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quinta-feira, fevereiro 27, 2014

PODCAST: ROCKS OFF DISSECA CLÁSSICO BRASUCA DOS ANOS 70

Rita Lee & Tutti-Frutti na foto da capa dupla. Deuses do rock no Jardim do Éden
Rocks Off: Uma hora dissecando o Fruto Proibido (1975) de Rita Lee.

Com Nei Bahia, Miguel Cordeiro e Osvaldo Braminha Silveira Jr.










Bônus: Full album

terça-feira, fevereiro 25, 2014

PORN QUEEN, BANDA DE GUITARRISTAS BAIANOS EM LUXEMBURGO, MANDA NOTÍCIAS

Porn Queen, foto Cedric Letsch
Eles são banda de abertura recorrente para Slash, moram na Europa e estão prestes a lançar seu primeiro álbum.

Eles são os guitarristas baianos Lucas Ferraz e Fred Barreto, da banda Porn Queen, baseada na aprazível comuna de Esch sur Alzette, ao sudoeste de Luxemburgo.

Formação fechada com os  membros locais  Yves DeVille (bateria) e Daniel Fastro (baixo) desde 2007, a Porn Queen já rodou boa parte da Europa com o cultuado guitarrista Ritchie Kotzen (ex-Poison) e chegou até o Brasil com o mítico Slash, no ano passado.

“Foi uma turnê curta, mas emocionante pra nós! Especialmente pra mim e Fred, os brasileiros da banda. A emoção de voltar aos palcos da nossa terra e de sermos recebidos pelo nosso povo tão bem foi incrível”, conta Lucas por email.

“Rio de Janeiro e Porto Alegre foram os nossos destinos ao lado do Slash, os dois shows esgotados, média entre cinco a sete mil pessoas na platéia”, comemora Lucas.

Killer Machine

Há uns vinte dias, a Porn Queen soltou o single / prévia do seu primeiro álbum – um hard rock sacudido e pesado linha Guns ‘n’ Roses fase Apettite for Destruction –, Killer Machine, executada 36.851 vezes até ontem.

“O single teve uma resposta incrível do publico e estamos trabalhando pra, quem sabe, podermos voltar logo ao Brasil pra apresentar as novidades”, diz o vocalista / guitarrista.

Produzido por eles mesmos com o produtor Charles Stoltz lá  em Luxemburgo, o disco sai em abril.

“O disco é uma porrada, sai de forma física e uma edição com algumas faixas exclusivas pro iTunes”, conta Lucas.

“Como é o nosso primeiro disco, preferimos fazer tudo, sem participações. Acho que o som da Porn Queen já tem um ‘tempero’ brasileiro e por isso nos julgam tão diferenciados por aqui, mas nada proposital. É basicamente true rock”, detalha.

Além de algum dia poder tocar para os conterrâneos da Bahia, Lucas & Cia também planejam chegar ao país meca do hard rock, Estados Unidos.

“EUA é uma questão de tempo. Temos uma fan base enorme por lá e devemos programar em breve uma passagem pela terra do hard rock”, afirma Lucas.

Vivendo na Europa em tempos de crise, Lucas e Fred ainda tem de se virar com empregos formais – mas sem trauma.

“A música é o objetivo maior, porém ainda temos a fonte de renda fixa. A crise dificultou um pouco, mas nada tão grave quanto se especula”, diz.

Do rock baiano, ele se mantem atualizado na medida do possível: “Acompanho dentro do possível o que tem rolado.  No underground, não sei dizer ao certo, mas gostei muito do ultimo disco da Vivendo do Ócio”, elogia Lucas. Boa sorte, PQ!



www.soundcloud.com/pornqueenband

Olha o clipe que saiu outro dia...



NUETAS

Zanzibaile da Lan Lan

Lan Lan
A percussionista e cantora baiana Lan Lan volta à terra e faz show de lançamento do seu álbum Mi no tradicional Zanzibar (Jardim Federação, 40, Federação). É o Zanzibaile da Lan Lan.  Hoje, 21 horas, R$ 20

Beatles de Carnaval

Também hoje, o Beatles Social Club chega em  edição especial de carnaval, com Beatles Brazuca (feras do choro, liderado por Julio Caldas), Marcio Oliveira e Beatlelados. Companhia da Pizza, 20 horas, grátis.

Bailinho de máscaras

O  Bailinho de Quinta faz baile de máscaras e  recebe os cantores Lirinha e Marcio Mello. Ingressos no Ticketmix: pista R$ 20 (meia) e R$ 40 (inteira), camarote: R$ 50 (meia) e R$ 100 (inteira). No Clube Fantoches, Bora Bora Bora?

sexta-feira, fevereiro 21, 2014

O ROCKET MAN PRESTES A POUSAR

Produtores do show de Sir Elton John falam de últimos detalhes e sinalizam os próximos

Amanhã, Salvador pode estar dando o primeiro passo rumo a inclusão na rota dos shows internacionais que passam pelo Brasil e deixavam os fãs a) chupando o dedo ou b) lisos, depois de pagar avião, hospedagem e demais despesas de viagem.

A turnê do megastar Elton John pelo Brasil começou anteontem no Rio de Janeiro, seguiu ontem para Goiânia, chega amanhã à Salvador e termina quarta-feira em Fortaleza.

Relatos publicados pela imprensa carioca dão conta de belíssimo show de hits, com Sir Elton muito disposto e esbanjando simpatia.

Com mais de 70 % dos 45 mil ingressos para o show de amanhã já vendidos, a expectativa é das melhores.

“Eu tinha certeza absoluta de que Salvador ia responder bem para esse show”, comemora  Piti Canela, gerente de eventos da Itaipava Arena Fonte Nova. “Mas (a resposta) foi melhor ainda, as vendas foram muito boas”, conta.

Para a melhor forma de chegar a Arena amanhã, ela diz que “depende: se  beber, venha de táxi ou ônibus. Se vir de carro, é bom chegar cedo, tipo 19 horas. Há duas mil vagas de estacionamento”, diz.

