No dia 4 de março último, a banda Cascadura, por meio de um comunicado publicado em seu site, oficializou a saída de dois membros: Cândido Soto Jr. (guitarra solo) e Tiago Aziz (baixo). A notícia, que já corria em off pelo meio roqueiro local dias antes, surpreendeu os fãs.
Passado esse primeiro momento, o band leader e fundador Fábio Cascadura justifica a decisão: “Depois de três anos e meio de trabalho em torno do CD Bogary (2006), nós meio que fechamos um ciclo“, diz.
“Foi um processo muito natural, pois aquela formação estava intimamente atrelada à divulgação do Bogary. Assumimos isso (o afastamento de Cândido e Tiago) por que precisávamos passar para uma nova etapa. Produzimos, além do próprio disco, uma outra obra em cima dele (o DVD Efeito Bogary, 2009)“, lembra.
O que Fábio (e Thiago Trad, bateria) mais querem agora é olhar para frente: ”Bogary passa para a história e nós nos voltamos para um outro momento artístico. Mas não temos nenhuma ilusão comercial. Sabemos o lugar que ocupamos e acho que podemos até ter mais espaço. Mas nossa maior preocupação no momento é dar prosseguimento a obra e a história da banda”, garante.
Diálogo com a cidade
A mesma equipe que produziu e gravou o CD anterior, formada por Fábio, Thiago, andré t. e Jô Estrada, deverá iniciar as gravações do próximo álbum em breve. O processo será documentado e partilhado com os fãs através de um blog no próprio site do grupo (www.bandacascadura.com), a exemplo do que Caetano Veloso e Pitty fizeram nos últimos discos.
”Ainda não há uma data exata, ‘vai começar a gravar dia tal‘, mas estamos correndo atrás. O lance do blog é uma forma de manter o canal aberto, além de ser uma ‘tendência‘ (aspas de Fábio) de comunicação. Nunca fizemos isso, nunca abrimos (esse processo). Íamos para o estúdio meio escondido, até por que não havia tanto interesse pelo que o Casca andava fazendo, quanto há hoje”, observa.
Sobre o que se pode esperar do próximo CD, o próprio Fábio ainda parece meio incerto, mas tem ao menos uma certeza: ”Estamos em busca de um diálogo com a cidade. Não vamos evocar a Bahia de Caymmi, Raul ou Camisa de Vênus. Queremos falar da Bahia da Vivendo do Ócio, de Messias, da chacina do Pero Vaz, do Samhop. Queremos dialogar com suas referências culturais, com uma Salvador ampla e completa, queremos dialogar com público do subúrbio ferroviário, até a orla, com a classes média e alta. Queremos nos posicionar dentro dessa cidade.Como isso vai se traduzir em música, ainda não sabemos. Agora estamos no momento de resgatar lembranças, questionamentos. Também não temos nenhuma intenção de repetir o que já foi feito – seja pelo Casca ou por qualquer outro artista”.
Fábio lamenta a pouca atenção que uma banda como a Vivendo do Ócio recebe em sua própria cidade: "A Vivendo do Ócio é uma banda que diz muito da Bahia. Fico chateado com as pessoas que ainda não se atentaram para isso, o quanto eles tem de baiano. Mas ninguém fala. Se fosse esquema de empresário do axé, ia tá bombando, mas os caras sairam daqui sozinhos, e tão levando essa Salvador atual para todo o Brasil", elogia.
Outro ponto importante levantado por Fábio é o intercâmbio de influências – e provocações – entre os artistas, prática pouco comum no rock local: "A gente se sente provocado por todos esses artistas (que ele citou) e queremos contribuir, provocando-os também – e manter o ciclo de conversação", diz.
E encerra surpreendendo: ”Queremos fazer na música o que Izolag e Ananda Nahu fazem no grafite urbano. São os melhores gafiteiros que eu já vi. Eles tem uma abordagem temática muito característica. Visualmente, eles conseguem traduzir essa proposta já acabada que o Casca busca, de alcançar a uma linguagem universal no seu espaço, na sua realidade – e também como dialogar com sua gente”, conclui.
Conheça o trabalho de Izolag e Ananda Nahu: http://www.flickr.com/photos/izolag/
parabens Fabio. eh isso mesmo. coloca na fita do prox cd do Casca o som baiano da Rumpillez, do Fantasmão e do mestre Caetano. bola pra frente e boa sorte
ResponderExcluirouxe...
ResponderExcluirn entendi...
novo ciclo e serão os mesmos que irão gravar e produzir o bogary?
parece desculpa de fim de namoro.
A nova fase da Cacscadura já começou, dá pra começar a ouvir, é só prestar atenção no que está bem perto.
ResponderExcluirCandido Sotto e Tiago Aziz tratados como qualquer coisa, sem importância. Nada arrogante esse texto. Deçepção!
ResponderExcluirMarcos
Nei, não sou boa em enigmas. Dá pra ser um pouquinho mais específico?
ResponderExcluiré uma parceria com marcio vitor?
ResponderExcluir...mais é bastante inteligente Silvana!
ResponderExcluirserá q vai continuar parecendo capital inicial o som da banda?
ResponderExcluir"No Brasil, sucesso é ofensa pessoal". Tom Jobim.
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