Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
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quarta-feira, junho 22, 2011
segunda-feira, junho 13, 2011
É HOJE QUE SHARON JONES BOTA O TCA ABAIXO!
É hoje. Chegou o dia que muitos estavam esperando há cerca de um mês, quando foi anunciado o show de Sharon Jones & The Dap-Kings na Sala Principal do Teatro Castro Alves, inaugurando a Série TCA 2011, Ano XVI.
Até então, muita gente sequer havia ouvido falar na espetacular Miss Jones e a incrível banda que a acompanha. Compreensível, dado o assédio das indústrias fonográfica e cultural em desviar a atenção dos amantes da música para as modinhas e armações de ocasião – invariavelmente, de musicalidade pífia e irrelevância evidente.
Outra razão de a moça ainda ser pouco conhecida do grande público brasileiro é que seus discos com os Dap-Kings (quatro, até o momento) sequer saíram no Brasil, já que o selo Dap-Tone, pelo qual eles são lançados, ainda não tem representante no Patropi.
Ou seja, quem quiser adquirir um disco de Sharon Jones ou de outras estrelas do selo, como o extraordinário Charles Bradley ou Naomi Shelton & The Gospel Queens, tem que morrer em uma boa grana na seção de importados das lojas – físicas ou on-line.
Retomada da black music
Mas hoje nada disso importa. O importante é que ela (e eles) estão entre nós, e, salvo qualquer imprevisto indesejado, os baianos que se dirigirem à suntuosa sala do Campo Grande terão um gostinho do que se faz de melhor em termos de música negra no mundo, hoje – e em qualquer instância.
O que acontece é o seguinte: Sharon Jones & The Dap-Kings são a ponta da lança de um movimento de renascimento e retomada da black music pré-hip hop, de volta ao tempo em que pessoas de carne e osso tocavam instrumentos e escreviam canções – e não apenas apertam botões e tagarelam sobre seus carrões, bitches e armas em videoclipes.
No Brasil, a face mais conhecida dessa retomada da soul music é Amy Winehouse. Mas ainda há muitos outros artistas nessa onda neosoul, como Rafael Saadiq, Eli Paperboy Reed & The True Loves, Cee-Lo Green, Janelle Monae, Rox, Duffy, Mayer Hawthorne e todo o adorável cast do selo Dap-Tone.
O selo-símbolo do movimento tem justamente em Sharon sua maior estrela, daí o caráter inegavelmente “imperdível” do show de hoje a noite.
SHARON GUERREIRA
Natural de Augusta, do estado sulista da Georgia, Sharon Lafaye Jones, 55 anos, é, antes de tudo, uma lutadora. Dona de carisma e talento inegáveis – para nem citar a voz poderosíssima – esta mulher só veio experimentar o merecido sucesso há poucos anos, quando a maioria de seus contemporâneos já se aposentou ou perdeu o pique e / ou a inspiração.
Cantora desde a infância, quando cantava na igreja e imitava seu ídolo James Brown, Sharon tentou entrar na vida artística no início dos anos 1970, mas não deu sorte.
Na era disco, chegou a se apresentar como backing vocal para bandas de funk em Nova York, para onde se mudou ainda jovem e atendia pelo nome artístico de Lafaye Jones.
Para se sustentar, trabalhou de carcereira no famoso complexo presidiário de Riker’s Island, além de segurança de carro-forte do banco Wells Fargo.
Foi só em 1996 que os caminhos de Sharon e do baixista Gabe Roth, um jovem judeu, purista da black music, se cruzaram.
Roth, também conhecido como Bosco Mann, e seu sócio, Philip Lehman, então respondiam por outro selo, o Pure Records.
Numa sessão de gravação do cantor de funk Lee Fields, ficaram impressionados com Sharon, que gravou alguns vocais de apoio para Fields.
Na sequência, convocaram a elétrica vocalista para gravar duas faixas solo no disco Soul Tequila, da banda The Soul Providers: Switchblade e The Landlord, lançado naquele ano.
Formada por diversos músicos do distrito novaiorquino do Brooklyn, The Soul Providers foi a base da atual Dap-Kings. Nessa fase de transição, ela ainda gravou alguns singles em 45 rotações para o selo Desco.
Consta que diversos colecionadores da época acreditaram piamente que aqueles discos eram originais da década de 1970, tamanha a fidelidade do som ao estilo original do soul e funk daquela década.
Soul: baseado em fórmulas
Em 2000, Roth e Lehman brigaram e o selo Desco foi extinto. Roth fundou o Dap-Tone. Lehman criou o Soul Fire Records, que teve pouca sorte e não existe mais. O Dap-Tone, por outro lado, só cresceu.
Especialmente depois do estouro de Amy Winehouse, que gravou o multiplatinado Back to Black (2006) com os Dap-Kings, graças à sensibilidade do produtor Mark Ronson, que convocou a banda para o estúdio.
Na verdade, desde o primeiro álbum, Dap Dippin' With Sharon Jones and the Dap-Kings (2002), a aclamação entre críticos, DJs, colecionadores e entusiastas da black music foi geral.
Uma das razões é que, para além do mero revivalismo, Sharon & Cia conseguem, a cada disco, recriar os estilos característicos da soul music clássica, como o som da Stax Records (Otis Redding, Isaac Hayes), da Motown (Marvin Gaye, The Temptations) e o Philly Sound (de músicos da Filadélfia, como The O’Jays, Billy Paul) etc.
“Soul music é um gênero bastante baseado em fórmulas”, opina o químico, colecionador e DJ eventual Nei Bahia.
“Tem Stax, Filadélfia, Motown. E agora tem o som do Dap-Tone, de Gabe Roth. Cada disco tem uma concepção”, observa.
Para ele, quem espera do show de hoje um espetáculo para assistir sentado está redondamente enganado: “Acho que hoje, nem soul ela faz mais, e sim, algo mais próximo do funk original. Sharon Jones é muito mais um James Brown de saias do que uma Aretha Franklin, para ser mais claro”, vaticina.
“Ela não é uma diva com ares de deusa. Ela veio fazer você dançar e terminar o show suado que nem um cuscuz. Salvo alguma orientação para pegarem leve por causa do teatro, é esse show que vamos ver”, avisa.
Mauro Santoli, diretor artístico do Balthazar, casa especializada em blues, soul, jazz, MPB e líder da banda residente The Soul Riders, é outro que aguarda a apresentação de hoje com grande expectativa: “Eventos com esse nível de qualidade são raríssimos por aqui. Praticamente não temos esse tipo de oportunidade”, observa.
