Nem só de cacofonia e misoginia vive o suíngue de Salvador.
Do bairro do Santo Antônio, no Centro Antigo, um apimentado vatapá de “ritmos periféricos” vem cativando cada vez mais paladares sintonizados na cena alternativa: é o Bemba Trio (foto: Eládio Machado).
Formado por Russo Passapusso, Fael 1º e DJ Raiz, o Bemba (de BEm BAiano) vem lotando as casas de show aonde se apresenta, com um bem azeitado mix de dub, reggae, ragga e Miami Bass conjugados a ritmos baianos como samba reggae, samba chula e repente.
O resultado não surpreende quando se conhece as figuras.
Russo é uma estrela em ascenção na música baiana, atuando, em paralelo ao Bemba, na Baiana System e no Dubstereo. Teve uma composição sua incluída no último CD do Curumin.
Fael 1º você pode até não ter ouvido ainda, mas com certeza, já viu um de seus muitos grafites bacanas, espalhados pela cidade, além de também integrar o Dubstereo e o coletivo Ministério Público.
E o DJ Raiz vem discotecando desde 2006 nas cenas rap e dub locais.
Em busca de nova fórmula
“Na verdade, o Bemba partiu de uma vontade minha e do Russo de pesquisar os chamados ritmos periféricos”, conta Fael.
“O foco era o som eletrônico do gueto. Começamos em uma festa chamada Roleta Russa, em que rolava rap nacional, funk carioca, kuduro e outros ritmos que rodam pelo mundo. Concluímos que tínhamos o dever de trazer isso pra Bahia”, diz.
O raciocínio deles é simples, mas faz total sentido: se o funk carioca é a música eletrônica do Rio de Janeiro, qual seria a música eletrônica da Bahia? Essa é a pergunta que move o Trio.
“Nosso desejo é criar uma nova fórmula, a partir das fusões de música jamaicana e baiana. Temos músicas que abordam o pagode, o samba reggae etc. Buscamos a fusão do eletrônico com o orgânico, a linguagem popular com a música contemporânea eletrônica. Em resumo, estamos tentando criar uma música eletrônica com a cara da Bahia ”, declara Fael.
“E mais: dá pra fazer música popular com letras sólidas, que digam alguma coisa. Nosso trabalho é remar contra a maré, e ainda assim, usando tudo o que está nesse mar de confusão que é a música baiana”, reflete.
Espertos, antenados, os Bembas já atravessaram o Atlântico, tendo se apresentado em Portugal, em julho último.
“Foi maravilhoso”, conta Fael. “Portugal é tipo o espelho da Bahia na Europa. Me senti muito vontade e tivemos ótimos diálogos com artistas da cena local”, relata.
Verão quente: Em janeiro e fevereiro, o Bemba Trio toca o projeto Terça da BemSSA na Arena Sesc Senac Pelourinho, sempre com convidados. Em breve, a banda solta a agenda com o serviço completo.
ATUALIZAÇÃO DE ÚLTIMA HORA: Russo Passapusso foi contemplado no Edital Regional Bahia do Natura Musical. Com esse recurso, ele vai bancar a gravação do seu primeiro CD solo. Os outros contemplados nesse mesmo edital são Marcela Bellas, Ilê-Ayê, o festival de documentários musicais IN-Edit Bahia e Márcia Castro. Veja mais.
http://www.bembatrio.com/
NUETAS
Joe & Morotó juntos
O incrível Joe Tromondo (ex-Dead Billies) estreia a filial soteropolitana de sua banda solo em SP, Joe & A Gerência. Na guitarra está o grande Morotó Slim (outro ex-Billies), mais Rogério Gagliano (Les Royales) no baixo e Thiago Jende (Tentrio) na bateria. Sábado, no Donna Cheffa, com Trônica e Colidium. 21 horas, R$ 15 (rapazes) e R$ 10 (moças).
Blues de pai pra filho
Álvaro & Eric Assmar, pai e filho, fazem a noite Acoustic Blues no Póstudo, com repertório de standards e autorais. Quinta-feira, 21h30, R$ 15.
LL Quinteto na quinta
O homem da Orkestra Rumpilezz, Letieres Leite, faz show de jazz com seu quinteto no Visca. Quinta-feira, 21 horas, R$ 12.
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