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terça-feira, janeiro 25, 2011

OS BEATS VOLTAM À ESTRADA, AGORA EM DIREÇÃO AO MAINSTREAM

Alguém já disse que a maior obra de um grande artista é sua própria vida. Essa suposição se aplica com total exatidão aos escritores, poetas e malucos profissionais que formaram a chamada Geração Beatnik.

Herdeiros da tradição libertária e aventureira de escritores do século XIX, como Walt Whitman (1819-1892) e Jack London (1876- 1916), nomes como Jack Kerouac (1922-1969), Allen Ginsberg (1926-1997) e William S. Burroughs (1914- 1997) se tornaram sinônimo de uma literatura frenética e alucinada, veloz como os carros com os quais eles cruzavam os Estados Unidos do pós-guerra de costa a costa, repetidas vezes, ao ritmo do jazz be bop de músicos contemporâneos, como Charlie Parker e Dizzy Gillespie.

Em 2011, essa rapaziada periga se tornar mais popular do que nunca (até por que pop eles já são, até demais), já que, pelo menos dois filmes baseados em suas vidas e obras estreiam no Brasil: On The Road, dirigido pelo brasileiro Walter Salles e Uivo (Howl), sobre Allen Ginsberg.

O segundo estreou em setembro nos Estados Unidos, com boas resenhas da crítica, enquanto o primeiro, baseado no livro-símbolo do movimento, ainda sem data de estreia, é uma superprodução de Francis Coppola e um dos filmes mais aguardados do ano.

Nas prateleiras

Enquanto os filmes não chegam, bons lançamentos chegam às livrarias, como os inéditos (no Brasil) Anjos da desolação e Despertar: Uma vida de Buda, ambos de Kerouac, e Os Beats, ótima HQ que faz a historiografia da cena beatnik.

Dos três livros recém-chegados às prateleiras, o mais importante é, sem dúvida, Anjos da desolação, o qual captura os últimos momentos de Kerouac como um maluquete anônimo, antes que o lançamento de On the road, em 1957, o catapultasse à fama que o incomodou até morrer, doze anos depois.

Já Despertar: Uma história de Buda, lançado em formato pocket, é o resgate de um texto engavetado do autor, só lançado em seu país em 2008.

Trata-se da versão de Kerouac para a biografia de Sidarta Gautama, o príncipe indiano que se tornou a divindade Buda após rejeitar a riqueza e encontrar a iluminação – um tema mais do que caro à geração beatnik.

Por fim, Os Beats - Graphic Novel, é uma coletânea com várias histórias em quadrinhos biografando as figuras (e cenas) mais significativas do movimento. As HQs são assinadas por conceituados quadrinistas da cena underground , com Harvey Pekar (do filme O Anti-herói Americano, sucesso nos circuitos de arte) à frente.

Confronto com o Vazio

Com Anjos da desolação, fãs e leitores de Kerouac tem à disposição uma peça importante na montagem do complexo quebra-cabeças que é a visualização de sua obra / persona (instâncias que sempre se confundem no velho Jack).

Basicamente, a primeira parte é o relato dos 63 dias que ele passou no isolamento, como vigia de incêndios no Desolation Peak, montanha no estado de Washington (noroeste dos Estados Unidos). Na segunda parte, intitulada Passando, ele retoma suas andanças mundo afora, entre bebedeiras descontroladas, mulheres e poetas.

A edição da L&PM traz dois bônus importantes para o entendimento da obra e seu autor. O primeiro é uma longa e apaixonada apresentação do escritor e crítico Seymour Krim, produzido no calor do lançamento original de Anjos da desolação, em 1965.

O outro é um depoimento de Joyce Johnson, escritora que foi uma das (muitas) namoradas de Kerouac, e que aparece no livro como a personagem Alyce Newman.

Extremamente pessoal – e nem poderia ser diferente – seu texto contextualiza, com a vantagem da perspectiva do tempo, o momento de Kerouac no livro: “O confronto deliberado com o Vazio no verão de 1956 foi o ato de um homem que não admitia estar exausto, mas que tampouco havia perdido a coragem ou a liberdade necessária para ir aonde quer que a imaginação o levasse”, escreve.

“A temporada como vigia de incêndios foi uma das últimas aventuras de Kerouac na estrada; em 1957 a fama indesejada de ‘avatar da Geração Beat’ acabaria para sempre com seu anonimato”, nota Johnson.

Quanto à graphic novel Os Beats, pode-se dizer que sua maior virtude é também seu maior defeito: o didatismo.

Assim como presta um grande serviço aos neófitos ao contar, organizada e didaticamente, as trajetórias dos nomes mais (e até dos menos) importantes do movimento, a HQ, na sua maior parte, peca pela forma pouco ousada com que o faz, com exceção de poucos capítulos, como os desenhados por Peter Kuper e Trina Robbins.

Ainda assim, vale a leitura pela amplitude do volume, que vai fundo nas origens remotas e ramificações do movimento, chegando até as artes plásticas.