Para quem vai para Pista e Cadeira Norte, a recomendação é o Acesso Norte, com estacionamento preferencial no EDG (Edifício Garagem).

Para Cadeiras Premium A, B, C e Cadeiras Especiais Leste e Oeste, Acesso Sul e vagas no Estacionamento Externo.

Acesso Leste para Cadeiras Leste e vagas na G1. Acesso Super Norte para Cadeira Superior (vagas no EDG) e Acesso Oeste 2 para Lounge  Premium e Camarotes Oeste.

Ainda há ingressos nos balcões e sites Groupon e Peixe Urbano.

“O show começa pontualmente as 22 horas . Ele é muito pontual”, avisa Piti sobre o britânico.

Ela garante que haverá banheiros limpos, adequados e com acesso fácil em todos os setores, bem como opções de alimentação e bebidas.

"Quem tá na pista tem bares por todos os espaços possíveis. Trabalhamos com uma operadora de catering para melhorar a qualidade. É um trabalho gigantesco alimentar, 40 45 mil pessoas. Para as cadeiras premium, haverá garçons em carrinhos. Mas também não é proibido levantar e ir até o bar. Nas áreas dos camarotes premium all inclusive trabalhamos junto com o operador para termos um serviço melhor para o cliente", detalha.

"O operador tem a expertise de fazer esse show em outras praças. Então é um aprendizado saber o que funcionou. A cada dia a  Fonte Nova é uma escola, mesmo para quem faz eventos grandes. Espero que daqui  a uns cinco anos já tenhamos experiência em todos os formatos de eventos", diz Piti.

"Pelo sistema de vendas do Elton, vimos que muita gente do interior vem para o show. Ilhéus, Barreiras, Itabuna, Vitória da Conquista, muita gente de Aracaju também. Essa resposta é muito bacana para a cidade. Até por isso lutamos para que o show em Salvador fosse no sábado", afirma.

Não custa sonhar

Animada, ela diz que já há “planos espetaculares” para novos shows no segundo semestre e em 2015, mas não pode dizer quais.

“Estou segurando a lingua, mas são nomes grandes. Para o segundo semestre, minha dica é pesquisar quem vem para a América Latina”, avisa.

Junte a isso a notícia divulgada na quarta-feira de que os Rolling Stones abriram negociação para alguns shows no Brasil entre outubro e novembro e... não custa nada sonhar.

“Desde que cheguei na Bahia, eu notei Salvador fora desse circuito. E vi aqui uma oportunidade de negócios. E Salvador tem um público ávido por bons shows. Vamos fazer desse momento uma virada”, sinaliza Aluizer Malab, produtor mineiro que traz Elton John à Bahia.

"O negócio é não deixar que Salvador fique de fora dos roteiros de grande nomes nessa era de descentralização, por que antes era só no Rio e São Paulo. Era um sofrimento levar grandes shows para outros lugares. Teve que ter muito trabalho para virar isso, mas hoje já funciona. O show do Elton John no ano passado em Belo Horizonte teve mais publico do que em São Paulo", observa.

“E posso dizer que está no meu plano de negócios trazer grande nomes que estou negociando.  Já estou falando com eles de Salvador também, entre outras capitais. Me interessa continuar esse percurso”, diz.

Guia de portáo e estacionamento.Clique para mpliar
Sobre a pouca vontade de participar desse tipo de evento demonstrada pelas grandes empresas sediadas na Bahia, Malab diz que que "é um processo de mudança de hábito e de fluxo, digamos assim. Até hoje essa história de carnaval, axé system etc tem essa força, esse fluxo de investimento. Isso que estamos falando aqui é novo, as pessoas que estão à frente das decisões do investimento não podem andar atrás das tendências. As pessoas que decidem o destino dos investimentos de uma forma ou de outra, essas coisas mudam, seja pela cabeça mais arejada de um diretor de marketing ou por que esses eventos são uma forma óbvia de se associar a grandes eventos. O resultado que vai imprimindo faz com as agências se sensibilizem. Precisa de tempo e gente de vanguarda. Isso é cultura, é habito - e com a gente insistindo, acaba pavimentando a via", acredita.

Elton John / Itaipava Arena Fonte Nova /  R$ 100 (pista), R$ 240 (Cadeira Especial Leste), R$ 120 (Cadeira Norte), R$ 200 (Cadeira Leste),  R$ 80,00 (Cadeira Superior), R$ 750 (Lounge Premium) / Classificação: 16 anos / Abertura dos portões: 19 horas, Show: 22 horas / Vendas: Balcões Ticket Mix  Shoppings Salvador, Barra,  Iguatemi, Paralela e Bilheteria Sul da Fonte Nova

quinta-feira, fevereiro 20, 2014

FEIOS, SUJOS, MALVADOS E AMADOS

Biografia: A História Não Contada do Motörhead vai fundo nas origens da banda - e claro,de Lemmy

Fast Eddie Clark, Phil Philthy Animal Taylor e Lemmy
O Motörhead é uma daquelas bandas que, assim como os Ramones ou o AC/DC,  todo roqueiro que se preza tem que respeitar.

Prestes a completar 40 anos de atividade ininterrupta (em 2015), o power trio fundado pelo carismático Lemmy Kilmister ganhou uma biografia de respeito no livro A História Não Contada do Motörhead.

Assinada pelo experiente Joel McIver, autor de outros 16 livros sobre rock e heavy metal, a biografia Overkill: The Untold Stotry of Motörhead saiu lá fora em 2011 e chegou ao Brasil traduzida em português no finalzinho de 2013, pela Edições Ideal.

Mas afinal,  por que uma banda suja, politicamente incorreta, musicalmente limitada e barulhenta como essa inspira tanto respeito e admiração?

Justamente por causa de todos esses fatores – os quais, não custa lembrar, são essenciais à legitimidade do rock ‘n’ roll.

