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quinta-feira, janeiro 07, 2010

TOQUE O TERROR

No ano em que os vampiros voltaram com tudo, diversos álbuns de terror provam que gênero está vivo e muito bem, obrigado

Se os vampiros voltaram com tudo em 2009, com uma verdadeira avalanche de novos filmes, livros e HQs, é sinal de que o gênero terror está entrando em um novo ciclo de alta na indústria do entretenimento – ou, ao menos, de uma estável produção em grande escala. Não a toa, uma recente onda de álbuns de quadrinhos de horror tem chegado às livrarias e comic shops.

As opções vão desde clássicos imortais fielmente quadrinizados, como Frankenstein de Mary Shelley (Ed. Salamandra) e O Corvo, de Edgar Allan Poe (Editora Peirópolis), a revisões, como Estação Luz, inspirado em Fausto, de Goethe, passando ainda por novas visões de monstros lendários, como Sasquatch - A Lenda do Pé-Grande.

Há ainda espaço para os novos vampiros modernos na continuação 30 dias de noite - Eben & Stella, terror infanto-juvenil em Courtney Crumrin & o pacto dos místicos (Devir) e ainda o horror urbano independente do Almanaque Gótico (Terror S/A).

Enfim, há terror em quadrinhos para todos os gostos, idades, bolsos e perversões.

Começando pelos clássicos, as presentes quadrinizações de Frankenstein de Mary Shelley e O Corvo são dois lançamentos de editoras diferentes, mas que partilham das mesmas intenções editoriais.

Explica-se: ambos foram lançados com um olho no crescente mercado de álbuns de luxo para livrarias e outro, maior ainda, na lista do Programa Nacional Biblioteca nas Escolas (PNBE) do Ministério da Educação, que todos os anos, compra milhares de exemplares de livros infanto-juvenis – álbuns de HQs incluídos – para sem distribuídos nas bibliotecas de escolas públicas.

Adaptado por Marion Mousse – pseudônimo de um artista que prefere ficar anônimo – este Frankenstein de Mary Shelley é parte de uma grande coleção de clássicos vertidos para os quadrinhos da editora francesa Delcourt, publicados aos poucos no Brasil pela Salamandra.

Só dois álbuns foram lançados até agora: Frankenstein e Robinson Crusoé, de Daniel Defoe, adaptado por Christophe Gautier. A editora promete novos títulos para 2010.
Angústia monstruosa

De forma adequada, Marion Mousse mantém na sua adaptação o tom sombrio do romance gótico original de Mary Shelley com desenhos, que, por incrível que pareça, ainda têm algo de infantil nos seus traços quase cartunescos. A angústia da criatura criada a partir de restos de cadáveres pelo Doutor Frankenstein também se sobrepõe ao que se costuma ver no cinema – geralmente, um mero monstro sanguinário.

A angústia é também o sentimento predominante no clássico poema O corvo, de Edgar Allan Poe, quadrinizado pelo mineiro Luciano Irrthum. Com um estilo de desenho exuberante, que lembra a arte do mestre underground Hunt Emerson (o Robert Crumb inglês), Irrthum, porém, não primou pela sutileza, retratando passagens de forma bastante literal.

Ainda assim, adaptação mantém seus méritos, como os belos desenhos e a tradução utilizada, de Machado de Assis. Fora o poema em si, uma alucinante viagem noturna de um homem isolado em sua casa, assombrado por um enigmático corvo que entrou pela janela e o encara impiedosamente.






FAUSTO EM SP - Fascinado pela arquitetura de São Paulo, o curitibano Guilherme Fonseca uma vez imaginou um demônio residindo dentro do relógio da Estação da Luz. Desse insight nasceu a inspiração para a graphic novel Estação Luz, em parceria com o desenhista Renoir Santos.

Livremente inspirado em Fausto de Goethe, a história do homem que vendeu a alma ao diabo é aqui retomada na São Paulo contemporânea, recheada de personagens tipicamente urbanos e potencialmente perigosos. Fausto aqui é Wagner, um professor de meia-idade que se envolve com um estranho andarilho na estação de metrô do título. Muito bem produzida, a HQ se passa em diversos locais reconhecíveis da cidade, como o bairro da Luz, a Galeria do Rock e o centro velho.






Horrores vários

Criatura mítica e com similares no folclore de diversas partes do mundo, o Pé-Grande é mais conhecido na América do Norte como Sasquatch, na língua indígena Halkomelen, do Canadá.

Coube ao roqueiro e cineasta Rob Zombie (Rejeitados Pelo Diabo e o remake de Helloween) trazer o bicho de volta em Sasquatch - A Lenda do Pé-Grande, contando com o auxílio luxuoso do roteirista Steve Niles (30 Dias de Noite) e do lendário desenhista underground Richard Corben.

Sanguinário e sem concessões, Sasquatch é uma boa história de vingança e terror, com o mesmo ritmo dos filmes de Zombie. Quem já é fã vai gostar.





O parceiro de Zombie, Steve Niles, também assina a 3ª parte da saga iniciada na já clássica HQ 30 Dias de Noite, em Eben & Stella. O álbum retoma o destino dos personagens principais depois dos trágicos eventos da primeira parte, quando um grupo de vampiros promove um banquete numa cidadezinha do Alasca que fica isolada durante um mês inteiro de escuridão, em pleno inverno.











Bem mais leve (e indicada a crianças e pré-adolescentes), Courtney Crumrin& o pacto dos místicos, de Ted Naifeh, é o segundo volume da história iniciada em Courtney Crumrin& as criaturas da noite, sobre as aventuras uma menina do título, que bem poderia ser a irmã mais nova de Harry Potter.

Em dificuldades financeiras, Courtney e seus pais se mudam para a casa do seu tio, uma enorme mansão em estilo vitoriano. Claro que a casa é mal-assombrada e cheia de segredos, gerando uma divertida história que tem seus desdobramentos neste segundo volume. Ótimos desenhos do americano Naifeh.







Defendendo os quadrinhos nacionais independentes, o Almanaque Gótico, editado em Vitória (ES) pelo professor de filosofia Felipe Cazelli, chega ao seu segundo número. Divertido e de leitura rápida, reúne boas HQs curtas, artigos a fins e contos.

Destaque para Segunda-Feira, uma boa HQ de zumbis, assinada pelo próprio Cazelli e pelo desenhista Fábio Turbay.

4 comentários:

  1. Aproveitando o tema "terror", antes o silêncio sepulcral do que o grasnar de quem não tem nada a dizer.

    Traduzindo: antes só....

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  2. Rock Loco de luto: morreu Dan O´Bannon, diretor de O Retorno dos Mortos-Vivos (1985), o primeiro e inesquecível filme de zumbi que vi na vida e um dos meus preferidos até hj.

    Além disso , foi roteirista de uma cacetada de outros filmes bala dos anos 80, como Alien - O 8° Passageiro, Trovão Azul (Blue Thunder), O Vingador do Futuro (Total Recall), Força Sinistra (Lifeforce) e Invasores de Marte (Invaders From Mars).

    http://www.universohq.com/quadrinhos/2010/n11012010_06.cfm

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  3. Anônimo11:36 PM

    É a prova que até pai de zumbi morre...
    Mario Jorge

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  4. ÓIA! http://veja.abril.com.br/noticia/variedades/diretor-ja-escolheu-seus-beatles-remake-yellow-submarine-525139.shtml

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