LEIA "O CHAMADO DA ESTRADA", ÓTIMO ARTIGO DO JORNALISTA PAULO SALES SOBRE JACK KEROUAC E A GERAÇÃO BEAT: http://caderno2mais.atarde.com.br/?p=2467


Os Beats - Graphic novel / Harvey Pekar, Ed Piskor e vários artistas / Benvirá - Saraiva / 208 p. / R$ 39,90 / http://www.benvira.com.br/






Despertar: Uma vida de Buda / Jack Kerouac / Trad.: Lúcia Brito / L&PM / 176 p. / R$ 14 / http://www.lpm.com.br/






Anjos da Desolação / Jack Kerouac / Trad.: Guilherme S. Braga / L&PM Editores / 360 p. / R$ 68 / http://www.lpm.com.br/








sexta-feira, janeiro 21, 2011

DESCONSTRUINDO LOBÃO

Todo mundo conhece Lobão, o cantor doidão e com fama de arruaceiro que foi preso e teve diversos problemas com a justiça pelo seu envolvimento com drogas.

Lobão, o hitmaker que já fez todo mundo cantar sucessos como Me Chama, Vida Bandida, Corações Psicodélicos, Decadence Avec Elegance, Essa Noite Não e tantos outros.

Lobão, o cara da revista Outracoisa e o líder do movimento pela numeração de discos.

Lobão, o mediador meio atrapalhado do programa MTV Debate.

E principalmente, Lobão, um dos caras mais polêmicos que já surgiram no cenário cultural brasileiro.

Agora, fãs e demais interessados poderão conhecer Lobão para além de todos esses estereótipos, como ser humano e artista em sua faceta mais íntima e através de suas próprias (e infinitas) palavras, na sua recém-lançada autobiografia 50 Anos a mil, escrita com o jornalista Claudio Tognolli.

Seu texto é, ao mesmo tempo, cômico, verborrágico, bagaceiro, político, revelador, irado, desconfiado e até mesmo trágico.

Há um pouco de tudo isso nas caudalosas 600 páginas que perfazem suas memórias.

Nem poderia ser diferente. Como quase toda personalidade que dispensa apresentações, Lobão faz valer o investimento dos leitores falando sem rodeios sobre tudo, desde sua infância burguesa em um Rio de Janeiro bucólico na época da ditadura, sua família ligeiramente disfuncional, o início da carreira musical na banda Vímana (com Lulu Santos e Ritchie), o golpe que ele deu na Blitz, o auge e muito mais.

Descendente de holandeses, João Luiz Woenderbag Filho nasceu em 1957 e viveu uma infância feliz no Rio de Janeiro, entre os últimos anos da democracia e a ditadura instituída a partir de 1964.

Seu pai, João Luiz, vinha de “uma família de automobilistas, inventores e excêntricos”. Já sua mãe, Ruth, antes da maternidade, “foi campeã de corridas de kart! Um tremendo pé de chumbo!”, como conta Lobão.

Logo se vê que a tendência de viver “a mil” era mesmo coisa de família.

Na adolescência, descobriu o rock e se jogou de cabeça. Logo, estava tocando na banda de rock progressivo Vímana, que contava com Ritchie e Lulu Santos em sua formação.

Após, de forma meio inadvertida e ingênua, promover uma arrasadora festa / orgia de dois dias no sítio de sua família, foi expulso de casa.

Iniciou-se aí o período mais difícil de sua vida. Passou a morar de favor em casas de amigos, namoradas e colegas de banda.

A separação de seus pais terminou por aniquilar a unidade familiar. Sua mãe tentou o suicídio diversas vezes, até conseguir se matar.

Ele também tentou se matar. Três vezes, de três diferentes formas.

A vida começou a melhorar quando se começou a desenvolver o próprio trabalho. Tocou bateria na Blitz e, em paralelo, gravou um disco solo.

Um dia depois de sair na capa da Istoé com a Blitz, bateu na porta de uma gravadora e descolou seu primeiro contrato.

Em pouco tempo, começou a emplacar hits em sequência nas rádios.

Logo, começaram os problemas com a polícia, por causa das drogas. Chegou a trocar tiros com a polícia.

Nos anos 1990, experimentou um certo ostracismo, quebrado em 1997, com a iniciativa de lançar discos nas bancas de revistas.

Liderou o movimento pela numeração de discos.

Tornou-se apresentador de TV e lançou um CD acústico, contradizendo-se de forma espetacular. Segue vivo e bem.

ENTREVISTA:


Com maior ou menor intensidade, sua carreira foi marcada pela polêmica. Em que medida você julga que isso te prejudicou? Isso atrapalhou a devida avaliação de sua obra?

Bem, eu não consigo avaliar isso muito bem. Só sei que me sinto quase sempre um peixe fora d'água.

Lendo o livro, a impressão que se tem é de estar te ouvindo, como se estivesse sentado com você, enquanto relata sua vida. Como foi a colaboração com Claudio Tognolli? Ele fez os cortes, deu a forma final?

Eu escrevi a história toda e acabei editando também. O Tognolli fez as pesquisas, as documentações todas, os depoimentos. Não houve interferência nos textos, embora estivéssemos juntos o tempo todo. Pensei em montar as partes da mídia desde o momento em que me tornei uma pessoa pública. Sabia que os contrastes de informações iriam dar um tempero especial a narrativa.

Uma das diversões do livro é ver como sua versão dos fatos e a que imprensa apresentava (em Lobão na Mídia) eram muitas vezes antagônicas. Foi uma forma de mostrar o quanto ela (especialmente nos anos 1980) estava errada sobre você? A exigência da entrevista por email é parte dessa desconfiança?