E quando  se trata de rock ‘n’ roll, legitimidade é – absolutamente – tudo, baby.

Antes do rock ‘n’ roll

Bem cotada pela crítica especializada internacional,  A História Não Contada do Motörhead é praticamente uma história não contada de Lemmy.

E nem teria como ser diferente: fundador e único membro fixo desde o início, Lemmy é uma das figuras mais carismáticas da história do rock – e olha que a concorrência é bem acirrada.

Não a toa, McIver vai buscar as origens do Motörhead em 1945, ano de nascimento de Lemmy, na cidadezinha de Bursley, um recanto esquecido das Midlands (centro geográfico da Inglaterra).

Curiosamente, Ian Fraser Kilmister nasceu na véspera de Natal daquele ano, filho de um capelão da Força Aérea Britânica e uma moça local.

O rock 'n' roll personificado é o cara à direita
“O garoto nasceu prematuro de quatro semanas, com um tímpano perfurado e coqueluche”, conta McIver.

Sobrevivente desde o berço, Lemmy cresceu sem o pai, que se pirulitou mal ele completou três meses de vida.

Sua mãe logo casou de novo e se mudou com o filho e avó para uma localidade ainda mais remota no País de Gales, a ilha de Anglesey.

Foi lá que Lemmy ganhou o apelido com o qual se tornou conhecido. E também descobriu o rock ‘n’ roll aos 12 anos – e sua vida nunca mais foi a mesma.

“Eu ia ser um criador de cavalos, mas então eu ouvi Little Richard e tudo mudou. Daí eu descobri que as mulheres estavam vidradas nisso também. De repente as pessoas escutaram aquilo e disseram ‘Que diabos é isso?’, e todo mundo mudou... Lembro-me de antes disso: era tudo terrível antes do rock ‘n’ roll”, relata o músico.

O pão que o Warpig amassou

Não demorou, Lemmy começou a tocar violão e logo estava integrando a banda The Rockin’ Vickers.

Pouco depois, mudou-se para Londres em plena efervescência da Swingin’ London, aonde entupiu o juízo de LSD, speed (sua droga de preferência até hoje) e bolinhas variadas.

Foi roadie de Jimi Hendrix (“Ele era um cavalheiro, abria a porta do carro para as moças”, lembra) e integrou a lendária banda space rock Hawkwind.

Expulso alguns anos depois por ser mais fã do speed do que do ácido (ente outras razões, mas por essa também), fundou o Motörhead em 1975.

Comeu o pão que o Warpig (mascote feioso da banda) amassou e era uma piada na visão dos críticos, mas nunca se vendeu, nunca se adequou, sempre fez à sua maneira – ou não o faria. O resto é história – e rock ‘n’ roll no talo.

Fatos Lemmy Kilmister

Kid Lemmy - Inglês de Burslem, Lemmy nasceu Ian Fraser  Kilmister em 1945. Foi criado na zona rural do País de Gales. “Era como estar na porra da Bulgária, nada acontece lá”, disse ele.

Swingin’ London - Em 1966, foi morar em Londres, onde tornou-se roadie de Jimi Hendrix. Uma das atribuições era conseguir o LSD do chefe.

Filosofia - ”Sou um anarquista na essência. Viva e deixe viver é minha pedra angular”

A História Não Contada do Motörhead / Joel McIver / Edições Ideal/ 276 p./ R$ 44,90/ www.edicoesideal.com


terça-feira, fevereiro 18, 2014

AYAM UBRAIS BARCO: TALENTO MÚLTIPLO DE IPIAÚ VENCE VOTAÇÃO INFORMAL DE MELHOR DISCO BAIANO DE 2013

Ayam Ubrais Barco tentando te alcançar. Foto Anderson Nem
O colunista tenta evitar, mas de vez em quando come mosca.

Há alguns meses, quando fez a coluna sobre a banda itabunense Mendigos Blues, ouviu do vocalista Ismeraldo a seguinte dica: “Cara, conheça o trabalho do nosso ex-baixista, Ayam”.

A dica entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Semana passada, olha o susto: o álbum de Ayam, ¡Partir O Mar Em Banda!, ficou em primeiro lugar na votação informal promovida pelo jornalista Luciano Matos em seu blog el Cabong, para determinar o Melhor Disco Baiano de 2013. Ayam ganhou 1190 votos.

Som na caixa, novo susto: ¡Partir O Mar Em Banda! é um poderoso manifesto musical-literário de um verdadeiro bardo do sul da Bahia – no caso, Ipiaú, aonde vive o soteropolitano.

Difícil de definir, como são todas as obras realmente interessantes, o álbum é um caleidoscópio impressionista expressionista de folk, rock alucinado, trechos de filmes, poesias, filosofia e sua voz rouca cheia de personalidade.

Uma espécie de Raul-Zé Ramalho-Dylan do sertão, ligado no 220.

Onda que bate no peito

“Eu nem sei como meu disco chegou nas mãos de Luciano”, conta Ayam.

“Quando soube que estava concorrendo, compartilhei o link no Facebook com os amigos. Mas não fiz campanha“, garante o artista.

Ayam em ação, foto Kallyne Cristina
"Pouco depois, um primo me perguntou em que colocação eu tava. Quando ele foi ver, eu tava em quinto. Aí ele empombou: 'eu sou competitivo, vamos ganhar'. Eu não sou muito disso, tava mais ocupado com a divulgação do trabalho em si", conta.

"Aí o pessoal começou a disseminar a votação pelo Facebook, pedindo para as pessoas escutarem o som e caso gostassem, votar em mim. Em um fim de semana fiquei em primeiro. Foi bom por que a média de audições diárias do disco antes disso era de 40. Depois, pulou para duzentas, 250. Poxa, agradeço muito a galera que ouviu e votou, e ajudou na divulgação não só do meu, mas de muitos outros trabalhos que mostram a verdadeira diversidade da música baiana. Fiquei encantado com o Samba de Nicinha. E também por estar ali com uma galera que admiro, como CH Straatman, Dois Em Um, Mendigos Blues, Toco y Me Voi e outros", enumera.

