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segunda-feira, março 31, 2014

MARCELO NOVA, CASCADURA E ADÃO NEGRO FAZEM NOITE MEMORÁVEL EM CAJAZEIRAS

Cascadura no Campo da Pronaica, Cajazeiras, 29 de março de 2014
De uma só tacada, a noite do rock de sábado em Cajazeiras, com Marcelo Nova e Cascadura – mais o reggae do Adão Negro – serviu para fazer cair por terra duas antigas falácias.

Uma é que o soteropolitano médio não gosta de rock nem de graça. E a outra é que na periferia só se ouve pagode e arrocha.

Dada a recepção calorosa (e civilizada) com que as atrações foram recebidas no campo da Pronaica, por um público entre 8 e dez mil pessoas (estimativa de Pedro Machado, promotor de eventos da Saltur), o rock é sim muito apreciado por aqueles lados da cidade.

A coreografia dos pinguços no show do Casca
Tudo começou pouco depois das 19 horas, com o Adão Negro, banda de público cativo, fazendo a alegria do público heterogêneo que compareceu.

Em clima de tranquilidade, havia de tudo: coroas, crianças brincando e correndo por todo lado, roqueiros de camisa preta, rastas, pagodeiros de boné cuidadosamente desajeitado sobre a cabeça e claro, os pinguços locais – um show à parte.

Pouco depois, veio o Cascadura, que fez um belo show alternando canções do último álbum, Aleluia! (2012), com antigas favoritas dos fãs, como Queda Livre, Senhor das Moscas e O Centro do Universo.

Conquistaram o público e saíram sob aplausos calorosos – senão consagradores. “Era uma vontade antiga nossa tocar aqui”, disse o baterista Thiago Trad, após o descer do palco.

“A resposta do público foi muito boa. Não teve briga, todo mundo se divertindo, que público massa. Um show marcante em nossa carreira”, disse.

No dia 20 de abril, a banda se apresenta no Parque da Cidade, em show gratuito comemorando 22 anos de atividades.

Rato Punk de Cajazeiras, fã da Agressivos
Velho e miserável

Mas boa parte da galera – inclusive gente que veio de outros bairros, queria mesmo Marcelo Nova.

Punks  da periferia e roqueiros contemporâneos do Camisa de Vênus se aglomeraram defronte o palco.

“Tenho 51 anos e briguei com minha mulher para estar aqui hoje. Vou aos shows dele e do Camisa desde os tempos do New Fred's (boate / casa de shows dos anos 80)", contou Alcimar Ramos, da banda Os Canalhas.

"Tenho ate´hoje o compacto Controle Total / Meu Primo Zé", confidenciou, quase em segredo.

Mais jovem, um rapaz que se identificou apenas como Rato Punk de Cajazeiras contou que viu o Camisa no Festival de Verão.

"Tem muito punk aqui no bairro”, disse. Eu gosto muito da banda Agressivos, que é daqui de Cajazeiras", acrescentou.

Outro homem, aparentando 45 / 50 anos, rodava com o olhar fixo pelo público, exibindo uma folha de papel ofício na qual se lia, impresso: “Marcelo Nova, o Rei do Rock Nacional”. Ia seguido de perto por uma jovem, que segurava seu casaco de couro.

“Vim com meu pai e meu tio (o homem do cartaz) para ver Marcelo e o Adão. A família toda está aqui hoje”, contou a moça, que se chama Juliana Ribeiro.

Juliana Ribeiro, sobrinha e filha de fãs de Marcelo
“Somos uma família bem roqueira, cresci ouvindo Raul, Camisa, Rita Lee”, disse.

Com uma banda enxuta porém musculosa de três membros e uma pegada da pesada, Marcelo subiu no palco às 22h30.

Alternou músicas de 12 Fêmeas, último CD, com clássicos do Camisa e solo.

Alucinado, o público mais à frente do palco respondia a todos os sinais de Marcelo, gritando o velho bordão “Bota pra foder”.

Visivelmente contentes, Marcelo e banda soltaram os cachorros em versões pesadas e arrasadoras para hits como Hoje, Muita Estrela Pouca Constelação, Negue e a épica A Ferro e Fogo.

