Lazzão. Foto: Filipe Cartaxo |
Patrimônio cultural vivo do que de melhor esta terra pode oferecer, Lazzão lança hoje seu primeiro álbum de músicas inéditas em 13 anos.
CD autointitulado, Lazzo Matumbi sai pelo selo local Garimpo, com produção fonográfica do experiente – e competentíssimo – Jorge Solovera.
Um retorno em grande estilo para um dos maiores astros da música baiana em sua face mais legítima – e digna.
“Estou felicíssimo com o resultado do disco”, afirma, sorriso aberto na sua mesa de preferência no Boteco do França.
“É um disco que resume a minha identidade. Por isso o título é só meu nome. Com a satisfação de desfilar vários parceiros de composição, como Gileno Félix, Jorge Portugal, Antonio Risério, Ricardo Luedy, Jorge Costa, Beto Marques e Sílvio Hernandez”, enumera.
“E ainda me dei ao luxo de observar como outra pessoa – Solovera – vê e aborda a minha música”, acrescenta, entre um goles de suco de laranja.
Foi por medo de avião...
A gênese deste novo momento para Lazzo começou em 2009, quando o guitarrista de sua banda pulou fora de uma viagem à Europa para alguns shows.
“O cara tinha medo de avião. Aí chamei Solovera para substitui-lo. Na viagem de volta, ele disse que queria me produzir”, conta o músico.
“Ora, quando um músico do peso de um Solovera te diz um negócio desses, você tem que aproveitar a oportunidade. É como um casamento perfeito”, acredita Lazzo.
O resultado é, muito provavelmente, o melhor disco lançado na Bahia em 2013 – com grandes chances de ser um dos melhores do país.
Trata-se de um apanhado de black music em diversas vertentes, com arranjos sofisticados, orgânicos.
E a voz majestosa e aveludada de Lazzo deitada sobre um berço esplêndido de sopros, cordas, percussões e vocais femininos de apoio – o Caymmi black em seu melhor momento: maduro, poético, irrotulável. Pura arte.
“Essa foi a visão de Solovera, dentro do universo da música negra. Visão que bateu totalmente com a minha, de fazer uma música negra, da Bahia para o mundo”, afirma.
Acertada a parceria, Lazzo gravou em casa o que tinha de melhor em sua produção recente e passou para o produtor ouvir e fazer uma curadoria.
“Aí ele foi fazendo essa arrumação do conceito do álbum, com toda a liberdade de escolha de um diretor musical mesmo. Solovera está presente nesse disco de cabo a rabo”, resume.
“Agora eu quero apresentar esse meu novo filho ao mundo. Estou com gás total para tocar muito ao vivo”, garante.
O pontapé inicial é justamente hoje a noite, em um show especial no Pelourinho, dirigido (e filmado) pelo cineasta baiano André Luiz Oliveira (Meteorango Kid - O Herói Intergaláctico).
“André é meu amigo e está elaborando um documentário sobre mim. Além de dirigir e filmar, ele também faz projeções. Além disso, Williams Martins assina o cenário e Márcia Ganem, o figurino”, detalha.
“Vai ser um encontro para dançar e cantar junto com os amigos, parentes e admiradores – todo mundo que torce por mim estava cobrando um disco novo há tanto tempo”, conta.
Lazzo diz que o longo hiato desde Nada de Graça (Warner, 2000) é recorrente em sua carreira. “Sempre fiz um longo intervalo entre um disco e outro. Essa coisa de gravar um disco por ano é exigência de gravadora major, comercial”, vê.
“Vamos nessa”
Filho do Gantois, lar de Mãe Menininha, Lázaro Gerônimo Ferreira cresceu entre batuques sagrados de terreiro e levadas profanas de rodas de samba.
“Era o som do candomblé de um lado e o samba do Alto do Garcia do outro. Os dois sons me confortavam muito. É uma memória muito viva, um encanto que carrego comigo desde criança”, descreve Lazzo.
Até por que a música sempre foi de casa: “Minha mãe tocava prato e meu pai é de Santo Amaro, que é de onde vem o samba de roda, a chula”, conta.
Capa do CD. Foto e design de Filipe Cartaxo |
“Um amigo que me convidou. Ele disse que era um bloco que enaltecia a Mãe África. Eu disse na hora: ‘vamos nessa’”.
Lázaro virou Lazzo Matumbi pelas mãos do radialista Baby Santiago (1947-2001).
“Fiz meu primeiro show solo no Teatro Vila Velha, em 1981. A necessidade de trilhar solo foi pela descoberta do reggae e de sua similaridade com o samba. Ambos tem o grave bem marcado. O samba, no surdo. E o reagge, no baixo”, vê.
“Mas a mensagem questionadora por respeito e igualdade é a mesma. Caiu como uma luva para mim”, conta. O resto é história – que continua hoje.
Show de lançamento do CD Lazzo Matumbi / Hoje, 19 horas /
http://www.deezer.com/
Minha ficha não caiu ainda.
ResponderExcluirNem a minha.
ResponderExcluirhttp://sionistasim.blogspot.com.br/2013/10/lou-reed.html
http://sionistasim.blogspot.com.br/2013/10/velvet-underground.html
Agora que você atravessou a porta, eu até posso imaginar como é sua rotina aí do outro lado:
ResponderExcluir“...seu filho da puta, agora você me fez chorar. É assim que você me trata, como uma cachorra? Você não vale nada, Lou. Então é isso que eu recebo em troca, depois de passar a noite inteira lá fora, vendendo meu corpo pra sustentar você?
Porra, Lou, você gastou toda a nossa heroína e o dinheiro que a gente tava juntando pra minha operação de mudança de sexo...
Seu viado! Eu vi você dando o rabo pro Celsinho Gilette ali no quartinho dos fundos. Quanto você pagou praquele michezinho fudido, hein? Foi em dinheiro ou ele só fez um boquete por uma picada? Que foi, ele cansou de ser a locomotiva do trenzinho?
Ai! Seu puto...
Vem, me bate! Isso te faz se sentir mais macho, né? ha ha... até parece que você é muito homem...
Ui! Essa foi covardia sua, Lou... me acertar com o chicote quando eu estava de costas...
Ei! Não vai embora! A gente ainda não terminou! Não! Me perdoa... Eu te amo, Lou!”
ResponderExcluirPosso vê-lo atravessando a Porta, uma sombra cercada de luz radiante,
ao som dessa canção, na voz de sua parceira de banda, Nico, esperando por ele do outro lado:
Velvet Underground
All Tomorrow's Parties
http://www.youtube.com/watch?v=M88Ca91hTWs