"E na verdade, ter ganhado é uma coisa relativa, não significa que meu disco seja melhor do que todos aqueles outros. O grande lance é que toda aquela música é um grande contraponto ao monopólio dos estilos mais comerciais. Todo monopólio é uma estupidez. A própria iniciativa de Luciano é um contraponto que mostra que a Bahia tem uma diversidade cultural da porra", reflete.

Gravado lá em Ipiaú mesmo, ¡Partir O Mar Em Banda! traz em seu título e capa uma referência à famosa cena bíblica de Moises abrindo o Mar Vermelho.

“Partir o mar em banda é uma postura minha diante da vida e do sistema político-econômico em que vivemos, um pequeno ritual para os momentos de crise. Eu entro no mar e deixo a onda bater no meu peito o tempo que for necessário, até doer. Quando a dor de fora é maior do que a de dentro, eu traduzo essa dor em canção. É um ritual de aceitação, de entender a dimensão da vida”, filosofa.

"É uma forma de conseguir romper com as estruturas e valores repressivos desse sistema desumano – e estar mais próximo da vida, estar trabalhando seus próprios sonhos, ao invés de seguir as diretrizes que o sistema nos manda seguir. É não ficar 'amassando barro pra faraó', como se dizia antigamente", prossegue.

Comunidade Quilombola Porto de Tras, filisminogravura de Ayam
Múltiplo, Ayam Ubrais Barco é também artista plástico com uma técnica própria, a filisminogravura, inventada por sua avó, dona Filismina.

Suas obras já foram vendidas em mais de dez países. Inclusive, a gravação do seu disco foi toda financiada com a venda de suas telas.

“Não tenho emprego fixo, vivo 100% da minha arte”, diz.

Agora, ele aguarda aprovação em um edital para circular pela Bahia com sua música.

"O nome do disco não é a toa. Aonde tiver porta aberta para eu compartilhar minha música... Há uma possibilidade de tocar em breve Feira de Santana e Camaçari. Quero tocar aonde for possível tocar. Tenho um parceria com Edson Bastos e Henrique Filho, que são produtores e cineastas, eu até estou participando de um filme deles. É uma camaradagem boa. Então, o Edson, que me assessora em algumas coisas, me inscreveu em um edital de circulação. Vamos ver se sai", conclui.

www.facebook.com/ayamubrais

www.soundcloud.com/ayam-ubrais-barco




NUETAS

Ronei atarefado

Ronei, visto aqui em repouso. Sexta, veja-o na correria.
Nem na semana em que a cidade recebe a ilustríssima visita de Sir Elton John a concorrência pelo público parece arrefecer. E nem poderia ser diferente: na outra semana já é  Carnaval – e aí é zé finí para o verão (sinceramente, o colunista não vê a hora). Vejam Ronei Jorge. Ontem ele fez show no Vila Velha com o projeto Tropical Selvagem. Na sexta-feira ele participa de dois shows na mesma night: com a Suínga na Commons (Morotó Slim também participa) e com Limusine, Os Mizeravão e Microtrio no Solar Boa Vista. Votos de trânsito desengarrafado pra você, Ronei.

Wander Wildner sábado

Wander com Vandex. Vai encarar?
E por essa Sir Elton não esperava: Wander Wildner, rei do punk brega, se apresenta no Dubliner’s Irish Pub com Vandex e os os DJs Bruno Aziz e Big Bross. A ocasião marca os 20 anos da Big Bross Produtora. Leiam que legal esse depoimento do próprio Big: "Dia 22/02 Sabado, eu comemoro 20 anos de vida profissional, perdi a conta de quantos shows eu produzi, quantos CDs lancei e quantas viagens fiz, em 20 anos foram muitas historias, muitas aventuras, muito rock no juízo e um amigo em cada porto, e como não poderia faltar em uma comemoração vai ter rock, ele mesmo o punk brega Wander Wildner (RS)  dispensa apresentações o ex Replicantes em carreira solo a pelo menos 15 anos, nos cruzamos algumas vezes Brasil afora e sempre me inspirou no quesito render-se jamais, a festa contara ainda com a presença de Vandex que vai se apresentar como banda de apoio do velhinho e também fará um show solo. Para recomeçar a festa Dj Bruno Aziz, Dj Bigbross na pista até o ultimo cair. 23 horas, R$ 20". Dançou, Eltão.



André de clipe novo

O ex-Maria Bacana André L. R. Mendes soltou mais um clipe de uma das faixas de Amor Atlântico, nuvem branca norte sul, o quinto ou sexto (ou sétimo?) do disco. Confira abaixo. Em julho, ele solta novo álum, ainda sem título, cumprindo a promessa de lançar um disco novo por ano até... vai saber.


quinta-feira, fevereiro 13, 2014

NA VELOCIDADE DO CARTUM

Humor: Álbum de capa dura traz cinco décadas de trabalhos de Sergio Aragonés para a revista Mad. Conhecido como "o cartunista mais rápido do mundo", o famoso espanhol já deu conselhos de carreira a um colega baiano

As famosas Marginais da Mad
O leitor pega uma revista Mad e se acomoda para ler. Entre as paródias de filmes, as (geniais) tiras de Don Martin e Spy Vs. Spy, ele percebe que tem uns desenhinhos espalhados pelas margens das páginas.

Um pequeno esforço para enxerga-las e... pimba. Nasce mais um fã de Sergio Aragonés.

Espanhol criado no México, Aragonés foi catapultado à fama graças à sua colaboração (que já dura 50 anos) para a  revista do célebre Alfred E. Neuman (o garoto orelhudo que aparece em todas as capas).

Agora, parte dela ressurge reunida no livro Os Grandes Artistas da Mad: Sergio Aragonés.