Marcelo chegou mesmo a provocar o público, enxertando versos de improviso em uma das músicas: “Na Highway to Hell tem uísque e tem cerveja / Melhor do que ficar em casa / Ouvindo duplinha sertaneja / Na Highway to Hell nem tudo pode / mas é melhor do que ouvir pagode”, cantou, tapando o nariz.

Felizmente, nem uma lata sequer foi atirada do público.

Marcelo Nova e banda: show pesado que agradou o povo em Cajazeiras
“Tá velho, mas tá miserável”, comentou um popular ao repórter, que concordou.

Uma noite singular (e feliz) em Cajazeiras.

As fotos profissionais (Cascadura e Marcelo Nova) são de Ramsés Moura/Agecom. E as fotos de personagens (pinguços, Rato e Juliana) são do blogueiro, mesmo. 

O repórter pede desculpas à banda Adão Negro. Quando chegou ao local, o show já havia acabado. O trânsito estava infernal nas redondezas do evento.

7 comentários:

  1. Cada vez mais a fim de assistir esse filme:

    http://www.universohq.com/filmes/resenha-capitao-america-o-soldado-invernal-e-mais-um-marco-da-marvel-nos-cinemas/

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  2. Nosso parça André L.R. Mendes anuncia o primeiro single do seu quarto voo solo.

    SEGUE RELEASE:

    aí vai...o primeiro single do meu disco SURF BUDISMO,"procuro imagens".
    apesar de ser meu 4ª disco solo,esse é o primeiro que eu mesmo produzi,em casa mesmo,num clima "selfie"
    falem o que vc acharam,vou adorar saber!
    compartilhem,curtam e me ajudem à divulgar!
    espero que vcs gostem!
    a data do lançamento do disco completo é 15/julho/2013

    link pra audição/download:https://soundcloud.com/andremendesmusica/procuro-imagens

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  3. Ernesto Ribeiro1:38 PM

    E o pior é que eu ia com Miguel Cordeiro pro show de Marceleza. Já tinha a grana do táxi.


    Mas como eu previa: no dia do aniversário de Gotham Shit , o trânsito travou. O fiofó do tráfego fechou. E o que já era lento se tornou paralisado.


    Então nós acabamos ficando na Barra mesmo.


    Não fico surpreso em confirmar que na periferia de Merda City também existe a brava Resistência Rocker. Punks são mais numerosos ali mesmo.


    Fico feliz em ver que o Retorno do Rei foi saudado por 10 mil pessoas pelo menos.


    Maravilha.

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  4. Ernesto Ribeiro1:51 PM

    Como você mesmo disse: O trânsito estava infernal até para vocês da imprensa --- o bastante para fazer os jornalistas perderem o primeiro show; e dois dos fãs mais antigos perderem o primeiro, segundo e terceiro.


    Quanto ao nível ininteligível da linguagem dos jovens da periferia de hoje:


    “Tá velho, mas tá miserável” é algo ainda a ser traduzido pelos especialistas em Linguística. Pela lógica do vocabulário, isso só pode ser um xingamento desprezível. Mas, dado o grau de degradação mental dos "populares" baianos, isso pode significar o contrário, expresso num raciocínio de mente invertida. Com esse Português miserável dos dias de hoje, a língua pátria só faz sofrer nas bocas de semi-analfabetos. A mais bela flor do Lácio feneceu no império da ignorância.

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  5. Estive nesse show e foi um dos melhores shows que já assisti... foi muito bom mesmo... eu estava colado com o palco junto com minha namorada e uma amiga.
    Curtimos muito... quanto ao ( Tá velho, mas tá miserável ) isso quer dizer o cara ta velho, mais canta muito! de fato Marcelo e o tiozão do rock nacional!

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  6. Ernesto Ribeiro11:10 PM

    Marcelo Nova: SESC POMPÉIA, SÃO PAULO, 8 DE MARÇO DE 2014



    http://marcelonova.zip.net/arch2014-03-16_2014-03-22.html


    por Alexandre Campos Capitão


    Marcelo Nova evoluiu na sua maneira de vestir da mesma forma que aprimorou seu texto ao longo dos seus 33 anos de carreira. Texto, canções e visual, tudo num elevado patamar de sofisticação.