Pois é, isso mesmo que estava dizendo. Às vezes a documentação subscreve o que estou falando, através de uma afirmativa, mas, na maioria das vezes, a documentação subscreve o absurdo, o que é particularmente ótimo. Quanto a ser tardio, eu acho que está sendo no momento em que há uma real possibilidade de empatia com a minha história... fazer o quê? Quanto a fazer entrevista por e mail, infelizmente, até agora, foi a única maneira, mais ou menos confiável, de me proteger das barbaridades. Você deve ter percebido que essa prática tem diminuído bastante, né? Mas, de qualquer maneira, tenho grandes amigos jornalistas.

Entre tantas polêmicas, algumas passagens de sua vida com episódios controversos renderam pouco. Monique Evans chegou a processá-lo por causa de Decadence Avec Elegance?

Eu foquei muito na primeira fase da minha vida. Considero a parte não pública da minha vida o epicentro da história. Escrevi minha biografia e não um paredão de denúncias. Quanto a Decadence, pela milonésima vez (e olha que está explicadinho no livro): Nunca houve nenhum problema com a Monique. Eu nunca afirmei que fiz a canção pra ela , muito pelo contrário. Já afirmei milhares de vezes que recebi uma encomenda pra fazer a trilha sonora da novela Ti Ti Ti , na sua primeira versão, que, na época, foi recusada. Quanto a processo, isso nunca houve.

E Herbert Vianna? A certa altura do livro, parece que a sequência de coincidências entre Cena de Cinema / Cinema Mudo ia se tornar um problemão, uma coisa constante. Mas parece que a coisa ficou por ali. O que mais houve? Você chegou a pensar em processá-lo? Algum dia você conversou com ele?

Foi muito delicado falar sobre isso. É claro que fui o mais econômico possível. A coisa foi bem mais cabeluda e a pendenga se arrastou até os últimos dias de 1999. Eu acabei tirando uns 80% das histórias com ele.


Em 1984, quando o Júlio Barroso morreu, você e Cazuza acharam que a geração de vocês estava morrendo ali com ele. E agora? Como você vê o estado geral da música pop brasileira? Quanta falta uma mente irrequieta e ousada como a de Júlio faz, hoje em dia?

Sim. Nós estávamos convictos da morte da nossa geração e foi por isso mesmo que fiz questão de iniciar o livro com aquele episódio. Mas, eu quis deixar claro que não fazíamos parte do que estava chegando e nossos trabalhos dali por diante seriam expressões isoladas. Nossa geração morreu ali sim, e esse foi o nosso principal problema, nosso luto, nossa morte.

Você chegou a trocar tiro com a polícia no Morro da Mangueira. Como alguém que já viu a criminalidade dos dois lados, como você viu a recente queda do Complexo do Alemão? Em que medida você acha que Tropa de Elite 2 tem algo a ver?

Mole demais pra ter demorado 30 anos. Aconteceu porque vai ter Copa e Olimpíadas e ponto.

Os anos 1980 sempre despertam controvérsia. Há quem diga que foi um lixo, há quem diga que foi o auge criativo da música pop rock no Brasil. Mas Júlio morreu, Cazuza e Renato Russo também. Qual a sua avaliação final daquela época?

Eu acho aquilo que restou um lixo. Sempre achei e deixo isso bem claro no livro. Mas acho a MPB tradicional tão ruim ou até pior.



Por que você acha que o Acústico MTV vendeu pouco? Ficou sofisticado demais para tocar nas rádios de hoje em dia? Você estava fora do mainstream há tempo demais e portanto, não teve tempo de formar um novo público jovem?

Foi defenestrado pela crítica especializada. Aliás o disco não, eu. Mas foi o suficiente para receber a pouca atenção das pessoas. Não. Eu sou pessoa não grata nas rádios e todo mundo sabe disso. Meu público é grande e bastante renovado desde minhas aventuras eletrônicas e, logo em seguida, quando me tornei ícone da música independente. A Vida É Doce me deu um grande público jovem, a revista OutraCoisa , a numeração de discos... eu sempre estava no olho do furacão. O Acústico MTV ganhou o Grammy Latino de melhor disco de rock em 2007.

Você guarda alguma mágoa de Caetano Veloso e Gilberto Gil por terem retirado suas assinaturas no abaixo-assinado da numeração de discos? O que ficou de lição de todo aquele imbróglio?

Eu? Nenhuma. Apenas a constatação de determinadas atitudes pouco bonitas, pouco recomendáveis para homens crescidos. A lição? Ganhamos uma causa de mais de 40 anos de luta, a numeração é lei e a classe musical se cagou inteira exceto o (Roberto) Frejat, a Beth Carvalho e o Ivan Lins.

As gravadoras continuam sendo as grandes vilãs do mercado fonográfico? O que você espera dessa nova década para a música popular brasileira?

Isso é muito complexo pra responder assim... as coisas são bem piores do que isso. Eu? Não espero nada. A única coisa que me dá entusiasmo é compor, gravar minhas ideias, escrever, tocar meus instrumentos e prosseguir a minha história.

E quanto à revista Outracoisa? Ainda há chance dela voltar? Pergunto até por que foi nela que saiu o melhor disco do rock baiano da década, Bogary (2006), da Cascadura.

Acabou e fim de papo. Adoro o Cascadura e por isso recebi o material que eles estavam afim de publicar naquele momento. Não, nunca me entusiasmei em ser o paladino da música independente, mas fico feliz e orgulhoso em ter colaborado um pouco com artistas da melhor qualidade.