Considerado “o cartunista mais rápido do mundo”, o bigodudo Aragonés “desenha uma cena entupida de gente, com 200 personagens fazendo 200 piadas individuais”, escreve no prefácio Patrick McDonnell, autor da tirinha Mutts.

Este cartunista, que nunca se prendeu a um  personagem, parece ter escolhido a própria vida – ou melhor: tudo o que acontece ao seu redor – como a matéria-prima do seu trabalho.

“É apropriado que a maioria das joias de Sergio tenha encontrado seu caminho disseminada nas margens da Mad. Geralmente, é onde a vida acontece – nos rebordos, aqueles momentos simples que estão bem na nossa frente”, percebe McDonnell.

Filho de um artista espanhol que se mandou com a família para o México quando a Guerra Civil (1936-39) estourou, Aragonés se apaixonou pela Mad em 1955.

Quando chegou aos Estados Unidos em 1962, já havia estudado arquitetura e pantomima (mímica) – foi aluno do  renomado cineasta / dramaturgo / escritor / ator / guru espiritual Alejandro Jodorowsky.

O  conhecimento da expressividade corporal pela pantomima foi essencial nos cartuns silenciosos que o tornaram um mestre dessa arte.

Além da Mad, Aragonés é amplamente apreciado por trabalhos como a série Groo, O Errante (uma paródia de Conan, O Bárbaro), Fanboy, Aragonés Destroi a DC, Massacra a Marvel e Esmaga Star Wars, entre muitos outros trabalhos.

Um super poster comemorativo para os 60 anos da Mad
As lições de Sergio

Premiado cartunista baiano residente em São Paulo há quase dez anos, Flavio Luiz é um especialista em Mad e Aragonés, tendo encontrado-o em duas ocasiões, com direito a uma preciosa lição do ídolo.

“Coleciono a Mad desde os nove anos de idade, quando ela ainda saía no Brasil pela extinta Editora Vecchi”, conta.

A primeira vez que Flávio encontrou Sergio foi em 1996, durante o Salão Internacional de Comics de Barcelona.

“Não estava com meu portfólio, mas quando disse que sou brasileiro, ele se animou. Falou de  caipirinha, lembrou do Ziraldo que é amigo dele e tal. Conversamos um pouco e  disse que o estilo dele me influenciava”, conta.

No mesmo ano, Flavio foi à famosa San Diego Comic Con, na Califórnia, e não demorou para achar o stand de Aragonés. “Ele lembrou de mim, me chamou de baiano e tudo ”, diz.

“Ele olhou meu portfólio e o que ele me disse se tornou meu mantra: ‘Você nunca será um cara do mainstream, por que seu traço é muito autoral. Seu desenho é puro cartum, então você não vai fazer o Homem-Aranha mensal’”, lembra Flávio.

“Ele falou que, se eu criasse um personagem e ele caísse no gosto do público,  ninguém tiraria isso de mim. ‘O seu é um dos caminhos mais difíceis,  mas também um dos mais bonitos’, ele disse”, lembra.

“Desde então, todo meu trabalho tem sido essa busca, com os álbuns e O Cabra”, conclui.

Os Grandes Artistas da MAD – Sergio Aragonés / Sergio Aragonés / Panini Books/  272 p./ R$ 64/ www.paninicomics.com.br

terça-feira, fevereiro 11, 2014

RIVERMANN, QUARTETO PÓS-PUNK DE CAMAÇA ROCK CITY, LANÇA EP COM SHOW SÁBADO

Rivermann
Que o rock rola em Camaçari, leitores atentos desta coluna estão carecas de saber.

Já passaram por aqui The Pivo’s, Declinium, Pastel de Miolos e... é possível que esteja me esquecendo de alguma outra, sorry.

A novidade da nossa vizinha de Região Metropolitana desta vez é a Rivermann (ao lado, em foto de Rudsson Santos), um quarteto bem legal que pratica um indie rock pós-punk com letras decentes em português alto e claro.

Neste sábado, a Rivermann lança seu primeiro registro em CD (um EP com cinco faixas) em um show com as  já citadas The Pivo’s e Pastel de Miolos, mais a Donna Blues, de Salvador, vista aqui há duas semanas.

O show é cedo (marcado para as 18 horas) no Teatro Alberto Martins, no centro de Camaçari, mas podem ficar tranquilos, inquietos roqueiros: “O som vai ser na parte externa, não é para assistir sentado”, avisa Bruno Nunes, vocalista e guitarrista.

Processo espontâneo

Bruno conta que a banda já existe há dois anos.

“Já nos conhecíamos de outras bandas daqui de Camaçari, como a Ultrasônica, em  que eu toquei. Um dia nos juntamos para uma jam. Como foi bom pra todo mundo, resolvemos seguir”, conta.

Além de Bruno, a Rivermann conta com Everton Mendonça (guitarra e vocais), Paulo Ricardo (baixo) e Ericson (bateria).

“Eu tenho as ideias de letras e os caras complementam nos ensaios com os riffs, os arranjos. E assim vai surgindo canções inspiradas em filmes, histórias em quadrinhos, outras canções, coisas pessoais”, conta.

“Mas é um processo muito espontâneo. Se eu sentar para escrever, não sai nada. Vem do nada. Se tenho uma  ideia, eu anoto”, detalha Bruno.

“Até por que eu não tenho estudo de música. Mas meu primeiro álbum foi um dos Ramones. O punk rock nos ensina isso, né? ‘Faça você mesmo’’, diz. 

Nesse tempo desde o início, a banda já tocou bastante no seu pedaço, além de apresentações em Feira de Santana e Salvador.

“Aí a gente tocou na Praça da Dinha, na rua mesmo. A Declinium tocou também, deu uma galera legal”, lembra.

Para este sábado, as expectativas são boas: “A gente é bem ligado a cena local. Antes da Rivermann, tocávamos num boteco aqui que era o point. Tem um povo que cola mesmo nos shows. Não é muita gente, mas é uma galera fiel. A gente se diverte”, conclui Bruno.

