Na última sexta-feira, Hollywood fez estrear nas telas o filme O Corvo (The Raven), um policial de época que vem na trilha dos Sherlock Holmes de Guy Ritchie, dirigido por James McTeigue – aquela cria dos Irmãos Wachowski (Matrix) que dirigiu a adaptação de V de Vingança.
O curioso é que o personagem principal, diferente do Sherlock interpretado por Robert Downey Jr., não é um personagem fictício, e sim, alguém que realmente existiu: Edgar Allan Poe (1809-1849), cânone da literatura universal, que no filme, interpretado por John Cusack, é travestido de detetive.
Ora, qualquer um que já leu qualquer coisa sobre Poe sabe que ele andava sempre ocupado demais enxugando garrafas de bourbon, cuidando de enfermidades (dele e de sua esposa), trabalhando e delirando – atividade que deve ter lhe rendido boa parte de sua obra – pra sair pagando de detetive por aí.
Ao tempo em que o autor de mentirinha chega às telas via Hollywood, uma bela edição em capa dura, com 22 das melhores narrativas curtas do autor real, chega às livrarias: Contos de Imaginação e Mistério vem com nova tradução – de Cássio de Arantes Leite –, ilustrações de cair o queixo do artista inglês Harry Clarke (1889-1931) e prefácio de ninguém menos que Charles Baudelaire (1821-1867), o cultuado poeta francês, autor de As Flores do Mal.
O livro é a versão brasileira de uma edição inglesa publicada em 1919, considerada clássica, para qual foram encomendadas as ilustrações de Clarke, um extraordinário precursor do Art Noveau.
Por que ler Poe
Tudo isto posto, conferir o blockbuster do cinema parece se reduzir a perda de tempo. “Devemos ler Poe por vários motivos”, aconselha o tradutor, Cássio. “Primeiro, por que são histórias muito boas. E Poe é um clássico, uma dessas coisas que você não pode deixar de ler na vida, como Moby Dick, Don Quixote, As Mil & Uma Noites, A Ilíada, Odisseia etc”, afirma.
Outra razão para amar Poe é sua imensa influência, dado o seu caráter de fundador de gêneros. “Ele é um escritor seminal em vários gêneros. Todos esses psicopatas, policiais, cientistas forenses e detetives que existem hoje em dia na tevê e no cinema são seus devedores, de certa forma. Assim como não haveria sitcoms sem (P.G.) Wodehouse (1881-1975, autor inglês de humor), não haveria CSI sem Edgar Allan Poe”, aposta Cássio Arantes.
A verdade é que todo mundo se lembra de Sherlock Holmes ou do gordinho belga Hercule Poirot, mas são poucos os que lembram do primeiro investigador de ficção, Auguste Dupin, criado por Poe em Os Assassinatos da Rua Morgue – molde sobre o qual tanto Conan Doyle quanto Agatha Christie criaram seus famosíssimos detetives.
“Poe ocupa lugar central em gêneros diferentes: o gótico, o policial, o fantástico, o psicológico – e as epígrafes de Conan Doyle e Júlio Verne na quarta capa do livro dizem isso melhor do que ninguém”, aponta.
No livro, o leitor encontrará tanto clássicos famosos do atormentado autor bostoniano (Os Assassinatos da Rua Morgue, O Poço e o Pêndulo e A Queda da Casa de Usher), quanto outros mais obscuros, como Silêncio: Uma Fábula, O Colóquio de Monos e Una e O Rei Peste.
Outro achado da edição é o magnífico prefácio do “maldito” Charles Baudelaire – que, com certeza, deve ter se identificado com Poe de imediato. “Imagine, por um segundo, o feliz espanto que deve ter sido para Baudelaire em sua época (e ocupando o centro cultural de seu mundo) descobrir uma estrela dessa magnitude brilhando em um continente ‘bárbaro’”, contextualiza o tradutor.
Cássio só lamenta a não-inclusão do conto O Homem na Multidão, “um marco da modernidade, um fantasma flanando pelos versos do poeta francês sobre o nascimento da cidade moderna”, descreve.