Outro apreciador conhecido é Mário Sartorello, coordenador da Rádio Educativa, que tem um programa especializado em black music, o 16 Toneladas: “Todo mundo fala que Salvador é uma cidade negra, mas essa vertente tão importante é praticamente ignorada por aqui. Seria interessante que a cidade se abrisse mais para essa dimensão da musicalidade negra que é meio esquecida em Salvador, com raras exceções”, exorta.
SÉRIE TCA 2011 – Ano XVI apresenta Sharon Jones & The Dap-Kings / Hoje, 21 horas / Sala Principal do Teatro Castro Alves / Praça 2 de julho, s/n, campo grande / R$ 120 (filas A a P), R$ 100 (Q a Z) e R$ 80 (Z1 a Z11)
Até então, muita gente sequer havia ouvido falar na espetacular Miss Jones e a incrível banda que a acompanha. Compreensível, dado o assédio das indústrias fonográfica e cultural em desviar a atenção dos amantes da música para as modinhas e armações de ocasião – invariavelmente, de musicalidade pífia e irrelevância evidente.
Outra razão de a moça ainda ser pouco conhecida do grande público brasileiro é que seus discos com os Dap-Kings (quatro, até o momento) sequer saíram no Brasil, já que o selo Dap-Tone, pelo qual eles são lançados, ainda não tem representante no Patropi.
Ou seja, quem quiser adquirir um disco de Sharon Jones ou de outras estrelas do selo, como o extraordinário Charles Bradley ou Naomi Shelton & The Gospel Queens, tem que morrer em uma boa grana na seção de importados das lojas – físicas ou on-line.
Retomada da black music
Mas hoje nada disso importa. O importante é que ela (e eles) estão entre nós, e, salvo qualquer imprevisto indesejado, os baianos que se dirigirem à suntuosa sala do Campo Grande terão um gostinho do que se faz de melhor em termos de música negra no mundo, hoje – e em qualquer instância.
O que acontece é o seguinte: Sharon Jones & The Dap-Kings são a ponta da lança de um movimento de renascimento e retomada da black music pré-hip hop, de volta ao tempo em que pessoas de carne e osso tocavam instrumentos e escreviam canções – e não apenas apertam botões e tagarelam sobre seus carrões, bitches e armas em videoclipes.
No Brasil, a face mais conhecida dessa retomada da soul music é Amy Winehouse. Mas ainda há muitos outros artistas nessa onda neosoul, como Rafael Saadiq, Eli Paperboy Reed & The True Loves, Cee-Lo Green, Janelle Monae, Rox, Duffy, Mayer Hawthorne e todo o adorável cast do selo Dap-Tone.
O selo-símbolo do movimento tem justamente em Sharon sua maior estrela, daí o caráter inegavelmente “imperdível” do show de hoje a noite.
SHARON GUERREIRA
Natural de Augusta, do estado sulista da Georgia, Sharon Lafaye Jones, 55 anos, é, antes de tudo, uma lutadora. Dona de carisma e talento inegáveis – para nem citar a voz poderosíssima – esta mulher só veio experimentar o merecido sucesso há poucos anos, quando a maioria de seus contemporâneos já se aposentou ou perdeu o pique e / ou a inspiração.
Cantora desde a infância, quando cantava na igreja e imitava seu ídolo James Brown, Sharon tentou entrar na vida artística no início dos anos 1970, mas não deu sorte.
Na era disco, chegou a se apresentar como backing vocal para bandas de funk em Nova York, para onde se mudou ainda jovem e atendia pelo nome artístico de Lafaye Jones.
Para se sustentar, trabalhou de carcereira no famoso complexo presidiário de Riker’s Island, além de segurança de carro-forte do banco Wells Fargo.
Foi só em 1996 que os caminhos de Sharon e do baixista Gabe Roth, um jovem judeu, purista da black music, se cruzaram.
Roth, também conhecido como Bosco Mann, e seu sócio, Philip Lehman, então respondiam por outro selo, o Pure Records.
Numa sessão de gravação do cantor de funk Lee Fields, ficaram impressionados com Sharon, que gravou alguns vocais de apoio para Fields.
Na sequência, convocaram a elétrica vocalista para gravar duas faixas solo no disco Soul Tequila, da banda The Soul Providers: Switchblade e The Landlord, lançado naquele ano.
Formada por diversos músicos do distrito novaiorquino do Brooklyn, The Soul Providers foi a base da atual Dap-Kings. Nessa fase de transição, ela ainda gravou alguns singles em 45 rotações para o selo Desco.
Consta que diversos colecionadores da época acreditaram piamente que aqueles discos eram originais da década de 1970, tamanha a fidelidade do som ao estilo original do soul e funk daquela década.
Soul: baseado em fórmulas
Em 2000, Roth e Lehman brigaram e o selo Desco foi extinto. Roth fundou o Dap-Tone. Lehman criou o Soul Fire Records, que teve pouca sorte e não existe mais. O Dap-Tone, por outro lado, só cresceu.
Especialmente depois do estouro de Amy Winehouse, que gravou o multiplatinado Back to Black (2006) com os Dap-Kings, graças à sensibilidade do produtor Mark Ronson, que convocou a banda para o estúdio.
Na verdade, desde o primeiro álbum, Dap Dippin' With Sharon Jones and the Dap-Kings (2002), a aclamação entre críticos, DJs, colecionadores e entusiastas da black music foi geral.
Uma das razões é que, para além do mero revivalismo, Sharon & Cia conseguem, a cada disco, recriar os estilos característicos da soul music clássica, como o som da Stax Records (Otis Redding, Isaac Hayes), da Motown (Marvin Gaye, The Temptations) e o Philly Sound (de músicos da Filadélfia, como The O’Jays, Billy Paul) etc.
“Soul music é um gênero bastante baseado em fórmulas”, opina o químico, colecionador e DJ eventual Nei Bahia.
“Tem Stax, Filadélfia, Motown. E agora tem o som do Dap-Tone, de Gabe Roth. Cada disco tem uma concepção”, observa.
Para ele, quem espera do show de hoje um espetáculo para assistir sentado está redondamente enganado: “Acho que hoje, nem soul ela faz mais, e sim, algo mais próximo do funk original. Sharon Jones é muito mais um James Brown de saias do que uma Aretha Franklin, para ser mais claro”, vaticina.
“Ela não é uma diva com ares de deusa. Ela veio fazer você dançar e terminar o show suado que nem um cuscuz. Salvo alguma orientação para pegarem leve por causa do teatro, é esse show que vamos ver”, avisa.