Para onde vai Lobão agora, depois de lançar esse livro e sair da MTV? Grava novo álbum? Volta à independência ou continua em gravadora? Ou fará algo totalmente diferente?

Tenho muita coisa pra fazer esse ano. Temos a turnê pelo Brasil de lançamento do livro (tem duas faixas inéditas que são parte integrante do livro e as pessoas podem baixa-las em www.ediouro.com.br/lobao) mais a caixa da Sony Lobao 81/91 de 3 cds remasterizados por Roy Cicala (John Lennon, Jimmy Hendrix, AC/DC etc) mais o DVD Acústico MTV. Estou começando a fazer meu novo repertório.

50 anos a mil / Lobão (com Claudio Tognolli) / Nova Fronteira / 600 páginas / R$ 59,90

(Matéria e entrevista publicadas no periódico da Tankred Snows Avenue, no dia 18 de janeiro de 2011).

terça-feira, janeiro 18, 2011

PESSOAS INVISÍVEIS NO EIXO DO ROCK


Quem gosta de rock de verdade, na chincha mesmo, sabe que banda que é banda tem que se garantir ao vivo. É ali que a mágica acontece. Se não acontece, é melhor vender a guitarra abrir uma pastelaria.

Quem nunca deverá abrir um estabelecimento do gênero é Bruno Carvalho, cantor e líder da banda Pessoas Invisíveis, que está lançando seu segundo álbum cheio, intitulado Fora do Eixo.

Este jovem veterano do rock local, na ativa desde a década de 1990, já tocou nos Honkers e na Vendo 147 (primeira fase, antes do clone drum). Com a Pessoas Invisíveis, toca, com dedicação, o seu trabalho mais pessoal.

Depois de um premiado primeiro disco em 2008, (Álbum do Ano, pelo prêmio Bahia de Todos os Rocks), decidiu fazer diferente neste Fora do Eixo: reuniu a galera no estúdio, plugou os instrumentos e juntos, mandaram ver com a tecla REC pressionada, registrando tudo.

Com Matheus Brasil (guitarra e voz), Bekko Moscovits (baixo) e Jera Cravo (bateria), a banda registrou doze faixas. “Éramos nós quatro juntos dentro da sala, tocando. Só a voz e pouquíssimas coisas de guitarra foram gravadas depois”, conta Bruno.

“A ideia é que esse disco fosse diferente do outro. Como tenho muito em comum com Matheus, que entrou há pouco tempo e gosta das mesmas podreiras dos anos 90 que eu, chutamos o pau da barraca”, diz.

Ele conta que, antes da atual formação, a PI era meio que sua “banda de um homem só”.

“Depois que Matheus entrou, isso quebrou. Tem músicas que não sou eu cantando, é ele. Tem músicas que a gente canta junto. Modéstia parte, eu também estou cantando bem melhor. Também, depois de tantos anos, uma hora eu ia aprender”, ri.

Elvis no show do Restart

Em breve, a banda lança o clipe da faixa Geração Y, gravado na plateia do recente show do Restart em Salvador, na praia de Armação.

No vídeo dirigido por Bernardo Von Flach, o cantor, poeta e figuraça Rodrigo Sputter Chagas (The Honkers), surge vestido de Elvis Presley, dançando entre os delicados fãs de rock colorido.

“Tem um cara de camisa roxa e calça laranja que pula em cima de Sputter e abraça ele. Ficou engraçado demais”, descreve.

Pessoas Invisíveis / Show de lançamento do álbum Fora do Eixo / Abertura: Blue Baloon / Quinta-feira (dia 20), 23 horas / Groove Bar / R$ 25 e R$ 15, na lista amiga

Pesado, energético, vivo


O segundo álbum da Pessoas Invisíveis abre muito bem com a emocionante Metas Para Hoje e continua em alta com Vendo Minhas Glórias. Pesado e energético, gravado ao vivo no estúdio, o som como um todo parece trazer como principal referência a abordagem contemporânea do hard rock do Queens of The Stone Age (uma banda superestimada, mas isso é outra história). Mas ainda há espaço para o power pop linha Dinosaur Jr. dos primeiros dias da banda em Eletricidade, além da crítica à vidinha virtual em Geração Y. Bom CD. Pessoas Invisíveis / Fora do Eixo / Big Bross Records - Atalho Discos / Preço não divulgado

NU-EEETAS!

Ócio em Morro de SP
Nativos, veranistas e turistas em Morro de São Paulo tem um encontro marcado com uma das melhores bandas de rock do Brasil hoje: a Vivendo do Ócio toca no Teatro do Morro, amanhã, às 21 horas. É primeira vez que a rapaziada toca no balneário, então, com certeza será um show bem especial.

Pastel em turnê
Já o power trio punk rock Pastel de Miolos pega a estrada para divulgar seu CD Da Escravidão ao Salário Mínimo por seis cidades da região Nordeste: Juazeiro do Norte (CE, dia 21), Sousa e Pombal (PB, ambos no dia 22), Fortaleza (CE, dia 23, com show e gravação de um programa de rádio) e Aracaju (SE, dia 24). Na volta, no dia 29, tocam em Camaçari. Quem quiser acompanhar essa epopeia pelas estradas nordestinas acesse: www.daescravidaoaosalariominimo.wordpress.com.

quinta-feira, janeiro 13, 2011

FRIDHA LANÇA EP HOJE NO PELÔ, EM SHOW GRATUITO COM PI E HONKERS

Representação da leva mais recente de bandas do underground de Salvador, o sexteto Fridha, formado em 2006, lança seu primeiro EP com um show gratuito na próxima quinta-feira, na Praça Tereza Batista (Pelourinho), com Pessoas Invisíveis e The Honkers.

