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quinta-feira, março 28, 2013

VANGUARDA BAIANA SEGUE VIVA

Compositor e empreendedor, Paulo Rios Filho recebe encomendas do exterior e agita a cena local com seus colegas da Oficina de Composição Agora

Para Paulo Rios Filho, a arte caminha pelo imponderável.

No seu caso, esta característica se manifestou nas anotações de um padre espanhol que viveu no Peru do século 18, reunidas em um códex de nove volumes, hoje no Palacio Real de Madri.

Jovem maestro que sequer chegou aos 30 anos, Paulo é a ponta de lança de um novo movimento de música contemporânea baiana.

Movimento que ecoa e  retoma o trabalho do Grupo de Compositores da Bahia liderado por Ernst Widmer, iniciado no final dos anos 1950.

Sua história é um caso exemplar do artista consciente de que só ter talento não é o bastante.

“Não acredito no mérito exclusivamente pessoal”,  afirma. “Devo muito aos mestres e companheiros aqui da Escola de Música”, reconhece.

No início de abril, Paulo embarca rumo aos Estados Unidos, aonde acompanhará a estreia de duas peças de sua autoria: uma em Nova York e a outra em Fresno, na Califórnia, ambas feitas sob encomenda para importantes entidades culturais.

E aí entra o tal padre espanhol: “No início de 2012, recebi um email do diretor da America’s Society me propondo uma peça sob encomenda, a partir das anotações do século 18 de Martin Compañon, bispo de Trujillo, no Peru”, conta.

TransColonização é o nome da peça criada por Paulo. Com vinte minutos, é executada com oboé, violino, harpa, clarineta,  voz soprano, violão e percussão.

Na estreia em Nova York, a interpretação caberá ao ICE - International Contemporary Ensemble, conceituado conjunto norte-americano.

O diretor da AS soube de Paulo através de uma intricada rede de relacionamentos que jamais se concretizaria, estivesse o músico enfurnado em casa.

“Foi o Sérgio Kafejian, diretor da Camerata Aberta, de São Paulo, quem me recomendou ao America’s Society”, diz.

Paulo o conheceu quando esteve na Holanda em 2011, para acompanhar a estreia de sua peça Música Peba Nº 2, encomendada e executada pelo conjunto holandês Nieuw Ensemble.



“Eu já tinha participado de um concurso para novos compositores brasileiros do N.E. em 2009, no qual fui um dos premiados”, conta Paulo.

“Em 2011, em uma nova copetição, fui convidado hour concour (fora de concurso), mas desta vez eles não dispunham de verba para a passagem de avião. Propus essa viagem para a Fundação Cultural da Bahia (Funceb - Secult), via edital. Rolou, eu fui”, continua.

Daí a importância fundamental das relações olho no olho para o artista: “Tudo isso só aconteceu por que eu fui lá, conversei com eles, falei do meu trabalho, da tradição da minha escola, da minha cidade”, diz.

“E aí, não só minha música se tornou importante para eles, mas também a minha pessoa, de onde eu vim, todo o contexto ao meu redor”, reflete Paulo.

Para ele, concluir a composição é só o início do trabalho: “A música em si é nossa tarefa básica, por que devemos pensar em tudo que está em volta”.


“O professor Paulo Costa Lima me ensinou que o bom compositor é o cara que cuida da sua obra. Aluga a sala de concerto, o piano, inscreve o projeto, acompanha os ensaios, orienta os músicos, faz tudo”, conta.

De Coité para o mundo

Soteropolitano criado em Conceição do Coité, município distante 210 quilômetros de Salvador, Paulo voltou à capital para cursar a Emus em 2003.

Em 2008, meros cinco anos depois, conquistou sua primeira distinção internacional ao ganhar menção honrosa em um concurso em Portugal, com um quinteto de sopros intitulado O Terramoto de 1775.

Foi o início da trajetória em curso que agora o leva aos Estados Unidos. Hoje, Paulo é doutorando na mesma Emus, além de desempenhar uma série de outras atividades.

Ele é membro do grupo Oficina de Composição Agora (OCA), que, entre outras proezas, realizou no ano passado, uma extensa série de eventos, o Música de Agora na Bahia (MAB).

É servidor concursado da Escola de Música da Ufba, aonde fundou e dirige o Camará - grupo de música de câmara dedicado à música nova.

“Essa encomenda da America’s Society meio que faz a síntese dessa trajetória”, afirma Paulo Costa Lima, mentor de Rios Filho na Emus e membro destacado do Grupo de Compositores da Bahia original.

“É preciso reconhecer seu talento e constatar esse reconhecimento que ele já conquistou em termos nacionais e internacionais”, recomenda.

Lima vê em Rios e seus colegas da OCA a continuação do trabalho do Grupo de Compositores: “É uma alegria enorme para mim ver que o movimento em que ingressei muito jovem continua bem vivo no trabalho de Paulo Rios, Alex Pochat, Guilherme Bertissolo, Alexandre Espinheira, Túlio Augusto e Joélio Santos”, afirma.

Heinz Schwebel, trompetista da  Osba e  diretor da Emus, também vê com orgulho a trajetória de Paulo: “Além do talento, ele demonstra um grande senso de empreendedorismo em uma área muito carente disso”.

“É um rapaz muito jovem, talentosíssimo e extremamente trabalhador, dado o esforço expedido a cada projeto”, diz.



pauloriosfilho.blogspot.com.br/

6 comentários:

  1. Realmente, uma pena que Dredd, o último filme do juiz do apocalipse, tenha sido um fracasso de bilheteria.

    http://omelete.uol.com.br/juiz-dredd/cinema/dredd-nao-tera-continuacao-diz-produtor/

    Eu me amarrei!

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  2. A casa caiu, Robert Kirkman! Agora todo mundo já sabe que vc plagiou Toy Story para criar The Walking Dead.

    http://www.buzzfeed.com/daves4/undeniable-proof-that-the-walking-dead-and-toy-story-have-th

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  3. Baianos no Trofeu HQ Mix 2013:

    QUARTO AO LADO, indicado na categoria PUBLICAÇÃO INDEPENDENTE EDIÇÃO ÚNICA (graphic novel)

    e

    SANT'ANNA DA FEIRA - TERRA DE LUCAS, na categoria PUBLICAÇÃO INDEPENDENTE DE AUTOR

    Lista completa aqui:

    http://trofeu-hqmix.blogspot.com.br/2013/03/saiu-lista-de-pre-indicacoes.html

    Buena sorte!

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  4. Falei de Quarto ao Lado aqui:

    http://rockloco.blogspot.com.br/2013/01/possiveis-sexualidades-em-bela-hq-baiana.html

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  5. RIP My Chemical Romance.

    http://www.spin.com/articles/my-chemical-romance-mcr-breakup-best-songs-in-memoriam?utm_

    Já foi tarde!

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  6. OK, Teenagers é uma música legal de fato.

    http://youtu.be/k6EQAOmJrbw

    Legal.

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