No Soundcloud da Rivermann dá para ouvir quatro faixas. Uma quinta, Quase Trinta, está em um clipe no You Tube.

Rivermann, The Pivos, Donna Blues e Pastel de Miolos / Sábado, 18 horas / Teatro Alberto Martins (Rua Eixo Urbano Central, Camaçari) / R$ 10

Ouça: www.soundcloud.com/rivermann




NUETAS

Mizeravão & friends

Os Mizeravão fazem uma noite de sexta-feira pra lá de animada no Commons Studio Bar, com uma pá de convidados: Alex Góes, Lorenight & Valdir Andrade (da banda Herbert & Richard), Evelin Buchegger & Diogo Lopes (banda Limusine). O colunista é o dublê de DJ (na verdade, mais para um seletor de frequência - qualificado, claro). A casa abre 19 horas, em happy hour free. Às 22 horas, ingressos para o show R$ 30 e R$ 20 (pelo www.commons.com.br/listaamiga).





África blues no B-23

Bem cotado pela crítica pelo CD Blues for Africa, no qual busca as raízes africanas do blues, o pianista Adriano Grineberg faz show em Salvador amanhã, com o guitarrista Alvaro Assmar e banda. A oportunidade é imperdível. Grineberg é pesquisador sério no ramo, com passagem por alguns países da África e das Américas, canções em iorubá, tuareg etc. Amanhã no B-23, 22 horas, R$ 30.

sexta-feira, fevereiro 07, 2014

OS MARCIANOS SOMOS NÓS

FC: As Crônicas Marcianas,  obra-prima de Ray Bradbury, volta às prateleiras com seus contos carregados de ironias e crítica social aos terráqueos

Sonda Curiosity chegando em Marte. Concepção da NASA - Caltech
O que o senhor ou a senhora que estão aí lendo fariam se um grupo de pessoas, roupas de astronauta e tudo, batesse na sua porta, dizendo que acabaram de chegar de outro planeta? Chamaria a polícia, correto?

Pois é, é justamente este estranhamento – e outras reações tipicamente humanas – que movem os personagens (da Terra ou de Marte) em As Crônicas Marcianas, clássico de Ray Bradbury (1920-2012), que acaba de ser relançado junto ao livro de contos A Cidade Inteira Dorme.
 

Lançado originalmente em 1950 (há 64 anos), As Crônicas Marcianas é um conjunto de 26 contos que relatam a conquista de Marte pelos terráqueos.
 

Os resultados da empreitada são os mais inusitados –   como a situação descrita no primeiro parágrafo, só que ao contrário: são os marcianos que, no início, não acreditam em terráqueos.
 

O episódio, visto no conto Agosto de 1999: Os Homens da Terra, chega a ser cômico na forma como Bradbury subverte as expectativas, transformando o que, em outras mãos seria um previsível momento solene, em uma comédia bufa de erros.

É por causa de momentos como este que o norte-americano figura entre os maiores escritores de ficção científica do século 20, ao lado do russo Isaac Asimov (Eu, Robô) e do britânico Arthur C. Clarke (2001: Uma Odisseia no Espaço).
 

Os três (e outros grandes autores do gênero) compartilham justamente dessa capacidade de subverter aquilo que se espera da FC comum (naves espaciais, robôs, alienígenas, armas de raios) para tratar de temas bem humanos, como o medo do desconhecido, preconceito, estupidez, ignorância etc.
 

"Ylla", uma das Crônicas, adaptação em HQ de Dennis Calero
Curiosamente, o próprio Bradbury disse que sua primeira influência para falar do planeta vermelho foi Uma Princesa de Marte (1917), extravagante clássico pulp de  Edgar Rice Burroughs, o criador de Tarzan. Ou seja: uma evolução e tanto (com todo respeito ao velho Edgar).


”O que eu acho muito interessante em Bradbury é uma declaração  dele mesmo, de que fazia FC com a desculpa de falar do futuro, mas estava mesmo era falando das sociedades do passado e do presente”, diz Ana Lima Cecílio, editora do selo Biblioteca Azul (GloboLivros), que reedita os livros do mestre.
 

Outro exemplo perfeito deste truque está no conto Junho de 2003: Flutuando no Espaço. Ambientado em uma cidadezinha do sul dos Estados Unidos (tradicionalmente mais racista), ele mostra a revolta de um habitante branco ao perceber que todos os negros da cidade estão se preparando para subir em um foguete, rumo às colônias terráqueas em Marte.
 

“Mas eles podem fazer isso? Não há nenhuma lei contra isso”?, pergunta o racista, perplexo.

“Este  conto  emocionante é um dos meus preferidos”, afirma Ana.  “Os caras ficam putos por que não tem mais como escravizar  os negros. Não há mais como prende-los”, diz.
 

“Você visualiza a cena de um jeito incrível, é muito humano, verdadeiro. Chega a ser doído de tão atual”, conta.

Vale lembrar que Flutuando no Espaço, bem como todos os outros contos deste livro, foi escrito na década de 1940, quando o racismo nos EUA ainda era institucionalizado – décadas antes das lutas pelos direitos civis.

Tédio americano


Mas ainda há muito mais para ser apreciado n’As Crônicas Marcianas.


Há uma linda homenagem à Edgar Allan Poe em Usher II, conto que dialoga diretamente com duas outras obras-primas: A Queda da Casa de Usher (de Poe) e Fahrenheit 451, que o próprio Bradbury escreveria poucos anos depois.
 

No conto, um terráqueo constrói em Marte uma réplica perfeita da mansão Usher do conto de Poe, como um memorial da “Grande Fogueira de 1975”, quando “ele, (HP) Lovecraft, (Nathaniel) Hawthorne, Ambrose Bierce (...) foram queimados sem dó nem piedade”, diz um personagem.
 

Em Fahrenheit, o tema é justamente a proibição – e subsequente queima – de livros em uma sociedade controlada por um governo totalitário.
 

