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terça-feira, abril 16, 2013

SANTUÁRIO ANALÓGICO: SOUND CITY


O rock não é nem jamais deve ser visto como uma religião. Ainda assim, não lhe faltam “santuários” e locais de “peregrinação” ao redor do mundo – alguns deles são até secretos, acessíveis apenas a membros do alto clero roqueiro e estudiosos da história do gênero.

O estúdio de gravação Sound City, no distrito de Van Nuys (Los Angeles, Califórnia), era um desses lugares.

O verbo vai no pretérito por uma razão simples: depois do recém-lançado documentário Sound City, dirigido por Dave Grohl, multidões de fiéis perigam invadir este verdadeiro templo sônico.

Fundado em 1969, o Sound City foi palco da gravação de inúmeros álbuns considerados clássicos dentro da história do rock.

No filme, Grohl e dezenas de entrevistados reiteram a qualidade da acústica do local – algo espantoso, dado o mal estado de suas instalações, sujas e beirando o cacete armado.

Uma explicação possível é que, antes da instalação do estúdio, o endereço abrigava uma planta de produção do fabricante de caixas de som Vox.

Legendas reveladoras

Típico projeto de Grohl, Sound City é uma carta de amor ao som analógico e ao que ele chama de “integridade do rock ‘n’ roll”, além de uma reunião e tanto de músicos, produtores e funcionários que passaram por lá.

Entre os muitos clássicos gravados na sua fase inicial, estão After the Gold Rush (Neil Young), Gumbo (Dr. John), Fleetwood Mac (idem), Heaven Tonight (Cheap Trick) e Damn the Torpedos (Tom Petty).

Grohl resolveu fazer o documentário depois que soube que o estúdio estava fechando suas portas, em maio de 2011.

Comprou sua lendária mesa de som Neve  8028, da qual só existem outras três no mundo e foi atrás do seu criador, o engenheiro de som Rupert Neve.

A cena em que ele entrevista Neve, um senhor aparentando 80 anos, é hilariante. Enquanto o veterano engenheiro se perde em detalhes técnicos incompreensíveis, Grohl faz cara de quem está entendendo tudo.

Ao mesmo tempo, legendas mostram o que ele está pensando: “Cara, do que ele está falando? Não tô entendendo nada. Pô, eu fugi da escola”.

Queda de Bastilha analógica

Muito dinâmico e ágil, o filme alterna pedaços da história do estúdio ao longo das décadas com inúmeros depoimentos.

Mas é como historiografia da música nos últimos quarenta anos que Sound City impressiona mais.

De estúdio up to date nos anos 1970, o estabelecimento recebeu seu primeiro golpe da indústria logo na primeira metade dos anos 1980, com o advento do compact disc (CD) e do som digital.

Em 1986, um dos principais  produtores da casa, Keith Olsen, pediu demissão e abriu seu próprio estúdio, do outro lado da rua. Seu estabelecimento consistia de uma pequena mesa de som e um computador.

Os clientes, que naquela época eram majoritariamente bandas de hard rock poser da cena da Sunset Strip,  começaram a escassear. O apogeu da era digital não tardou em chegar.

A queda da Bastilha analógica foi a interrupção da produção das fitas de rolo, o que empurrou todos os últimos resistentes para a gravação digital.

O estúdio estava a ponto de fechar quando, em 1990, um trio de moleques em uma van chegou de Seattle.

Nevermind (1991), o LP arrasa-quarteirão do Nirvana, mudou tudo e salvou o Sound City. Depois dele, todas as bandas alternativas queriam gravar lá.

Abriu-se a cancela para uma nova leva de clássicos, como Rage Against The Machine (Idem), Amorica (The Black Crowes), Unchained (Johnny Cash), Wild Flowers (Tom Petty) Pinkerton (Weezer), Iowa (Slipknot) e The Hunter (Mastodon).

A era digital acabou por enterrar o estúdio 20 anos depois. Com o filme, Dave Grohl prestou seu tributo ao estúdio que mudou sua vida e a história do rock.

O melhor epitáfio veio de Josh Homme: “A era digital é OK, a internet é legal. Mas graças a ela, também não há mais livrarias, não há mais lojas de discos e não há mais Sound City”.



