Foi uma festa para a tribo surfista da cidade a primeira edição do evento Salvador Live Music, com os artistas internacionais Donavon Frankenreiter (em foto cedida pelo Laboratório da Notícia, assessoria do evento), Matt McHugh e Pete Murray, na Área Verde do Othon, no último domingo à noite.
Casa cheia, a audiência era basicamente composta pela chamada juventude dourada das classes média e alta: muitos surfistas, surf girls, estudantes secundaristas, universitários, mauricinhos e patricinhas a granel e até quarentões curiosos pelas atrações – infelizmente, ainda – incomuns na agenda cultural local.
Vale destacar que, apesar de até contar com uma bela vista para o mar, algo adequado à ocasião, a Área Verde do Othon, um pátio concretado (ué, cadê o “Verde” da Área?) coberta por toldos já gastos, ainda parece um local improvisado para shows desse porte.
Essa é uma velha deficiência crônica de Salvador, cidade que se satisfaz com os chamados cacetes armados que, infelizmente, já fazem parte da cultura local.
Público ganho na raça
Marcado para as 17 horas, a primeira atração do Salvador Live Music, o australiano Mat McHugh subiu ao palco às 18 horas, a princípio armado apenas com seu violão.
Seguro de si – diferente de Soko, a francesinha que deu chilique na Concha Acústica em 2010, por que o público não se calava para ela tocar violão – Mat não se deixou intimidar pelo burburinho ensurdecedor que vinha da plateia e encarou o desafio de ganhar o povão.
E foi razoavelmente bem-sucedido, graças ao carisma pessoal (se mostrou um sujeito simpático), ao violão bem tocado e a um truque infalível: um laptop no qual ia programando batidas e bases de violão criadas ali mesmo, na hora, o que concedeu algum dinamismo à apresentação.
Em diversas músicas também contou com o auxílio do gaitista catarinense Felipe Harp, que não solava, mas criava bons climas beira de estrada, com acordes longos e esparsos.
Com boa parte da plateia ganha, sua voz suave e suas canções praieiras – o cara é quase um Dorival Caymmi australiano – soaram sem maiores problemas pela Área Concreta do Othon. Saiu muito aplaudido.
Entreouvido durante este show: um rapaz chega em um casal de amigos: “E aí, tá gostando”? O outro responde: “Pô, muito legal, diferente, né? Perfeito para chamar uma gata e abrir uma garrafa de vinho”.
Show de uma música só
Quinze minutos para a troca de palco e vem a segunda atração da noite, Pete Murray, também australiano. Apesar de contar com uma banda bastante competente, fez o show mais morno do evento.
Apesar de ser um artista interessante, de boas canções, Pete comete um erro fatal no show: ele parece tocar a mesma música o tempo todo, graças às batidas muito semelhantes, além da voz monocórdica com que atravessa a apresentação.
Ainda assim, chegou a empolgar parte do público, que parecia conhecer alguns dos seus hits austrais e cantou junto.
Bigodão e soft rock anos 70
Mais uns vinte minutos após a apresentação de uma hora de Pete Murray e, às 20h40, entra em cena a atração principal da noite, o californiano Donavon Frankenreiter, também assessorado por uma boa banda de acompanhamento.
O calor com que é recebido pela plateia evidencia: é ele mesmo o artista principal e mais conhecido ali.
Carismático, chega a ser uma figura engraçada, com sua pinta de hippie tardio, cabelos desgrenhados e bigodão. Um típico doidão do litoral da Califórnia.
Claramente, também, é o artista mais maduro entre os três, com um repertório mais variado, funky e fluido como a maré, em um dia de boas ondas.
Há ainda um certo tempero norte-americano inconfundível em seu som e no seu jeito de cantar, mais falado e despachado.
Donavon abriu o show com Hold On, single do álbum mais recente, Glow (2010), e sem deixar a peteca cair, emendou com Life, Love and Laughter.
Com seu estilo soft rock dos anos 1970, foi apresentando seu repertório, com Move By Yourself (com levada disco, ganhou citação ao clássico Miss You, dos Rolling Stones), Let It Go e Girl Like You (Cali Honey), com inconfundível estilo soul, entre outras.
A surfistada nunca voltou pra casa tão feliz.
haha, area concreta do othon, muito boa essa chico. aquela area deveria ser uma boa alterntiva para shows de medio porte para começar cedo e terminar cedo. mas, como tudo na bahea, virou local de ensaio de banda de pagode durante cada dia mais decadente verão de salvador.
ResponderExcluirMas num é, man? Pardieiro da porra, nego achando que tá num lugar muito bacana. Aqui só dá cacete armado. Se fizer um lugar bonitinho, a brauzada boicota. Baiano só gosta de porcaria, improviso, esculhambação. E aquele pátio concretado, localizado em um hotel 5 estrelas, é a cara disso aí.
ResponderExcluirE aí caímos na pergunta que não quer calar de Nei Bahia: E A CONCHA? Por que ninguém utiliza o melhor e mais estrutuirado espaço de shows da Bahia da forma que deveria ser aproveitado? Por que? Por que? Por que?