Mauro Santoli, diretor artístico do Balthazar, casa especializada em blues, soul, jazz, MPB e líder da banda residente The Soul Riders, é outro que aguarda a apresentação de hoje com grande expectativa: “Eventos com esse nível de qualidade são raríssimos por aqui. Praticamente não temos esse tipo de oportunidade”, observa.
Outro apreciador conhecido é Mário Sartorello, coordenador da Rádio Educativa, que tem um programa especializado em black music, o 16 Toneladas: “Todo mundo fala que Salvador é uma cidade negra, mas essa vertente tão importante é praticamente ignorada por aqui. Seria interessante que a cidade se abrisse mais para essa dimensão da musicalidade negra que é meio esquecida em Salvador, com raras exceções”, exorta.
SÉRIE TCA 2011 – Ano XVI apresenta Sharon Jones & The Dap-Kings / Hoje, 21 horas / Sala Principal do Teatro Castro Alves / Praça 2 de julho, s/n, campo grande / R$ 120 (filas A a P), R$ 100 (Q a Z) e R$ 80 (Z1 a Z11)
sexta-feira, junho 10, 2011
SAUDADES DAS MICRO-RESENHAS? SEUS POBREMAS SE ACABARO!
Fenômeno de estabilidade
Uma das bandas mais estáveis de todos os tempos, O R.E.M. é um patrimônio do rock alternativo mundial e um fenômeno de vendas e popularidade – tudo isso, sem se prostituir. Goste-se ou não, esta banda jamais se vendeu ou soou “baratinha”. Se já não faz mais discos geniais como Document (1987) ou Out of Time (1991), mantém um ótimo nível criativo – e Collapse Into Now não é diferente. O álbum abre muito bem com Discoverer (épica, linha Finest Worksong) e engata uma quinta com a empolgante All The Best. Boas participações de Patti Smith, Eddie Vedder e Peaches. R.E.M. / Collapse Into Now / WARNER MUSIC / R$ 32,80
Estreia do ano no rock local
O rock e a música alternativa baiana respiram no trabalho solo de Tiago Aziz, ex-baixista de bandas como Lisergia, Cascadura e Crack. Sem aviso, de forma até despretensiosa, o rapaz criou uma obra que estabelece um diálogo fluente entre popular e experimental, conjugando rock alternativo (Trocando de Pele, Duas Moedas), reggae de FM (Reggae Itaigara), MPB torta (O Anjo Olha as Estrelas do Alto, com Ronei Jorge), balada de violão (Pedaço do Céu) e pop-axé-metal (Pedaços Coloridos, com Luís Caldas). Um dos discos do ano para o rock local. Tiago Aziz / Abrazzo - Pedaços Coloridos / Independente / R$ 8 / myspace.com/tiagoaziz
Rivotril musical para FMs
Ligue o rádio e gire o dial. Se uma voz anasalada surgir (e não for sertanejo) cantando uma melodia conhecida, é ele, o rei das madrugadas insones das FMs, Christopher Cross. O carisma equivalente ao de um cortador de unhas e o registro vocal de piloto de Fórmula 1, contanto, não o impediram de cravar hits em sequência, apresentados ao vivo neste DVD, como Sailing, Never Be The Same e Ride Like The Wind. Christopher Cross / The Best Of - Live / COQUEIRO VERDE / R$ 19,20
A ruiva tem brilho próprio
A fantasmagórica modelo Karen Elson, esposa do multi homem Jack White, lança-se em carreira musical com este belo disco – produzido pelo maridão. Em tons noturnos, sombrios, a moça ruiva passeia por diversos estilos ancestrais da canção norte americana demonstrando notável versatilidade – dentro das limitações de sua voz curtinha (mas bonita) e abordagem específica Aqui e ali percebe-se a influência clara de Dolly Parton (a mais subestimada das cantoras americanas). As adoráveis 100 Years From Now, Stolen Roses e Garden são os pontos altos deste CD classudo, delicioso. Karen Elson / The Ghost Who Walks / XL Recordings - Lab 344 / R$ 27,20
Abaixo os contemporâneos
Os melhores discos de rock atuais costumam ter um traço em comum: não parecem ter sido gravados agora, nessa era de futilidade absoluta e descartabilidade instantânea. Vejam os Strokes: seu último disco, Angles, soa completamente atual – e não por acaso, é seu pior álbum. Já o quinteto texano Midlake é o outro lado: parece muito com aqueles grupos europeus de folk progressivo do anos 1970. Já foram rotulados como alt.country do mal e prog folk sombrio. O que importa que a abordagem taciturna e ligeiramente medieval do grupo soa bem, muito bem. Midlake / The Courage Of Others / Importado / Bella Union Records / R$ 61,60
Papa Buk
“Estou sem fósforos/ as molas do sofá estouraram/ roubaram minha maleta/ (...)/ meu carro quebrou/ lesmas escalam as paredes do banheiro/ meu coração está partido/ mas as ações tiveram um dia de alta no mercado”. O trecho do poema alguma coisa é só uma amostra do que espera o leitor neste livro de Charles Bukowski. O amor é um cão dos diabos / Charles Bukowski / L&PM / 304 p. / R$ 15 / lpm.com.br
Brega Police alerta!