Sobre a tradução em si, Cássio diz ter procurado ser “fiel ao ritmo, à variação na escolha de palavras, à pontuação. Faço o trabalho com o máximo de cuidado que o tempo permite, releio bastante e não invento, nem acochambro, quando a passagem é difícil. Mas isso é obrigação”, observa.
“De resto, é o domínio que se tem (ou não) da própria língua e dos diversos registros de discurso: erudito, coloquial, informal. As soluções que você é capaz de encontrar na transposição de uma língua para outra. Tradutor é como juiz de futebol, quanto menos lembram de você, melhor”, conclui.
Contos de Imaginação e Mistério / Edgar Allan Poe, Harry Clarke (Ilustrador) / Tordesilhas / 424 p. / R$ 59,90 / www.tordesilhaslivros.com.br
A quem interessar possa... SEGUE RELEASE:
ResponderExcluirSESC comemora 66 anos com 1ª Mostra de Música na Bahia
A música da Bahia para muito além do que tocam as rádios. É para valorizar a qualidade e a efervescência de músicos e compositores baianos que o SESC, no ano em que completa seus 66 anos, realiza a 1ª Mostra SESC de Música. Com foco na diversidade, o projeto acontece de 11 a 16 de setembro, no Teatro SESC Casa do Comércio, em Salvador. Sem caráter competitivo, a mostra terá workshops e shows de artistas selecionados por uma curadoria de peso, assinada pelos gigantes da música no estado Aderbal Duarte, Letieres Leite e Zeca Freitas. A direção musical do evento é de Fernando Marinho, um dos fundadores da Companhia Baiana de Patifaria, curador do Festival de Música Instrumental da Bahia e Coordenador Geral da Associação Instrumental da Bahia. O edital será lançado ainda em maio e as inscrições dos trabalhos acontecem de 1º a 30 de junho.
Sou contra. Orlando Drummond (Seu Peru, da Escolinha do Professor Raimundo),o insubstituível dublador brasileiro de Alf e Scooby-Doo, já tá com 90 e lá vai fumaça, não vai ter como encarar essa parada - quando e se o filme sair....
ResponderExcluirhttp://omelete.uol.com.br/cinema/alf-o-eteimoso-serie-oitentista-pode-ganhar-filme/
Porra, os filhos da #%$#@ da NBC escantearam Dan Harmon, criador de Community!
ResponderExcluirhttp://www.bleedingcool.com/2012/05/24/nbcs-script-for-what-the-cast-of-community-can-and-cant-say-about-sacked-showrunner-dan-harmon/
Agora, definitivamente, é o fim. Pena, por que é a melhor sitcom no ar, hoje.
Outro dia, um rapaz da Facom me ligou para uma entrevista. Ele queria saber por que mais e mais jovens universitários hj em dia ouvem arrocha, pagode, sertanejo etc.
ResponderExcluir(É, que já houve um tempo em que universitários se preocupavam em ouvir música de verdade).
Ele ainda entrevistou Maurício Tavares (professor da Facom, grande figura) e o (se não me engano) antropólogo Milton Moura.
A matéria, com os áudios gravados por telefone, estão aqui:
http://impressaodigital126.com.br/2012/05/08/pesquisadores-criticam-estilos-musicais-universitarios/
Brama, esse comment aí em cima é uma pequena provocação (não pra vc), a propósito de nossa conversa agora há pouco por telefone.... ;-)
ResponderExcluirAd-Rock e Mike D falam pela primeira vez desde a morte de Adam "MCA" Yauch.