“O que fez esse homem de Illinois, pergunto-me, ao fechar as páginas de seu livro, para que episódios da conquista de outro planeta povoem-me de terror e solidão?”, escreve o brujo Jorge Luis Borges, autor do luxuoso texto de apresentação que adorna esta edição das Crônicas.
 

“Neste livro ele colocou seus longos domingos vazios, seu tédio americano, sua solidão”, conclui o gênio argentino.

As crônicas marcianas / Ray Bradbury / Tradução: Ana Ban / 296 p. / R$ 39,90 / E-book: R$ 26,60 Biblioteca Azul - Globo Livros

quinta-feira, fevereiro 06, 2014

LEVA DE PODCASTS: CCR E ROCKS OFF

"Quê? Não entrega seringas a domicílio? Sabe com quem está falando?
Rocks Off - Oitavo ataque.Com Nei Bahia, Osvaldo Braminha Silveira Jr. e Miguel Cordeiro. Convidado: Sérgio Cebola Martinez. Tema: Exile on Main Street.
















Clash City Rockers #25. Com Marcos Rodrigues, Osvaldo Braminha Silveira Jr. e Sérgio Cebola Martinez. Convidado: Chico Castro Jr. Tema livre.


terça-feira, fevereiro 04, 2014

MÚSICA ANTES QUE ANOITEÇA

Visita: O 2+ O Rock Loco vai ao ensaio da Maglore e encontra um cantor de ressaca e uma banda em ascensão

Teago, Dieder e Damatti. Fotos (péssimas, eu sei): Franchico / Rock Loco
É o fim da tarde de segunda-feira, 27 de janeiro último, e Teago Oliveira curte uma ressaca.

De óculos escuros e parecendo ainda mais pálido do que de costume, o compositor e cantor da banda Maglore é "entregue" pelo baterista, Felipe Dieder: “Foi uma cachaça aí na casa do meu pai”, conta o rapaz.

“Só que isso foi no sábado – e o cara tá de ressaca até hoje!”, admira-se.

Mas não há tempo a perder. O trio, completado pelo baixista Rodrigo Damatti, acaba de chegar ao estúdio aonde costuma ensaiar, o Caverna do Som, na Boca do Rio, e o relógio já está contando.

Motivados por três shows bem próximos na agenda – um em Brasília no domingo (2) e dois em Salvador (veja serviço abaixo) –, instrumentos são plugados e a bateria é armada.

“Olha só, o show em Brasília é de uma hora e meia, então vamos desenferrujar umas músicas, né?”, convida Teago.

Residente em São Paulo, a banda passa a estação em Salvador, aonde promove a temporada Verão Maglore Convida, que já teve dois shows (com as bandas Suinga e Pirigulino Babilake) e ainda terá mais dois, com Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta e Cascadura.

“Está bem legal essa temporada”, conta Dieder. “Tínhamos receio de uma queda de público, já que são shows semanais, mas não foi o que aconteceu”, diz.

“Com Cascadura e Ronei, eu acho que a tendência é aumentar a frequência do público“, aposta Rodrigo Damatti.

“O que eu queria era fazer um show de graça, aberto, tipo no Mercadão (do Peixe do Rio Vermelho)”, suspira Teago.

“Aí a gente ia medir mesmo o nosso público. Nem todos podem pagar ingressos, voltar de madrugada pra casa”, diz.

“Seria massa, mas isso é difícil pra caramba de bancar”, pesa Felipe Dieder.

Teago lembra o show do Verão Coca-Cola no ano passado: “Aquilo foi incrível. Oito mil pessoas cantando junto, mais alto que o PA (amplificadores). Nessas ocasiões é que se vê o tamanho de um artista”.

“Mas é isso. Após o Carnaval voltamos a São Paulo. E no segundo semestre já vamos iniciar a produção do 3º álbum”, avisa Teago.

"Na verdade, até ficamos em dúvida um pouco se deveríamos trabalhar mais o Vamos Pra Rua ou se partíamos para o terceiro disco", pesa Dieder.

"Por mim, gravo um disco por ano", afirma Teago. "Na verdade, vamos gravar dez discos e depois se matar", brinca.

Processo em curso

O repórter pergunta se é a primeira vez que eles vão tocar em Brasília. “Não, já tocamos no Móveis Convida (da banda brasiliense Móveis Coloniais de Acaju). Fizemos Goiânia e Anápolis também”, conta Damatti.

Com dois álbuns na bagagem, elogios na imprensa nacional e shows por todo o Brasil, a Maglore segue firme em seu processo de profissionalização e conquista de público.

Alguns dos seus vídeos no You Tube já contam visualizações na casa das centenas de milhares, enquanto a MTV aponta a banda como “Aposta para 2014”.

(O clipe mais recente, Espelho de Banheiro, acaba de ser liberado no You Tube. Veja logo abaixo).

Na verdade, desde o primeiro álbum, Veroz, de 2011, a imprensa nacional reparou no então quarteto, com o jornal O Globo apontando a banda como uma das “Revelações do Ano”.

De lá para cá, evoluíram em um segundo álbum claramente superior ao primeiro, Vamos Pra Rua (2013), que contou até com a bênção de Carlinhos Brown, que canta em dueto com Teago na faixa Quero Agorá.

Agora, Teago se curva para mexer na pedaleira. Quando se levanta, o faz gemendo – dor de cabeça. Irmão Carlos, o dono do estúdio, ri e sugere que ele beba mais para matar a ressaca.

“E aí, passamos o repertório todo?”, pergunta Dieder.

“Vamos começar com Debaixo de Chuva?”, sugere Damatti.

“Porra, começar com essa, de ressaca, é pedir para me matar. Mas vamos”, assente Teago.

Músicos concentrados, Damatti chama a canção e logo ela toma conta do estúdio gelado.

