Rock de riffs demoníacos
Jack White, ex-White Stripes, é o Marcelo Camelo inverso. Ambos influenciaram o rock contemporâneo de forma decisiva. Só que, enquanto Camelo praticamente emasculou uma geração, transformando jovens incautos em wannabes de Chico Buarque, White fez outros tantos tomarem o caminho contrário, retomando o rock ‘n’ roll primitivo, baseado no blues de riffs demoníacos à Led Zeppelin. E o duo sergipano The Baggios mostra, neste álbum de estreia, com quantos paus se faz rock de macho – e soando atual. Quem não aguenta mais tantos jovens wannabes de Chico Buarque no rock, a solução está no disco de estreia do duo sergipano The Baggios. Blues rock cru, o álbum carrega aquela sonoridade da pesada, a la Led Zeppelin, que voltou à baila no pós-White Stripes. O disco é bom como um todo, mas dá para destacar o riff entortante de O Azar Me Consome, o lirismo flamenco de Oh Cigana, o boogie endemoniado de Aqui Vou Eu (com teclados de Leo Airplane) e o suingue com trompete de Quanto Mais Eu Rezo. O negócio é tão bom que nem Hélio Flanders (Vanguart) consegue estragar (na faixa Morro da Saudade). Um dos melhores discos do ano. The Baggios / The Baggios / Vigilante - Deckdisc / R$ 20
Acústico e vanguardista
Há 30 anos no comando do Sonic Youth, uma lenda do rock avant garde, o guitarrista e vocalista Thurston Moore mostra seu lado mais intimista neste terceiro disco solo. De sonoridade 100% acústica, o álbum produzido por Beck, consegue, mesmo sem uma nota distorcida sequer, carregar toda a estranheza característica do SY. Claro, há faixas que poderiam estar em qualquer disco da banda original (Orchard Street, Circulation), mas a sofisticação do som baseado em violões de cordas de aço, violinos e harpas soam incomuns – e ao gosto do fã habitual do Sonic Youth. Thurston Moore / Demolished Thoughts / Lab 344 - Matador / R$ 27,90
Sexo é muito gostoso
No exterior, é muito comum ver gigantes do rock, já em idade avançada, gravarem excelentes discos, em que mostram, sem precisar provar mais nada a ninguém, que ainda são os caras. Foi assim com Johnny Cash, Bob Dylan, Lou Reed, Neil Young, Leonard Cohen e outros. Erasmo Carlos tem feito o mesmo agora, aqui no Brasil, desde o álbum Rock ‘n’ Roll (2008). Letrista espetacular, com a voz em boa forma, o Tremendão faz, em Sexo, um inventário das dores e delícias do amor físico, incluindo o antes, o durante e o depois. Difícil citar destaques em um CD tão coeso, bem amarrado e, uh, gostoso. Erasmo Carlos / Sexo / Coqueiro Verde / R$ 29,90
Filosófico, mas sem perder a piada
Um dos maiores talentos das tiras em quadrinhos surgidos no Brasil nos últimos tempos, Daniel Lafayette estreia em livro em grande estilo, com esta coletânea. Dono de traço limpo, cartunesco e de grande expressão gráfica, Lafayette se revela um tirista de primeira linha, transitando com equilíbrio pela linha filosófica contemporânea, mas sem jamais perder a piada. Sem personagens fixos, as tiras passeiam pelas agruras do dia a dia, referências da cultura pop e criaturas bizarras. Ultralafa / Daniel Lafayette / Barba Negra / 176 p. / R$ 39,90 / editorabarbanegra.com.br
Inventário de gênero
Origem de um cultuado filme com Kim Basinger e Russel Crowe, esta pérola da moderno romance noir traz todo o imaginário do gênero: mulheres fatais, incautos envolvidos em sombrias transações, mafiosos, assassinatos, corrupção, beijos e tiros. Clássico. Los Angeles: Cidade proibida / James Ellroy / Best Bolso / 496 p. / R$ 19,90 / edicoesbestbolso.com.br
Jornalista e bêbado, quem aguenta isso?