Intitulado O Reverso do Gatilho, o disquinho foi produzido por Israel Baraum (que tocava na extinta banda Macário) e traz quatro músicas em cinco faixas (a primeira é uma vinheta de introdução). O som dos caras é uma salada de rock pesado (linha nü metal) com hip hop, reggae e referências diversas.

“Esse negócio de definir, rotular o som é sempre um problema que permanece”, percebe o vocalista Cristiano Souza.

“Costumamos definir como ‘alternativo’, por que tem muitas coisas ali no caminhar da música: hip hop, funk, rock. Você vai intercalando uma coisa com outra, bota um reggae ali pelo meio”, descreve.

Diferentes interpretações

“Então é bem alternativo e mantém a porta aberta para trabalhar outras coisas também. A ideia é sempre poder usar a criatividade ao máximo”, diz.
“Desde que tenha coerência no final do processo, (achamos que) é melhor fazer música assim”, reflete o frontman.

Formada por Cristiano e Bobby Santos nos vocais, Mayale Pitanga e Diego Frost nas guitarras, Leandro Berbert no baixo e Rafael Formiga na bateria, a Fridha tem como principal característica (na avaliação do colunista) a virulência no discurso sócio-político que caracteriza as letras e dita o clima do disco.

Provocado se isso não periga tornar a banda meio monotemática, Cristiano deu um chapéu no blogueiro: “A questão da interpretação das letras é algo muito importante para a gente. As vezes (as pessoas) tem uma interpretação totalmente diferente daquilo que eu quis dizer. Nego chega e fala: ‘ah, naquela letra você fala sobre isso e aquilo’. E eu nem sabia”, conta o vocalista.

“É preciso ter uma visão mais ampla. E a reflexão (sobre as coisas) é para mim é uma questão muito maior do que o protesto”. Falou e disse.

Fridha / Show de Lançamento do EP O Verso do Gatilho / Com Fridha, Pessoas Invisíveis e The Honkers / Quinta-feira, 19 horas / Praça Tereza Batista, Pelourinho / Gratuito

Só um toque: menos é mais

A camisa de força artística – seja comercial ou ideológica – é a maior inimiga da arte. Na Bahia, a predominância brutal da primeira (no mainstream) gera uma incômoda exacerbação da segunda (nos alternativos). A Fridha, neste EP com 4 faixas, parece mais interessada em refletir sobre as dores que a pressão da sociedade gera contra a individualidade (ou algo parecido) do que fazer um rock ‘n’ roll que seja, de fato, empolgante e revolucionário. As intenções são boas, mas o resultado soa burocrático. Menos Rage Against, mais MC-5, galera! O verso do gatilho / Fridha / Big Bross Records / Preço não informado

NUEEE-TAS!

Sylvia Patrícia no TCA

Elogiada por Cazuza, a veterana cantora baiana de pop rock Sylvia Patrícia volta à city para lançar seu 6º álbum na Sala do Coro do Teatro castro Alves. Andante (Lua Music), nome do disco, tem participação de Armandinho, faixas da própria cantora anteriormente gravadas por Zélia Duncan e Jussara Silveira e (ai!) uma versão para a linda I Saw The Light (1972, Todd Rundgren). Segunda-feira (dia 17), 20 horas, R$ 20 e R$ 10.

A Jukebox do Bonfim

O projeto Jukebox continua animando as quintas-feiras do B-23 Lounge Music Bar com as bandas Capitão Parafina & Os Haoles e Caravana Blue. Rock ‘n’ roll e surf music no estilo dos Beach Boys, não aquela leseira anódina de Jack Johnson e congêneres. Boa diversão descompromissada. O B-23 fica no Shopping Boulevard 161. R$ 10. R$ 20 após as 22 horas.

terça-feira, janeiro 11, 2011

UM ANO DEPOIS, CASCADURA FAZ VOLTA ARRASADORA

Não deu para quem quis. O Largo Teresa Batista ficou pequeno para todos que foram conferir a volta da Cascadura após um ano longe dos palcos, período que passaram gravando o próximo álbum, Aleluia!.

Com a praça lotada até o limite da capacidade, os portões foram fechados e uma multidão ficou do lado de fora. O consolo é que, nas próximas três semanas, tem mais Cascadura.

Do lado de dentro, com a multidão animadíssima, a banda Dubstereo fez as honras da casa com um show competente de raggamufin, reggae e dub. Saíram consagrados e muito aplaudidos pela massa de doidões.

Por volta das 19h30, a atração principal subiu. Após uma abertura climática para atiçar o público, detonaram Caim, faixa do Bogary (2006).

E foi deste disco mesmo, o mais importante para o grupo (10 mil cópias vendidas) que veio a maior parte do repertório do show.

Em fase de transição e com uma formação provisória, é a hora da banda desenferrujar as articulações e testar algumas músicas novas com o público.