    Vestido com sua jaqueta de couro, Ari Mendes anunciou “com vocês, o Último dos Moicanos, Marcelo Nova”, Celinho Cadilac em sua camisa preta fez pulsar a bateria, Leandro Dalle foi em direção ao contrabaixo, seguido por Drake Nova empunhando sua Telecaster, ambos com um terno cáqui, e finalmente Marceleza, ovacionado pelo Sesc Pompéia. Elegantemente vestidos, em harmonia com o que fariam ali, ou seja, apresentar o repertório do homem mais importante da sua geração do rock nacional, conduzidos pelo próprio autor dessa obra, que usava um terno muitíssimo bem cortado, “man in black himself”, que deixaria o próprio Mr. Cash orgulhoso. “Sinais de Fumaça” iniciou os trabalhos, e se onde há fumaça, há fogo, logo veríamos as primeiras marcas da fuligem naqueles trajes impecáveis. Essa canção que encerra “12 Fêmeas” cumpre bem o papel de abrir o show, e ao vivo ganhou um belo solo de baixo.


    Seguiram-se “Hoje” e “Faça a Coisa Certa”. A pesada, densa e tensa “Ainda Não Está Escuro” trouxe com ela os primeiros sinais de suor, molhando as roupas daqueles que estavam ali. Nunca havia visto Drake tocá-la numa guitarra sem trêmulo, mas ele se notabiliza pela performance guiada pela interpretação dos textos, mostrou que não é a ausência de um Bigsby que pode lhe deter, deixando tudo escuro, mesmo dentro da sua camisa branca.


    O desfile de canções seguiu-se, com “Século XXI” e “Só o Fim”, esta numa versão bem costurada e cheia de groove. “Claro Como a Luz, Escuro Como Breu” retomou a dramaticidade. Marcelo Nova ditava a dinâmica do setlist alternando momentos de suavidade, como um toque da seda, com outros de dor, como a de uma agulhada na ponta dos dedos.


    A sempre divertida “O Mundo Está Encolhendo” desabotoou algumas camisas. E quando se pensava que em seguida viria o desabotoar de sutiãs, Marceleza, com a categoria de Don Vito Corleone, ordenou que fossem disparados dois golpes secos e duros contra o fígado de cada um dos presentes.


    “A Ferro e Fogo” e “Quando Eu Morri” em sequência são a alta costura das canções de rock. As portas do guarda-roupa foram arrombadas, o vento espalhou tudo pelo quarto. As botas de Neil Young foram parar em baixo da cama. As calças de Hendrix voaram até o velho piano. O chapéu de Dylan caiu perto da porta, como se fosse colocado ali para atirarmos moedas. E se tivéssemos moedas em nossos bolsos, todas seriam atiradas para dentro daquele chapéu.


    Que performance! Além da dinâmica, dos solos, dos improvisos, ainda tivemos Marcelo e Drake ajoelhados um de frente pro outro, enquanto aquela Telecaster gritava de maneira insana. Marcelo ofereceu sua Gibson Chet Atkins para ser tocada pelo público. O respeito e o estupefato geral era tamanho, que demorou alguns segundos para que a primeira mão se aproximasse dela, ainda tímida. A ovação dos presentes foi tão grande quanto o prazer de ouvir essas duas canções.


    A última troca de roupa foi um terno barato com ares de canastrão, “Pastor João e a Igreja Invisível”, não sabe se vestir, mas sabe bem arrecadar dinheiro dos fiéis e permanecer cada vez mais atual, muito ativo nas madrugadas dos canais de televisão.

    Se não estivéssemos numa unidade do Sesc, que possui uma organização notável, e cumpre com disciplina seus horários, eu diria que esse show caminharia para perto de 3 horas. Mas se o espetáculo terminou em cima do palco, continuou fora dele. Marceleza desceu até a área externa e atendeu a todos que foram falar com ele, pegar autógrafo, ou tirar uma foto, independente da roupa que vestia.


    Depois dessa noite fantástica, restava esperar a adrenalina baixar e tentar dormir. Vestindo o velho pijama, evidentemente.

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