ResponderExcluirhttp://www.spin.com/articles/beastie-boys-ad-rock-and-mike-d-speak-out-first-time-mcas-death-0
Chico, consegui baixar o novo do Gallon Drunk, o foda de ouvir no computador é que vc não tem um bom audio e sempre tá fazendo alguma besteira e a música fica no 2o plano...mas tou curtindo...não é o melhor dos caras claro, mas tb pra uma banda que tá na ativa desde 1988 é pedir demais...apesar que o de 2007 deles é um dos melhores...mas valeu muito a pena dar um saque...mehor do que metade dos lançamentos que saiu esse ano e que ainda sairá-heheheh
ResponderExcluiraqui tem o link pro video do single q eles tão trabalhando no disco:
http://www.gallondrunk.com/#video
vou dar um saque nessa sua entrevista, interessante no mínimo...
sobre o Poe, eu tenho uns livros dele aqui, mas há uns bons 10 anos não consigo ler nada que não tenha sido escrito no século XX, pra ser sincero na sua 1a metade...mas abro exceções pra uns da década de 60 e 70...mas não sei pq diabos, não tenho conseguido ler como eu gostaria...e isso me incomoda muito tenho centanas de livros, literalmente, pra ler e não consigo...pelo menos filmes eu tenho assistido...mas não tanto quanto deveria, baixei muitos que eu não imaginaria conseguir...
preciso urgentemente mudar meu estilo de vida...se é que eu tenho uma...
Sai dessa, Sputter! Corta o cabelo, vai trabalhar! ;-)
ResponderExcluirse eu tivesse cabelo pra cortar...
ResponderExcluirtou atrás de trampo. tiver algum aí sobrando me falem...
a empresa que eu tava trampando de freela nunca + chamou...não tem + trampo por esses tempos dela.
uma pena...
trampei 1 semana viajando e ganhei + do que ganhava o mÊs inteiro-heheheh
"é só ter grana...não precisa talento não"...definiu claramente,chico
ResponderExcluir2 bandas da nova geracao q eu considero muito interessantes,daquelas q renovam as nossas esperancas.
ResponderExcluirA primeira eh a Mount Carmel,power-trio de garotos fazendo rock com sonoridade vintage dos 70's,nota-se uma influencia do vocal do Paul Rogers e das guitarras do Paul Kossof e Alvin Lee,logicamente sem comparacoes.
http://www.youtube.com/watch?v=QZQOMFJYD10
http://www.youtube.com/watch?v=GRP07oJDwCs
A segunda eh a Trampled Under Foot(so o nome ja anima!),power-trio de irmaos q fazem um blues fudido!A gata baixista canta muito!Ela eh a cara daquela neta do Lima Duarte,aquela q foi casada com o Osnegro Montevaldo.
http://www.youtube.com/watch?v=ES_E1dFOMLM&feature=related
Aqui uma cover do papai de batismo,o Zep
http://www.youtube.com/watch?v=YAkJija-B6g&feature=related
Eh sempre emocionante ver um brazuca mandando bem no exterior!Ainda mais com musica.Eh claro q nao to falando do bostetico Michel Telogo.
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=VCAmWMjr-Jg
Marvel e DC conseguiram o que queria com a corrida pra ver quem é mais gay nos quadrinhos: controvérsia, atenção e, por conseguinte, vendas astronômicas.
ResponderExcluirhttp://www.universohq.com/quadrinhos/2012/n25052012_05.cfm
O que eu acho o melhor de tudo é como isso evidencia o quanto essas organizações ultra-conservadoras são burras ("a cegueira da religião", diria Glauber Rocha), se deixando manipular e favorecendo, em última instância, justamente a causa que elas queriam bombardear.
Mas é isso, vai esperar inteligência de religiosos conservadores? É uma contradição em termos até mesmo juntar essas duas palavras - "inteligência" e "conservadora" - na mesma frase...
rapá, o cover do led ficou até legal, apesar de eu num ser conhecedor da banda, mas o 1o link q vc mandou achei um blues tão clichê (bom e o que não é?), daqueles solados que eu acho um saco, bem tocado, bem limpinho...
ResponderExcluirserá q vai prestar Chico??
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=rARN6agiW7o
fiquei meio assim...mas tem boas cenas parece...tomara que num seja musical...parece ser da galera de moulin rouge...
e essa vozinha restart q aparece cantando?
hehheh
3 d?
vamos ver no que dá!
é um dos meus livros favoritos...
Rapaz, infelizmente, acho que não vai prestar, não. Justamente, por que é o mesmo diretor de Moulin Rouge, que considero um dos piores filmes de todos os tempos. Moulin Rouge é tão excessivo - e excessivamente ruim - que sequer consegui terminar de assisti-lo.
