

  1. Ernesto comentando em 1, 2,3...

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  2. .

    RARARARARARARA

    Bravo, Franchico. Bravo.

    Agora o jornal ATarde tem uma edição hardcore.

    Num mundo justo, você seria o editor e redator principal da Melody Maker.

    O ROCK LOCO Acima de Tudo.


    O Melhor dos Dead Kennedys — Videoclipes e Ao Vivo


    California Über Alles

    http://www.youtube.com/watch?v=quLqEu4mUOU

    http://www.youtube.com/watch?v=agojxS7a_qQ


    Holiday in Camboja

    http://www.youtube.com/watch?v=KRwUlLahpiI

    http://www.youtube.com/watch?v=1Rm-Fu8rBms

    http://www.youtube.com/watch?v=R11x32WoxrM


    MTV Get Off The Air

    http://www.youtube.com/watch?v=Q8SaI-NtVDM

    http://www.youtube.com/watch?v=UDcfPZOBiow


    At My Job

    http://www.youtube.com/watch?v=TUDEGlV1V5I


    I Am the Owl

    http://www.youtube.com/watch?v=0Lu0G1xCjEM


    Trust Your Mechanic

    http://www.youtube.com/watch?v=v6bigWDsOsI


    Well-Paid Scientist

    http://www.youtube.com/watch?v=idOyb3kMseI


    Chicken Farm

    http://www.youtube.com/watch?v=B_ExP4JpLvM


    Moon Over Marin

    http://www.youtube.com/watch?v=Smbh86hYPTA


    Bleed For Me

    http://www.youtube.com/watch?v=5wDJflajj0A


    Riot

    http://www.youtube.com/watch?v=-XLIJ4HXSek


    Let’s Lynch the Landlord

    http://www.youtube.com/watch?v=VP1NyV60WzA


    San Francisco, 1984 — O SHOW INTEIRO

    https://www.youtube.com/watch?v=32NtcTf3HUc

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  3. .

    Quanto ao livro: as artes impressionantes são um show a parte, pois são pura subversão venenosa, anárquica, no sentido de destruir a confiança nas instituições estabelecidas --- exatamente como as letras de Jello Biafra e os videoclipes criados por fãs dos Dead Kennedys.


    O que se percebe desde o início do contato com os DK, ao acompanharmos a linha evolutiva do Rock n Roll e da Cultura Pop como um todo, é que o hardcore americano foi o primeiro movimento punk auto-consciente e lúcido, com uma meta clara e uma sonoridade limpa de excessos, em que cada instrumento é uma arma, soando nitidamente e separadamente --- diferente do som saturado dos Sex Pistols.


    E lendo o livro vemos como todas peças se encaixam e tudo faz sentido: o verdadeiro rock, a verdadeira arte, a música autêntica, é aquela que expressa sentimentos reais, pensamentos de uma realidade concreta (tudo o que o chamado "progressivo" ou "rock arte" JAMAIS foi).


    E daí que um fenômeno como os Dead Kennedys só poderia mesmo ser um fruto (sem trocadilhos) da cultura libertária de subversão e revolução de San Francisco. Não poderia mesmo vir de outro lugar. Embora a cidade seja também um ímã que atraia os talentos vindos de qualquer "outro lugar" (o próprio Jello Biafra veio do Colorado) mas que só conseguem se articular coletivamente na California.

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  4. .

    Ah, sim:

    AQUI ESTÁ a versão perdida do videoclipe de "Holiday In Cambodia" que foi censurada pelo canal do Youtube no Brasil --- mas recuperada em outro canal aberto em nosso país:


    http://www.youtube.com/watch?v=VVadWk7ufZs


    A parte mais arrepiante é no final, na selva do Vietnã, ao vermos os soldados americanos fumando maconha no cano fumegante de seus próprios fuzis.

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  5. .

    E quanto á Página da HQ Dead Kennedys, da série Hard Rock, originalmente publicada pela Revolutionary Comics:

    Rapá, que arte perfeita! O desenho á limpo, simples, direto e preciso, sem caricaturar e reproduzindo cada rosto em detalhes de expressão inconfundíveis. E a anatomia exata, nos músculos faciais, torções dos lábios e na estrutura óssea. Dá pra reconhecer imediatamente quem é quem, como em fotos.

    Ah, se todo desenhista fosse tão competente como Joe Paradise...

    CONCLUSÃO:

    Os punks americanos do movimento hardcore de São Francisco são ultra-profissionais. Eles fazem os punks ingleses parecerem amadores.

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  6. RApá, tava com medo de voltar aos anos 90 em plena 2a feira...pena que se voltasse, não ia ter aquele ar ingênuo da época...

    Pensei que Ernesto tinha dito que aécio mandou brasa como melhor governador de todos os tempos ni Minas...e ele lá levou pau no 1o e no 2o turno...

    Cara, eu queria entrar na mente de Ernesto pra entender como um cara que gosta de DK, vota em aécio e votaria em bush...acha o sistema dos EUA perfeito...eu acho que descobriria o segredo do mundo-ehhehehe
    Blz q Johnny era punk e pro bush...mas a banda nunca foi mordaz nas letras e atitudes como o DK...o que não quer dizer q é mejor ou não...

    Bicho, num em um papo que os caras dos DK era músicos de free jazz ou fusion e ao ouvir ramones racharam o côco e quiseram fazer punk??

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  7. http://www.youtube.com/watch?v=oi14822rcB0

    Falando no homi...bom disco...Guantánamo fez bem pra ele-ehheehhe

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  8. .

    rararararara

    Sputter Rudeboy, vc faz os mais divertidos comentários sobre mim...

    Bem, eu acabei votando em Dilma nos segundo turno pela possibilidade (nula?) de ela fazer uma intervenção no Ministério da Verdade e cortar as cabeças de alguns Comissários do Povo e estabelecer a justiça.

    Afinal, a decisão da Assembléia do Sindicato foi dar um voto de confiança na presidente.

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  9. Ernesto votando em Dilma??

    O que São Chico num faz, ninguém mais faz-ehhehehehe

    man...como disse, cada um vota no que quer...mas achar que aécio e o psdb são jesus...é demais...que só o pt é corrupto...querem mudança ou retrocesso?

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  10. Terrorista Cultural!!!

    melhor definição pro mestre Jello que já vi. Sensacional!

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