Foram tocadas umas cinco canções de Aleluia!, incluindo a faixa-título, e – primeira impressão – todas carregam o selo Cascadura de qualidade, com letras bacanas, melodias redondas e refrões para cantar junto.

Destaque para Aleluia!, com Fábio assumindo o baixo enquanto o produtor andré t., nos teclados, incorpora um Jon Lord (Deep Purple) tropical, quase devorando o instrumento, em grande performance.

Além de Fábio, o titular Thiago Trad na bateria e andré, completam a banda o veterano Jô Estrada (guitarra e vocais) e o novato Du Txai, também na guitarra e backing vocals.

A dupla de guitarristas, aliás, estreou muito bem, dividindo solos e cantando junto afinadinha.

Nas músicas mais pesadas, como Senhor das Moscas, Ele O Super-Herói e O Centro do Universo, a roda de pogo se acirrou e pode ter assustado um pouco a galera mais pacata.

Salvo engano, porém, ninguém se machucou. Era só ficar mais afastado da muvuca, que assistia-se ao show com tranquilidade.

O clima ficou mais leve na linda sequência de baladas de Bogary, todas cantadas a plenos pulmões pelo povo: Doze de Outubro, Juntos Somos Nós e Mesmo Eu Estando do Outro Lado.

A banda já está com o repertório tão incorporado pelo seu público que até uma quase obscura faixa-bônus do disco Vivendo em Grande Estilo (2004), a melodiosa Não Posso Julgar Ninguém, é levada nas costas pela galera.

Fábio, visivelmente emocionado, tirou o chapéu e abaixou a cabeça, em sinal de agradecimento.

Depois dessa, perguntou para o público: “Vamos fazer um negócio? Vamos transformar Salvador em uma cidade melhor? Mais limpa, mais justa? Foi pensando nisso que fizemos essa música”. E mandaram Sob o Sol, faixa gravada por Pitty, feita como uma (necessária) reflexão sobre a Soterópolis.

Depois de Wendy, rock ‘n’ soul estilo gospel, feita em homenagem à uma amiga que morreu cedo demais, a banda saiu. Logo depois, Fábio volta sozinho e canta Gigante, só na guitarra.

De repente, um gaiato senta na bateria e começa a acompanhar o cantor. Gaiato, nada: era Duda Machado, baterista de Pitty, ele mesmo um ex-Cascadura.

Depois de Jô dar aquela esmerilhada em Ele O Super-Herói, chega o gran finale com o hit Queda Livre. Praça enlouquecida, público feliz, fim de show. Até domingo que vem.

Sanguinho Novo: Cascadura / Dias 16 (com Vendo 147), 23 (com Velotroz) e 30 (c0m Maglore) / Largo Tereza Batista – Pelourinho / Gratuito

Foto: www.fotolog.com.br/drcascadura

quinta-feira, janeiro 06, 2011

AMY JÁ ESTÁ NO BRASIL - E ALGUMAS NOVAS CARAS DA SOUL MUSIC

Nesses primeiros dias de 2011, só se fala de duas mulheres no Brasil: Dilma e Amy Winehouse. A despeito da gigantesca diferença de perfis entre elas, a ironia é que a questão que cerca ambas as madames é basicamente a mesma: “Será que ela vai dar conta”?

Sobre a primeira, a resposta só poderá ser dada daqui a quatro anos. Já sobre a segunda, conhecida por inúmeros barracos e episódios de abuso de álcool e diversas outras substâncias não recomendadas pela Constituição, a resposta virá em poucos dias, quando se encerra sua primeira (e infelizmente, curta) turnê pelo Brasil.

A cantora britânica, de origem judia, já está no Brasil desde a manhã de ontem, hospedada em um hotel no bucólico bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, cidade que adotou como base durante sua temporada brasileira (na foto, ela já aparece na sacada do seu quarto de hotel. Foto por Gil Rodrigues da Photo Rio News).

Segundo o jornalista carioca que deu a notícia, Bruno Astuto (do jornal O Dia), ela está “amando o bairro”.

Figura fácil no jornalismo de celebridades, Amy se tornou, em muito pouco tempo após o estouro do hit Rehab (por volta de 2005), um prato cheio de escândalos para os ávidos tabloides britânicos.

No Brasil, espera-se que essa faceta bagaceira da artista fique em segundo plano, em benefício de grandes shows, que são a expectativa geral.

Para tranquilizar os apreensivos fãs brasileiros que compraram ingresso, um de seus músicos, Heshima Thompson, backing vocal da banda de acompanhamento, publicou, na última terça-feira, uma foto de Amy durante um ensaio em Londres.

“Tivemos um ótimo ensaio e sua voz estava malvada (tradução literal para wicked)”, escreveu o rapaz.

Em outro post, ele adiantou que a banda estava preparando “algumas surpresas para o repertório”. É bom se preparar para ouvir Garota de Ipanema em versão soul...

Em outras informações mais recentes, foram divulgadas as exigências da diva para os camarins, que vem a ser quatro tipos diferentes de bebidas alcoólicas: quatro garrafas de vinho tinto francês grand cru classé Pomerol, cervejas mexicanas, vodca russa e champanhe francês.

Haverá ainda água tônica, sucos de laranja e cranberry, refrigerantes e leite semidesnatado. Para forrar o estômago (e aguentar tanto álcool), ela solicitou batatas chips, iogurtes orgânicos e tortillas mexicanas.

