E foi mesmo. Eleito na última segunda-feira, Paulo conta como foi o processo e o que significa para ele e para a Bahia, ser membro da ABM.
Como recebeu a notícia?
Paulo Costa Lima: Recebi uma ligação do André Cardoso, presidente da ABM, me parabenizando. Confesso que as pernas fraquejaram um pouco na hora (risos).
Como foi o processo?
PCL: O candidato, ao lançar sua candidatura, tem de enviar uma carta aos acadêmicos, com o currículo anexado. Essa é a parte formal. Eu entrei tarde na disputa. Logo que saiu o edital, recebi uma mensagem de um amigo de Brasília, dizendo que se eu me candidatasse, ele me apoiaria. Aí veio outro do Rio, dizendo o mesmo. Fui para a Bienal (XX Bienal de Música Brasileira Contemporânea, realizada no Rio em setembro) e não me preocupei. Quando voltei, um grupo me enviou mensagem de apoio. Mas já tinha outros três candidatos e até pessoas mais próximas já haviam se comprometido com eles. Mas fui eleito mesmo assim. Foram cinco candidatos, eleição em dois turnos. No primeiro, fui o mais votado, e no segundo, ganhei, por 23 a 7 votos.
O que significa ser um membro da ABM? Quais as prerrogativas de um acadêmico?
PCL: É o lugar mais prestigiado da música erudita brasileira. Tem o peso simbólico de ter sido fundada por Villa-Lobos, que deixou metade dos direitos de suas obras para Academia. É lá que está a nata da criação, da musicologia, dos maestros. Meu antecessor na cadeira 21 foi Cláudio Santoro, que foi um ”monstro” da música brasileira. Tem o Edino Krieger, patriarca das bienais, Mário Cicarelli, Aílton Escobar, Ronaldo Miranda, Raul do Valle – todos compositores de carreira internacional, já estão na história da música brasileira e são objeto de estudos. E tem John Neschling, Roberto Duarte, Lutero Rodrigues, os nomes a frente das grandes orquestras. Na musicologia tem Régis Duprat, que vestiu a camisa da minha candidatura, um senhor de 80 anos com o pensamento de um jovem de 20. Kilza Setti, compositora que parte da música indígena. Maria Alice Volpe, da UFRJ e muitos outros. Sobre as atribuições, eu passo ao menos um mês no Rio todos os anos. Outros programas podem ser feitos a distância, mas terei o maior prazer em estar lá todas as vezes.
O que o senhor acha que eles reconheceram ao te eleger?
Grupo de Compositores da Escola de Música da Ufba: tradição |
O que significa para a Bahia sua eleição? Há outros baianos na ABM?
Oficina de Composição Agora (OCA): resgate da tradição |
A Bahia já teve outros membros além do senhor?
PCL: Claro. Ernest Widmer e Lindebergue Cardoso. Nos anos 1950, o grande compositor Sílvio Deolindo Fróes, fundador do Instituto de Música (fundado em 1897, incorporado à UCSal em 1969).
A Bahia tem condições de eleger outros membros?
Paulo no ofício, em ano não informado |
Alguma comemoração prevista, um concerto com suas peças, algo assim?
PCL: Como aconteceu segunda-feira (13) e estamos em janeiro, ainda não há nada programado. Mas como a Emus está fazendo 60 anos este ano e eu também, eu acho que esta noticia é um ótimo começo para essas duas comemorações. Certamente teremos desdobramentos. (Minha eleição) É um pontapé inicial dessas duas coisa que se imbricam: eu sou a escola também, eu cresci ali, minha vida é dedicada a ela. Entrei ali com 14 anos, são 46 anos de presença ininterrupta. E se pudesse, dobraria esse tempo.
Crédito fotos: www.escolademusica.ufba.br e www.ocaocaoca.com
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