Com Johnny Depp prestes a retomar nas telas o papel de enfant terrible do jornalismo literário em um novo filme baseado neste livro, é uma boa hora para se inteirar. Este texto, engavetado por 40 anos, é a gênese do estilo gonzo de Thompson, à beira-mar e encharcado de rum em Porto Rico. RUM: DIÁRIO DE UM JORNALISTA BÊBADO / Hunter S. Thompson / L&PM / 256 p. / R$ 19 / lpm.com.br
Italiano, pioneiro e contraditório
Com o subtítulo A Imprensa Ilustrada da Corte à Capital Federal, 1864-1910, chega as livrarias a biografia de Angelo Agostini (1843-1910), imigrante italiano que foi o principal artista gráfico em atividade no Brasil durante a segunda metade do século XIX. O livro traz uma boa análise de sua personalidade conflituosa, abolicionista e racista ao mesmo tempo. Angelo Agostini / Gilberto Maringoni / Devir/ 256 p./ R$ 39,50/ devir.com.br
Em entressafra criativa
Veterana do indie rock, a banda norte-americana Death Cab for Cutie já viu dias melhores com álbuns bem mais emocionantes do que este Codes & Keys, mas os fãs que ouvirem com atenção ainda poderão desfrutar de um outro momento bacana, como Doors Unlocked and Open, You Are a Tourist e Some Boys. Tudo bem que eles chegaram naquele momento em que começam a soar como covers de si mesmos (dizer caricaturas seria muita crueldade), o que é um claro sinal de fadiga criativa. Mas se for pensar bem, tem coisa muito pior e mais indigna por aí. Death Cab for Cuttie / CODES AND KEYS / Warner / R$ 34,90
Folk de musicalidade rica
Após um breve namoro com o rock progressivo (The Hazards of Love, 2009), o grupo indie norte-americano The Decemberists dá uma guinada estética e entrega o ouro deste novo disco logo na primeira faixa, Don’t Carry It All: a batida reta em midtempo e o acordeom remetem imediatamente a Out on The Weekend, faixa de abertura do clássico Harvest (1971), de Neil Young. Na linha revival do folk rock, essa rapaziada de Portland até que manda muito bem, cravando um álbum que impressiona pela musicalidade rica e melodiosa. Melancólico, porém redentor. The Decemberists / The King is Dead / EMI Music / R$ 29,90
No tempo em que Barcelona era imunda
Houve um tempo em que Barcelona não era o moderno centro turístico de hoje em dia. Em um bem-humorado tom de sátira social, o escritor espanhol Eduardo Mendoza constrói seu romance de mistério catalão ambientado na suja Barcelona pré-revitalização. Ótimo exemplo da moderna literatura espanhola. O mistério da cripta amaldiçoada / Eduardo Mendoza / Planeta / 192 p. / R$ 29,90 / editoraplaneta.com.br
Eu num tô visualizando as imagens deste blog mais. É só comigo, um problema na minha máquina? Alguém aí pode me dizer como está visualizando este blog? Grato.
ResponderExcluirAqui também. Só as dos posts anteriores está rolando.
ResponderExcluirRIP Leon Cakoff
ResponderExcluirNota recebida agora há pouco por email...
LEON CAKOFF
Um dos maiores nomes da resistência cultural no Brasil durante a ditadura, Leon Cakoff, fundador da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, morreu hoje, sexta-feira dia 14 de outubro, às 13 horas, por conta de complicações decorrentes de um melanoma – câncer que atinge o tecido epitelial. Ele estava internado há duas semanas no Hospital São José, em São Paulo. O corpo será velado no Museu da Imagem e doSom - MIS de São Paulo, (Av. Europa, 158 - Jardim Europa) a partir das 17 horasde hoje até às 12 horas de sábado (15). O corpo seguirá para o Memorial Parque Paulista (R. Dr. Jorge Balduzzi, Nº 520,Jd. Das Oliveiras - Embu Das Artes), onde será cremado.
Leon Cakoff nasceu Leon Chadarevian em Alepo, na Síria, em 12 de junho de 1948. Veio para o Brasil com a família aos oito anos de idade e formou-se pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Por problemas com o regime militar, adotou o pseudônimo Cakoff, que nunca mais abandonou.
Leon foi casado durante 22 anos com Renata de Almeida, atual diretora da Mostra. Ela dirige a Mostra a seu lado desde a 13ª edição do evento, em 1989. Deixa dois filhos com ela, Jonas e Thiago, além de dois filhos anteriores do primeiro casamento, Pedro e Laura.