ResponderExcluirPor que aí neguinho de produtora não ganha tanto dinheiro, né? Só pode ser isso.
Faz no pátio do Pelourinho onde ocorreu um assassinato esse fim de semana no ensaio do olodum...
ResponderExcluirPelo menos lá é COM EMOÇÃO!!!
rararar...
a verdade é q nem a area verde(ops) concreta do othon tem recebido mais shows.ficaram mais restritos mesmo aos tais"ensaios" de verão. com uma desvantagem, a area concreta tem horario para acabar, por conta dos hospedes do othon. e outro local improvisado, o bahia café hall, na paralela, acaba ficando mais interessante porque não tem problema de vizinhança. so a porra do transito que engarrafa na paralela, porque o tal café hall não tem estacionamento, ou pior ainda, o estacionamento é feito de qualquer maneira nos canteiros, ou seja no espaço publico, e quem paga a conservação são nosotros, os otarios. quando o poder publico cobra um pouquinho q seja, as poderosas produtoras dizem q o evento fica inviavel, e q vão mudar para outro estado, q a bahia vai ficar sem o evento de veveta, do chicrete, os turistas não virão mais ect, numa chantagem explicita. pois é , ficamos refem deste tipo de situação, e o q é pior, eles não deixam de ter alguma razão, ja q não existe alternativa viavel de imediato.isto vale tb para o wet/wild .portanto o provisorio se tornou permanente, e ao q parece definitivo. o mais engraçado é q os outros estados q acolhem este tipo de evento (micaretas, ect.) ja organizaram os espaços para este tipo de evento, e em boa parte de estados aqui mesmo do nordeste, e as micaretas são realizadas com apoio dos governos locais, mas em ESPAÇOS FECHADOS, com uma organização infinitamente superior a terra q inventou este tipo de entretenimento.
ResponderExcluirA Bahia é bizarra, man. Aqui todo mundo se acha muito esperto e faz de tudo para tirar a maior quantidade de grana da maneira mais rápida e rasteira possível, sem perceber que, com uma estrutura mais profissional e organizada, eles poderiam tirar até mais dinheiro, num prazo muito mais longo. Mas neguinho aqui é muito burro, cego. E se acham "ishpertos" pra caralho, arrotam arrogância. Aqui é o cu do mundo, mesmo.
ResponderExcluirCaralho vc fala daí de ssa como se conhecesse tudo e todos. Cu do mundo é seu rabo. Visitei esta cidade e fiquei lá por 2 meses e gostei bastante. Muitos locais interessantes q vc nem deve conhecer.
ExcluirGostei principalmente das pessoas. Claro q tem esses que se acham espertos. Mas n vai generalizando nao. O estado é bom sim, porém, devido a estrutura socio-cultural a que o mesmo foi submetido, q ocorre esses coisas. Se vc sabe história e sociologia saberá mt bem disso.
It´s the ASS of the world as we know it! Huhuhuhahaha
ResponderExcluirRealmente, não tem um lugar decente para show aqui em Salvador, temos que estacionar em lugares proibidos, perigoso para nos e nossos carros e ainda pagar caro por isto.
ResponderExcluirPrezado anônimo, inicialmente nem ia me dar ao trabalho de responder um comentário de um post de quatro anos atrás - ainda mais para um anônimo. Mas vamos lá: diferente de vc, que passou o que... dois meses? por aqui, eu sou nascido e criado nesta cidade há 43 anos e nunca morei em outro lugar. Então, me desculpe, mas eu sei exatamente o que estou falando. E o que eu estou falando é muito simples: a classe empresarial baiana (atente: eu não estou me referindo ao POVO baiano em si) é ridícula e só se coça para patrocinar os mesmos eventos e os mesmos "artistas", os quais costumam dar retorno imediato aos seus recheados bolsinhos. Não existe investimento por aqui em atrações inusitadas ou de outros estilos, por que, na mentalidade dessa gente, o baiano só tem capacidade de se relacionar com o que há de mais rasteiro em ternos de entretenimento e até mesmo de cultura. Claro, uma coisa alimenta a outra e hj se tem mesmo muita dificuldade de fazer o baiano médio se interessar por algum artista que não o mande "sair do chão". Como vc vê, eu não sou como os paulistas e sulistas que culpam o nordestino pela miséria em que vive - miséria que lhe foi imposta desde que o Brasil é Brasil, como vc pareceu acreditar. Eu não me chamo Mainardi, para culpabilizar as vítimas, isso é estupidez de mentes direitistas, de eleitor de Aécio, coisa que não sou nem jamais serei.
ResponderExcluirE sinceramente, caguei se vc conheceu um monte de lugar interessante que eu "nem devo conhecer", isso não me diz nada. E outra: pode assinar com seu nome mesmo, amigo. Eu não mordo nem pretendo agredir ninguém, apesar de vc ter sido bem grosso em sua colocação (lá ele).