Depois de animar a festa de reveillon de um bilionário russo (que pagou a Amy o equivalente a R$ 2,6 milhões), os shows no Brasil serão os primeiros da cantora desde 2008.

“Minha expectativa é de que seja um show com a empolgação característica da soul music”, espera o economista baiano Márcio Martinez, que viajará para ver o show de Recife. “Se for tão bom quanto ou melhor que o DVD ao vivo (I Told You I Was Trouble - Live in London), já valeu a viagem”, diz.

Apreciador de soul music clássica, Márcio acha que Amy “honra a tradição americana. Mas não gosto de comparar, até por que ela é branca”, ressalva.

Amy Winehouse no Brasil- Itinerário da turnê:


Florianópolis, dia 8: Atração principal do Summer Soul Festival, com abertura da cantora Janelle Monáe e do cantor Mayer Hawthorne, no Stage Music Park. Ingressos entre R$ 100 e R$ 600.

Rio de Janeiro, dias 10 e 11: Show solo, com abertura de Janelle Monáe, no HSBC Arena. Ingressos entre R$ 140 e R$ 700.

Recife, dia 13: Summer Soul Festival, com Janelle Monáe e Mayer Hawthorne, no Centro de Convenções. Ingressos entre R$ 100 e R$ 300.

São Paulo, dia 15: No Summer Soul Festival, com Janelle Monáe e Mayer Hawthorne, na Arena Anhembi. Ingressos entre R$ 200 e R$ 500.

Sucesso de Amy abriu caminho para (bem-vindo) renascimento soul

Quando Back to Black, o álbum que catapultou Amy Winehouse rumo à fama, foi lançado, em 2006, o clima de revival da soul music que ora parece estabelecido ainda não se havia configurado. Certo, Joss Stone já namorava abertamente com o gênero desde a estreia, no disco The Soul Sessions (2003).

Mas a abordagem de Stone, conterrânea de Amy, apesar de correta, ainda era (e é até hoje) açucarada, diluída demais. Foi só com a confessional Rehab, de Amy (“Tentaram me mandar para o tratamento / eu disse não, não, não”) que a ficha caiu.

Amy, depois de um primeiro álbum mais próximo do jazz (Frank, 2003), deu a guinada que mudou para sempre sua carreira (e sua vida) ao abraçar a cria mais festiva e, sim, comercial do blues: soul music.

O segredo está na fonte

O mentor da guinada de Amy rumo ao soul foi o badalado produtor e dândi Mark Ronson. Como os ingleses fazem desde a British Invasion, nos anos 1960, a dupla voltou-se à fonte original: os Estados Unidos, pegando “emprestada” da cantora negra norte-americana Sharon Jones, sua banda de apoio, a espetacular The Dap-Kings.

Esta reproduz com assombrosa exatidão o som padrão da soul music, estabelecido pelos selos Motown (Marvin Gaye, The Supremes) e Stax (Otis Redding, Isaac Hayes e outros).

O resultado, Back To Black, é tranquilamente um dos melhores álbuns da década passada.

Com o estouro de Winehouse, ficou mais fácil para artistas de soul dos dois lados do Atlântico se lançarem no mercado com chances de sucesso.

Do lado de lá, logo surgiu a luminosa figura da cantora galesa Duffy, que fez grande sucesso em 2008 com o hit Mercy e agora volta com novo álbum, Endlessly.

Mas ainda há outras cantoras soul de relativo sucesso na Europa, como a cheinha Adele e a longilínea Estelle, ambas com bons trabalhos.

Nos Estados Unidos, além da diva original Sharon Jones & The Dap-Kings, o selo deles, o Daptones, segue lançando artistas como o extraordinário Charles Bradley (visto ao lado) e outros.

Mas há muito mais. Os nomes mais quentes do momento são a multitalentosa Janelle Monáe (que abre os shows de Amy no Brasil) e o ex-cantor do Gnarls Barkley, o carecão Cee-Lo Green. Ambos acabam de lançar novos álbuns, aclamados pela crítica.

Aumente o som, get down!


POUCA TELHA, MUITO SOUL

Cee-Lo Green, o dono do vozeirão que ganhou o mundo em 2006 com o hit Crazy (do Gnarls Barkley, banda com o produtor Danger Mouse) está de volta em The Lady Killer, um álbum (com o perdão do trocadilho) matador, que deixaria Otis Redding (o deus supremo do soul) orgulhoso. Ortodoxo, mas nem tanto, o pouca-telha rasga o peito (e a garganta), mandando a ex para aquele lugar (na irresistível F**k You), traz o agudo angelical de Philip Bailey (Earth Wind and Fire) de volta em Fool For You, entre outras proezas. Bom do início ao fim, lindo. The Lady Killer / Cee-Lo Green / Warner Music / R$ 31,20



GRAÇA GALESA

Ela é lourinha de olhos verdes e sua voz sequer parece negra, mas desde o estouro do hit Mercy, em 2008, Duffy arrebanhou uma legião de fãs com sua abordagem classuda da soul music, na linha de suas conterrâneas (dos anos 60) Dusty Springfield e Petula Clark. Neste segundo álbum, produzido pelo midas Albert Hammond (pai do guitarrista dos Strokes), Duffy mantém sua chama acesa em faixas bacanas como My Boy, Keeping My Baby e Well Well Well. Garota esperta. Endlessly / Duffy / Universal / R$ 29,90