Ele começou a carreira em 1969 como jornalista e depois crítico de cinema nos Diários Associados. A partir de 1974, dirigiu o Departamento de Cinema do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e iniciou a programação de mostras e ciclos no museu.
Em 1977, para comemorar os 30 anos doMasp, Leon criou a 1ª Mostra Internacional de Cinema, com 16 longas e 7 curtas brasileiros e internacionais. Logo no primeiro ano, foi criada uma das maiores marcas do festival, o prêmio com o voto do público, que na primeira edição foi para Lúcio Flávio, O Passageiro da Agonia,de Hector Babenco. Um artigo do Jornal do Brasil registra que “a Mostra é o único lugar onde se pode votar no país”.
Desde a primeira edição, Leon travou uma luta ferrenha contra a censura imposta pelo regime militar, trazendo filmes até por meio de malas diplomáticas de embaixadas e consulados. Foi assim que a Mostra exibiu filmes inéditos vindos da China, Cuba, União Soviética, França e dos mais distantes países.
A partir de 1984, Leon desligou-se do Masp e carregou consigo o evento. A 8ª Mostra foi marcada por alguns dos maiores embates contra a censura. É o ano da histórica sessão de O Estado das Coisas de Wim Wenders no Cine Metrópole, ao fim da qual ele subiu ao palco para anunciar a ordem federal de fechamento do cinema e interrupção do festival. O fato repercutiu em diversos jornais no exterior. Leon conseguiu retomar as projeções quatro dias depois.
Grandes cineastas
Ao longo dos 35 anos de Mostra, Leon introduziu no Brasil o cinema de grandes autores que de outra forma não teriam chegado ao público nacional. Todos esses diretores tornaram-se também seus amigos pessoais. É o caso do português Manoel de Oliveira, o cineasta mais velho do mundo em atividade, hoje com 102 anos, de quem a Mostra apresentou regularmente os filmes a partir de Amor de Perdição (1979, na 3ª Mostra); o iraniano Abbas Kiarostami, diretor de Gosto de Cereja e Cópia Fiel; e o israelense Amos Gitai, diretor de Kadosh e Alila. Todos vieram inúmeras vezes a São Paulo como convidados ou membros do Júri internacional da Mostra.
Outros grandes diretores que passaram pela Mostra foram o americano Quentin Tarantino com seu primeiro filme, Cãesde Aluguel (1992, 16ª Mostra); o espanhol Pedro Almodóvar, que abriu a 19ª Mostra em 1995 com A Flor do Meu Segredo; o americano Dennis Hopper, que veio a São Paulo em 1984 apresentar O Último Filme; o alemão Wim Wenders, que veio a São Paulo na 32ª e na 34ª Mostra; o diretor de fotografia mexicano Gabriel Figueroa, que trabalhou com John Huston e Luís Buñuel, convidado da 19ª Mostra em 1995; o iraniano Jafar Panahi, hoje mantido em prisão domiciliar pelo governo do Irã; o sérvio Emir Kusturica e o finlandês Aki Kaurismaki, entre tantos outros.
Mau sinal, Cebola. Isso quer dizer que o problema é no provedor, no Blogger.
ResponderExcluireu tb não estou conseguindo visualizar. não importa; The Baggios rocks!!!
ResponderExcluirPossacrês: The Baggios rocks pras caralhos, Bramis!
ResponderExcluirParabéns ao grande jornalista baiano Gonçalo Jr., que ganhou agora há pouco com um Prêmio Jabuti, categoria Biorafia, pelo livro Alceu Penna e as garotas do Brasil - mas poderia te-lo feito por vários outros de sua lavra, como A Guerra dos Gibis, Maria Erótica etc.
ResponderExcluirA lista de premiados está saindo aos poucos aqui:
http://twitter.com/#!/CBL_oficial
òia, as fotos voltaram, Chicvz!
ResponderExcluirBaggios é foda, concordo. Mas que essa capa (Muito boa, por sinal) é filhote direto da capa do A Bigger Bang, ah, isso é!
ResponderExcluirRapeize, o negócio é o seguinte: hoje, 18 de outubro, é um dia muito, muito importante.
