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sexta-feira, novembro 08, 2013

QUADRINISTAS BRASILEIROS NA ALEMANHA E QUADRINISTAS ALEMÃES NO BRASIL

Página do trabalho de Montanaro em Munique
“Intercâmbio cultural” é uma expressão que, por ter sido tão abusada nos últimos anos – em ocasiões nem sempre à altura –, perdeu certa credibilidade.

Portanto, há que se louvar quando uma iniciativa valoriza de fato a prática.

O álbum Osmose: Brasil e Alemanha em Quadrinhos é a iniciativa em questão aqui.

Concebido e realizado pelo Goethe-Institut Porto Alegre em parceria com a editora Libreto, o projeto enviou, em 2012, três quadrinistas brasileiros à Alemanha e trouxe três quadrinistas alemães ao Brasil.

Do Brasil, Paula Mastroberti (de Porto Alegre), foi para Berlim. João Montanaro (São Paulo), foi para Munique. E Amaral (Teresina), foi à Hamburgo.

No caminho inverso, Mawill (de Berlim), foi para Porto Alegre. Birgit Weyhe (de Hamburgo), pousou em  São Paulo. E Aisha Franz (de Berlim), veio para Salvador.

Cada artista teve direito a um mês de residência na cidade visitada.

A ideia, segundo escreve no álbum Augusto Paim, curador do projeto, foi privilegiar quadrinistas de perfil autoral, os quais “expressam uma visão de mundo única e especial (...), que tratassem o quadrinho como uma das linguagens da arte  contemporânea”.

Página do trabalho de Aisha Franz em Salvador
Delírio urbano-tropical

Escolhida para visitar Salvador por um mês, Aisha, jovem (29 anos) quadrinista bávara, criou uma narrativa visual bastante interessante para ilustrar sua passagem pela capital baiana.

Sua visão de Salvador é um colorido delírio urbano-tropical, retratando Salvador ora como uma espécie de paraíso ensolarado, ora como uma bagunça (à moda indiana) de ruas engarrafadas, barulhentas e calorentas – algo totalmente verídico, obviamente.

Isso, claro, à primeira vista. Uma segunda olhada na HQ revela uma narrativa visual – com início, meio e fim – bastante sofisticada e sem palavras.

“Geralmente, eu uso o menor número possível de palavras nas minhas HQs, especialmente nas histórias curtas, então eu diria que este é só o jeito que eu trabalho, mesmo”, conta Aisha, em entrevista por email.

“Também não sou do tipo que faz quadrinhos em forma de diários ou algo assim, então minha abordagem para Salvador foi mais no sentido de expressar um sentimento, uma atmosfera que descrevesse minha experiência”, detalha a artista.

E pelo que se pode ver na HQ, foi uma experiência bastante intensa – que ela conseguiu resumir muito bem na narrativa enxuta.

Do “choque” e confusão inicial com a bagunça urbana até a ambientação e relaxamento, está tudo lá.

“O que realmente me impressionou foi a presença e o respeito pela mistura cultural na vida diária da Bahia. Nunca estive em um lugar aonde isso fosse tão forte”, afirma.

“Mas não tenho nada especialmente 'negativo' na memória. Acho que é sempre surpreendente estar uma cidade grande desconhecida, que ainda tem uma certa energia 'agressiva' e 'compulsiva', na qual você ainda não sabe nem pegar um ônibus no início”, reflete.

“Mas você se acostuma muito rapidamente, então, tudo ligeiramente 'negativo' logo se torna positivo e também normal bem rápido”, acrescenta.

Em Salvador, Aisha (de amarelo) ministrou workshop no ICBA
Talvez essa opinião fosse outra, caso a alemã firmasse residência na cidade. Do jeito que foi, a visita deixou saudade.

E o que mais lhe causa este sentimento não é outra coisa, senão: “O MAR! E a possibilidade de nadar todos os dias se assim eu quisesse. Acho que vi as praias mais lindas nos arredores de Salvador. Também viajei para uma ilha chamada Boipeba, que é um pequeno paraíso”, conta Aisha.

Além de viajar à Boipeba, Aisha bateu papo com apreciadores de HQ na RV Cultura & Arte e ministrou um workshop no ICBA - Instituto Goethe Salvador.

Talentosa, Aisha faz parte de uma nova geração de quadrinistas teutônicos, que inclui Reinhard Kleist e vem chamando cada vez mais atenção mundo afora pelas suas HQs autorais.

"Sim, até onde posso perceber, as cenas de quadrinhos estrangeiros estão se interessando mais e mais pelo que está ocorrendo no cenário quadrinístico alemão. Mas acho que é um desenvolvimento natural do fato de que há mais jovens fazendo quadrinhos - também por que esta mídia se tornou mais popular nos últimos anos aqui na Alemanha. Muitos deles estão se afastando dos estilos clássicos e experimentando mais tanto com esta mídia em si quanto em termos de narrativa", observa.

Apesar de uma ou duas HQs mais fracas (confesso que, apesar de plasticamente bonitos, achei que os trabalhos de Mastroberti e Amaral não disseram muito sobre suas estadas na Alemanha), Osmose é um álbum bem interessante, que faz jus à suas intenções.

Osmose: Brasil e Alemanha em Quadrinhos / Vários autores / Goethe-Institut PoA - Libreto / 88 p. / R$ 32 / http://blog.goethe.de/osmose/

3 comentários:

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  2. Marcelo Nova na Calçada da Fama do Rock Brasileiro


    http://marcelonova.zip.net/arch2008-12-07_2008-12-13.html


    A cerimônia de captação aconteceu durante a estada de Marcelo Nova na cidade de Ribeirão Preto SP, neste último sábado 29 de novembro, por ocasião de seu show, realizado nesta localidade.

    O músico atendeu prontamente ao convite, e recebeu a equipe RockWalk Brasil demonstrando grande satisfação em participar do projeto, que acredita ser de inegável importância ao patrimônio da música brasileira.

    Muito atencioso e bem-humorado no encontro com o criador do projeto Marcio Mota e sua equipe, gravou as impressões de suas mãos e autografou a placa de concreto, assim como também o fez com uma guitarra pertencente ao projeto, mais um instrumento que integrará a enorme coleção de que a RockWalk Brasil já dispõe.

    "Marceleza", como também é carinhosamente chamado por seus amigos, ganhou elogios explícitos de revistas especializadas, que entre outras coisas, afirmaram que "suas canções, poemas e idéias sobre a vida e a morte dariam orgulho a Bob Dylan e Johnny Cash".


    http://marcelonova.zip.net/arch2008-12-07_2008-12-13.html

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