A cantora inglesa Roxanne Tania Tataei, ou simplesmente Rox, é a nova aposta da (pelo visto, duradoura) onda de neosoul / R ’n’ B. Longe da abordagem vintage de Amy Winehouse ou Duffy, Rox chega numa pegada mais pop e contemporânea – e até acerta no alvo em algumas canções acessíveis e animadas, boas de dançar, como My Baby Left Me (que está até na trilha sonora de uma novela da Globo), I Don’t Believe e Rocksteady (reggaezinho com os Skatalites). Mas isso não a livra do exagero brega, como em Oh My. Miss Rox, o mundo não precisa de novas Maryahs Careys... Rox / Memoirs / Lab 344 - Rough Trade / R$ 27,20
Voyerismo, incomunicabilidade etc
Uma dedicada e solitária camareira de hotel vive de imaginar a vida dos hóspedes, até o dia em que se esconde debaixo da cama de um homem, que recebe a visita de uma prostituta. Inicia-se aí uma saga de fetiches, voyerismo, incomunicabilidade e suspense na prosa ágil do premiado escritor alemão Markus Orths. A Camareira / Markus Orths / L&PM / 136 p. / R$ 35 / lpm.com.br
Opa, devagar com o hype
Saudado desde já pela crítica mais festiva como um dos melhores lançamentos do ano, Underneath The Pine é o segundo álbum de Toro Y Moi, nome artístico do jovem norte-americano Chaz Bundick. Se não chega a ser genial, contudo, o disco tem lá seus bons momentos, como New Beat (um synth funk oitentista revisitado), Got Blinded, Go With You (claramente influenciadas pelo Stereolab) e Divina (agora influenciado pelo duo Air). Um disco de sonoridade suave, emoldurado pela voz tranquila de Bundick. Mas tem potencial para melhorar. Toro Y Moi / Underneath the Pine / Deck Disc/Vigilante - Carpark Records / R$ 23,20
Para a sra. dona de casa
O cabra mais macho da música popular(esca) brasileira interpreta neste disco, originalmente lançado em 1984, algumas das melhores canções da “fase motel” de Robertão, como Proposta, Café da Manhã e (a gloriosa) Cavalgada, nas versões aboleradas que lhe eram características. Redescoberto e remasterizado por iniciativa do selo Discobertas, o álbum traz o vozeirão do homem no auge da maturidade. Classudo, conta com arranjos e regências do maestro do próprio Rei, Eduardo Lages, além de mestres como Wilson das Neves (bateria) e Mauro Senise (sopros). Para aqueles momentos de fazer um agrado na sua senhora. Waldick Soriano / Interpreta Roberto Carlos / Discobertas / R$ 17,60
Pé na jaca de com força
O agente literário novaiorquino Bill Clegg está longe de ser um vagabundo sem-teto. A sofisticação, contudo, não impediu de se afundar no vício em crack. Neste livro, ele conta como quase destruiu a própria vida em um relato chocante, mas muito sincero e bem escrito. Retrato de um viciado quando jovem / Bill Clegg / Companhia das Letras / 216 p. / R$ 41 / companhiadasletras.com.br
Breve, nas telas de cinema
O guru do mash-up literário, Seth Graham-Smith (Orgulho e preconceito e zumbis), ataca novamente, desta vez imaginando Abraham Lincoln como um habilidoso matador de vampiros, de dar inveja a qualquer Van Helsing. O fato do ex-presidente americano ter sido lenhador só contribui. Um machado a mão sempre é últil quando se enfrenta esses dentuços. Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros/ Seth Grahame-Smith / Intrínseca / 336 p. / R$ 39,90 / intrinseca.com.br
Canções, e não só batidas
Não é fácil ser a banda que criou a trilha sonora de uma geração. Responsável pelo hino tecno Born Slippy (popularizado pelo cult movie Trainspotting, 1996), o inglês Underworld, contudo, mantém a música eletrônica em bom nível no seu novo álbum (o oitavo), Barking. Se não traz grandes novidades, demonstra que sim, é possível fazer dance music sem soar vulgar e irritante. Contribui para isso a clara influência da cena Madchester (que tinha no New Order seu maior expoente) em faixas como Always Loved a Film, Scribble e Grace, entre outras. Mais do que batidas, o Underworld produz canções. Isso faz toda a diferença. Underworld / Barking / Music Brokers Brasil / R$ 24,90
Os últimos relevantes
O furioso power-trio gaúcho Walverdes chega ao quarto CD com Breakdance, um título (e capa) irônicos para uma banda que não tem nada de hip hop. Liderada por Gustavo Mini Bittencourt, que no dia-a-dia trabalha como redator publicitário, a banda traz nas letras telegráficas o poder de síntese característico destes profissionais, só que aqui, a serviço do “bem”, como em Função: “O gerador / Rotulador / Função / A sua integração”. Possivelmente, uma das últimas bandas de rock (e que se assume rock mesmo) relevantes do Brasil. O que não deixa de ser triste. Mas é um discão. Walverdes / Breakdance / Monstro Discos / R$ 21,60
Millôr abre o verbo
Em uma noite qualquer de 1981, em Porto Alegre, cinco jornalistas entrevistaram Millôr para a revista Oitenta. 30 anos depois essa entrevista histórica é lançada neste livro. Atualíssima, traz a íntegra das sete horas de conversa, abordando assuntos diversos: imprensa, política, feminismo, amigos, cultura, sexo... A entrevista / Millôr Fernandes / L&PM / 104 p. / R$ 22 / lpm.com.br
Música para quem entende
Revelação do jazz contemporâneo, a jovem cantora e contrabaixista norte-americana Esperanza Spalding tem maravilhado crítica e público mundo afora com sua abordagem sinuosa e bastante livre do estilo. Fã de música brasileira, neste seu segundo álbum, ela dueta com Milton Nascimento em Apple Blossom e recria Inútil Paisagem (Tom Jobim), com evidente maestria. Há ainda outros grandes momentos no álbum, mas é bom deixar claro: não é um disco para principiantes ou fundo musical de restaurante. É um disco complexo, que exige atenção. Esperanza Spalding / Chamber Music Society / Universal / R$ 29,60
Unidos, eles venceram
Ídolo de Elton John, o pianista e compositor Leon Russell andava no ostracismo há décadas. Disposto a dar uma força, Elton chamou Leon para gravarem juntos. O resultado é esta pérola de sonoridade irrepreensível. Se o auge criativo de ambos já passou há tempos, eles compensam nas composições corretas, nos arranjos ricos para piano e banda e nas interpretações emocionadas, como em There’s No Tomorrow, Gone To Shiloh (com Neil Young), When Love is Dying (belíssima, com Brian Wilson), Monkey Suit (bem rock ‘n’ roll). Um disco para ouvir do início ao fim, soboreando bem. Elton John & Leon Russell / The Union / Universal / R$ 29,60
Fecho de saga
