Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
Páginas
▼
quarta-feira, março 07, 2012
PORCAS, PARAFUSOS, BORRACHAS E UM PIANO PARA JOHN CAGE
Um compositor erudito da vanguarda do século 20, um piano com diversos objetos meticulosamente inseridos entre suas cordas e três musicistas apaixonadas por esta obra.
Estes são os ingredientes do álbum / projeto Preparado em Curitiba: John Cage - Sonatas e Interlúdios para Piano Preparado.
Para quem não conhece, o norte-americano John Cage (1912-1992) foi um dos maiores nomes da música erudita avant-garde do século passado.
Criadas entre 1946 e 1948, as Sonatas e Interlúdios para Piano Preparado foi um dos pontos altos de sua produção.
E foi este o material escolhido pela idealizadora e diretora musical Vera di Domênico, as pianistas Lilian Nakahodo e Grace Torres, para homenageá-lo no seu centenário de nascimento.
Trata-se de uma série de vinte peças curtas, entre dois e seis minutos, em que a melodia fica em segundo plano em favor da harmonização dos silêncios e das inusitadas sonoridades percussivas extraídas do “piano preparado” – no caso aqui, um Bösendorfer cuidadosamente preparado com a inserção, entre as cordas, de parafusos, porcas, borrachas e outros objetos.
Antes que puristas se horrorizem com um suposto estupro pianístico, Vera garante que o instrumento não sofre qualquer dano: “As pessoas às vezes tem uma impressão pavorosa, mas tudo é colocado delicadamente. Não se fura o piano, não se quebra cordas. Esse processo existe há 60 anos, e é totalmente profissional”, esclarece.
E o som resultante, que poderia parecer agressivo, “é justamente o contrário: é um som delicado, sutil. E o piano sai ileso do preparo”, garante.
Até por que John Cage deixou uma bula, determinando exatamente aonde cada peça se encaixa no instrumento.
Mesmo assim, da primeira vez em que ela, Lilian e Grace tentaram preparar o piano, não foi tão fácil: “É uma bula delicada, com tudo especificado. Por exemplo: entre as cordas 2 e 3, a um quarto da ponte, vai um parafuso de móvel sem ponta, de tamanho médio. Então levamos um tempinho para achar todo os objetos especificados”, conta.
Agora, porém, com todo o material coletado, as pianistas podem preparar qualquer piano de cauda em questão de duas horas.
“Depois elas ensaiam por uma hora e meia e o recital está pronto para começar”, diz.
Curitiba, Alemanha e Brasil
Após o lançamento do CD em Curitiba (18 de janeiro último), viabilizado pela Fundação Cultural municipal, o trio já levou o espetáculo para um dos centros da música erudita na Europa, os Tage für Neue Musik (Dias da Música Nova) em Darmstadt (Alemanha), realizados desde 1955, em 4 de fevereiro último.
“O concerto teve um público muito legal. Muitas pessoas que estavam lá eram pessoas que conheceram pessoalmente o John Cage, quando ele esteve em Darmstadt. Eles vieram nos procurar e foi uma experiência muito bonita”, relata.
“Agora queremos levar o concerto para outras cidades do Brasil – salas, mas também universidades, já que estamos no seu centenário”, acrescenta.
Vera não esconde seu desejo de mostrar essa música tão diferente ao público baiano: “Salvador mesmo, nós adoraríamos ir. Só precisamos de um piano de cauda, nem precisa ser cauda inteira, pode ser um quarto. E sempre fazemos um bate-papo depois do recital. As pessoas podem se aproximar e conhecer o piano preparado”, sugere.
Cage, que era zen-budista, se inspirou nas orquestras de Gamelão (Indonésia) e nas nove rasas (estados emocionais da filosofia hindu), para criar estas peças, as quais Vera define como “fundamentais na história da literatura pianística mundial. Apesar de soar muito diferente, ele tinha um sistema de escrita genial, perfeitamente lógico e coerente”, conclui.
Preparado em Curitiba: John Cage - Sonatas e Interlúdios para Piano Preparado / L. Nakahodo e G. Torres / MCK / R$ 32,90
Crédito fotos Vera di Domênico, Grace Torres e Lílian Nakahodo: Andressa Cor / Divulgação.
Na expectativa para o show do Morrissey sexta no Rio, entrevistinha arrasadora para Mr. Lucio na Folha...
ResponderExcluirhttp://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1053907-morrissey-se-diz-triste-por-nao-ter-gravadora.shtml
E uma crítica desanimadora do show em Buenos Aires...
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1057676-morrissey-deixa-a-desejar-em-show-argentino.shtml
Obrigado pelas palavras Chico! Que o Rock prevaleça no que contribuí em sua passagem por aqui! Abraço
ResponderExcluirQue palavras, Cebola? Num entendi.
ResponderExcluirAh, é o Cebola Pessoa, da Calangazoo! Desculpe, velhinho, confundi "os Cebolas"...
ResponderExcluirDeu no Bleeding Cool: polícia militar de Taubaté recruta PM aposentado que gosta de se vestir de Batman para ajudar a patrulhar as ruas da cidade...
ResponderExcluirhttp://www.bleedingcool.com/2012/03/08/the-brazilian-military-police-recruit-batman-seriously/
Em breve, Chapolim Colorado e a Rondesp juntos, patrulhando as ruas do Nordeste de Amaralina...
Saiu a primeira imagem do Cavaleiro Solitário e Tonto, com Johnny Depp como Tonto:
ResponderExcluirhttp://www.bleedingcool.com/2012/03/08/first-image-of-the-lone-ranger-and-tonto-as-played-by-armie-hammer-and-johnny-depp/
Fiona Apple retorna com disco cujo título tem 23 palavras:
ResponderExcluirhttp://omelete.uol.com.br/musica/fiona-apple-novo-album-tera-titulo-de-23-palavras/
Chama The Idler Wheel Is Wiser Than the Driver of the Screw, and Whipping Cords Will Serve You More Than Ropes Will Ever Do.
Tradução do Google:
A roda intermediária é mais sábia que o motorista do Parafuso, e Chicote Fios Te servirei mais de Cordas fará sempre.
Hein?