ResponderExcluirParece uma visão contemporânea demais e portanto, excessivamente espetacularizada da época.
Corro o risco de contradizer o proprio espírito da época em que se passa a trama e do livro em si, mas esse romance merecia uma abodagem mais... sóbria.
Pena, por que o livro é de fato muito bonito.
Um comentário no proprio You Tube, de um tal brazilsecrets, diz o que digo com outras palavras:
ResponderExcluir"The 70's movie with Robert Redford was much more realistic and set for the period.
This one is so UN-realistic and hype.
The 1920's did not have all this Hollywood Technology hype".
Malin Akerman, aquela sueca que fez a Espectral em Watchmen, agora será Debbie Harry no filme sobre o CBGB's...
ResponderExcluirhttp://omelete.uol.com.br/malin-akerman/cinema/cbgb-malin-akerman-vai-interpretar-debbie-harry-no-filme-sobre-casa-de-shows/
Recomendo babadores...
Sputter,se vc buscar outros videos na net ou ate os downloads dos discos vc vai achar algo interessante da banda.Ou nao(como diria Caetano).Mas a gata tem muita voz e canta com um sentimento unico,coisa dificil de se ver hoje em dia.E o guitarrista eh muito bom.E alem disso,blues pra mim eh o tipo de musica q tem o seu momento e o seu clima certo,caso contrario nao desce.
ResponderExcluirA proposito Sputter,valeu a dica do Cock Sparrer.Na verdade eu ja conhecia essa banda la dos gloriosos tempos das fitinhas k7,eu tinha uma Basf Chrome de 90 min. com uma porrada de bandas punk mas a unica q eu sabia o nome era o Cockney Rejects.Depois a fita embolou (as de 90 min. eram retadas pra isso)e perdi tudo.
ResponderExcluiraté entendo essa visão "pós-moderna" século xxi (quase século xixi), de repente esse clima lost generation, paris começo de século, eua jazz "suingueiro" pode ter uma abordagem energética cocaínômona (q no livro "não tem", é + pra uísque e champagne), mas não sei...elétrico demais pra mim...e olhe q eu não sou dos + parados...eu gosto da versão com o redford. mas o livro, é o livro, eu acho q existe uma outra versão até,vou procurar...
ResponderExcluirbicho, acho q tamos chatos viu...vamos ser felizes e coloridos!!
heheheh
chicão
ResponderExcluirmas um furo (la ele) jornalistico.
O link pra download:
http://www.mediafire.com/?oaizlwe2xlc4ve2
abcs
t
confirmando:
ResponderExcluira primeira revelação:
O link pra download:
http://www.mediafire.com/?oaizlwe2xlc4ve2
Pense em um programa de índio...
ResponderExcluirhttp://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1096518-pm-usa-gas-de-pimenta-em-publico-que-ficou-de-fora-do-show-do-franz-ferdinand.shtml
APJr. entrega os pontos.
ResponderExcluirhttp://www1.folha.uol.com.br/colunas/alvaropereirajunior/1095702-quando-a-musica-termina.shtml
Descontada toda a ranhetice – não o culpo.
Ah, a coluna não está toda ali - li na versão impressa. Mas já deve ter vazado por aí.
ResponderExcluirpara ler na integra:
ResponderExcluirhttp://sergyovitro.blogspot.com.br/2012/05/alvaro-pereira-junior-quando-musica.html
concordo com varias coisas que ele escreveu, mas o prazer de ouvir algumas obras musicais se mantem, o interesse em alguns artistas tambem se mantem interessantes ou porque "amadureceram" (seja la o que isto signifique) ou porque podem ser ouvidos sob nova perspectiva. quem tem uma otica muito boa sobre isso é Mikal Gilmore
Essa fase do APJ passa. Vários já passaram por isso. Até Bowie.
ResponderExcluirValeu pelo link com o texto completo, Bramis!
ResponderExcluirMarcos, isso lá é verdade. Mas acho que Bowie está passando (de novo) por isso agora mesmo. O último disco de inéditas do homem já saiu há quase dez anos, em 2003!...