MENOS, JANELLE, MENOS


Ela canta como Diana Ross, dança como se fosse filha de James Brown com Fred Astaire e compõe como Marvin Gaye. Com tanto talento, o que pode dar errado? Resposta: pretensão demais as vezes atrapalha. Álbum conceitual, Archandroid, o segundo disco de Janelle Monáe, tem momentos sublimes, como Locked Inside (pista cheia na certa), Oh Maker e Come Alive. Mas também testa a paciência do ouvinte com faixas arrastadas e grandiloquentes, como 57821 e Sir Greendown. Mas vale pelas boas. The Archandroid / Janelle Monáe / Warner Music / R$ 24,90

terça-feira, janeiro 04, 2011

ENQUANTO AS CHUVAS NÃO VOLTAM, A THEATRO DE SERAPHIN DÁ ÚLTIMOS RETOQUES NO PRÓXIMO DISCO

Para este blogueiro, o melhor disco do rock baiano do ano de 2008 foi o primeiro CD da banda Theatro de Seraphin: o EP Tristes Trópicos. Ponto.


Agora, com o guitarrista original Cândido Nariga Soto Jr. (ex-Cascadura, Banda de Rock) de volta, após a saída de Cezar Vieira (brincando de deus), o quarteto dá os últimos retoques no seu 1º álbum cheio, a ser lançado por volta de abril, após o verão e o Carnaval.

“Estamos esperando o sol se recolher e as chuvas começarem para lançar o disco”, anuncia Marcos Rodrigues, baixista e idealizador da banda, ao lado do extraordinário cantor e poeta Artur Ribeiro (ex-Treblinka e Cravo Negro). Completa a Theatro o baterista José W. Dantas.

Produzido por Luís Fernando Apú Tude, o novo disco da Theatro é, ao lado do próximo CD da Cascadura (ainda em fase de gravação), um dos que geram maior expectativa entre os fãs e apreciadores do rock local.

Claro que boas surpresas podem – e deveriam – surgir da garotada. É o que se espera.

Ao vivo, no take one

“É chavão dizer isso, mas é um disco maduro de uma banda madura. Algumas pessoas que já ouviram disseram que é um pop sofisticado. E mais acessível do que o anterior”, descreve.

“Gravamos ao vivo no estúdio, o que foi uma sugestão de Apú”, conta Marcos. “Ele achou que teria uma pegada melhor, mais dinâmica. Como a banda já tem seis anos, ficamos bem tranquilos para tocar ao vivo”, diz.

“E foi bem rápido, até. Gravamos ao vivo no Estúdio WR e boa parte foi no take one (de primeira)”, descreve Marcos.

Apenas alguns solos de guitarra, as vozes definitivas e instrumentistas convidados foram gravados depois, como Fernanda Monteiro, do duo Dois Em Um, que trouxe seu violoncelo para uma das faixas. Promete.

Zona Autônoma das Terças

Enquanto o sol não se recolhe, Marcos demarca território no arredores de sua vizinhança, no charmoso bairro do Santo Antônio, no evento semanal TAZ - Tuesday Autonomous Zone, que rola todas as terças-feiras.

“A ideia é que seja o ponto de encontro para quem não tem aonde ouvir muito o som que a gente ouve lá: soul music, mod rock, pós punk”, define.

“É feito por um grupo de amigos (que se revezam como DJs), mas não é clube fechado. É aberto, pode chegar”, convida.

Cada semana o evento tem um tema diferente. Na próxima terça (dia 11), o tema é Melhores de 2010. “Cada DJ vai apresentar sua seleção das dez melhores músicas do ano passado”, conclui Marcos. ‘Bora?

TAZ – Tuesday Autonomous Zone / Toda Terça-feira (a partir do dia 11), 19 horas / Bar Ulisses / Rua Direita de Santo Antônio além do Carmo, Centro Histórico / Grátis

NUETAS....

Cascadura is back!

Após um longo e tenebroso inverno, eis que a Cascadura anuncia sua volta aos palcos. A partir do dia 9, todos os domingos de janeiro, Fábio & Cia se apresentam no Largo Tereza Batista (Pelourinho) com uma banda da geração mais recente do cenário local. Anota aí: dia 9: Dubstereo. Dia 16: Vendo 147. Dia 23: Velotroz. Dia 30: Maglore. Sempre às 17 horas. A banda vem com a mesma formação que está gravando o aguardado álbum Aleluia. Em breve, muito mais informação sobre tudo isso, aqui no RL!

Fridha com Pessoas

As bandas Fridha e Pessoas Invisíveis abrem o ano de lançamentos do rock baiano em 2011. A primeira, com o EP O Verso do Gatilho (Big Bross). E a segunda, com o álbum cheio Fora do Eixo (Big Bross / Atalho Discos). No dia 13 de janeiro, ambas lançam seus discos com um grande show na Praça Pedro Archanjo (Pelourinho). Completando a night, The Honkers. Em breve, mais informações por aqui sobre tudo isso.

Formidável retorno?

A Formidável Família Musical, uma das novidades mais promissoras da música independente baiana surgidas nos últimos anos (quando apareceu com o nome Zecacurydamm), infelizmente sumiu do mapa por um tempão. Agora anuncia show com a banda Sertanília. No Tom do Sabor, dia 22 de janeiro, às 22 horas.