ResponderExcluirÉ hj que estreia a segunda temporada de The Walking Dead! Uhú!
http://omelete.uol.com.br/walking-dead/series-e-tv/walking-dead-segunda-temporada-quebra-recordes-de-audiencia-nos-eua/
Às 22 horas, canal FX! Nem adianta ninguém me ligar só de sacanagem! O celular estará deligado! Ráááááá!!!!!
A quem interessar possa:
ResponderExcluirABERTAS INSCRIÇÕES PARA O XVII FESTIVAL DE MÚSICA INSTRUMENTAL DA BAHIA
As inscrições para XVII Festival de Música Instrumental têm início na segunda-feira, 17 de outubro, e terminam no dia 31 de outubro. Um dos mais importantes eventos do calendário cultural de Salvador, este ano o Festival será realizado nos dias 16, 17 e 18 de dezembro, no Teatro Vila Velha.
Para se inscrever, o artista ou grupo deverá apresentar currículo, músicas em mp3 ou myspace, rider técnico/mapa de palco e release do trabalho. As inscrições devem ser feitas através do endereço eletrônico
festivalinstrumental2011@gmail.com.
Mais informações pelo telefone (71) 3341-5795.
O Festival de Música Instrumental da Bahia é uma realização da Associação Instrumental da Bahia, com a curadoria dos músicos Zeca Freitas e Fernando Marinho e produção da Mil Produções.
Nesta edição, o Festival conta com o apoio financeiro do Fundo Estadual de Cultura através da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia.
Já na sua décima sétima edição, o evento prima pela qualidade e diversidade musical dos artistas baianos e conta ainda com atrações nacionais especialmente convidadas.
Mil Produções: (71) 3341-5795
milprod.producao@terra.com.br
milprod@terra.com.br
Taí um filme que promete...
ResponderExcluirhttp://omelete.uol.com.br/cinema/drummer-aaron-eckhart-sera-o-baterista-dos-beach-boys-no-cinema/
Quando sou eu que digo, o povo não acredita. Quem sabe com Nicky Wire (Manic Street Preachers) falando...
ResponderExcluir"Acho que com a democratização da música pela internet todo mundo achou que poderia fazer parte de uma banda. Fez todo mundo pensar que é um emprego como qualquer outro [...] Acho que a música pop é provavelmente melhor hoje. É o rock n' roll que está falhando. Sempre tem uma banda ou outra, eu estou obcecado pelo S.C.U.M., só por causa do nome, e Yuck, só porque soa igual ao Sonic Youth. Acho que todas as grandes bandas eram incrivelmente ambiciosas e queriam dominar o mundo, mas isso não está lá mais [...] O Coldplay conquistou o mundo se transformando na Enya."
Aqui: http://remix.folha.blog.uol.com.br/arch2011-10-16_2011-10-31.html#2011_10-17_14_56_36-166106049-0
Coitada de Enya!!!
ResponderExcluirEntre Coldgay e Enya, a parada é dura, mas acho que tb prefiro a musa new age, Nei. Pelo menos, ela é exatamente o que parece, diferente dessa banda horrorosa.
ResponderExcluirNei Bahea anda impossivel! Tolerancia zero com bandas tipo Coldplay. Sei que a "jogada fria" é uma bandinha sem sal ect e tal, mas o cara derrubou a Gwyneth " Ice Queen" Paltrow, então deve ter seus (la ele!) dollars, digo, meritos.
ResponderExcluirNada, Nei foi direto feito um elefante numa sala cheia de ovos (uuuiiiii...)!
ResponderExcluirCorretíssimo!
O tempo passa, o tempo voa, e o público do rock baiano continua medíocre.
ResponderExcluirVejam os comentários desta matéria.
http://www.ibahia.com/detalhe/noticia/festival-brainstorm-traz-15-bandas-de-blues-e-rock-em-uma-so-noite/
Parece os velhos tempos do blog de Big Brother....
E aí, Chics? A chuva deu trégua no seu sky ontem? huahahaha... foi praga de zumbi, man, se liga!
ResponderExcluirVéi, acho que os fiadaputa da Fox fizeram a merda de novo! Não teve uma hora e meia nem a pau, no máximo uma hora! Cortaram de novo os desgraçados!
Márcio, o sinal caiu logo depois que vc me ligou. E voltou logo depois que te enviei aquela mensagem desesperada. Tb achei o episódio menor do que deveria. Não duvido nada que tenham cortado de novo. Vou procurar saber....
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