Das páginas d’O Incal, um clássico da ficção científica em quadrinhos, A Casta dos Metabarões chega à sua retumbante conclusão neste Tomo IV. Com a linda arte pintada de Juan Gimenez, Alejandro Jodorowsky fecha sua saga espacial com muitos monstros e até sensuais vampiras cósmicas. A Casta Dos Metabaroes - Tomo IV / Alejandro JODOROWSKY e Juan GIMENEZ / Devir / 130 p. / R$ 49,90/ devir.com.br
Uma das bandas mais estáveis de todos os tempos, O R.E.M. é um patrimônio do rock alternativo mundial e um fenômeno de vendas e popularidade – tudo isso, sem se prostituir. Goste-se ou não, esta banda jamais se vendeu ou soou “baratinha”. Se já não faz mais discos geniais como Document (1987) ou Out of Time (1991), mantém um ótimo nível criativo – e Collapse Into Now não é diferente. O álbum abre muito bem com Discoverer (épica, linha Finest Worksong) e engata uma quinta com a empolgante All The Best. Boas participações de Patti Smith, Eddie Vedder e Peaches. R.E.M. / Collapse Into Now / WARNER MUSIC / R$ 32,80
Estreia do ano no rock local
O rock e a música alternativa baiana respiram no trabalho solo de Tiago Aziz, ex-baixista de bandas como Lisergia, Cascadura e Crack. Sem aviso, de forma até despretensiosa, o rapaz criou uma obra que estabelece um diálogo fluente entre popular e experimental, conjugando rock alternativo (Trocando de Pele, Duas Moedas), reggae de FM (Reggae Itaigara), MPB torta (O Anjo Olha as Estrelas do Alto, com Ronei Jorge), balada de violão (Pedaço do Céu) e pop-axé-metal (Pedaços Coloridos, com Luís Caldas). Um dos discos do ano para o rock local. Tiago Aziz / Abrazzo - Pedaços Coloridos / Independente / R$ 8 / myspace.com/tiagoaziz
Rivotril musical para FMs
Ligue o rádio e gire o dial. Se uma voz anasalada surgir (e não for sertanejo) cantando uma melodia conhecida, é ele, o rei das madrugadas insones das FMs, Christopher Cross. O carisma equivalente ao de um cortador de unhas e o registro vocal de piloto de Fórmula 1, contanto, não o impediram de cravar hits em sequência, apresentados ao vivo neste DVD, como Sailing, Never Be The Same e Ride Like The Wind. Christopher Cross / The Best Of - Live / COQUEIRO VERDE / R$ 19,20
A ruiva tem brilho próprio
A fantasmagórica modelo Karen Elson, esposa do multi homem Jack White, lança-se em carreira musical com este belo disco – produzido pelo maridão. Em tons noturnos, sombrios, a moça ruiva passeia por diversos estilos ancestrais da canção norte americana demonstrando notável versatilidade – dentro das limitações de sua voz curtinha (mas bonita) e abordagem específica Aqui e ali percebe-se a influência clara de Dolly Parton (a mais subestimada das cantoras americanas). As adoráveis 100 Years From Now, Stolen Roses e Garden são os pontos altos deste CD classudo, delicioso. Karen Elson / The Ghost Who Walks / XL Recordings - Lab 344 / R$ 27,20
Abaixo os contemporâneos
Os melhores discos de rock atuais costumam ter um traço em comum: não parecem ter sido gravados agora, nessa era de futilidade absoluta e descartabilidade instantânea. Vejam os Strokes: seu último disco, Angles, soa completamente atual – e não por acaso, é seu pior álbum. Já o quinteto texano Midlake é o outro lado: parece muito com aqueles grupos europeus de folk progressivo do anos 1970. Já foram rotulados como alt.country do mal e prog folk sombrio. O que importa que a abordagem taciturna e ligeiramente medieval do grupo soa bem, muito bem. Midlake / The Courage Of Others / Importado / Bella Union Records / R$ 61,60
Papa Buk
“Estou sem fósforos/ as molas do sofá estouraram/ roubaram minha maleta/ (...)/ meu carro quebrou/ lesmas escalam as paredes do banheiro/ meu coração está partido/ mas as ações tiveram um dia de alta no mercado”. O trecho do poema alguma coisa é só uma amostra do que espera o leitor neste livro de Charles Bukowski. O amor é um cão dos diabos / Charles Bukowski / L&PM / 304 p. / R$ 15 / lpm.com.br
Brega Police alerta!
A cantora inglesa Roxanne Tania Tataei, ou simplesmente Rox, é a nova aposta da (pelo visto, duradoura) onda de neosoul / R ’n’ B. Longe da abordagem vintage de Amy Winehouse ou Duffy, Rox chega numa pegada mais pop e contemporânea – e até acerta no alvo em algumas canções acessíveis e animadas, boas de dançar, como My Baby Left Me (que está até na trilha sonora de uma novela da Globo), I Don’t Believe e Rocksteady (reggaezinho com os Skatalites). Mas isso não a livra do exagero brega, como em Oh My. Miss Rox, o mundo não precisa de novas Maryahs Careys... Rox / Memoirs / Lab 344 - Rough Trade / R$ 27,20
Voyerismo, incomunicabilidade etc
Uma dedicada e solitária camareira de hotel vive de imaginar a vida dos hóspedes, até o dia em que se esconde debaixo da cama de um homem, que recebe a visita de uma prostituta. Inicia-se aí uma saga de fetiches, voyerismo, incomunicabilidade e suspense na prosa ágil do premiado escritor alemão Markus Orths. A Camareira / Markus Orths / L&PM / 136 p. / R$ 35 / lpm.com.br
Opa, devagar com o hype
Saudado desde já pela crítica mais festiva como um dos melhores lançamentos do ano, Underneath The Pine é o segundo álbum de Toro Y Moi, nome artístico do jovem norte-americano Chaz Bundick. Se não chega a ser genial, contudo, o disco tem lá seus bons momentos, como New Beat (um synth funk oitentista revisitado), Got Blinded, Go With You (claramente influenciadas pelo Stereolab) e Divina (agora influenciado pelo duo Air). Um disco de sonoridade suave, emoldurado pela voz tranquila de Bundick. Mas tem potencial para melhorar. Toro Y Moi / Underneath the Pine / Deck Disc/Vigilante - Carpark Records / R$ 23,20
Para a sra. dona de casa
O cabra mais macho da música popular(esca) brasileira interpreta neste disco, originalmente lançado em 1984, algumas das melhores canções da “fase motel” de Robertão, como Proposta, Café da Manhã e (a gloriosa) Cavalgada, nas versões aboleradas que lhe eram características. Redescoberto e remasterizado por iniciativa do selo Discobertas, o álbum traz o vozeirão do homem no auge da maturidade. Classudo, conta com arranjos e regências do maestro do próprio Rei, Eduardo Lages, além de mestres como Wilson das Neves (bateria) e Mauro Senise (sopros). Para aqueles momentos de fazer um agrado na sua senhora. Waldick Soriano / Interpreta Roberto Carlos / Discobertas / R$ 17,60
Pé na jaca de com força
O agente literário novaiorquino Bill Clegg está longe de ser um vagabundo sem-teto. A sofisticação, contudo, não impediu de se afundar no vício em crack. Neste livro, ele conta como quase destruiu a própria vida em um relato chocante, mas muito sincero e bem escrito. Retrato de um viciado quando jovem / Bill Clegg / Companhia das Letras / 216 p. / R$ 41 / companhiadasletras.com.br
