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quarta-feira, janeiro 16, 2013

ENTREVISTÃO LEO JAIME: "PRECISAMOS ATENDER ÀS INQUIETUDES CRIATIVAS"

 As novas gerações, que só conhecem Leo Jaime como ator de Malhação, cronista do jornal O Globo ou apresentador de TV (nos programas Saia Justa e Detox do Amor) vão ficar espantadas: ele também canta?

Pois é, e fez muito sucesso, especialmente nos anos 1980, quando emplacou vários hits em rádios de todo o Brasil, como Sônia, O Pobre, A Vida Não Presta e outros.

Agora volta às lojas  um disco seu de 1995, Todo Amor. Álbum de intérprete, traz releituras em clima intimista para canções como Minha Mulher (Caetano Veloso), Preciso Dizer Que Te Amo (Cazuza), Eu Amo Você (Cassiano) e outras, além da inédita Diz.

Nesta entrevista por email, ele fala do disco e da experiência em TV nos programas Saia Justa e Detox do Amor (canal GNT).

Por que esse disco em especial para ser relançado?

Leo Jaime: Esse disco marca a metade do percurso. Depois de 5 anos sem gravar, fiz um disco de intérprete, como acordo pelo tempo na geladeira. O disco saiu maravilhoso e apontava para um novo caminho diferente daquele do início da carreira. Pena que não teve sequência. Ainda. Tanto que Diz, a música bônus que foi gravada recentemente, é parte da ideia de dar continuidade àquela onda.

Você lembra como foi o critério de seleção das canções? O que te guiou, além de serem sobre um tema específico, no caso, amor? E quanto a inédita Diz?

LJ: Lembro que eu procurava canções que não fossem muito óbvias e que eu sentisse que podiam ser cantadas por mim como se fossem minhas. Experimentamos muitas ao longo dos ensaios para o disco. Marina e Felipe Abreu me ajudaram muito neste período. Durante a gravação apareceram outras, como Preciso Dizer Que Te Amo. E tinha um combinado de que teriam duas inéditas: Começo e Infiel. Gosto muito de cantar e queria uma sonoridade mais madura, que me possibilitasse mostrar um som e uma temática que tivessem a ver com o que eu estava vivendo. Amor foi o tema do disco que começa com Começo e acaba com Extravios, e passa por vários fragmentos do discurso amoroso. Aliás, o livro homônimo (Fragmentos de um Discurso Amoroso, de  Roland Barthes) foi o ponto de partida. Diz é uma música que tem a ver com tudo o que ali se iniciou. Tenho vontade de fazer o Todo Amor 2.

Se fosse gravar esse disco hoje, faria diferente? Acha que há algum aspecto de produção que o deixa datado? Ou o faria exatamente como está?

LJ: Faria exatamente como está. Talvez  a mixagem fosse um pouco diferente, com sons mais atuais. A sonoridade ali era atemporal. Uma das propostas era lidar com sentimentos e sonoridades atemporais. Mas a tecnologia ainda não oferecia tantas possibilidades como agora. Diz evidencia um pouco isto.

Hoje você é visto como multimídia, mas você já era "multi" desde os anos 1980, quando era (é) cantor de sucesso e fazia pontas em filmes.

LJ: Acho que demorou para que entendessem que isto era uma característica e não um defeito. A pluralidade era vista como falta de foco. Diziam que eu estava dando tiro para tudo quanto é lado. Mas eu penso em Caetano e Chico, sem me comparar, e vejo que fizeram o mesmo. Temos que atender às inquietudes criativas e não às expectativas do mercado. Mesmo que isto signifique, como foi o meu caso, criar um longo e tortuoso caminho distante dos refletores do sucesso. Fui sincero comigo mesmo. Paguei o preço e estou aí até hoje.

Você curte reality show? Como é apresentar o Detox do Amor? Você classifica o programa como reality ou é outra coisa?

LJ: É um reality, sim. Cria da casa! Não é um formato comprado. Assim como Amor & Sexo, este programa foi criado do zero e vai sendo aperfeiçoado a cada temporada. Tenho orgulho de ter feito parte da gênese dos dois. É uma pequena, mas sincera e efetiva contribuição para com o rico universo da nossa televisão. Adoro trabalhar em TV. Sempre gostei.

Já teve alguma situação difícil nesse programa, já que se trata de relacionamento de casais?

LJ: Este é um programa que trata de assuntos difíceis, da intimidade de famílias que não estão ali para buscar uma carreira na mídia, mas sim melhorar seus relacionamentos. É delicado o tempo todo! E conflitos acontecem e precisam acontecer. É pra isso que todos estão lá! Mas nunca ninguém perdeu a linha. Se bem que na temporada atual temos uma psicóloga, a Dra. Eda, pra cuidar das eventuais crises. Pra mim ficou claro na primeira temporada que esta era uma necessidade. Temos que ter como apagar os incêndios que provocamos.

E o Saia Justa? Você continua depois dessa temporada  de verão só com os homens? Ele vai ser reformulação?

Vai ser reformulado, sim. E acho que a intenção do canal é mudar tudo. Vou sentir muita falta e imagino que o público também. Quem sabe não resolvem fazer um Saia Justa só com homens? Seria o  Calça Arriada. (Risos).

Do que você mais gosta no Saia? Da conversa com as mulheres? Ou do papo entre homens, como agora?

LJ: Gosto é de bater papo com gente inteligente. Papos muito interessantes,  por sinal. Não importa o gênero ou orientação sexual do interlocutor, nem mesmo a idade ou condição social. O papo inteligente é sempre bem vindo. Se podemos chamar isto de trabalho, aí passa a ser o trabalho ideal. Adoro fazer parte do Saia Justa. Saindo de lá, vou procurar outro programa parecido pra fazer.

Para quando pode-se esperar um CD com músicas inéditas?

LJ: Inéditas eu não sei. Sinto que devo um DVD para meu público e também adoraria seguir no projeto de um novo disco de intérprete. E sempre encaixar umas coisas novas minhas no meio.

Já pensou em voltar  com Os Miquinhos Amestrados?

LJ: Eu gostaria muito que a gente se reunisse pra fazer algo. Mesmo que fosse só por uma noite. Adoro aquela banda!

Todo Amor / Leo Jaime /  Warner / R$ 19,90 / www.leojaime.com.br




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