Na Caverna do Som, pode-se perceber como a estrada deixou a banda afiada, entrosada, segura de si. Sem virtuoses, apenas a soma de três talentos individuais, formado um conjunto harmonioso.

É um agradável fim de tarde na Boca do Rio.



Influência óbvia de Los Hermanos começa a dar lugar à identidade própria

Quando surgiu, a Maglore era meio que ame-a ou deixe-a.

O critério para adotar o amor ou o desprezo pela banda era bem claro: se você gosta de Los Hermanos, vai gostar da Maglore. Se não gosta... bem...

A influência dos barbudos cariocas, por demais evidente na produção inicial da banda (registrada no primeiro CD, Veroz) veio se diluindo.

E agora, apesar de anda estar lá – até por que abandona-la seria como pedir ao Oasis que deixasse sua influência dos Beatles de lado – já soa como mais um elemento no som do grupo, e não como sua razão de ser.

Um sinal desse passo rumo a uma identidade artística própria é a forma à vontade com que os próprios meninos falam do assunto.

“Esse som mais próximo da MPB é uma vertente. Por que não podemos fazer também? É como se alguém perguntasse: só João Gilberto pode fazer bossa nova”, reflete Damatti.

“Teve uma época que era quase uma vergonha dizer que gostava de Los Hermanos. Hoje eu já superei isso. Dane-se, gosto mesmo. A verdade é a seguinte: a gente gosta das mesmas coisas que eles gostam: MPB e New Weird (artistas americanos Animal Collective, Grizzly Bear e Devendra Banhart, entre outros)”, reivindica Teago.

“E depois, se Marcelo Camelo não é um bom compositor, quem é? Mas é isso, você precisa de obra, um corpo de trabalhos lançados para estabelecer sua identidade”, conclui.

Verão Maglore convida / Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta (sábado) / Cascadura (dia 14) / Portela Café, 22 horas / R$ 25 (na hora) e R$ 20 (antecipado no Portela ou Companhia da Pizza) / Ouça:  www.maglore.com.br

Matéria publicada antes no Caderno 2+ do jornal A Tarde.

TRUMMER SSA JUNTA FÁBIO DA BANDA EDDIE COM A COZINHA DA VIVENDO DO ÓCIO. ESTREIA AMANHÃ

Trummer SSA: Fábio T, Dieguito Reis e Luca Bori. Foto: Bruno Guerra.
Eis aqui algo inesperado: Fábio Trummer, o orgulhoso olindense (e quem há de culpá-lo?) líder da banda Eddie, juntou-se a dois quartos da Vivendo do Ócio, orgulho do rock baiano residente em SP, para tocarem juntos.

Nomeado Trummer SSA (Super Sub América e citação à Salvador) projeto paralelo do trio formado por Fábio (guitarra e voz), Luca Bori (baixo) e Dieguito Reis (bateria) estreia na Bahia com show amanhã, no Teatro Sesc Senac Pelourinho.

O evento ainda terá mostra de curtas-metragens de diretores locais e desfile de moda a marca baiana Colomy Brothers.

“A gente se conheceu através de um amigo comum que trabalha com eles, o Surabhi. A partir daí, conheci boa parte da cena nova de Salvador”, conta Fábio, por telefone.

Mas foi durante uma visita de Dieguito ao camarim do Eddie após um show em Salvador, que o projeto comum nasceu.

“Senti firmeza nele e nas ideias dele. Como moramos todos em São Paulo, eu tava com vontade desenvolver um trabalho por lá, para não ficar parado e também como um exercício criativo diferente”, diz Fábio.

Ele ligou pro Dieguito, que disse já estar praticando um “formato musical diferente da Vivendo do Ócio, com Luca. Aí juntou tudo: a ideia de ser minimalista, power trio. Rolou uma química mesmo”, diz.

O que as pessoas vão dizer?

Em menos de três meses, os músicos já tinham composto e arranjado dez músicas, que logo foram gravadas (esquema ao vivo no estúdio) e já estão no álbum Ardendo em Chances.

“(O show) Vai ser uma estreia simbólica e emotiva, por conta do trabalho em grupo, da alcunha do aeroporto (SSa), de ser uma união de Bahia com Pernambuco”, reflete Fábio.

“Ele  fecha essa fase  de produção do trabalho. Daqui para frente, ele ganha vida através dos ouvidos das pessoas”, diz.

“Foi uma diversão para as partes envolvidas. Não tem aquele peso do trabalho principal, mas tem muito amor, é uma relação diferente, eu tô curtindo muito, nem tenho opinião formada ainda. É tudo  tão novo que prefiro nem ficar pensando muito. O que representa, o que é, eu prefiro que me digam depois”, conclui Fábio.

Trummer SSa / Amanhã, 20 horas / Teatro Sesc Senac Pelourinho / R$ 16 e R$ 8 / www.facebook.com/trummerssa



NUETAS

Mineiras de Barcelona no Commons

Nsista
O duo Nsista, formado por duas irmãs mineiras - Marise aka djiiva (compositora, dj e produtora) e Amarilis Cardoso (cantora e percussionista) - estabelecidas em Barcelona se  apresenta amanhã no Commons Studio Bar. "Arquitetas e inquietas", como se definem, fazem show multimídia, com intervenções cênicas e de moda (por favor, não me batam). O som é descrito como "composto a partir de beats eletrônicos, samplers de raíz afrolatina, envolventes jogos vocais e uma impactante cenografia". Ou seja, é cheio de guéri-guéri. Novidade a conferir. Amanhã, 19 horas, “Pague quanto quiser”.

Novo rock baiano vezes 3

Donna Blues, Os Jonsóns e Teenage Buzz tocam no Dubliners Irish Pub na sexta. O novíssimo rock baiano, botano pra ver tálba lascar. 22 horas, R$ 10.

Vô Diddley com O Melda

A festa Rockabilly Sessons volta com as bandas mineiras O Melda e Vô Diddley, mais DJ BigBross e convidados. Sábado, no Dubliners Irish Pub, R$ 15.