Breve, nas telas de cinema
O guru do mash-up literário, Seth Graham-Smith (Orgulho e preconceito e zumbis), ataca novamente, desta vez imaginando Abraham Lincoln como um habilidoso matador de vampiros, de dar inveja a qualquer Van Helsing. O fato do ex-presidente americano ter sido lenhador só contribui. Um machado a mão sempre é últil quando se enfrenta esses dentuços. Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros/ Seth Grahame-Smith / Intrínseca / 336 p. / R$ 39,90 / intrinseca.com.br
Canções, e não só batidas
Não é fácil ser a banda que criou a trilha sonora de uma geração. Responsável pelo hino tecno Born Slippy (popularizado pelo cult movie Trainspotting, 1996), o inglês Underworld, contudo, mantém a música eletrônica em bom nível no seu novo álbum (o oitavo), Barking. Se não traz grandes novidades, demonstra que sim, é possível fazer dance music sem soar vulgar e irritante. Contribui para isso a clara influência da cena Madchester (que tinha no New Order seu maior expoente) em faixas como Always Loved a Film, Scribble e Grace, entre outras. Mais do que batidas, o Underworld produz canções. Isso faz toda a diferença. Underworld / Barking / Music Brokers Brasil / R$ 24,90
Os últimos relevantes
O furioso power-trio gaúcho Walverdes chega ao quarto CD com Breakdance, um título (e capa) irônicos para uma banda que não tem nada de hip hop. Liderada por Gustavo Mini Bittencourt, que no dia-a-dia trabalha como redator publicitário, a banda traz nas letras telegráficas o poder de síntese característico destes profissionais, só que aqui, a serviço do “bem”, como em Função: “O gerador / Rotulador / Função / A sua integração”. Possivelmente, uma das últimas bandas de rock (e que se assume rock mesmo) relevantes do Brasil. O que não deixa de ser triste. Mas é um discão. Walverdes / Breakdance / Monstro Discos / R$ 21,60
Millôr abre o verbo
Em uma noite qualquer de 1981, em Porto Alegre, cinco jornalistas entrevistaram Millôr para a revista Oitenta. 30 anos depois essa entrevista histórica é lançada neste livro. Atualíssima, traz a íntegra das sete horas de conversa, abordando assuntos diversos: imprensa, política, feminismo, amigos, cultura, sexo... A entrevista / Millôr Fernandes / L&PM / 104 p. / R$ 22 / lpm.com.br
Música para quem entende
Revelação do jazz contemporâneo, a jovem cantora e contrabaixista norte-americana Esperanza Spalding tem maravilhado crítica e público mundo afora com sua abordagem sinuosa e bastante livre do estilo. Fã de música brasileira, neste seu segundo álbum, ela dueta com Milton Nascimento em Apple Blossom e recria Inútil Paisagem (Tom Jobim), com evidente maestria. Há ainda outros grandes momentos no álbum, mas é bom deixar claro: não é um disco para principiantes ou fundo musical de restaurante. É um disco complexo, que exige atenção. Esperanza Spalding / Chamber Music Society / Universal / R$ 29,60
Unidos, eles venceram
Ídolo de Elton John, o pianista e compositor Leon Russell andava no ostracismo há décadas. Disposto a dar uma força, Elton chamou Leon para gravarem juntos. O resultado é esta pérola de sonoridade irrepreensível. Se o auge criativo de ambos já passou há tempos, eles compensam nas composições corretas, nos arranjos ricos para piano e banda e nas interpretações emocionadas, como em There’s No Tomorrow, Gone To Shiloh (com Neil Young), When Love is Dying (belíssima, com Brian Wilson), Monkey Suit (bem rock ‘n’ roll). Um disco para ouvir do início ao fim, soboreando bem. Elton John & Leon Russell / The Union / Universal / R$ 29,60
Fecho de saga
Das páginas d’O Incal, um clássico da ficção científica em quadrinhos, A Casta dos Metabarões chega à sua retumbante conclusão neste Tomo IV. Com a linda arte pintada de Juan Gimenez, Alejandro Jodorowsky fecha sua saga espacial com muitos monstros e até sensuais vampiras cósmicas. A Casta Dos Metabaroes - Tomo IV / Alejandro JODOROWSKY e Juan GIMENEZ / Devir / 130 p. / R$ 49,90/ devir.com.br
terça-feira, junho 07, 2011
SEGUNDO VOLUME DA SÉRIE TORRE NEGRA EM HQ É RELANÇADA EM CAPA DURA
Conhecido pelas longuíssimas e detalhadas narrativas de terror, o escritor norte-americano Stephen King tem, na série de livros Torre Negra, sua maior obra. São sete volumes, totalizando mais de 4 mil páginas.
Como se não bastasse, a Marvel Comics lançou, em 2007, uma série em HQ que serve como prelúdio à Torre Negra. O segundo volume desta série, O Longo Caminho para Casa, acaba de chegar às prateleiras das livrarias.
Em capa dura, O Longo Caminho sucede Nasce o Pistoleiro, primeiro volume da série da Marvel.
Ambos já foram publicados no Brasil entre 2008 e 2010 em edições avulsas nas bancas, pela Panini Comics, e agora chegam em encadernados de capa dura pela Suma de Letras, selo da Ed. Objetiva.
Escrito pela dupla Robin Furth e Peter David (conhecido dos leitores do Hulk, assinou a melhor fase do gigante verde), a HQ tem arte de dois extraordinários artistas: o desenhista Jae Lee (da série Inumanos) e o colorista Richard Isanove.
Senhor das Torres
Torre Negra é uma obra incomum na carreira de King. É uma extensa e complexa narrativa que mistura Senhor dos Aneis com terror (claro), ficção científica pós-apocalíptica, western, intriga política e romance. Uma tremenda salada à la King.
O “Frodo” aqui é Rolland Deschain, ou O Pistoleiro, um arquétipo de herói solitário, predestinado a libertar o mundo.
Nesta série de HQs, acompanhamos Roland na infância e juventude, em plena formação para se tornar o grande herói dos romances de King.
Em O Longo Caminho Para Casa, inadvertidamente (ou não), Furth e David evidenciam ainda mais as semelhanças com Senhor dos Aneis: em uma longa jornada por territórios inóspitos, Roland e dois companheiros de fidelidade canina, Alain Johns e Cuthbert Allgood, buscam a tal Torre Negra entre mil perigos e tentações.
Divertido – e também muito derivativo.
O Longo caminho Para Casa / Peter David, Robin Furth, Jae Lee e Richard Isanove / Suma de Letras / 136 p. / R$ 59,90 / www.objetiva.com.br
Como se não bastasse, a Marvel Comics lançou, em 2007, uma série em HQ que serve como prelúdio à Torre Negra. O segundo volume desta série, O Longo Caminho para Casa, acaba de chegar às prateleiras das livrarias.
Em capa dura, O Longo Caminho sucede Nasce o Pistoleiro, primeiro volume da série da Marvel.
