Páginas

quarta-feira, abril 10, 2013

FESTIVAL HABEMUS ROCK TRAZ AS NOVAS CARA DO ROCK BAIANO - DA CAPITAL E DO INTERIOR


Talvez você já tenha ouvido falar ou lido algo a respeito. Andaram dizendo que o rock baiano, gloriosa  tradição cultural brasileira, estava morto.

Obviamente, foi um exagero. A Bahia está pipocando de bandas de rock. Em Salvador e no interior.

(OK, agora quem exagerou um pouco fui eu. Menos, né?).

E o Festival Habemus Rock, com criteriosa seleção de bandas da produtora Ana Camila, jornalista, 28 anos, promete mostrar um pouco da nova cena roqueira baiana, trazendo novidades da capital e de pólos do interior, como Feira, Conquista e Cruz das Almas.

“A ideia surgiu de uma forma muito espontânea, fruto da observação de um novo movimento, ainda tímido, de novas bandas de rock em Salvador”, conta a jornalista / produtora. Leia entrevista completa com a moça.

Como surgiu a ideia do festival?

Ana Camila: A ideia surgiu de uma forma muito espontânea, fruto da observação de um novo movimento, ainda tímido, de novas bandas de rock em Salvador, com diferentes estilos, e cada uma na sua correria particular, correndo atrás, fazendo show aqui e ali. Eu queria, na verdade, só fechar uma temporada de shows com duas bandas que produzo, mas depois pensei que seria mais pró-ativo reunir essas novas bandas todas e propor algo como um grande encontro, concentrado, onde elas poderiam trabalhar juntas e fazer parcerias futuras. A ideia não era bem um festival, mas acabou se tornando um, pela quantidade de bandas. E eu mesma fiquei impressionada com as mil possibilidades. Então fechei essas três datas, com três bandas cada, e o nome Habemus Rock, apesar de ser uma brincadeirinha com o caso do Papa, foi também uma forma bem-humorada de chamar atenção para o fato de que temos um novo movimento rocker no estado, com várias bandas de diversos estilos.

O rock baiano parece que andou estagnado um tempo. Você acha que tem uma geração nova vindo aí, com outras influências além de Los Hermanos?

AC: É justamente por achar isso que estou investindo nesse festival. Acho que o rock baiano andou estagnado, como você diz, por falta de um movimento interno das bandas mesmo, e também porque um outro movimento foi surgindo na Bahia, com novas bandas e músicos independentes que investiram em outros gêneros, outro tipo de música, e que funcionou. Mesmo assim, as bandas de rock mais antigas continuam aí trabalhando, correndo atrás. O que eu observo hoje é que as novas bandas de rock baianas estão mais criativas, muito diversas entre si, e ao mesmo tempo engajadas em "resgatar" o que elas entendem como rock n' roll. Tem umas que acham que rock é Raul Seixas, outras acham que é Pink Floyd, outras que é Jovem Guarda, Beatles, Coldplay... E eu vejo isso como um momento bacana de inspiração.

Você tem acompanhado o movimento das bandas do interior? O interior está virando o celeiro do rock baiano?

AC: O que na real acontece no interior é que o público parece ser bem mais curioso que o de Salvador. Feira de Santana e Vitória da Conquista se destacam por ter uma parceria forte com a Fora do Eixo, mas a verdade é que em Camaçari, Cruz das Almas, Jequié, Poções e tantas outras tem uma galera se virando pra produzir, tem muitas bandas surgindo e, o melhor, tem um público ávido por novidade, que se envolve, se diverte. Salvador é meio chatinha com isso, se a banda não for de algum amigo, é difícil ir lá ver o show, as próprias bandas em geral não vão nos shows das outras bandas, e é muito mais complicado você atingir um público que não tem curiosidade. Acho que o público é o x dessa questão, e não é à tôa que as bandas de Salvador ficam felizes de sair pelo interior pra tocar, mesmo que as condições de produção não sejam ideais. Minha ideia é levar a ideia do festival para o interior, levar as bandas de Salvador pra circular e conhecer públicos que também querem conhecê-los.

Qual foi o critério para a seleção das bandas? Você poderia dizer o que a atraiu em cada uma delas - especialmente as do interior, menos conhecidas do público local?