Sound City / Dirigido por Dave Grohl / Com Depoimentos de músicos, produtores e funcionários / RCA - Sony Music / R$ 39,90

Além do documentário, lançado no Brasil em DVD, Grohl chamou uma constelação de músicos para gravar novas canções no Sound City, como Paul McCartney, Stevie Nicks, Trent Reznor,  Joshua Homme, Rick Nielsen, Chris Goss, Corey Taylor, o chapa Krist Novoselic, alguns membros do Foo Fighters e outros. Sinceramente, é um disco bacana, tem um puta som, mas as canções soam como rock genérico, sem uma identidade definida. No documentário, as sessões de gravação deste álbum perfazem a parte final do filme e acabam por deixar claro este aspecto. Os convidados de Grohl & Cia chagavam lá, eles testavam alguns riffs, umas levadas elogo começavam a gravar. A sessão de McCartney mesmo não parece ter durado mais que duas horas. O legal é ver as caras de espanto que Grohl e Novoselic fazem um para o outro enquanto velho Macca não está olhando: "Cara, eu tô com gravando com Paul McCartney!!!". Tolinhos.
Sound City: Real To Reel / Sony Music / R$ 27,90

ALGUNS CLÁSSICOS GRAVADOS NO SOUND CITY

After the Gold Rush,  Neil Young

Lançado em 1970, é o terceiro LP solo do gênio canadense. Parte de suas faixas foi gravada no Sound City. Entre elas o hit When You Dance I Can Really Love. Um LP clássico do country e folk rock

Holy Diver, Dio

Lançado em 1983, consolidou o potente vocalista ítalo- americano Ronnie James Dio como ídolo do heavy metal depois de sair do Black Sabbath. Com um som  poderoso de ponta a ponta, os hits são a faixa- título e Rainbow in the Dark

Nevermind, Nirvana

O disco que varreu Michael Jackson e as bandas poser das paradas, salvou o rock – e o  Sound City. Grohl conta que nem lembra como a banda chegou a decisão de gravar no estúdio. Uma paulada na orelha, a epítome da angústia adolescente engarrafada

 Wild Flowers, Tom Petty

Possivelmente, o melhor disco de Tom Petty, um gênio do rock norte-americano, mas pouco valorizado no Brasil. Produzido por Rick Rubin, tem som cristalino, arranjos certeiros e  letras de chorar de tão bonitas. O manifesto sônico da depressão urbana

Unchained, Johnny Cash

Segundo álbum da série American (também produzida por Rubin, que era outro entusiasta do estúdio), traz o pioneiro do country rock em versões inspiradíssimas de Memories Are Made of This (Dean Martin), Rusty Cage (Soundgarden), além de composições próprias do Man in Black

Rated R, Queens of The Stone Age

Lançado em 2000, é o álbum que chamou a atenção do mundo para a banda de Josh Homme e seu então parceiro constante, o baixista Nick Oliveri. Tem como constante um som extremamente grave, ainda que nunca perca um certo sentido pop. Hits: The Lost Art of Keeping a Secret e Feelgood Hit of The Summer.








5 comentários:

  1. Coachella 2013 em 50 imagens, pela revista Spin:

    http://www.spin.com/articles/coachella-2013-50-best-things

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  2. 50. MI-LHÕES! DE DÓLARES.

    http://omelete.uol.com.br/cinema/robert-downey-jr-recebeu-us-50-milhoes-para-atuar-em-os-vingadores/

    Que máquina de fazer dinheiro se tornaram esses filminhos de super-herois, hein?

    Mas nois gosta assim mermo....

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  3. Anônimo7:44 PM

    www.youtube.com/watch?v=2_pz-80JwfE

    Prévia do novo EP da Teenage Buz...se Lennon & MacCartney tivessem escrito no século XXI uma faixa pro Álbum "Beatles For Sale" (disco do meu Top 3 dos Beatles), com certeza essa estaria na leva!!!

    E pensar que os caras tem entre 17 e 21 anos...

    Cês são meus ídolos Marcus, Andrés, Lucas e Rafael!!!!

    Minha banda de rock favorita da Soteropólis.

    ~=o)-

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  4. Só os Hermanos para acharem isso mesmo:

    "A banda Brasileira, The Honkers, passou por nossa cidade, deixando o rótulo de ser uma das melhores bandas atualmente no país vizinho."

    http://www.laautenticadefensa.net/noticias.php?sid=23020

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  5. Chico o anonimo aí foi eu, num sei pq saiu assim...gostou do som dos rapazes?

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