Em meio à pasmaceira fofa e / ou inócua que grassa no que restou do rock brasileiro, o duo sergipano The Baggios é um bálsamo auditivo para os que ainda acreditam que música é coisa para músicos e não para posers de rede social (outra praga).
Original de São Cristóvão, bela cidade histórica da região metropolitana de Aracaju, a The Baggios (fotos: Snapic Fotografias) chega agora ao segundo álbum, Sina, cuja turnê nacional se inicia nesta sexta-feira, aqui mesmo, em Salvador.
Verdadeira paulada na orelha, Sina aprofunda a vertente do blues rock do sertão, cru e encharcado de lirismo poético inaugurado no primeiro CD, autintitulado (2011, DeckDisc).
“Nesse segundo disco, a gente queria fazer uma coisa diferente do primeiro. Não nos prendemos muito ao que já fizemos, buscamos outra produção, claro, mas (o primeiro) faz parte da obra da banda, da nossa forma de ver o mundo. Esse segundo eu acho que tem uma temática um pouco mais abrangente. Eu tinha uma música com esse título (Sina), foi uma das primeiras que fiz depois que lançamos o primeiro disco”, conta Júlio Andrade, vocalista e guitarrista, que forma o duo com Gabriel Carvalho (bateria).
“Fala de muitas coisas que passei. É uma letra mais confessional: ‘Sou refém da sina / Haja dor, haja ferida’. É uma palavra bem comum aqui em São Cristóvão”, diz Júlio.
Crônicas de andarilhos
Pouco antes de entrar em estúdio, o músico percebeu que a maioria de suas letras estavam nessa mesma levada: “São tons blueseiros, cheios de lamentos. O titulo ficou perfeito e tudo se liga a esse tema”, afirma.
Além do sonzão, o duo faz a crônica dos personagens de sua cidade, sempre com pegada lírica: “Tem a Salomé (em Salomé Me Disse), que só andava desapegada, por que a sina dela era ser livre. Já Um Roque Para Zorrão é sobre um cara que andava na rua bebendo cachaça e tem uma história bem triste”.
“Eu busco escrever sobre pessoas que passam despercebidas nas ruas, mas que tem toda uma história. O destino dos que não tem destino, os mendigos e andarilhos”, acrescenta Júlio.
"Como não sou um cara poético no sentido convencional, nas minhas músicas eu faço contos que se transformam nas letras das músicas. Tenho mais facilidade para escrever em terceira pessoa, então abordo as pessoas das quais ouvi histórias, reais ou fictícias. Ou mesmo histórias que eu mesmo criei como na faixa Descalço, aonde viajei num personagem que busca reconciliar um relacionamento e pega a estrada na chuva, sozinho".
O próprio nome do duo veio de um desses personagens: “O Baggio era um músico que viajou para Salvador e depois para São Paulo na década de 70. Se frustrou e não conseguiu nada. Voltou e acabou despirocando. Virou o doido da cidade, usava roupas esquisitas e andava com uma viola nas costas”, relata.
Júlio está orgulhoso: o disco, que está com uma sonoridade poderosa, foi todo gravado em Aracaju mesmo. "A gente tinha um vinculo com a Deck pelo selo Vigilante, que lançou nosso primeiro. A gente gravou tudo e eles lançaram e distribuíram. Esperamos um retorno a médio prazo, mas o que aconteceu foi que Rafael (Ramos, sócio da Deck) pediu as demos das músicas novas, ele gostou, rolou a empolgação, fomos ao Rio, fizemos show e marcamos o dia de começar as gravações em outubro (de 2012). Mas teve tanta história. Primeiro, o estúdio estava em reforma. Aí muda para janeiro, transfere para São Paulo, depois cancela tudo. Foram vários obstáculos, até decidirmos gravar em Aracaju", relata.
"Acabou que gravamos tudo aqui, já que não havia tempo nem grana para ficarmos lá no Sudeste. A diferença foi que tivemos uma pré-produção um pouco longa. Gravamos nos ensaios, mudava detalhaes dos arranjos. A pré é tão importante quanto a produção em si, por que amadurecemos bem as músicas. Aí, quando entramos no estúdio para gravar, já sabíamos bem o que queríamos", percebe Júlio.
"A vantagem foi essa. Como também temos muitos amigos aqui, muita gente ajudou. Levaram microfones, placas de áudio etc. Fizemos tudo em um estúdio simples, mas com muita ajuda e muitas cabeças pensando junto. E foi a primeira vez que gravamos em Aracaju", conta.
"Sina saiu independente, mesmo. Mas vai sair em vinil também, pelo Media 4 Music, selo de São Paulo que importa os vinis de uma fábrica na República Tcheca, que diz que é a maior fabricante de discos de vinil do mundo", revela.
"O lance de não ter saído pela Deck foi uma questão de prioridade da gravadora, mesmo. Eles estão bombando com Naldo, né? Mesmo assim, Rafael tentou reservar o estúdio de Chucky (Vespas Mandarinas) para a gente mas aí a banda dele estava com compromissos e aí não deu para gravar lá".