AC: Meus critérios foram dois, basicamente. O primeiro foi o fato de as bandas serem novas, da "nova geração", por assim dizer, e estarem tocando na noite de forma totalmente independente e, até certo ponto, bem tímida também. O segundo foi a percepção de que essas bandas levam seus trabalhos a sério, estão na busca do profissionalismo, não estão "brincando de banda", mas investindo em gravação, imagem, todas com seus EPs ou discos lançados... Tentei montar uma grade que revelasse ao público a diversidade rocker de Salvador, mas também do estado - por isso incluí as três bandas do interior, mas só pra dar um gostinho porque tem muitas outras bandas no interior e que, por sinal, nunca nem tocaram em Salvador. O que me atraiu, na verdade, é que cada uma delas tem sua própria identidade, suas influências bem específicas, e são tão diferentes entre si! A Callangazoo com a pegada Raul Seixas declarada, Os Jonsóns com um rockabilly reinventado, a Falsos Modernos que quer atualizar o melhor do rock brasileiro dos anos 1960 e 70, a Vitrola Azul com uma proposta mais pop. A Andaluz e a Gepetto já são de outra vertente, uma coisa mais melancólica, mais intimista, influências claras de Radiohead, Muse e bandas do gênero. As bandas do interior eu conheci de formas diversas, através do Grito Rock, que rolou recentemente, mas também do contato que elas mesmas fizeram comigo, ou de eu ter ouvido falar do lançamento de um EP, ter ido lá ouvir e ter gostado. A SAL, de Feira, tem uma forte influência do Pink Floyd e apresenta um trabalho super rico, sofisticado, e com vocal feminino, coisa que já não vemos com frequência no rock baiano, infelizmente. A The Gins!, de Cruz das Almas, é a única das bandas que canta em inglês, o que me retraiu um pouco no início, mas reflete a experiência dos músicos em arranjos bem bacanas, canções com potencial pra virar hits! A Na Terra de Oz, de Vitória da Conquista, é um rock com aquele espírito bem mais "jovem", que se reflete nos arranjos e nas letras, um sangue novinho em folha. Acho que, no fim das contas, o festival consegue apresentar um panorama do que está rolando no rock baiano agora, com toda a diversidade que, pra mim, é o mais interessante.

I Festival Habemus Rock / Com The Gins! (Cruz das Almas), Callangazoo e Os Jonsóns (dia 12), SAL (Feira de Santana), Andaluz e Vitrola Azul (dia 19), Na Terra de Oz (Vit. da Conquista), Gepetto e Falsos Modernos (dia 26) / Sunshine (Rua Guedes Cabral, 20, Rio Vermelho) / 21 horas / R$ 15 (R$ 10 até 23 horas) 

Fotos de cima para baixo: Na Terra de Oz (retirada do Facebook da banda, sem crédito), The Gins! (foto Rick Van Pelt) e Falsos Modernos (foto Leonardo Monteiro).

6 comentários:

  1. Macca adere ao baile funk:

    http://omelete.uol.com.br/musica/paul-mccartney-novo-disco-tem-influencia-de-baile-funk-e-usher/

    ME. TIRA. O. TUBO!

    ResponderExcluir
  2. nunca fui fan do Macca mermo-hehehehe

    ResponderExcluir
  3. Para quem se perguntava aonde andaria Anthony Bourdain, eis aqui a resposta:

    http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1260385-serie-da-cnn-retrata-viagens-de-anthony-bourdain-pelo-mundo.shtml

    ResponderExcluir
  4. Promete ser um filmaço, imperdível:

    http://omelete.uol.com.br/cinema/filth-adaptacao-do-livro-do-autor-de-trainspotting-ganha-trailer/

    Leiam aqui minha resenha de Crime, livraço de Welsh posterior à Filth, em que ele retoma o personagem Ray Lennox.

    Espero que esse filme faça muito sucesso para que adaptem Crime na sequencia....

    ResponderExcluir
  5. Guitarrista monstro, há muito sumido, Shuggie Otis prepara seu comeback:

    http://www.spin.com/articles/shuggie-otis-interview-inspiration-information-reissue?

    ResponderExcluir
  6. Super Chico, só agora que vi que você publicou a entrevista toda aqui! Você é dez, obrigada pelo apoio de sempre. Beijo grande.

    ResponderExcluir

Tá loco aí? Então comenta!