Ambos já foram publicados no Brasil entre 2008 e 2010 em edições avulsas nas bancas, pela Panini Comics, e agora chegam em encadernados de capa dura pela Suma de Letras, selo da Ed. Objetiva.
Escrito pela dupla Robin Furth e Peter David (conhecido dos leitores do Hulk, assinou a melhor fase do gigante verde), a HQ tem arte de dois extraordinários artistas: o desenhista Jae Lee (da série Inumanos) e o colorista Richard Isanove.
Senhor das Torres
Torre Negra é uma obra incomum na carreira de King. É uma extensa e complexa narrativa que mistura Senhor dos Aneis com terror (claro), ficção científica pós-apocalíptica, western, intriga política e romance. Uma tremenda salada à la King.
O “Frodo” aqui é Rolland Deschain, ou O Pistoleiro, um arquétipo de herói solitário, predestinado a libertar o mundo.
Nesta série de HQs, acompanhamos Roland na infância e juventude, em plena formação para se tornar o grande herói dos romances de King.
Em O Longo Caminho Para Casa, inadvertidamente (ou não), Furth e David evidenciam ainda mais as semelhanças com Senhor dos Aneis: em uma longa jornada por territórios inóspitos, Roland e dois companheiros de fidelidade canina, Alain Johns e Cuthbert Allgood, buscam a tal Torre Negra entre mil perigos e tentações.
Divertido – e também muito derivativo.
O Longo caminho Para Casa / Peter David, Robin Furth, Jae Lee e Richard Isanove / Suma de Letras / 136 p. / R$ 59,90 / www.objetiva.com.br
MAGDALENE & THE ROCK 'N' ROLL EXPLOSION É O NOVO ROCK DE FEIRA DE SANTANA NA FITA
A cena rock do interior não para de surpreender. Depois de revelações como Declinium (Camaçari), Nute (Alagoinhas), Os Barcos (Vitória da Conquista) e Clube de Patifes (Feira de Santana), mais uma boa surpresa surge desta última cidade: o duo Magdalene and the Rock and Roll Explosion.
Formada por Poliana Santiago (vocal e baixo) e Paulo Victor (guitarra), namorados e estudantes de Biologia da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Magdalene and the Rock and Roll Explosion é rock ‘n’ roll old school, sem concessões, nem misturebas: ela canta em inglês e o som vai na linha de outros casais do rock, como The Kills e The Raveonettes.
Poderia ser mera cópia, poderia ser tosco. Mas é lindo. Duvida? No MySpace já tem as duas primeiras faixas demo, You're Mine e Run Bastard!.
O processo inverso
Produzidas por andré t., são canções perfeitinhas, redondas, com aquele frescor revigorante do rock ‘n’ roll intuitivo, autêntico e com uma boa dose de talento – tudo devidamente embalado no tratamento profissa de nosso Mister T.
Como bons biólogos, Paulo e Poliana (ou Magdalene?) foram buscar inspiração no DNA primordial do rock: “Rapaz, a gente gosta desde Chuck Berry até Hellacopters, passando por Bob Dylan, o rock dos anos 1970 e bandas atuais que fazem esse lance retrô moderno”, enumera Paulo, que tocava na já citada Clube de Patifes.
Outra característica que surpreende é como uma banda ainda tão nova (formada no início do ano, diz Paulo), já surge com uma proposta amadurecida, desde o estilo do som, a qualidade das gravações e até o visual.
“A gente já sabia o que queria fazer, temos os mesmos gostos. E estávamos cansados de formar bandas, por que nunca encontrávamos os membros certos”, conta.
“Aí partimos para o processo inverso: fazer tudo e depois chamar as pessoas. Por isso, nos jogamos de cabeça com andré t. Entramos no estúdio apenas com ideias, as canções foram criadas ali mesmo”, relata.
Com Ikaru (bateria) e Damas (guitarra), a banda já fez alguns shows em Feira e planeja descer para Salvador em breve. Estamos esperando, combinado?
Ouça: www.myspace.com/wearemagdalene
NUETAS
Forró dos Haoles
A banda Capitão Parafina & os Haoles adiciona forró ao seu rock ‘n’ roll nesta sexta-feira, no B-23. Às 23 horas, R$ 20.
Namorados punk
Os Clandestinos (lançando novo EP), Macabéa, Pastel De Miolos e Jato Invisível fazem o rock do dia dos namorados (domingo, 12) em Lauro de Freitas, no Cine Teatro, a partir das 17 horas. Entrada: um quilo de alimento não perecível.
Vandex TV a milhão
A iniciativa do cantor Vandex de transmitir shows de bandas locais direto de seu estúdio não pára. Em junho vai ter: Di Lucena (no dia 7), Diamba (14), Grãos (21) e Camisa de Vênus (dia 28). Assista todas as terças-feiras, às 20h30, pelo site www.vandex.com.br.
Formada por Poliana Santiago (vocal e baixo) e Paulo Victor (guitarra), namorados e estudantes de Biologia da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Magdalene and the Rock and Roll Explosion é rock ‘n’ roll old school, sem concessões, nem misturebas: ela canta em inglês e o som vai na linha de outros casais do rock, como The Kills e The Raveonettes.
Poderia ser mera cópia, poderia ser tosco. Mas é lindo. Duvida? No MySpace já tem as duas primeiras faixas demo, You're Mine e Run Bastard!.
O processo inverso
Produzidas por andré t., são canções perfeitinhas, redondas, com aquele frescor revigorante do rock ‘n’ roll intuitivo, autêntico e com uma boa dose de talento – tudo devidamente embalado no tratamento profissa de nosso Mister T.
Como bons biólogos, Paulo e Poliana (ou Magdalene?) foram buscar inspiração no DNA primordial do rock: “Rapaz, a gente gosta desde Chuck Berry até Hellacopters, passando por Bob Dylan, o rock dos anos 1970 e bandas atuais que fazem esse lance retrô moderno”, enumera Paulo, que tocava na já citada Clube de Patifes.
Outra característica que surpreende é como uma banda ainda tão nova (formada no início do ano, diz Paulo), já surge com uma proposta amadurecida, desde o estilo do som, a qualidade das gravações e até o visual.
“A gente já sabia o que queria fazer, temos os mesmos gostos. E estávamos cansados de formar bandas, por que nunca encontrávamos os membros certos”, conta.
“Aí partimos para o processo inverso: fazer tudo e depois chamar as pessoas. Por isso, nos jogamos de cabeça com andré t. Entramos no estúdio apenas com ideias, as canções foram criadas ali mesmo”, relata.