"No som do disco, a gente queria fugir do lance das comparações com outros duos guitarra-bateria, como Black Keys e White Stripes. Claro que são bandas importantes para nosso som, mas não buscamos nos parecer com elas, então explorar elementos que eles não exploram, como xote e afrobeat. O peso vem naturalmente, por que eu uso muito pedal de fuzz, que dá mais corpo e peso. Esse disco tem nossa música mais pesada, Um Roque para Zorrão, e a mais balada, Domingo. Além de trazer outras influências é um disco pessoal, não por que é o mais recente, mas pra mim é a obra mais importante que fizemos nesses doze anos de banda, tem um som mais maduro, que me deu orgulho", conclui Júlio.
Depois do show de sexta no Revolver (com as locais Tronica e Gepetto), o duo segue em tour de dez cidades entre Rio, São Paulo e Minas Gerais. Go, Baggios!
The Baggios, Tronica e Gepetto / Sexta- feira, 21 horas / Revolver Pub (Rio Vermelho) / R$ 15
Baixe: www.thebaggios.com.br
Buenas nuevas para quem precisa completar suas coleções...
ResponderExcluirhttp://www.universohq.com/noticias/neil-gaiman-destaque-lancamentos-outubro-panini/
Soube agora: o show de Paco de Lucia que ia rolar no TCA foi cancelado por conta do famigerado "contingenciamento" de verbas...
ResponderExcluirThe Baggios!! Assisti um show dos caras no Pelô e fiquei de cara. Boa pra caráio! Mês tá bom que ainda vai rolar Snooooze!!! Chuva de ovos (ops|) ni mim que não fui na Uteros. Soube que mortos levantaram e foi aquele desfile de "nunca-mais-vistos" né? E um show da porra! Que puuxa...
ResponderExcluirEsse disco novo tá lindo, Cebola. Recomendo o LP. Vai sair em vinil azul transparente 140 g, com uma nova capa e faixa bônus exclusiva. Reserva do vinil através do site: http://site.thebaggios.com.br/#loja Sai por R$ 60 + frete.
ResponderExcluirE sobre o show da Úteros... bom, agora só podemos lamentar. E quem sabe, torcer para, algum dia, rolar outro. Sim, estava quase todo mundo (menos vc e Braminha) lá, incluindo Riva, Guy, Pimentinha, Liu, Cleo, Carlinha, seu primo Gustavo (que namora com minha prima e estava lá tb - aliás, era uma das mais animadas na frente do palco) e muitos outros que não lembro agora - uma galera que não aparecia há tempos.
E sim, os caras estava invocados, nos cascos. Apu, eu nunca mais tinha visto com um sorriso tão largo na cara. Mário meio bebum, revivendo seus tempos de Mário Pitu, Mauro agora em versão barriga-tanquinho, com a garganta em melhor estado do que na época, cantando para caralho. Seu irmão esmerilhou geral e Ivanzinho mandou ver também.
Participações: a que eu mais gostei foi Paulinho Oliveira, que tocou duas: Sweet Virginia e I'm Bad!. Nessa, o povo enlouqueceu no final, minha prima levou um trompasso de um maluco lá. Fábio Cascadura tb mandou muito bem em Inside The Beer Bottle (cantada em coro por todos, um dos momentos mais emocionantes) e Pochat soprou seu trompete com vontade em I Feel Good. René se mordeu todo com a letra de Keep on Rockin' in the Free World, mas foi massa assim mesmo.
Enfim, man: FOI PHOOOOOOOOODA!...
Chuva de ovos em vc, sacana! ;-)
Não, essa é ótima:
ResponderExcluir"If You Thought CBGB's Bathrooms Were Full of Shit, Check Out the Movie."
Aqui:
http://www.spin.com/articles/cbgb-movie-television-dead-boys-nails-review-panned
Pareceu histórico esse som Chicão!!
ResponderExcluirThe Baggios é massa, adoro os caras, sou amigo deles, e admiro-os muito, não só como músicos, mas como atitude tb!!!
RIP Norma Bengell.
ResponderExcluirhttp://oglobo.globo.com/cultura/morre-aos-78-anos-atriz-cineasta-norma-bengell-10305430
Primeiro nu frontal do cinema brasileiro, inaugurou gloriosa tradição. (Sem ironia).
E só por isso lembro dela aqui.
RIP Phil Chevron, guitarrista dos Pogues, aquela banda cover de Wander Wildner...
ResponderExcluirhttp://oglobo.globo.com/cultura/guitarrista-phil-chevron-do-pogues-morre-de-cancer-aos-56-anos-10303710
(Brincadeirinha, gente, não precisa me apedrejar, tá? Eu tb adoro The Pogues! Sabe como é, eu perco amigo, mas...).
Ressaca não é nada, Sprite é tudo:
ResponderExcluirhttp://br.noticias.yahoo.com/blogs/vi-na-internet/descobriram-cura-da-ressaca-sprite-231235665.html
E TAVA QUENTE HEIN?!?
ResponderExcluirShow épico!!!! pulei feito um doido, fui para o meio do bate cabeça e ainda comi o "bolo doido"!!!!!
ResponderExcluir