Com Ikaru (bateria) e Damas (guitarra), a banda já fez alguns shows em Feira e planeja descer para Salvador em breve. Estamos esperando, combinado?
Ouça: www.myspace.com/wearemagdalene
NUETAS
Forró dos Haoles
A banda Capitão Parafina & os Haoles adiciona forró ao seu rock ‘n’ roll nesta sexta-feira, no B-23. Às 23 horas, R$ 20.
Namorados punk
Os Clandestinos (lançando novo EP), Macabéa, Pastel De Miolos e Jato Invisível fazem o rock do dia dos namorados (domingo, 12) em Lauro de Freitas, no Cine Teatro, a partir das 17 horas. Entrada: um quilo de alimento não perecível.
Vandex TV a milhão
A iniciativa do cantor Vandex de transmitir shows de bandas locais direto de seu estúdio não pára. Em junho vai ter: Di Lucena (no dia 7), Diamba (14), Grãos (21) e Camisa de Vênus (dia 28). Assista todas as terças-feiras, às 20h30, pelo site www.vandex.com.br.
sexta-feira, junho 03, 2011
SÓ HOJE: UPSIDE DOWN TEM EXIBIÇÃO ÚNICA NO CINEMA DO MUSEU
Apreciadores do rock britânico, mais notadamente das vertentes conhecidas como indie rock, brit pop e guitar bands, tem um programa obrigatório para hoje: conferir o documentário Upside Down: The Story of Creation Records (Irlanda, 2010), de Danny O’Connor, que terá exibição única em Salvador, logo mais, às 21 horas, na Sala de Arte Cinema do Museu (na Vitória).
A razão é muito simples: foi o selo Creation, fundado pelo agitador cultural Alan McGee em 1983, que lançou álbuns fundamentais como Bandwagonesque (do Teenage Fanclub), Loveless (do My Bloody Valentine), Screamadelica (do Primal Scream), Going Blank Again (do Ride) e (What’s The Story) Morning Glory? (do Oasis), entre muitos outros.
A película, parte da (ótima) programação da versão local do In Edit Brasil – 3º Festival Internacional do Documentário Musical, traz imagens da época (muitas inéditas), depoimentos do próprio McGee e seus sócios Tim Abbott e Dick Green, além de membros das bandas citadas (e ainda outras) e jornalistas.
A oportunidade para assistir Upside Down é das melhores. Em 2011, os três álbuns (veja abaixo) que notabilizaram (e eternizaram) o selo completam 20 anos de lançados.
Colapso mental e financeiro
Como toda grande história do rock, a saga do selo Creation é recheada de lendas, sexo, (muitas) drogas e loucura generalizada. O maior exemplo talvez seja a obsessão e o subsequente colapso mental de Kevin Shields (My Bloody valentine).
Depois de um álbum de estreia elogiado pelo crítica (Isn’t Anything, 1988), Shields, um rapaz sensível e usuário constante de ecstasy, ácido, speed e qualquer outra coisa que alterasse sua percepção, encasquetou de gravar um disco que traduzisse com fidelidade os sons que ele “ouvia” em sua cabeça.
A busca de Shields custou dois anos de gravação (passando por 19 estúdios diferentes), o que lhe restava de sanidade e a quase falência do selo. O resultado porém, foi Loveless (1991), uma obra-prima de melodias doces e fantasmagóricas, afogadas em distorções ensurdecedoras.
Não por acaso, McGee vendeu 49% do Creation para a Sony em 1992. Em 1993, assinou com o Oasis, seu maior sucesso comercial. E em 1999, fechou as portas de vez. Um imperdível conto da era do rock ‘n’ roll.
EM TEMPO: Após a exibição do filme, vale descer a Ladeira da Barra até o sebo Praia dos Livros (que fica no Porto da Barra) para curtir a Nuvem de DJs. Messias GB, mentor do evento, e este que vos escreve (deve ter mais gente, mas não estou ligado) farão sets especiais Creation / indie / guitar / soul. É grátis.
UPSIDE DOWN: THE STORY OF CREATION RECORDS / Hoje, 21 horas / SALADEARTE CINEMA DO MUSEU / R$ 12 e R$ 6
A razão é muito simples: foi o selo Creation, fundado pelo agitador cultural Alan McGee em 1983, que lançou álbuns fundamentais como Bandwagonesque (do Teenage Fanclub), Loveless (do My Bloody Valentine), Screamadelica (do Primal Scream), Going Blank Again (do Ride) e (What’s The Story) Morning Glory? (do Oasis), entre muitos outros.
A película, parte da (ótima) programação da versão local do In Edit Brasil – 3º Festival Internacional do Documentário Musical, traz imagens da época (muitas inéditas), depoimentos do próprio McGee e seus sócios Tim Abbott e Dick Green, além de membros das bandas citadas (e ainda outras) e jornalistas.
A oportunidade para assistir Upside Down é das melhores. Em 2011, os três álbuns (veja abaixo) que notabilizaram (e eternizaram) o selo completam 20 anos de lançados.
Colapso mental e financeiro
Como toda grande história do rock, a saga do selo Creation é recheada de lendas, sexo, (muitas) drogas e loucura generalizada. O maior exemplo talvez seja a obsessão e o subsequente colapso mental de Kevin Shields (My Bloody valentine).
Depois de um álbum de estreia elogiado pelo crítica (Isn’t Anything, 1988), Shields, um rapaz sensível e usuário constante de ecstasy, ácido, speed e qualquer outra coisa que alterasse sua percepção, encasquetou de gravar um disco que traduzisse com fidelidade os sons que ele “ouvia” em sua cabeça.
A busca de Shields custou dois anos de gravação (passando por 19 estúdios diferentes), o que lhe restava de sanidade e a quase falência do selo. O resultado porém, foi Loveless (1991), uma obra-prima de melodias doces e fantasmagóricas, afogadas em distorções ensurdecedoras.
Não por acaso, McGee vendeu 49% do Creation para a Sony em 1992. Em 1993, assinou com o Oasis, seu maior sucesso comercial. E em 1999, fechou as portas de vez. Um imperdível conto da era do rock ‘n’ roll.
EM TEMPO: Após a exibição do filme, vale descer a Ladeira da Barra até o sebo Praia dos Livros (que fica no Porto da Barra) para curtir a Nuvem de DJs. Messias GB, mentor do evento, e este que vos escreve (deve ter mais gente, mas não estou ligado) farão sets especiais Creation / indie / guitar / soul. É grátis.
UPSIDE DOWN: THE STORY OF CREATION RECORDS / Hoje, 21 horas / SALADEARTE CINEMA DO MUSEU / R$ 12 e R$ 6